Friday, March 04, 2011 Depois de uma semana mais tranqüila por conta do dia dos namorados, o ritmo acelerado dos estudos pros alunos do 5º ao 7º ano voltou com força total. Como se todos já não estivessem atolados e preocupados o suficiente com os exames, um simulado surpresa, aplicado na semana seguinte a festa, revelou que ninguém estava preparado para eles. As únicas notas decentes foram dos maiores cérebros da escola, e aquilo não servia de consolo pra ninguém. Eu já estava considerando mudar de carreira, uma vez que ainda não tinha feito a orientação vocacional. Se um simulado havia me deixado numa classificação tão baixa, o que ia acontecer quando fosse o exame pra valer? Sai com esse pensamento na cabeça do dormitório na sexta-feira seguinte ao simulado, mas uma aglomeração em frente ao quadro de avisos da Sonserina me tirou do transe. - Damon, o que está acontecendo? – perguntei quando ele saiu agitado do meio da multidão. - Paintball! – ele gritou e saiu correndo com um amigo. - Clara, venha aqui! – JJ me gritou do meio das pessoas e me espremi até ele – Olha isso! – e apontou pro que chamava a atenção de todo mundo. Era um panfleto que não estava ali quando fomos dormir. TORNEIO DE PAINTBALL Sábado, a partir das 10h. Concentração no Salão Principal, para distribuição de material e esclarecimento de regras. Premio: Isenção de prova para uma matéria, a escolha do aluno. Somente alunos do 5º ao 7º ano. - Isso é sério? – perguntei ainda sem acreditar. - Parece que sim. Imagina tirar uma matéria da prova? – JJ já estava empolgado – Vou riscar poções, é claro. Nem preciso pensar sobre isso. - Eu nem sei o que tiro, qualquer uma já vai ser um adianto. E ia mesmo. Se aquilo era pra valer, então eu precisava ganhar aquele torneio a qualquer custo. Poder tirar uma matéria da prova ia ser um peso a menos nas costas e já me dava novas esperanças de não precisar optar por uma carreira mais fácil. Aquele prêmio ia ser meu. ºººººº Mal consegui dormir de sexta pra sábado, muito menos prestar atenção nas aulas. Às 10h em ponto estava no salão principal com meus amigos e todo o resto dos alunos do 5º ao 7º ano. Ninguém havia dispensado o torneio, nem os que não precisavam de uma matéria a menos na prova. Tio Ben, tio George e tio Yoshi estavam lá, distribuindo armas de tinta para os alunos. Cada um tinha direito a duas pistolas pequenas e fáceis de manusear, cabiam até no bolso. Pegamos as nossas e esperamos eles começarem a falar. - Muito bem, atenção! – tio Ben subiu na mesa para ser visto por todos – A idéia do torneio é desestressar e o jogo é simples: atirar no oponente e eliminá-lo. Só é permitida eliminação por tiro de tinta, está proibido contato físico e uso de varinhas. Também está proibido correr para dentro da Floresta Negra e nos salões comunais, o restante do castelo está liberado. O último que restar ser ter sido atingido vence. Alguma duvida? - E quanto à tinta das armas? Quando acaba estamos fora? – Johnny perguntou. - Os cartuchos de tinta são mágicos, não acabam. Mais alguma dúvida? – ninguém se manifestou – Ótimo. Vocês têm cinco minutos pra se espalharem e se dividirem como quiser. Quando ouvirem meu sinal, o jogo começa. - Vamos! Guardei as armas na cintura da calça e puxei Haley, Arte, Keiko e Lena comigo. Não vi para onde os meninos foram, mas só quando chegamos às estufas que reparei que eles não estavam atrás de nós. Alguns minutos depois ouvimos a voz ampliada do tio Ben autorizando o inicio do torneio e depois o único som ouvido era o de tiros de tinta pra todo lado. Tracei um plano com as meninas e partimos pro ataque. ------------ - Espera, espera... – Arte falava baixo pra mim. Estava deitada no chão, com um grifinório na mira – Agora! Haley e eu atiramos ao mesmo tempo e acertamos o grifinório e um lufo ao mesmo tempo. Eles saíram de trás da mesa onde se escondiam revoltados e seguiram pro salão principal cabisbaixos. Ninguém tinha saído com relógio do salão comunal, mas pelo nosso cansaço e o tempo correndo de um lado pro outro, já devia ter passado mais de sete horas de torneio. Keiko havia sido abatida há pouco mais de uma hora, quando corremos para atravessar o jardim de volta pra dentro do castelo. Johnny Weasley foi quem a derrubou, mas não conseguiu nos pegar. O castelo estava uma bagunça. Marcas de balas de tinta estouradas estavam por todo lado, as paredes eram um gigantesco arco-íris. Quase não era mais possível distinguir janela de parede, era tudo um grande borrão colorido. Mesas e cadeiras das salas de aula agora serviam de barreiras e os alunos que não estavam participando estavam escondidos dentro dos salões comunais, com medo dos malucos armados que corriam alucinados pelos corredores. Não sabíamos mais quantas pessoas restavam, mas estávamos abatendo muitos alunos com uma única estratégia. Estávamos escondidas no banheiro masculino do 3º andar e quando os garotos entravam, eram fuzilados com tinta. Passamos mais de uma hora lá dentro, até que as vitimas que entraram foram nossos amigos. Estávamos prontas para eliminá-los, mas Jamal percebeu que tinha alguma coisa errada e eles sacaram as armas, ao mesmo em tempo que saímos das cabines com as nossas nas mãos. - Então é aqui que vocês estão... – Justin falou com a arma apontada pra Haley, que mantinha a sua firme nele. - Não tentem atirar, somos mais rápidas – ameacei com uma arma em Jamal e a outra em Hiro. - Estamos em maior número, meninas – Julian observou, sem desviar a atenção de Lena. - Quer pagar pra ver? – Arte destravou a arma que estava na mira da testa de JJ. - OK, CALMA, NINGUEM PRECISA SE MACHUCAR! – ele gritou depressa, antes que desmaiasse com a pressão do tiro. - Ainda restam muitos? – Lena perguntou, ainda sem abaixar a arma. - Não sabemos, perdemos Rupert e MJ há meia hora. Emboscada corvinal – Tuor informou. - Ok, vamos trabalhar juntos então, não tem motivo pra estarmos uns contra os outros – sugeri e dei o primeiro passo, abaixando a arma. Todos fizeram o mesmo. - Clara está certa, juntos somos dez, podemos esvaziar a escola e ai depois pensamos como vai ser – Hiro me apoiou e todos concordaram. Saímos os dez juntos do banheiro e lentamente fomos nos deslocando pelo castelo, até chegarmos ao pátio. Não vimos ninguém no caminho, mas isso não significava que éramos os últimos. E isso se confirmou quando JJ colocou o pé pra fora do pátio e foi atingido por um tiro. - Droga! – ele bufou irritado. - Se escondam! – Haley gritou e nos atiramos pelo chão, procurando algo pra nos proteger. - Alguém viu de onde o tiro veio? – Justin perguntou – JJ? - Não, foi mal, galera – ele travou as asmas e guardou no bolso – Boa sorte pra vocês. - Não podemos sair sem saber de onde os tiros vieram, ou vamos ser abatidos um por um – Arte falou e todos concordaram. - Quer saber? Não preciso eliminar nenhuma matéria, só queria me divertir, mas já estou ficando cansado – Hiro falou do meu lado e engatinhou até a ponta do muro que nos protegia – Prestem atenção na direção dos tiros. Hiro levantou e no mesmo instante três tiros o atingiram em cheio. Estávamos prestando atenção e vimos que eles saíram na direção do lago. - Em cima da árvore! – Julian gritou. Foi o que bastou. Todos levantamos ao mesmo tempo, as armas apontadas pra única árvore que tinha naquela parte do castelo. Uma chuva de tiros atingiu as folhas e ouvimos pessoas gritando de dor. Um a um eles foram descendo, eram quase dez lufos. Ficamos sozinhos no jardim, e já estava quase escurecendo. Será que éramos os últimos? ((Continua)) |