Sunday, March 27, 2011 Lembranças de Artemis A. C. Chronos
- Eu sempre esqueço como você parece mudar aqui em Avalon, sabia? – Tuor falou, me olhando de uma forma engraçada. Eu fiquei um pouco vermelha e tentei ignorar, enquanto continuava a me exercitar e treinar golpes com as minhas duas espadas. Hoje ele tinha ido comigo a Avalon treinar e além dele, minhas sobrinhas também vieram, mas estavam conversando com mamãe em uma das casas da cidadela. Enquanto isso, eu estava na sala de treinamentos de Camelot, treinando meus golpes de espada e controle sobre os elementos. Eu costumava treinar assim quando nem Clara nem Justin podiam vir treinar fisicamente comigo. Eu fazia torres de água subirem do chão e às vezes fazia com que essas torres tomassem formas de inimigos, enquanto eu lutava. A sala de treinamento ajustara-se a mim e sempre tinha uma fina camada de água em sua superfície e sempre chovia, para facilitar meu domínio sobre a água. Hoje eu estava apenas treinando seqüências de golpes, para poder conversar com Tuor enquanto treinava. Quanto a nós dois... Eu não sei bem o que dizer. Estávamos mais próximos do que nunca, mas às vezes também parecíamos afastados. Muitas vezes ficávamos sem falar por horas a fio, enquanto fazíamos deveres ou líamos junto no salão comunal. Era comum ficarmos até tarde da noite sentados nos sofás, sem muito falar, mas aquilo havia se tornado importante. Não nos beijamos novamente desde aquele dia e confesso que era difícil resistir. Claro, as garotas, principalmente Keiko, Haley e Bela me perguntavam o porque de resistir, enquanto Clara, Lena, Liz e minhas sobrinhas entendiam bem o porque. Eu precisava de um tempo sozinha, para pôr meus pensamentos em ordem e não estava pronta para retornar a um relacionamento, já que o meu primeiro havia sido um pouco complicado e teve um final ruim. Já os garotos, não se metiam muito, pois sabiam que quando fosse a hora certa eu falaria algo. Justin sorria com um sorriso sacana sempre que me via ao lado de Tuor, principalmente nas vezes, que estavam se tornando freqüentes, que estávamos de mãos dadas. Evitávamos que qualquer pessoa visse isso, mas na frente de nossos amigos passávamos muito tempo de mãos dadas. - Eu não mudo, continuo a mesma. – Eu falei, após finalizar um golpe vertical e respirar fundo. Fiz um movimento de embainhar as espadas e elas sumiram no ar, voltando a ser energia pura. - Você não muda fisicamente ou algo assim. Mas aqui você parece mais austera, mais importante e muito poderosa. É como se aqui você se tornasse uma rainha de verdade, há uma aura diferente ao seu redor em Avalon. Você fica linda. – Ele falou e eu percebi que ele deixou essa última frase escapar, pois ele ficou vermelho e pareceu querer se concentrar muito nas ondas que se formavam no espelho de água. Eu sorri, sem jeito, também vermelha. - Não é nada disso. É só impressão sua... Gostou do treinamento? - Adorei! Você está ficando cada vez melhor, mais alguns meses e terei medo de você. – Ele falou, fazendo uma cara de susto. - Não quero que tenha medo de mim. – Eu sussurrei e sentei-me ao seu lado, enquanto ele sorria para mim. Ele me jogou uma garrafa com suco de abóbora. Enquanto bebia o suco, minha outra mão inconscientemente procurou a dele e nos demos as mãos. - Uma dúvida que sempre tive: o que acontece com sua varinha quando você está lutando? E você consegue fazer magia sem ela, não é? - Sim, consigo. A varinha é um catalisador, é um objeto mágico feito especialmente para um bruxo em específico com o poder de potencializar os poderes desse bruxo. Mas qualquer um pode fazer magia sem varinha, porém é difícil e se gasta muita energia. Quanto a minha varinha, quando estou lutando ela se mescla as espadas. – Eu falei e estiquei a mão a frente, segurando minha varinha. Invoquei minha espada e fiz com que o processo de forja de energia fosse mais lento, para que ele pudesse perceber o que queria dizer. Ele viu a energia do ar rodopiando e condensando-se ao redor da varinha, envolvendo-a como um casulo e depois expandir-se até formar a espada. – Viu? - É demais... Você faz magia sem varinha com tanta facilidade, como consegue? - As próprias espadas servem como catalisadores de magia, mas o maior motivo para poder fazer magia assim com facilidade é o sangue de minha família. Minha família em um histórico antigo de grandes reservas e potência mágica. Minha tataravó Rigel ficou conhecida como uma das bruxas com maior reserva mágica da história e minha mãe em si tem um potencial enorme. Então para nós é fácil realizar grandes magias e gastar pouca energia, facilitando as magias sem varinha. - É muito interessante... E como estão os treinos com o Chronos? – Ele perguntou e percebi que ele parecia estar querendo dizer algo, mas não sabia como começar. - Estão ótimos. Temos duelado às vezes e isso é ótimo para eu aprender como lutar de verdade. - Você vai ficar realmente forte. – Ele sorriu e me olhou por um instante. – Arte, sobre nós dois. – Ele falou e eu senti meu rosto fiando meio vermelho, mas me controlei. – Eu... Digo, aquilo foi importante pra mim. - Pra mim também... – Eu consegui falar em meia voz. Ele sorriu um pouco antes de continuar. - Mas não sei como me portar. Nunca senti nada parecido. Eu queria ter algo mais sério com você. – Assim que ele falou eu afastei minha mão meio inconscientemente, porém ele sorriu. – Mas sei que seu último relacionamento foi difícil e acho que você precisa de um tempo sozinha... E tem o problema da distância. Aquele assunto era tabu entre nós e desde o dia das entrevistas profissionalizantes, não falamos mais disso. Eu senti um aperto no peito, mas engoli em seco para poder responder. - O que tiver que ser será... Mas você está certo em uma coisa: não estou pronta para um relacionamento e não quero que você sofra como fiz o Stefan ou mesmo o Damon sofrerem. – Eu falei o que vinha prendendo em meu peito desde que nos beijamos. Eu sentia medo de fazer com ele como fiz com os outros dois e acabar magoando. – E eu jamais quero machucá-lo. - Você nunca me machucaria, eu sei disso. E não foi culpa sua, você não estava pronta para aquele relacionamento e o Stefan praticamente te sufocava. Você não é assim... – Ele falou, enquanto acariciava meu rosto com carinho e eu fechei os olhos sentindo sua mão no meu rosto. Ainda de olhos fechados peguei sua mão que estava em meu rosto e apertei diante de nós dois e abri os olhos, encarando-o fundo. - Tuor, se há alguém que eu daria certo em um relacionamento... Esse alguém é você... Mas preciso de um tempo. Assim que eu estiver menos confusa e mais decidida eu vou procurá-lo... E precisamos aprender e descobrir o que a distância causará. - Estou de acordo. Terá todo o tempo do mundo, e eu também, pois também estou confuso e preciso amadurecer mais para estar ao seu lado. Ele falou aquilo com carinho e suavidade. Nós dois ainda estávamos de mãos dadas e nos aproximamos lentamente um do outro. Achei que teríamos um outro beijo, mas nesse momento ouvimos os passos de minhas sobrinhas e minha mãe e nos afastamos vermelhos, trocando olhares que diziam muito. Eu tinha sido sincera com relação a ele: se era para ter alguém como namorado, esse alguém seria o Tuor. Mas precisava de tempo para mim... Haviam muitas coisas que eu precisava pensar e me preparar antes. |