Thursday, April 21, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

- Arte, tem alguém pedindo pela barca de Avalon. – Mina falou, aproximando-se de nós. Eu, Tuor e mamãe conversávamos sobre feitiços e magia sentados em uma das salas de Camelot. Mina, Luthien e Bela estavam lendo perto do poço sagrado. Era quase meio dia de sábado e pouco tempo depois de minha conversa com Tuor sobre nós dois.
- Ahn? Eu achei que ninguém mais viria a Avalon, além de nós. – Eu perguntei curioso. Expandi então minha aura, como aprendera a fazer e tentei descobrir quem era. Reconheci de imediato aquela sensação carinhosa e familiar, enquanto meus olhos ficavam arregalados. Mamãe sorriu.
- Eles chegaram finalmente. – Ela falou e nos levantamos todos, indo até as praias da ilha. Luthien e Bela nos esperavam ali e quando disse que poderiam trazer a barca, as duas desapareceram nas brumas, levando a barca com elas.
- Você sabia que eles viriam? – Eu perguntei, acusadoramente para minha mãe.
- É claro, foi idéia dela e eu concordei. – Ela sorriu, e nesse momento ouvimos o barulho da barca se aproximando. Luthien enviara uma barca enorme, pelo menos umas 6 vezes maior do que o normal, já que quem a ocupava era enorme.

Fidelus soltou um alegre rugido ao me ver e sacudiu suas asas em cumprimento. Eu acenei para ele e vi seus olhos brilharem. Tia Morgan e Tio Carlinhos, acompanhados por Lizzie e Edward acenaram também. Fidelus estava preso em uma gaiola de ferro, mas não se importava, por saber que era para sua própria segurança.

Assim que a barca atracou eu corri para dentro dela e abracei todos, antes de me virar para Fidelus. Queria soltá-lo logo, mas algo me fez ter que esperar. Todos haviam descido da barca e cumprimentava os demais, menos Edward. Ele permaneceu parado no barco olhando para o castelo. Em seu olhar havia assombro, mas também temor.

- O que houve, Eddie? – Lizzie perguntou.
- Ér... Eu acho que eu não posso descer. Na verdade, acho que nem deveria estar no barco. – Ele falou, com um sorriso engraçado.
- Não precisa ter medo. A barreira agora é minha, você pode desembarcar sem medo. – Eu respondi, encorajadora.

Percebi que seu olhar estava fixo na direção onde ficava o Trono de Arturia e entendi porque tinha receio. Avalon era uma ilha sagrada e desde a traição qualquer ser impuro que pisasse em seu solo seria imediatamente destruído pela barreira de Arturia. Mas desde que a Ilha se tornara minha, eu havia permitido que meus amigos e aliados vampiros a visitassem, mas todos sempre tinham a mesma reação que Eddie. Ele desceu, ainda meio apreensivo, do barco e vi quando ele relaxou. Imediatamente eu soltei Fidelus e ele saiu da gaiola animado, me recebendo com carinho.

- Seja bem vindo de volta, garotão! – Eu falei, abraçando o seu longo focinho. Ele esticou as asas com alegria e tomou impulso para o alto, voando feliz.
- Obrigada Tia Morgan, Tio Carlinhos! – Eu falei agradecida.
- Nós ficamos sabendo que você deixou de ir numa festa particular da Clara para treinar e que passaria o final de semana inteiro treinando em Avalon, então decidimos que seria bom para vocês dois que Fidelus estivesse aqui também. – Tia Morgan falou, sorrindo enquanto observava Fidelus fazendo círculos nos céus. Ele rodopiava ao redor de Camelot, rugindo alegremente.
- E como fez bem a ele! Parece até mais jovem! E temos outra surpresa para você. – Tio Carlinhos falou e eu fiquei curiosa. – Nós entramos com um processo para passar Fidelus aos seus cuidados. – Ele falou e eu arregalei os olhos, sem acreditar, mas feliz. Senti lágrimas nos meus olhos e olhei para Fidelus.
- Ele será meu?
- De certa forma, ele já é seu. Mas será seu oficialmente e você poderá deixá-lo aqui sempre. – Tia Morgan falou, com os olhos alegres.

Fidelus entendeu o que estávamos falando e mergulhou em nossa direção feliz. Tio Carlinhos estava certo, Avalon mudara Fidelus. Parecia que ele estava centenas de anos mais jovem, voltando a ser um dragão novo. Ele estava mais forte, mais belo, mais austero, mais poderoso e mais gracioso. A luz refletia-se em suas escamas em milhares de tons diferentes e suas escamas negras brilhavam como polidas. Ele pouso do meu lado e dobrou as asas e eu entendi o que ele queria. Sem pensar duas vezes saltei para seu dorso, acomodando-me entre suas asas e ele levantou vôo imediatamente.

Foi uma sensação maravilhosa... Melhor do que voar em uma vassoura, uma vez que eu sentia o fluxo de energia entre nós dois. Cavalgando junto de Fidelus pelo céu eu podia ler seus pensamentos e ele respondia aos meus com rapidez e graciosidade. E eu podia sentir a felicidade dele, por estar de volta a sua casa e junto de sua Rainha. Nós voamos ao redor de Camelot, rodopiando em torno da torre dos Tronos. Voamos rente ao bosque sagrado, próximo às águas do lago, enquanto com sua calda ele fazia um paredão de água se abrir ao nosso lado. Era lindo, magnífico e maravilhoso. Aquela sensação de vento no rosto, de meus cabelos soltos batendo no vento, da união extrema com meu dragão, eu jamais esqueceria.

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Tia Morgan, Tio Carlinhos, Eddie e Lizzie ficaram em torno de 2 horas em Avalon e almoçaram conosco, sentados à mesa do salão em Camelot. Depois eles foram embora, e Mina e Bela foram juntas, pois apenas mamãe, Tuor e Luthien ficariam comigo aquela noite. Os outros, até mesmo meus irmãos, viriam no restante do final de semana para passar um tempo comigo e treinar.

Fidelus ficou conosco, e o deixei solto. Ele divertiu-se explorando o bosque, voando alegre ao redor da ilha e brincando de pegar as pedras que Tuor levitava e jogava para ele. Enquanto isso eu continuei meu treinamento e Chronos passou a lutar comigo.

- Você não vai usar armas?
- Não, minha cara, gostaria de enfrentá-la de mãos livres.
- É desonrado que eu o enfrente armada. – Eu falei e fiz menção de sumir com as espadas, mas Chronos fez que não.
- Não, você deve lutar com elas. Eu posso ser perigoso apenas com minhas mãos. – Ele falou sorrindo e eu soube que era verdade.

Chronos era um guerreiro poderosíssimos, habilidoso com todos os tipos de armas. Ele era o mestre da lança, sua arma principal, mas manejava com perfeição todas as armas e não duvidei que suas habilidades de mãos livres seriam imensas. – E você deve se lembrar também que a maioria dos vampiros lutam sem armas e você deve aprender a enfrentá-los. Suas espadas são bem versáteis com relação ao alcance de seus golpes, mas ao enfrentar um oponente com as mãos livres, você deve saber se movimentar e usar o espaço ao seu redor a seu favor.

Eu assenti e aceitei enfrentá-lo com minhas espadas. Ele meneou a cabeça em sinal de cumprimento, colocando-se em posição de luta, com os punhos levantados diante de si. Imediatamente seus punhos tomaram uma cor esverdeada, como se algo os envolvesse. Eu levantei uma das minhas espadas com a mão direita e virei a outra, segurando-a próxima à minha cintura preparando-me para a luta. Ele fez um movimento com a cabeça, indicando o início da luta e saltou a frente.

Eu decidi esperar que ele chegasse perto de mim, para avaliar suas forças e estratégias e o deixei se aproximar. Quando ele estava ao alcance de minhas espadas, cortei lateralmente com a direita e logo em seguida cortei com a esquerda também, rodopiando sobre meu próprio eixo, para dar fluidez ao golpe. Chronos, porém, saltou para trás esquivando-se dos meus dois golpes, mas ao final do meu giro, estoquei com a direita, rodando a espada esquerda e usando-a para estocar também. Ele saltou de lado e golpeou meu braço esquerdo com força, direcionando em seguida um soco na direção de meu rosto.

Uma rajada de água subiu do chão, bloqueando seu golpe direto, mas fui obrigada a me afastar, sentindo dor na mão esquerda. O golpe dele fora poderoso e eu sabia que ele não estava usando nem 1 centésimo de sua verdadeira força. Respirei fundo enquanto uma fina camada de água surgia ao redor do machucado, reduzindo a dor e ajudando-me a me curar. Estava gostando daquela luta.

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No final do dia eu estava exausta, mas contente, pois aquele duelo com Chronos me ensinara muito. Eu havia conseguido acertá-lo apenas duas vezes, com cortes que abriram fendas em sua túnica, mas apenas com um deles cheguei a acertar seu corpo, mostrando-me o quão hábil ele era.

- Você lutou bem! – Tuor falou, me animando. – Seus movimentos estão muito bons, mas sua resistência que não está muito boa. Os golpes dele estão te machucando muito.
- Eu sei, preciso ser mais rápida.
- Já pensou em usar alguma armadura? Pode te ajudar.
- Não sei... Vai reduzir muito a minha velocidade e minha liberdade de movimento e para meu estilo de luta, isso seria prejudicial.
- E se a armadura for leve? Você poderia criar uma assim.

Eu pensei por um instante e soube exatamente o que eu precisava.
Precisava de uma armadura como a que Chronos costuma usar em batalha. Suas placas são rígidas e poderosas, mas ela é fina e leve o que dá muito mais mobilidade. Além disso, ela é composta por poucas peças: um peitoral que cobre todo o abdômen e o peito, ombreiras e uma peça de armadura para cada antebraço e cada canela.
Arturia usava uma exatamente do mesmo estilo, com a adição de um corpete metálico abaixo do peitoral e abaixo de tudo isso o seu vestido. Sabia que eu precisava de sua armadura.

- Você me deu uma ótima idéia. – Eu falei animada, beijando seu rosto e me levantei, concentrando-me. Mamãe e Luthien me olharam curiosas, enquanto Chronos sorria e Fidelus me olhava animado.

Concentrei-me no que queria e senti o fluxo de energia rodopiando ao meu redor. As energias moldaram-se ao meu desejo e mesclaram-se ao meu corpo. Um corpete metálico cobriu meu corpo e por cima dele um peitoral prateado surgiu, enquanto o restante das peças ligavam-se ao meu corpo. A invocação da armadura terminou com o surgimento da saia do vestido que era azul claro e branco. Um elmo surgiu sobre meu rosto, adequando-se perfeitamente ao meu contorno.

Fiquei animada com o que consegui e flexionei os músculos, testando sua mobilidade e seu peso. A armadura pesava o mesmo que uma roupar normal e mesmo com o vestido meus movimentos quase não perdiam fluidez. Aquela era uma armadura feita para mim.

- Como estou? – Perguntei tirando o elmo, enquanto meus cabelos desciam pelas minhas costas.
- Está ótima! Quero uma também! – Luthien falou admirada e eu sorri para ela. Eu sorri também e vi que Chronos acenou satisfeito.
- Pode fechar a boca agora, Tuor. – Mamãe falou, implicando com ele, enquanto nós dois ficávamos vermelhos.

Fidelus grunhiu feliz, como se risse, e senti em sua alma que ele se lembrava de como era ver Arturia com aquela armadura. Em um momento muito paternal, ele falou que eu parecia melhor do que ela.
Estava me sentindo muito mais pronta para treinar agora.