Thursday, June 30, 2011 Abril, 2015 - ...Então podemos morar naquela cabana que fica afastada na parte leste da Ilha. Estaremos perto do seus pais mas teremos privacidade, o que você acha Johny?- dizia Blair, enquanto estavamos sentados juntos na hora do almoço. Senti sua mão em meu braço, me obrigando a prestar atenção, então fiz o que vinha fazendo já algum tempo em nosso namoro: sorri e assenti concordando. Ela ainda me olhou de forma estranha por um tempo, mas voltou a falar de seus planos para depois de nossa formatura.Voltei a me concentrar em meus pensamentos. Desde a disputa do paintball, eu me sentia diferente. Não que eu houvesse me machucado seriamente, nada disso. Aquele dia agitado e toda aquela adrenalina, me fizeram pensar em como eu estava insatisfeito com a minha vida. Desde pequeno, eu sempre dizia que iria seguir os passos de meu pai, então nunca considerei outras opções de carreira e mesmo quando fiz a minha orientação vocacional, com o professor Storm dois anos antes, eu havia reiterado a minha opção. Porém, o desejo e a aceitação de que eu queria mudar os planos traçados, foi algo que me veio à mente, enquanto Leonardo e eu, tentávamos vencer aquela disputa e nos livrar de alguma prova dos NIEM’S. O fato de termos sido uns dos últimos a cair, não me decepcionou, quer dizer, um pouco mas me fez ver que eu queria sentir aquela adrenalina a mil novamente.Eu teria que fazer alguma coisa para mudar, mas o quê? I'm not suposed to be scared of anything, but I don't know where I am I wish that I could move but I'm exhausted and nobody understands (how I feel) I'm trying hard to breathe now but there's no air in my lungs There's no one here to talk to and the pain inside is making me numb I try to hold this Under control They can't help me 'Cause no one knows -Olá, bonitão!- parei quando ouvi a voz conhecida e me virei rindo. - Tem certeza que está falando comigo, Haley? – disse e a vi caminhar em minha direção. Esperei para ver o que ela iria aprontar, já que vinha agindo como uma maluquinha o dia todo.Quando ela se aproximou, puxou meu rosto para ela e me beijou, colando seu corpo no meu. - Wow! O que foi isso? Nos conhecemos a vida toda, somos quase irmãos...- eu disse e ela respondeu: - ‘Quase irmãos’ não é o mesmo que que ser... - Não, claro que não, mas eu tenho namorada e você também e...- e ela me ignorou, me beijando novamente,segurei seus pulsos para afasta-la: - Não sei o que está acontecendo aqui, mas você não é assim, Haley. Se for um resto de ressaca, te acompanho até a enfermaria e você toma algum remédio.As pessoas estão começando a falar...- e ela se afastou bruscamente, e disse irritada: -Ai que cara chato. Sabe qual é o seu problema? Não sabe o que é diversão. Você é um covarde, que tem medo de viver a vida e quando experimenta algo de que gosta, e sim eu sei que você gostou, se encolhe por medo do que os outros vão dizer. Não tenho tempo ou paciência para os filhinhos da mamãe.- e foi embora me deixando para trás, enquanto eu tentava digerir uma verdade. Não a parte de ser filhinho da mamãe ¬¬, mas a parte em que eu havia gostado do beijo. o-o-o-o-o-o-o Depois das férias de Páscoa, que este ano passamos na Toca e após o stress da vovó com Edward e depois tudo resolvido, optei por não contar as novidades aos meus pais, não por covardia, mas porque não havia clima, teria que resolver isso depois. Voltamos para a escola e a primeira coisa que fiz, foi terminar o meu namoro com a Blair. Ela ficou chocada, e não aceitou muito bem as minhas desculpas, e nossos amigos, ficaram sem saber o que havia acontecido, mas procuraram respeitar a minha decisão. - Professor, posso falar com o senhor?- eu quis saber após bater na porta do escritório do professor Storm, e ele após autorizar a minha entrada, me olhou curioso. Nos cumprimentamos, falamos sobre nossas familias, depois de algum tempo, ele me olhou sério: - Qual é o problema Johny? - Porque você acha que tenho algum problema? - Você não costuma me fazer visitas sociais aqui na escola, e parece estar carregando o mundo nas costas. Está metido em problemas?- respirei fundo e disse: - Eu quero saber se com as minhas notas, eu posso ir para a Academia de Aurores. - Seus pais sabem disso?- ele foi direto ao ponto. - Já sou maior de idade, posso decidir por mim mesmo o que quero fazer da minha vida.- disse defensivamente e ele disse paciente: - Só perguntei, porque você sempre demonstrou que iria seguir os passos de seu pai. Como alguém que se preocupa com você, só gostaria de saber o que mudou, não o estou julgando. - e eu me desculpei: - Desculpa, tio George. Sei que eu sempre quis ficar na Ilha e ocupar o lugar do papai, mas eu sinto que não estava fazendo isso por mim. - E quando você percebeu isso? - Depois do paintball.- e ele fez uma careta de desgosto. - Ah, aquele jogo ainda está rendendo.Mas olha, você tem ótimas notas, mas para conseguir a Academia de Londres, precisa ter EE em pelo menos 5 matérias: feitiços, Trato das criaturas mágicas, poções, transfiguração e DCAT. Isso seria mais fácil, se você houvesse se inscrito no curso preparatório do Micah, com certeza conseguiria uma vaga. - Será que tio Micah, me aceitaria no curso? - Agora? No meio do curso? Acho muito dificil... - Posso dobrar as horas de estudo, sei que posso acompanhar a turma. - E você vai treinar quando? Os treinos de quadribol e os exames de NIEM’S ocupam todo o tempo de vocês.- e ali era a hora da verdade: - Eu quero sair do time. (e vi sua cara de susto). - Sei que você confiava em mim para ganharmos a taça este ano e por isso me tornei capitão, agradeço a oportunidade, mas eu não sinto mais alegria no esporte. E eu quero tentar uma Academia de Aurores nos Estados Unidos. - Porque não Londres? Seth é professor lá, poderia ajudar... - Mas eu estaria muito perto de casa.- ele me olhou espantado e eu resolvi explicar: - Eu quero estar longe de casa, porque talvez seja uma boa oportunidade para crescer, tio George. -o-o-o-o-o-o-o Estava tomando o café da manhã, mais cedo que o normal quando vi tio Micah caminhando com tio George, no salão principal. Ele veio em minha direção e disse: - Weasley, teremos aula em 10 minutos na sala de DCAT. - Vou poder fazer o curso?- quis saber animado e ele respondeu sério: - Ainda estou pensando, mas é bom que esteja lá se quiser uma resposta. Ele não precisou dizer duas vezes, sai correndo do salão principal e fui para a sala de DCAT e quando cheguei lá, ela já estava cheia. Os alunos que estavam desde o começo do curso me olharam como se eu estivesse perdido, então me sentei no final da sala. Elliot Harper e Damon Salvatori, acenaram e eu retribui. Mal havia tomado fôlego e os professores entraram na sala: - Bom dia, futuros defensores da lei e da ordem do mundo bruxo. Espero que tenham comido pouco no café da manhã, porque teremos uma manhã dificil.- disse tio Micah e ouvi alguns resmungos entre os alunos, e os professores riram. - Acho que já notaram, que temos um convidado na turma hoje.E já que não queremos perder tempo, vamos ao circuito. Uma vez que os NIEM’s estão próximos, seria bom fazermos uma revisão de tudo o que foi aprendido no curso preparatório até agora. – continuou tio Micah, e os alunos levantaram de suas carteiras e ele agitou a varinha e abriu espaço. - tia Sahnnon disse: - Muito bem, o negócio é o seguinte: tudo o que fazemos nas aulas é avaliado e contam pontos para a indicação para a academia. Vocês serão divididos em 4 grupos, e terão que vasculhar o castelo para recuperar itens pré determinados, nos panpefletos com pistas que vão receber. – e alguns múrmurios animados foram ouvidos. - e quando começamos a nos dividir, tio Micah disse maroto: - Claro que há algumas armadilhas que vão atrasa-los ou deixá-los um tanto quanto machucados, mas vocês vão sobreviver. O prazo é de uma hora...Vão! Eles não estavam brincando quando falaram sobre se machucar, ao final de uma hora, além de exaustos e com fome, todos conseguiram encontrar os objetos, e os professores fizeram anotações. Quando eles encerraram a aula do dia, pediram para que eu ficasse mais um pouco. Depois que a sala ficou vazia, tia Shannon se aproximou e me abraçou: - Fiquei muito contente quando George nos contou sobre o seu interesse na Academia, John. Você foi bem hoje.- e tio Micah a olhou atravessado e ela disse: - Não vamos fazê-lo sofrer à toa, Micah, melhor dizer logo. Preciso ir embora, e descobrir se Aaron ainda não destruiu a casa com suas idéias malucas. – e tio Micah disse: - Aaron é um garoto saudável, não reclame. John, avaliamos todo o seu desempenho, vimos que é bom trabalhando em grupo e sob pressão, achamos que se você se esforçar, consegue acompanhar o resto da turma sem problemas, então você está dentro do grupo. Mas só isso não garante a vaga para a Academia, ainda precisa conseguir as notas máximas nos NIEM’S. - Vou conseguir.- eu disse sério e tio Micah sorriu, completando: - Boa atitude. Espero ter você como meu aluno, ano que vem na Academia de Aurores de Los Angeles.- eles me dispensaram e eu voltei para o salão comunal da Grifinória, implorando por um banho e boa comida, porém estava animado. Já havia conseguido aumentar as minhas chances de ir para a Academia, em Los Angeles, agora teria que conseguir nota máxima nos NIEM’s... Pelo jeito, é melhor levar os livros para o banho comigo. Ainda bem que minha tia Hermione, me ensinou um ótimo feitiço impermeabilizante. N.Autora: trecho da música: Changes, 3 Doors Down Wednesday, June 22, 2011 Abril de 2015 - Haley. Haley? – Clara sacudiu a amiga, falando baixo para não acordar as outras. - O que? – a garota abriu um olho só e olhou pra janela – Sei que nossa visão daqui não é privilegiada, mas ainda consigo ver a lua. Espero que alguém esteja morrendo. - Cadê meu tênis que você pegou emprestado? - Na porta do dormitório, estava sujo de lama e ia limpar hoje. - Obrigada, pode voltar a dormir. - Ok... – e apagou no mesmo instante. Saiu na ponta dos pés do quarto escuro e encontrou o par de tênis sujo onde a amiga tinha indicado. Consultou o relógio. Ainda eram 5h da manhã, todos os moradores da Sonserina ainda estavam dormindo e nem sonhavam em acordar por pelo menos mais duas horas. A primavera era quase quente, mas quando ainda se estava escuro o tempo costumava ser um pouco frio e Clara se agasalhou antes de sair do salão comunal e atravessar os corredores desertos do castelo até o pátio, ainda sob a luz da lua. Respirou fundo e sentiu o ar gélido entrando nos pulmões, mas ainda assim sentiu-se bem. - Ok, vamos lá – disse esticando uma das pernas em cima do muro. Passou alguns minutos fazendo alongamento e então começou a correr na direção da floresta. Não era sua intenção, mas depois de quase dois anos correndo livre por entre as arvores em sua forma de lobo, suas pernas a levavam automaticamente para lá. Dessa vez não se transformou. Gastou quase duas horas em uma corrida ritmada pela floresta densa e escura. Não se aventurou a sair da trilha que estava acostumada, embora conhecesse cada canto dali e soubesse seus limites. Hoje não era dia de se meter em confusão. Correu até a entrada do abrigo que descobrira com Justin e agora servia de base para ela e os amigos, e então refez todo o caminho de volta para o castelo. O dia já começava a clarear quando ela alcançou os portões do saguão de entrada outra vez. Estava suada e cansada, mas nunca se sentira tão bem disposta. Voltou ao salão comunal da Sonserina apenas para buscar suas roupas e se dirigiu ao banheiro dos monitores atrás de um banho gelado e relaxante. Quando chegou ao salão principal para o café da manhã seus amigos já estavam debruçados sobre a mesa da Sonserina. Todos com caras de sono e pouca disposição para encarar o primeiro dia de aula depois de uma semana de recesso. - Bom dia! – disse animada, se espremendo entre Jamal e Keiko. - Alguém acordou de bom humor – JJ disse sem animação, bocejando em seguida. - Alguém madrugou, você quer dizer – Haley o corrigiu – Onde foi tão cedo e que horas eram? - 5h, e fui correr – respondeu ignorando o ar de incredulidade da amiga e servindo ovos mexidos em seu prato. - Por quê? – Keiko perguntou como se ela estivesse louca. - Não posso me exercitar? - Às 5h da manhã? – JJ respondeu por ela – Não. - Vocês são uns preguiçosos – retrucou, rindo. - Você que é louca, isso sim – Haley concluiu, ainda a olhando como se fosse maluca. - Quem é louca? – Artemis e Tuor apareceram na mesa e se acomodaram. - Clara saiu pra correr hoje – Jamal respondeu – Às 5h da manhã! - Por quê? – Tuor fez a mesma pergunta que Keiko e eles riram. - Exercício é bom, suas preguiças – Arte apoiou a amiga – Voar numa vassoura não é o único exercício que existe no mundo. E nem é o mais puxado deles. - Obrigada, Arte! Não tem nada de errado em gostar de suar um pouco a camisa. Quer me acompanhar amanhã? Vou fazer disso um habito e uma companhia é sempre bem vinda. - Eu topo! Preciso mesmo de um meio de gastar energia na escola e não é todo dia que temos treino de quadribol. Haley gesticulou que as duas eram malucas e todo mundo riu, inclusivo Clara e Artemis. O assunto da corrida matinal não voltou à mesa e o café da manhã continuou com uma conversa sobre a orientação vocacional que Artemis e Tuor já haviam feito, mas que os demais alunos do 5º ano ainda fariam e que começavam naquela semana. Com o ano letivo chegando ao fim, era hora de definir uma carreira a ser seguida. ºººººº Nos dias que se seguiram Artemis passou a acompanhar Clara na corrida matinal. Os amigos fizeram um bolão prevendo que a novidade não passaria daquela semana, mas foram forçados a cancelar a aposta por falta de vencedores quando elas completaram duas semanas acordando às 5h da manhã. Em alguns dias Justin se juntava a elas e Clara estava grata pelas companhias. Correr sozinha não era tão divertido quanto parecia. As entrevistas da orientação vocacional com os alunos da Sonserina haviam começado na terceira semana de Abril. O diretor Yoshi organizara os alunos por ordem alfabética e Clara era a terceira da turma a ser convocada. Apenas JJ e Penny haviam conversado com Yoshi e puderam dar aos amigos uma idéia do que esperar. Tinha que estar no escritório dele às 16h, o que significava que não podia se enrolar com alguma tarefa na aula Transfiguração ou se atrasaria. Para sua sorte, Ben não passou nenhuma transfiguração complicada no último tempo de aula. Assim que o sinal tocou, atirou o rato que havia transfigurado em sapo de volta na caixa, ainda com um rabo que atrapalharia sua avaliação, mas não tinha tempo de consertar. Correu escada abaixo o mais rápido que pode e chegou ao escritório de Yoshi exatamente às 16h, ofegante. - Boa tarde, professor – disse arfando. - Boa tarde. Feche a porta e sente-se, por favor - ele sorriu e fez sinal para entrar – Bom, Clara, esse encontro é pra falar sobre as possíveis carreiras que você pode seguir e te ajudar a decidir que matérias você deve continuar nos sexto e sétimo anos. Você já tem alguma idéia do que gostaria de fazer depois que deixar Hogwarts ou ainda não pensou no assunto? - Já pensei sim. Quero ser curandeira. – respondeu de imediato. - Vai precisar das melhores notas para isso - respondeu, pegando um folder verde escuro de cima da sua mesa e abrindo. Ele tinha na capa o emblema do St. Mungus, um osso cruzado com uma varinha - Eles pedem por no mínimo cinco N.I.E.M.s e nenhuma nota menor que "EE". - Imaginei que não seria simples. Quais matérias devo continuar cursando? - Bom, você vai precisar de no mínimo um "EE" em Transfiguração, Poções, Herbologia, DCAT e Feitiços, tanto nos N.O.M.s quanto nos N.I.E.M.s. - Uau, é muita coisa. Não vou precisar das outras matérias? Posso descartar todas no próximo semestre? - Precisa também de Trato de Criaturas Mágicas. Eles exigem apenas um "A", mas se me permite uma sugestão, não tire menos que "EE" também. Vai descobrir em seu primeiro mês no St. Mungus que o conhecimento sobre ferimentos causados por criaturas mágicas pode salvar seu dia. - Pelo menos não preciso mais de Adivinhação e História da Magia... - Se você está realmente levando a sério essa ambição recomendo se concentrar firmemente em Poções e Herbologia. Eleve suas notas ao máximo, são as duas matérias que mais serão úteis na profissão de curandeiro. Não sei como estão suas notas nas aulas do professor Longbottom, mas sei que melhorou muito nas minhas aulas. Não acho que precise delegar a Sheldon mais algumas tutorias, pode melhorar as notas sozinhas, mas se achar que precisa de ajuda basta me avisar e arranjaremos mais algumas aulas particulares. - Não, eu consigo sozinha. Quase dois anos de aulas particulares com Sheldon fizeram com que nos tornássemos amigos, mas acho que vou colocar tudo a perder se tiver que aturá-lo me dando ordens outra vez. - Está certo, confio em você – ele riu – Algo mais que queira saber? - Sim. Penso em fazer medicina trouxa também e minha mãe sugeriu que fizesse uma de cada vez. Com qual devo começar? - Louise tem razão, não aconselho fazer as duas ao mesmo tempo. Embora seja possível, é um desgaste desnecessário. Quanto a qual deve optar por começar, depende do que você achar melhor. O estudo trouxa dura seis anos, enquanto o bruxo dura três. É mais fácil conseguir vaga em uma universidade trouxa assim que se forma em Hogwarts do que seria três anos depois, mas já teria uma profissão quando começasse os estudos nela. Você mesma terá que decidir o que é melhor. Também tenho um panfleto sobre medicina trouxa. Mais alguma duvida? – ela fez que não com a cabeça e ele lhe estendeu o panfleto – Então acho que isso encerra nossa reunião. - Vou ler os dois com calma e tentar decidir o que fazer. - Não se apresse, ainda tem um ano. Essa decisão só precisa estar tomada quando começar o 7º ano, para que eu saiba se preciso incluí-la nas vagas do ensino trouxa. - Obrigada, tio. Yoshi acenou sorrindo e Clara deixou o escritório. Já estavam todos esperando seu retorno no salão comunal da Sonserina para que relatasse como tinha sido a conversa. Embora fosse precisar se dedicar ainda mais a Poções e dar uma atenção especial a Herbologia, que tinha apenas notas aceitáveis, sabia que tinha tomado a decisão certa. Ia seguir os passos da mãe, custe o que custar. Monday, June 06, 2011 Lembranças de Artemis Arashi Capter Chronos “There’s a bit of evil in all of us. What make us good is how we use it.” – Fonte desconhecida. - Você achou que eu não notaria? – Eu falei, fechando a porta atrás de mim. Antes de entrar eu sabia que o banheiro estaria vazio, já que muitos começavam a evitá-la desde que tudo começara. Também faria com que ninguém entrasse até eu ter terminado. - Não entendi, Arte, algum problema? – Haley, ou melhor, o ser que estava tomando seu corpo, falou, enquanto passava uma nova camada de um batom forte que a Haley verdadeira jamais usaria. Ela olhava através do espelho para mim com um sorriso sarcástico, que me deu raiva. - Eu vou perguntar uma única vez: quem ou o que é você? – Eu falei, após ir até ela e segurar seu pulso com força. Ela soltou um barulho de dor, que soou muito falso, mas eu afrouxei o aperto, pois sabia que aquele ainda era o corpo da minha amiga. - Eu sou a Haley, oras, está precisando de mais companhia masculina, Arte... – Ela falou, rindo e olhando em meus olhos. - Não me chame de “Arte”, espírito. Eu posso ver claramente através de você. – Eu a encarei com força e tentei me comunicar com o espírito de Haley ou expulsar o espírito dali. Ela ficou por uns instantes com medo no olhar, mas logo depois começou a rir. No momento em que meus olhos se encheram de perplexidade. - Ora, ora, ora, é interessante... – Ela falou, a voz soando diferente da voz normal de Haley e soltou sua mão. Ela deu um passo atrás e nos encaramos. – Quer dizer que a “tão poderosa” Sacerdotisa Artemis nada pode fazer comigo? Se eu soubesse antes teria tentado mais cedo. - Eu posso não ter os poderes para tirá-la de dentro do corpo de minha amiga, mas não vou te deixar impune. – Eu falei e senti minha aura crescendo, mas o espírito continuou rindo de mim. Chronos me disse para ter cuidado, ainda era o corpo de Haley e ela poderia tentar fazer algo com ele. Ele me recomendou que a deixasse ir. - O seu amiguinho tem razão, deveria me deixar em paz. – Ela falou, indicando com a cabeça Chronos. – Acredite garota, ninguém vai me tirar desse corpo e eu vou aproveitá-lo até que chegue a hora dele. A forma como ela falou aquilo me gelou na mesma hora. Ela sabia. Tive mais certeza ainda quando ela voltou a sorrir, um sorriso frio, mas cheio de escárnio e vitória. Ela se aproximou lentamente de mim, e ficou a poucos passos de mim, ainda sorrindo. - Eu sei do segredinho que você e aquele Shaman escondem dos demais. Eu vivi muito como um espírito errante e aprendi muito. Alguns espíritos sabem o que está para acontecer e não sabe como estão felizes... Uma Mediadora e uma Sacerdotisa mortas... Isso será maravilhoso demais. E após isso, aquele Shaman não suportará e nós teremos como agir livremente. Pena que, como é mesmo o nome? Ah sim, Cadarn, nada percebeu ainda... Ele é um necromante poderoso é verdade, mas usa os espíritos apenas como combustível e não como aliados. Pois seria maravilhoso se ele soubesse. - Se você falar algo a ele ou a qualquer outro, espírito imundo, eu juro por Chronos que vou queimar sua essência e apagá-la de todas as camadas existentes. – Eu falei e senti o poder daquelas palavras. Voltei a apertar o pulso de Haley e senti meu poder queimando o espírito, não Haley, mas o espírito. Aquele espírito sentiu medo, mas depois sorriu, pois sabia que eu não poderia fazer mais nada contra ela e ela já se recuperara. - É o que veremos, Sacerdotisa. – Ela falou, curvando-se para mim com um sorriso e saindo do banheiro, gargalhando. Eu fiquei no banheiro parada de pé por alguns instantes, mas assim que ela saiu eu comecei a tremer e me sentei no chão. Ela sabia. Um dia antes – Avalon Chronos me acertou um soco forte no peito e eu fui jogada para trás. Eddie aproveitou a brecha que ele abriu com o golpe e saltou sobre mim, apontando as garras para minha garganta. Eu respirava com dificuldade, em respirações rápidas e olhava para aquelas garras afiadas, enquanto Eddie me olhava sério, antes de se afastar e me ajudar a se levantar. Eddie voltara no dia seguinte a deixar Fidelus na Ilha comigo, e Chronos decidira pedir que ele me ajudasse a treinar. Estávamos a pelo menos 2 horas lutando, eu, Eddie e Chronos, com o objetivo de aumentar minha velocidade e habilidades de batalha. E como eu apanhara. No início eu me saíra bem, mas depois de 2 horas usando meus poderes, estava um caco. - Você está usando demais seus poderes ainda no começo dos combates. Deve se guardar mais. – Eddie falou, enquanto me ajudava a me levantar. Eu assenti e dei uma rasteira nele, aproveitando a sua guarda baixa. Ele praguejou, sabendo que o erro fora dele. Eu desci meus punhos rapidamente sobre ele e acertei um golpe forte em sua barriga, para em seguida acertar seu pescoço com um golpe rápido, enquanto pedia desculpas. Ele fechou os olhos, entregando-se, pois sabia que se ele fosse humano eu o teria derrotado. Mas Chronos se aproveitou dessa pequena luta e lançou contra mim uma dezena de flechas, me obrigando a me esquivar e conjurar escudos. Eu tentei ganhar terreno me afastando dele, mas ele logo me seguia, sem me dar trégua. Enquanto isso,Eddie voltava para fora da barreira do salão de treinamento, juntando-se a mamãe e Tuor. Mamãe assistia a luta animada e orgulhosa, eu podia sentir isso, e Tuor, por mais animado que estivesse, continuava preocupado comigo. Fidelus estava com eles, deitado e me observando de forma curiosa. Vi que ele queria estar lutando ao meu lado, mas sabia que eu precisava treinar sozinha. - Ela está ficando boa, Mirian, muito boa. A evolução de seus poderes é de uma forma como eu nunca vi. – Eddi falou e mamãe sorriu, enquanto Fidelus parecia encher o peito. - Sim, e ela cresce cada vez mais... Eu estava cansada era verdade, mas queria continuar lutando o máximo que eu pudesse. Minhas espadas surgiram em minhas mãos e iniciei uma série de golpes contra Chronos, e, seguindo as recomendações dele, comecei a me mexer mais. Cada golpe meu era fluído e seguido por um logo em seguida, tentando abrir brechas. Mas Chronos era um lutador fenomenal e bloqueava meus golpes apenas com as mãos, que brilhavam em dourado. Eu aprendi que a cor de seus punhos influenciava na potência deles: o vermelho era o punho ofensivo, o verde o de cura, o azul de agilidade, o dourado de proteção, o branco de intensidade. Finalmente consegui abrir uma brecha e cortei com as duas espadas lateralmente, mas no último instante modifiquei a trajetória de uma delas em poucos graus e Chronos foi obrigado a sacar Lognus para se proteger. Ele me deu um empurrão para ganhar terreno e quando eu investi contra ele novamente, ele pulou para o alto, alçando vôo. - Isso não vale! – Eu falei, indignada, enquanto ele flutuava acima de mim. Ele sorria. - Por que não? Estou usando minhas habilidades. - Pelo menos te fiz sacar sua arma. Ponto para mim. – Eu falei alegre e ele sorriu, concordando. - Concordo, está ficando boa. Assim que ele terminava de falar, a água da chuva que cai o tempo todo no salão, transformou-se em agulhas e voou com força contra ele. Ele girou a lança para se proteger, mas agora turbilhões de água subiam do chão até ele e 3 ou 4 furacões de água o cercavam. Eles começaram a atacá-lo como serpentes, e ele cortava-os com a lança, ou evitava os golpes. Então eu surgi acima dele, ao usar os pilares da sala como escoras para pular de pilar a pilar. Golpeei com as duas espadas de baixo para cima e ele bloqueou com a lança e do choque das três armas saíram faíscas. Ele foi jogado ao chão e eu fui jogada para longe também, caindo com força no chão, mas sendo amortecida pela água. Como eu estava cansada! - Você foi ótima! – Chronos falou, sorrindo acima de mim, esticando a mão para me ajudar a levantar. – Perfeita. - Obrigada, mas estou morta! - Vamos descansar. – Ele falou e mamãe já se juntava a nós, trazendo um cálice com água sagrada e sangue de Fidelus, para tratar de meus ferimentos. ---------------------------------- - Arte, você já pensou se suas asas são funcionais? – Eddie perguntou de repente, enquanto almoçávamos. Estávamos sentados no salão de Camelot e eu ainda estava toda dolorida e cansada, apesar dos cuidados de mamãe e da ajuda de Fidelus. - Não entendi. - Suas asas. As asas que você usa para nos teleportar. Elas são capazes de sustentar seu peso? - Nunca tentei. – Falei sincera e surpresa. - Seria demais, porque se você pudesse voar também, estaria em igualdade com Chronos. – Tuor falou. - E os vampiros também, pois poderia aumentar sua velocidade. – Mamãe comentou e todos olhamos para Chronos que nos observava calado. - É possível. – Ele falou e foi o suficiente. Eu me levantei, ainda dolorida, e subi até a torre mais alta, onde eu sabia que Arturia costumava observar a Ilha. Ela tinha uma janela enorme, na verdade era como se não tivesse uma das paredes no topo, para permitir que Arturia montasse em seus dragões dali. Os outros me seguiram, também animados, e eu fui logo para a ponta da janela. Fidelus voava ali por perto curioso e preocupado comigo. Eu lhe pedi que me pegasse se desse errado, mas só se fosse muito tarde, pois eu queria tentar. Animada pela lembrança de voar em Fidelus e pela curiosidade abri meus braços sem medo e convoquei as minhas asas brancas. O par de asas surgiu às minhas costas, ligadas ao meu corpo de uma forma invisível e através da minha roupa. - Arte, tem certeza que quer tentar assim? – Tuor perguntou, preocupado, olhando para os mais de 70 metros de altura. - Também não acho que seja uma boa idéia. – Mamãe emendou, já se aproximando de mim. Chronos apenas sorria, sabendo como eu era impetuosa. Na verdade mamãe estava preocupada justamente por saber que sou impetuosa. - É agora ou nunca! – Eu falei e pisquei os olhos. Fechei os olhos e me joguei do alto da torre, e pude ouvir mamãe, Tuor e Eddie gritando. Senti o vento batendo no meu rosto e me concentrei nas minhas asas. As fechei de início, pois sabia que se as abrisse agora, poderia desestabilizar o meu vôo. Fiquei em queda livre por alguns segundos e via o chão se aproximando, assim como Fidelus que voava perto de mim, preocupado, mas me incentivando. Abrir então as asas e senti a força delas. Era minha própria força. As asas diminuíram minha velocidade, mas ainda não estava voando, apenas caindo mais lentamente, mas ainda rápido. Inclinei meu corpo para frente e controlei as rajadas de vento para me empurrarem um pouco a frente e bati as asas. E elas me seguraram. Sincronizei as batidas e me mantive no ar, voando um pouco desengonçada, mas estava voando!! Dei um grito cheio de alegria quando percebi isso e comecei a voar ao redor da torre, subindo com batidas rápidas das asas. Fidelus voava junto de mim, rodopiando ao meu redor. Passei pela janela da torre e vi que eles me acenavam aliviados e alegres e acenei de volta. Mas ainda estava fraca. As asas começaram a bater mais fracas e comecei a perder altura. Em dado momento percebi que não daria mais, e fiquei com medo, pois não conseguiria sustentar o vôo por mais tempo. As asas sumiram e ouvi todos gritando, enquanto eu caia em queda livre. Mas senti quando Fidelus me pegou no ar, assim como as magias de mamãe, Tuor e Eddie, como o próprio Chronos que me segurava no ar. Fidelus e ele me levaram até o chão e ele me olhou severo, mas sorri para ele e ele não resistiu, sorrindo de volta. Poucos minutos depois os outros chegaram, e mamãe me deu uma bronca como não me dava a muito tempo. Depois de me abraçar e me beijar, enquanto eu tentava acalmá-la. Nesse momento fiquei sem jeito, por ter deixado-a tão preocupada e amedrontada. Tuor me abraçou com força e não falou nada, apenas me apertou em seus braços enquanto respirava aliviado. Eddie me abraçou também, rindo e me chamando de louca. Eu podia ser louca. Mas era uma louca que podia voar! |