Saturday, August 06, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

- Pela Clara vir morar em Londres! – Rupert gritou, levantando o copo para batermos no dele. Todos nós fizemos o brinde, rindo alto e alegres, enquanto bebíamos nosso copo enorme de refrigerante.
- Por Arte e Rupert serem Monitores Chefes! – Clara falou e brindamos novamente.
- Pelo Torneio Tribruxo! – JJ falou e brindamos novamente.
- Pela nossa amizade! – Eu falei animada, e todos brindamos rindo.
- Pela linda garota que está olhando para mim da outra mesa! – Jamal falou, piscando o olho para uma garota de outra mesa, que riu e começou a cochichar com a amiga. Éramos o grupo mais barulhento da pizzaria, mas também o mais divertido. Cada um de nós cinco fazia barulho por pelo menos uns 10, mas como éramos parentes dos donos, não tinha problema. A pizzaria era dos tios do Rupert e decidimos ir para lá depois de passar o dia no Beco Diagonal. A pizzaria ficava em Covent Garden, próximo da entrada trouxa do Beco.
Era início da tarde quando eu e JJ nos encontramos na Gemialidades Weasley. Griffon e Luky estavam com a gente também, indo visitar Tio George, velho amigo de meu irmão, e adquirir novos itens da loja. Griffon era membro honorário da loja e na época de escola sempre era o primeiro a testar os diversos produtos. Além de ser o revendedor e distribuidor da loja em Beauxbatons, um orgulho não? Luky estava seguindo pelo mesmo caminho e marcara de encontrar com Tiago e Fred na loja.
Eu e JJ tínhamos marcado de encontrar com Rupert, Jamal e Clara no Beco Diagonal. Iríamos aproveitar que Clara estava em Londres visitando os primos, para comemorar sua mudança para nossa cidade. Os três nos encontraram na Dedosdemel, tomando um Milk Shake, enquanto contava para ele como estavam as coisas em casa. Eles chegaram quando eu contava das investidas contra os vampiros e logo ficaram interessados. Contei a eles tudo que podia e tomamos pelo menos uns 4 milk shakes antes de sair da loja e irmos andar pelo resto do Beco.
- E o aniversário de namoro, como foi? – Clara quis saber, animada. Os garotos reviraram os olhos, mas ouviram animados quando comente como foi nosso dia. Mostrei a eles meu pingente novo e tive que aturar eles me perseguindo com perguntas de quando seria o casamento ou se já tínhamos casado escondidos de todos.
Passamos a tarde inteira no Beco Diagonal, fazendo compras e conversando apenas. Estávamos muito animados com o fato da Clara se mudar para Londres, ficando ainda mais perto de nós todos. Além disso, queríamos comemorar a medalha olímpica dela e o fato de eu e Rupert termos sido nomeados Monitores Chefes. Hoje em dia eu via que merecia isso, pois apesar dos meus primeiros anos terem sido bem bagunçados e meu histórico ser extenso, desde que me tornei monitora eu me esforcei para retribuir a confiança de Mimi e Tio George.
Já era final da tarde quando voltamos à Gemialidades para encontrar com Griffon e Luky novamente. Mas decidimos estender mais as comemorações e Rupert sugeriu a pizzaria de seus tios e logo adoramos a idéia. Luky queria ir conosco, mas Griffon não deixou, pois ao contrário de nós, ele não era maior de idade e Emily os estava esperando para jantar. Meu irmão nos escoltou até a entrada da pizzaria e depois se despediu de nós, enquanto Luky permanecia rabugento.

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Só saímos da pizzaria de madrugada e fomos os últimos a sair de lá. Jamal conseguira o telefone da tal garota e eu sabia que ele só não estivera na mesa delas porque estava comemorando conosco.
Apesar da hora muito avançada, já passavam das 3 da manhã, Covent Garden continuava muito cheio. Eu sabia haviam poucos bruxos ali, pois estes estariam no Beco Diagonal, então a maioria, se não totalidade, eram trouxas. Haviam dezenas de bares abertos e um público variável circulava pelo local, todos rindo e bebendo. Haviam jovens, adolescentes, adultos, até pessoas de idade eu vi. E pareciam vir de todos os cantos do mundo. Um grupo de japoneses conversava em um inglês enrolado com um grupo de escoceses no bar vizinho da pizzaria, era hilário de se ver.
Fomos andando até a entrada trouxa do Beco, mas eu tinha uma sensação estranha. Fiquei calada, mas assim que colocamos o pé fora da pizzaria eu soube que estávamos sendo observados. Decidi não alarmar meus amigos, olhando em volta, mas não vi ninguém. Chronos me alertou também, confirmando minhas suspeitas. Estávamos a pouco mais de 50 metros da pizzaria quando Clara olhou em volta também, e virando-se assustada em seguida para mim.

- Continuem andando. – Eu falei, apressando-os. – Para o Beco Diagonal agora.
- O que está acontecendo? – Rupert quis saber, preocupado.
- Estamos sendo seguidos. – Clara explicou. – Arte, quantos? São vampiros, não?
- Sim. Há três atrás de nós. E tem mais três misturados àquele grupo à direita. – Eu falei. A rua onde a pizzaria ficava era longa e bem larga, mas para chegar no Beco Diagonal passaríamos por ruas apertadas e estava preocupada. Eles bloqueavam nosso caminho direto para o Beco, já que teríamos agora que procurar outra rua que fosse para o lado direito da Covent.
- O que vamos fazer? – Jamal perguntou. Os garotos tinham pouca ou nenhuma experiência com esse tipo de coisa, conhecendo apenas os feitiços e ensinamentos da escola. A escola nunca negligenciou nas aulas de DCAT, mas a prática era muito diferente. Eu e Clara tínhamos maior preparo, além de sermos mais ágeis e rápidas, mas eu não tinha dúvidas de que a única realmente pronta para um ataque era eu.
- Ao meu sinal corram para o Beco Diagonal e não parem por motivo algum, e não me esperem. – Eu falei.
- O que vai fazer? – JJ perguntou.
- Chamar os aurores. – Eu falei. – Agora!

Eu os empurrei a frente e eles começaram a correr, e tudo pareceu se mover em câmera lenta. Virei minhas costas para meus amigos já de varinha em punho e a apontei para o céu e centenas de faíscas vermelhas e brancas subiram aos céus, em uma grande explosão. Os três vampiros que nos seguiam saltaram sobre mim enquanto eu lançava o feitiço para o alto, mas tive tempo de apontar a varinha para eles e criei uma barreira, parando-os no ar.
Os trouxas demoraram alguns segundos para perceber o que acontecera e não entendiam o que eram aqueles fogos de repente. Acredito que eles não teriam saído do lugar se os três outros vampiros não mostrassem as pressas e saltassem contra mim. As pessoas começaram a gritar e correr sem rumo.
Eu lancei um feitiço rápido contra os três vampiros da direita e corri atrás dos meus amigos. Os aurores não demorariam a aparecer, tanto do Ministério quanto do clã. A magia diante de trouxas seria suficiente para isso e meu alerta ecoaria para todos. Eu logo os alcancei, já que corria mais rápido do que eles. Estava preocupada com eles e com os trouxas, mas respirei aliviada ao ver que os vampiros nos seguiam.
Então senti um movimento acima de nós e vi que dois vampiros estavam nos telhados, saltando de prédio em prédio atrás de nós. Outros dois vampiros surgiram na nossa frente, no meio da rua, e meus amigos derraparam antes de parar. Rupert lançou um feitiço contra eles, que saltaram de lado rindo.

- Direita, agora! Para a praça! – Eu gritei e entramos correndo em uma rua, uma das apertadas.

Enquanto corríamos ouvia o vampiro silvando atrás de nós, mas eram obrigados a correr dois por vez, mas os outros subiram no telhado. Lancei diversos feitiços para trás e coloquei uma lixeira em chamas enquanto corria, jogando-a contra um dos vampiros.
Saímos da rua e nos vimos de frente para a praça do mercado. Era disso que eu precisava, um lugar aberto onde pudesse ver todos os vampiros. A gritaria e o caos que causamos nas ruas anteriores havia chegado até ali e as pessoas gritavam e corriam, mas pelo menos deixaram a praça vazia.
Mandei todos correrem até a ponta dela e viramos de costas para o prédio que ficava ali, encarando a rua de onde saímos. Os vampiros começaram a surgir dali. Saíram cinco da rua, enquanto outros 4 saltaram do alto dos prédios. Todos tinham as pressas amostra e pareciam rir.

- O que vamos fazer?! – Jamal falou e ouvi medo em sua voz. Eu não o culpava, um vampiro é um ser maldito que se alimenta de medo e é capaz de criar medo onde estiver.
- Fiquem calmos. Não podem se deixar cair nos truques deles. Usem todos os feitiços mais poderosos que souberem, principalmente fogo. – Eu falei e eles assentiram, já de varinhas em punho.

Os vampiros saltaram sobre nós rapidamente e eu atingi dois deles com dois feitiços rápidos, fazendo-os quicar ainda no ar. Os outros foram mais rápidos e se aproximavam de nós. Os meninos lançaram feitiços Extupefaça e Expelliarmus, mas não surtiam muito efeito e apenas um dos vampiros foi retardado. Clara atingiu um vampiro com um Incedius na barriga, colocando sua roupa em chamas. Eu podia sentir que ela se controlava para não se transformar por causa dos trouxas.
Vi quando Chronos atingiu um vampiro com sua lança e o vampiro virou pó diante de nossos olhos, queimado de dentro para fora. Mas Chronos não podia nos ajudar muito, por estarmos próximos demais. Eu mesma não podia lutar com minhas espadas, pois precisava de mais espaço e temia me afastar dos meus amigos.
Dois dos vampiros ficaram para trás e começaram a lançar coisas contra nós, desde cadeiras e mesas até plantas inteiras. Jamal foi atingido por uma cadeira e só não se machucou mais pois JJ conseguira explodi-la no ar. Eu me adiantei um pouco a eles, envolta por meus escudos, que flutuavam ao nosso redor para nos proteger, e impedi dois vampiros de saltarem sobre Clara e Rupert.
Mas um vampiro conseguiu saltar por cima de nós todos e quando vi estava no meio de nós. JJ gritou quando ele caiu do seu lado e tentou lançar um feitiço contra ele. Mas o vampiro o socou no ombro e o feitiço atingiu Rupert jogando-o para trás, enquanto JJ caia com o ombro deslocado. O vampiro saltou sobre Rupert, as pressas a mostra, mas o alcancei antes e perfurei suas costas e minha espada atravessou sua barriga. O vampiro cuspiu sangue, enquanto engasgava e o incendiei a partir de minha espada e ele virou pó diante de Rupert.

- Cuidem do JJ! – Eu falei, empurrando Jamal, Rupert e JJ para trás, enquanto eu e Clara nos colocávamos entre eles e os outros vampiros.

Clara e eu tínhamos algo que os garotos não tinham e não me referia apenas à nossa agilidade e habilidade. Passamos dois anos correndo juntas, treinando juntas, e isso aumentara a ligação que havia entre nós. Eu, ela e Justin conseguíamos nos comunicar mentalmente, então nós duas não precisávamos falar para nos entendermos. Eu conjurei novos escudos que levitavam ao nosso redor e lancei um feitiço contra um vampiro à minha direita, desafiando-os a me atacar. Quatro vieram para cima de mim, enquanto os outros três enfrentavam Clara.
Nós duas lançávamos feitiços com rapidez, afastando os vampiros o máximo que pudéssemos. Em dado momento, eu me abaixei e Clara lançou um feitiço por cima de mim, fazendo um hidrante explodir. Uma coluna enorme de água começou a jorrar para o alto e os vampiros riam de nós, como se tivéssemos errado o alvo. Mas ela fizera exatamente o que eu pedira.
Com minha espada na mão esquerda, fiz um corte na palma da minha mão e apontei minha varinha para a coluna de água e a água começou a me obedecer. A coluna cresceu mais e se dividiu em três, uma voando para cada vampiro que eu enfrentava. Um ficou preso em uma bolha enorme, o outro foi perfurado no peito por centenas de estacas de água, enquanto o outro começou a queimar quando a água o encharcou. Meu sangue estava misturado àquela água e agradeci a Justin pela lição. Lembrei-me dele falando que meu sangue era tão puro que um vampiro poderia ser queimado por ele. Fechei a mão com raiva, fazendo a bolha fechar-se violentamente, enquanto o vampiro que queimavam lá dentro era esmagado pela pressão da água.
Os outros quatro vampiros pareceram não se importar e tive certeza que eram Escravos por isso não sentiam medo. Eu e Clara começamos a lançar feitiços em dupla, cobrindo as brechas uma da outra. Um vampiro conseguiu escapar de nós e saltou contra Clara, mas um dos meus escudos o interceptou e logo em seguida um feitiço explodiu em suas costas, fazendo-o queimar.
Vi com alívio a praça se encher de aurores. Eram rostos conhecidos e logo cercaram os vampiros. Os três últimos silvaram para todos e tentaram escapar.

- Não os deixem escapar! – Eu gritei. E depois olhei para os garotos, que pareciam petrificados. – Riordan, Sphor, cuidem deles! – Eu gritei e os dois aurores do Ministério correram até nós.

Três aurores do clã incineraram um vampiro quando ele saltava para o telhado de um prédio, enquanto outro era perfurado por dezenas de estacas flutuantes e atingido por uma bola de fogo. O último estava cercado por 10 aurores, mas tentou fugir, atirando mesas contra nós. Apontei minha varinha para ele e correntes de prata surgiram do ar, prendendo seu pescoço. Ele gritou, apertando a própria garganta e tentando se soltar, mas segurei com força a corrente e logo os aurores faziam o mesmo e então pelo menos cinco correntes o prendiam e ele caiu de joelhos.

- Não o deixem escapar. Vigiem o perímetro, pode haver mais na vizinhança ou tentar resgatar este. – Eu falei e voltei correndo para meus amigos. Clara já estava abraçada a Rupert e os dois olhavam para o ombro de JJ. Jamal conversava com dois aurores, seguranças de Tio Quim. – Vocês estão bem?
- Graças a vocês duas, sim. – Rupert falou, sorrindo, mas ainda assustado.
- Vocês duas foram demais. – Jamal falou admirado.
- Eu não fiz nada, agradeçam a Arte por estar conosco, se não estávamos ferrados. – Clara falou. Nesse momento ouvimos vários estalos e vimos nossos pais correndo até nós.
- Filha, você está bem? – Mamãe falou quando me abraçou. Tia Lou e Tio Remo abraçaram Clara, enquanto Tio George abraçava Rupert aflito. Tio Josh e Tia Sam olhavam preocupados para JJ, enquanto ele já era atendido. Tio Quim abraçou o filho, antes de brigar com seus seguranças por não terem sido mais rápidos.
- Estou mãe. – Eu falei, cansada. Papai quase teve um treco quando viu que minha mão sangrava e mamãe me ajudou a curá-la.
- Conseguimos matar alguns deles antes dos aurores chegar. E achei que gostariam de interrogar aquele ali. – Eu falei, indicando o vampiro preso.
- Você foi excelente filha. – Papai falou.
- Artemis, não sei como agradecer por proteger nossos filhos. – Tio Quim falou, eu me levantei rapidamente, fazendo uma reverência para ele. – Não precisa disso filha. Estou admirado com o que vocês conseguiram fazer.
- Não fizemos nada pai, foi a Clara e a Arte que nos ajudaram. Sem elas, não sei o que teria acontecido. – Jamal falou e os garotos concordaram com eles. Tio Quim apertou a mão minha e de Clara, sorrindo agradecido.
- Não pensa em seguir a carreira de auror, Clara? – Ele perguntou.
- Não, Tio Quim, prefiro permanecer como curandeira. – Ela respondeu.
- Uma pena, mas ainda assim uma carreira muito digna. Artemis. – Ele falou, virando-se para mim. – Vejo que não errei ao nomeá-la auror tão nova. Gostaria de pagar o que fez de alguma forma.
- Tio Quim, eu os protegi por serem meus amigos, mas protegeria a qualquer um. Não quero nada. – Eu falei.
- Você fez um excelente trabalho, tanto aqui quanto com os trouxas. Romper o Tratado é um preço baixo a se pagar para salvar todos. Eu gostaria de lhe fazer uma proposta. – Ele falou e eu aguardei curiosa. – Gostaria de fazer parte da minha guarda?
- Tio Quim, digo, senhor, seria uma honra, mas é demais para mim. – Eu respondi após um tempo sem reação.
- Você provou ser mais capaz que muitos aurores por aí. – Ele falou, sério.
- Mas ainda estou em Hogwarts.
- Eu sei. Por isso posso modificar minha proposta. Seu pai me falou que pretende seguir carreira como Inominável, não? Eu posso ajudá-la e gostaria de ter sua energia para minha proteção. Além disso, posso esperar até terminar Hogwarts e posso aceitar que divida seu tempo também com o curso de curandeira.
- Senhor, é uma honra. – Eu falei, admirada e feliz. – Seria uma honra para mim protegê-lo.
- Não precisa me chamar de senhor, você é como uma sobrinha para mim, então voltemos ao tio. Mas quando estivermos em serviço, pode me chamar de senhor se desejar.

Aquela noite demoramos a dormir, ainda assustados e, no meu caso, animados, com tudo que aconteceu. Fomos todos para a casa dos meus pais e lá já estavam meus irmãos e os primos e tios de Clara e Rupert. Tia Alex e Tio Logan ficaram sabendo do ocorrido e mamãe me avisou que deveria haver uma visita em massa dos McGregors, dos Kinoshita e de todos nossos amigos no dia seguinte. Mandei uma carta para Tuor assim que cheguei em casa e daria tudo para ver a cara dele quando soubesse do que aconteceu. Ele também viria no dia seguinte com certeza.

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Longe de Covent Garden, localização desconhecida.


Maxmilliam recebera a missão de Cadarn de encontrá-los. E para ele qualquer missão de seu rei era uma honra e ele cumpriria a qualquer custo. Essa noite ele os encontrara.

- O que você quer, verme? Ainda não me esqueci como vocês se recusaram a ajudar o meu Lord em nossa guerra.
- Minha cara, é uma política antiga dos vampiros: não nos envolvemos com os humanos, apesar de ser uma política que eu e meu mestre discordamos. Porém, na época, o tirano que nos governava nos obrigou a não ajudar seu mestre. – Maxmilliam respondeu, usando todo o seu poder de persuasão em sua voz. A mulher ergueu uma sobrancelha, mas ficou calada. Ele notou que as outras figuras encapuzadas permaneciam caladas, e viu que ela era claramente a líder. Os últimos Comensais ainda livres e fiéis, não mais do que dez.

Ainda vestiam suas túnicas negras e deixavam a tatuagem em seu punho direito aparecer com orgulho. Ela estava muito fraca agora que seu mestre havia morrido, mas ainda estava no braço de todos os Comensais, uma lembrança do Lord das Trevas. O vampiro teve vontade de rir daqueles maltrapilhos e de seu “Lord das Trevas”, pois o único que merecia aquele título era Cadarn, mas seu mestre dissera o quão importante era conseguir o apoio daqueles homens.

- Diga logo o que você quer...
- Meu mestre gostaria que soubessem que ele deseja muito o seu apoio e de seus grandes aliados. – Ele falou indicando com as mãos os outros Comensais. – Suas façanhas são famosas e meu mestre as admira.
- Por que seu mestre não veio em pessoa? Cadarn, nunca ouvi falar dele. – Ela falou, com superioridade na voz e o vampiro segurou a vontade de matá-la.
- Meu mestre não pode se envolver diretamente com assuntos importantes. Ele está sendo vigiado constantemente e qualquer movimento que faça, pode ser percebido pelos nossos inimigos.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Você não tem nada diretamente com esse empecilho de meu mestre, mas ele gostaria da ajuda de vocês nas batalhas que ele lutará em breve.
- O que ganhamos com isso?
- A chance de se vingar de todos aqueles que traíram vocês e destruíram sua família, seu mestre... – Ele percebeu que estava quase conseguindo convencê-la, mas um brilho de loucura surgiu em seus olhos e ele notou como os demais Comensais pareceram se afastar.
- Eu me vingarei sozinha! Não irei me tornar uma serviçal de vermes como vocês! – Ela falou, sacando a varinha e apontando para ele. Maxmilliam, porém, não se mexeu e sentiu a varinha em sua garganta. Eles trocaram olhares intensos e o vampiro decidiu tomar um caminho mais feroz. Ele riu, mostrando as pressas.
- Me diga, o que vocês são? – Ele perguntou, ainda rindo, mas os Comensais pareceram não entender. – Vocês não são mais do que mendigos, ratos de esgoto que estão correndo de um lado para o outro no mundo, de um chiqueiro para o outro. Vocês são covardes e estão fugindo dos aurores. – Ele falou e os demais Comensais começaram a falar insultos e xingamentos e todos apontaram a varinha para ele. Mas ela percebeu a mudança no tom dele e levantou uma mão. Seu olhar estava ainda mais perigoso, como o de uma caçadora impiedosa.
- Meça suas palavras, verme...
- Eu estou falando a verdade. – Ele falou, rindo, mas se apressou a dizer. – E você sabe disso. Vocês tiveram 20 anos para se vingar e o que conseguiram? Nada... Você sabe tão bem quanto eu que sozinhos não poderão fazer nada. – A mulher o encarou mais alguns segundos e abaixou a varinha.
- Sabemos esperar nossa hora... Mas não aceitarei a ajuda de vermes. – Ela falou, cuspindo no pé dele. Ela virou-lhe as costas, e os demais fizeram o mesmo, mas Maxmilliam riu, vitorioso.
- Meu mestre pode ajudá-los a se erguer. Pode dar a vocês o sangue de seus inimigos. Pode dar a vocês todos os bruxos e aurores que caçaram a vocês por tantos anos... Podemos dar a vocês o domínio total sobre os trouxas imundos... A você, Cybele, podemos dar a chance de se vingar pelo seu marido.

Ao ouvir aquilo ela parou. Havia acendido na chama dos demais a vontade de seguir aquele vampiro, e a menção de seu marido, Cybele Lestrange o encarou novamente. O vampiro então, lentamente, tirou de dentro das vestes uma única foto e a jogou para ela, que a pegou no ar. Seus olhos se arregalaram, de espanto, mas depois deu lugar a raiva e sua mão começou a tremer.

- Eles ainda estão vivos... Tanto Alexandra Mcgregor quanto Kyle...
- Impossível... Eu matei Kyle há décadas! Me vingando da morte do meu marido! E mesmo se estivessem vivos, eles teriam a mesma idade que eu!
- Não... – O vampiro falou, a voz melosa e calma, aproximando-se dela. Ele colocou a mão sobre a dela e a segurou firmemente. – Eles estão vivos e novos novamente. Cheios de saúde e vida... Enquanto seu marido está morto... E você reduzida a uma maltrapilha... Você acha isso justo? Eles tiraram seu marido... Seu mestre... Sua filha...
O brilho nos olhos da mulher tornou-se doentio de tanta loucura e o vampiro sorriu.
- Como isso é possível... ?
- Meu mestre pode te ajudar... Se vocês se unirem a nós, a magia de meu mestre pode dar a você a chance de matá-los quando ainda são jovens e assim impedir que seu marido seja morto, que seu mestre seja derrotado... O que acharia disso?

Ela soltou um grito de ódio e loucura e atirou uma esfera de fogo na foto enquanto jogava-a no chão. A foto queimou lentamente, mostrando os rostos alegres de Haley e Julian, tão parecidos com os rostos de Alexandra e Kyle quando jovens... Porém ela não sabia disso e caíra nas artimanhas de Cadarn.

Maxmilliam sorriu satisfeito e lhes disse que em breve seriam convocados para seu mestre, mas que por enquanto nada fizessem. Ele conseguira, conseguira trazê-los exatamente do modo como Cadarn desejava.