Sunday, October 30, 2011

Come Valkyries join me in this final ride

Lembranças de Artemis A. C. Chronos

E então eu pensei em cada um deles, ali correndo sério risco de vida. Ligada a eles como eu estava eu podia até mesmo saber o que pensavam, agora que estavam a beira do fim. Em menos de um segundo eu pude ver a mente de cada um deles.

Flonne estava caída, desacordada, e Laharl a abraçava com um brilho de força nos olhos, pronto para lutar até o fim. Ele nem tivera a chance de saber que seria pai, não poderia aproveitar a magia de ter um filho nos braços. Altair tinha seu filho para criar, pensava nele naquele momento, assim como em sua esposa, e preocupava-se com o que seria deles, além do receio pela segurança de sua única irmã, Plennair. E meus amigos?

Tantos sonhos ainda por realizar, tantas coisas por fazer, tantos sucessos a alcançar..

Rupert pensava em Amber e dois se olhavam naquele derradeiro momento. Eu via o quanto ele gostava dela, mas que ainda não percebia. Vi os dois juntos no futuro, alegres e tranqüilos, com gêmeos de uns 8 ou 10 anos.
Clara e Hiro estavam lado a lado. Ela tinha voltado a forma humana e o carinho que havia entre os dois era grande. Ele a abraçava, demonstrando uma maturidade e uma força imensa nos olhos. Eu os vi no futuro, pareciam juntos, mas como se ainda não soubessem o que fazer. Clara tinha uns 30 anos e estava com um uniforme militar, embarcando em um avião, enquanto Hiro a olhava, despedindo-se dela. Os dois tinham um semblante triste, e pareciam a beira das lágrimas. Também vi Hiro em um futuro com Clara, dessa vez mais alegre, abraçados e conversando em um parque muito belo, sereno e tranqüilo. Estavam tão felizes.
Eu vi JJ e Keiko juntos, em um abraço amoroso enquanto observavam o mar de uma bela praia. A praia parecia com as Ilhas Gregas e o vento balançava os cabelos dos dois. Gabriela e Devon estavam juntos no futuro, com um filho no colo, enquanto conversavam alegres em um jardim perto do Louvre. Eu sabia que ela gostava dele, mas nada sabia sobre ele.

Eu senti vontade de rir, pela estranheza da situação. Jamal estava em pé diante de um altar, vestido de terno e gravata e nervoso. Tio Quim estava ao seu lado, com um sorriso alegre e orgulhoso. De repente ouvi a marcha nupcial e a noiva entrou na igreja, envolta em branco e beleza, mas eu não podia ver seu rosto.
Vi MJ e Lenneth juntos, mas não como um casal, mas como parceiros. Eles eram famosos e davam autógrafos após um grande show. Lucian esperava Lenneth no camarim e uma filha pulou em seus braços quando ela entrou. A garota tinha os olhos de Lucian, mas os cabelos vivos e vermelhos de Lenneth.
Vi Julian formando-se na Academia dos Aurores, com honrarias e louvor. Tia Alex estava orgulhosa dele e era a paraninfa da turma. Tio Ty e Tia Rory choravam abraçados, orgulhosos do filho que tiveram. Vi logo em seguida Lena, sentada em uma poltrona segurando um lindo bebê no colo.
Vi também Justin e Haley. Ela segurava a taça da Liga Euroéia de Quadribol, sendo erguida pela torcida e pelo time, extremamente feliz e alegre. Justin estava feliz, com um sorriso cheio de vida no rosto. Crianças da tribo o rodeavam e ele tratava de todos com carinho e bondade.

E meus sobrinhos? Luky se tornava um grande auror, trabalhando também como comediante. Sua vida era cheia de brilho e alegria, cheio de vida como sempre foi. Tiago e Fred estavam sempre com eles e a alegria os seguiam para onde quer que fossem. Bela estava tão linda, vestida em uma roupa de advogada. Ela discursava para um público grande, na verdade uma turma. Vi também Mina e Luthien, mesmo que não estivessem ali, as vi tão lindas... Elas se tornavam as mulheres mais lindas que eu já vi. Luthien trabalhava como professora, ensinando com amor e carinho. Mina viajava o mundo, descobrindo novas maravilhas, sempre em aventuras.

E Tuor... Seus olhos estavam dentro dos meus, ligado a mim mais do que todos. Seus olhos só diziam uma coisa: estou com você. Eu senti lágrimas nos olhos e uma felicidade como jamais senti. Eu pensava no homem que ele poderia se tornar, no pai que ele seria, no marido, no futuro que ele construiria, comigo, ou não. Senti tristeza por não poder ser a mãe de seus filhos, mas ao mesmo tempo senti uma felicidade imensa por tê-lo conhecido e amado. Eu vi seu futuro, havia um garoto e uma garota, dois filhos lindos e belos, tão parecidos com ele. E o olhar de felicidade nos olhos dele, seu sorriso...

Meus pingentes arderam ao pensar nele e em meus pais...

Em nenhuma dessas visões eu estava presente... Em nenhuma delas havia um menor sinal meu...

Sei que todos sofrerão, mas não posso deixar que eles percam seus futuros, seus sonhos! Espero que me perdoem... Vou quebrar minha promessa de não carregar tudo nas costas... Mas prefiro ser perjura do que causar a morte dos meus amigos, das pessoas que eu amo.

Então me decidi.

- NÃO! – Eu gritei com todas minhas forças.

Senti como se fosse um puxão fortíssimo em meu peito e gritei de dor, enquanto caia de joelhos no chão. Uma intensa luz branca saiu de todo o meu corpo, iluminando a noite. Chronos estava ao meu lado, brilhando intensamente em branco, quase com forma física. Pois eu invocara o maior de seus poderes, aquele que ele me proibira de usar.

Eu parei o tempo.

Diante de nós, a centena de vampiros estava paralisada no ar, ainda saltando, ainda rosnando. A garra de um estava a centímetros de meu rosto. Meus amigos estavam prontos para o fim, seus olhos determinados. Porém ficaram surpresos quando viram que nada se mexia. Nem mesmo as estrelas cintilavam ou as chamas longínquas trepidavam.

- Arte! – Tuor me abraçou com força, me segurando em seus braços. Eu me apoiei nele por um instante. Sentia uma dor profunda, incomparável a tudo que eu já senti.

- Arte, o que você fez?! – Justin perguntou, se ajoelhando do meu lado. Chronos me olhava com medo nos olhos.

- Fiquem quietos! Não temos muito tempo. Isso vai durar no máximo um minuto.

- É nossa chance de escapar ou revidar! – Laharl falou, a varinha em punho.

- Não, Laharl, cale-se! – Eu falei com urgência. – Não há mais retorno, não há mais saída. Eu tirarei vocês daqui, nem mesmo que custe a minha vida. Altair.

- Senhora? – Ele falou. Seus olhos transmitiam tristeza e assombro.

- Diga aos meus pais, que Gustav está aqui. Eu tentarei segurá-lo o máximo que puder. É a chance que precisávamos para obter as informações sobre Cadarn. – Eu tossi com dificuldade e senti gosto de sangue na boca. Cuspi sangue no chão, sem conseguir segurar e Tuor e Justin me seguraram preocupados. – Diga-lhes que eu peço perdão por tudo que possa ter feito e agradeço por tudo que me ensinaram. Diga-lhes que eu os amo, assim como a todos. Isto é uma ordem.

- Senhora... – Altair parecia querer dizer algo, mas se calou. Ele entendera, mas apenas ele.

- Arte... – Clara começou. Ela estava com o braço quebrado. Todos estavam muito machucados e cheios de ferimentos e eu sabia que eram muito piores do que aparentavam. Devon tinha um corte profundo que ia do pescoço até o ombro. Penny continuava desacordada, nos braços de Jamal, que tinha um corte na perna. Patrick também tinha ferimentos sérios, e esteva apoiado em Bela, que tinha a capa perfurada e manchada de sangue. Hiro estava do lado de Clara tinha um corte em seu braço esquerdo. Keiko tinha manchas roxas nos braços e rosto, assim como JJ. MJ tinha o punho quebrado, James e Zach tinham alguns machucados, assim como Fred e Tiago que arfavam caídos ao lado de Luky. Flonne ainda estava desacordada, atingida pelos golpes daquele Legion. Laharl tinha a roupa toda rasgada e cheio de hematomas. Lenneth tinha um ar cansado e uma perna machucada. Altair era o que estava em melhores condições, apenas com cortes nos braços.

Todos os machucados deles eram diminuídos por minha presença, se eu não estivesse ali, a maioria deles estaria inconsciente.

- Fique quieta, Clara. Obrigado a todos vocês pelos anos que ficaram ao meu lado. Não sabem o quanto eu fui feliz e o quanto eu amo cada um de vocês. Quando chegarem lá, digam à mamãe que a amo e que ela deve cuidar de vocês. Assim que saírem de perto de mim, seus ferimentos ficaram muito piores. – Eu falei rapidamente. Todos ainda estavam confusos. Me virei para Justin e o abracei com força, como eu queria abraçar Seth e Griffon.

- Justin, você foi como um irmão para mim, alguém que me ensinou muito e com quem tive o prazer de conviver. Obrigado por tudo. Você será uma pessoa extraordinária no futuro, viva-o por mim. - Me virei para Tuor e o beijei com carinho, segurando o seu rosto entre as minhas mãos. – Eu o amo como jamais amei alguém, Tuor. Obrigado por tudo. Eu teria tido uma vida maravilhosa com você, mas por favor, não se prenda a mim. Você é alguém maravilhoso e será um marido, um pai ainda melhor. Não me arrependo de nada entre nós e tive os anos mais felizes da minha vida enquanto fui sua namorada.

- Arte... Que bobeira é essa, parece uma despedida... – Então seus olhos se arregalaram e ele finalmente entendeu, mostrando uma mistura de surpresa e medo nos olhos. Justin também entendeu e ficou exaltado também. – Não, você não vai!

Eu sorri para ele, um sorriso cheio de ternura e amor.

No instante seguinte, o tempo voltava a fluir normalmente, e penas brancas e intensas brumas envolviam todos. As brumas empurraram os vampiros com força, enquanto meus amigos desapareciam no ar, envoltos em uma intensa luz branca e em meio a penas.

Eu estava sozinha. Meus amigos agora estavam surgindo diante de mamãe no castelo, e senti quando seus machucados ficaram piores e a dor foi mais intensa. Eu respirei aliviada: eles ficariam bem.

Agora eu estava ajoelhada diante de uma horda assombrada de vampiros. Eles ainda eram muitos, mas havíamos conseguir matar muitos, de modo que uns 100 vampiros me encaravam. Não haviam mais Legions ou Inferi. Eu me apoiava em uma das minhas espadas brancas, fincada no chão. Chronos estava às minhas costas, olhando ameaçador para os vampiros.

- Isso foi de uma bravura imensa, Artemis, porém descuidado demais. – Chronos falou em minha mente, cheio de preocupação. Eu falei que eu aceitava o que acontecesse. Ele tinha lágrimas nos olhos e senti compaixão por ele, agradecendo por estar comigo naquele momento.

Then after all
I sense the end is dawning
These lunatics deny the truth

I know I will not fail
There'll be

War it's now or never
We shall stand together
One by one
This world is sacred
(I'm coming home)

I'm coming home

Coming home

You chase in twilight
And you know
You will be on your own
On your own

Eu então me coloquei de pé e convoquei uma última vez seus poderes:

- Chronos. – Eu falei. Relutante, ele assentiu.

Ele dissolveu-se em luz, enquanto toda sua energia e seu poder misturavam-se aos meus. Eu absorvi todos os seus poderes. Imediatamente me senti melhor, mas ainda estava muito fraca. Parar o tempo e mover todos em um curto espaço de tempo me deixaram no final de minhas forças, mas não iria desistir jamais. Minha última esperança era de que papai e meus irmãos chegassem logo, pois eu não agüentaria lutar contra todos por muito tempo.

Mas mesmo esta era frágil e remota. Eles ainda estavam longe, a caminho, porém longe e ainda teriam que ultrapassar a barreira de Gustav.

Eu sabia desde o momento em que decidi tirá-los dali: aqui eu encontraria o momento mais sério de minha vida, que poderia significar meu fim. Nesses últimos instantes, meus poderes de sacerdotisa estavam mais fortes e eu podia ver a frente do tempo. Mas tudo que eu via diante de mim era escuridão. Não havia futuro para mim.

Segundos antes de eu parar o tempo, eu vira todos os futuros possíveis. Se eu me transportasse dali com meus amigos, isso causaria a morte de inocentes, pois os vampiros iriam até o Castelo, mesmo que fossem aniquilados, mas matariam muitos alunos inocentes. Se eu transportasse-os para longe, isso nada mudaria, pois eles voltariam a atacar, agora mais fortes, sabendo quem eu era. Se eu fugisse sozinha e abandonasse meus amigos, eu viveria sim, mas todos aqueles que eu conheço seriam mortos e eu ficaria só. Eu jamais faria isso. Se eu transportasse a mim e os vampiros para longe, eles me matariam e meu sangue e meu corpo seriam usados para magias podres e para fortalecê-los. Haviam muitos futuros, mas a maioria terminava em trevas, em escuridão, a minha morte.

Aquele era o momento de que Chronos me alertou, dois anos antes. Não tentei pensar que escolhas me levaram até ali, que caminhos tomei para o meu fim. Eu não tinha remorsos. Lágrimas vieram aos meus olhos, pensando no sorriso de todos, no carinho e no calor. Mas eu não teria medo, não teria remorsos. Eu aceitei isso sem remorsos, feliz por tudo que eu havia feito, feliz por ter salvo aqueles que eu amo. “Perdão”, foi tudo que consegui pensar para eles, pois sabia que eles sofreriam, mas não poderia deixá-los morrer por mim. Perdão e obrigado.

Uma armadura completa surgiu em meu corpo. Ela já não era a armadura de Arturia. Desde aquele dia em que eu primeiro parei o tempo e assumi meus poderes totais, ela mudara. Agora era a minha armadura. A armadura de Arturia era pintada com suas cores, o dragão negro com fogo branco sobre o fundo vermelho. A minha armadura agora tinha as cores brancas e negras, como a águia branca sobre o fundo negro de minha família, além de tons de dourado e prata. Os Chronos, seguindo as ordens de Arturia, abandonaram a realeza, e isso significava largar o vermelho, a cor dos reis, e o dragão, símbolo do Pendragon.

Minha armadura era feita de um metal leve e rígido, tingida de branco e negro, e por de baixo dela havia um vestido branco fino, com alguns toques de dourado. Senti quando a diadema branca ornada como um dragão surgiu em minha testa, coroando-me. Minhas duas espadas surgiram nas minhas mãos, suas lâminas brancas brilhando. Deixei a energia da água fluir por mim e concentrei-as nas espadas que brilharam intensamente, fortalecidas pela luz e pela água, o meu elemento. As minhas asas brancas se abriram ameaçadoras. E eu encarei meus inimigos. E eu sabia: aquele poderia ser meu fim, mas eu não demonstrava medo, apenas força e decisão.

- Eu sou Artemis Arashi Capter Chronos, Senhora de Avalon e Grande Rainha da Bretanha! – Eu me revelei, pois não havia mais motivos para me esconder, minha voz cheia de poder. Vi quando Gustav sobressaltou-se. – E essa noite eu vou aniquilar cada um de vocês. Venham a mim, Valquírias. Cavalguem comigo a minha última batalha. – Eu enunciei lentamente, convocando os poderes de todas as gerações de guerreiras e guerreiros de minha família. Pois está era minha última batalha, “my last ride”. Levantei um braço ao céu e uma chuva forte formou-se, e junto dela vieram os trovões. Eu iria lutar até a morte, e se esse era meu fim, eu levaria muitos comigo.

I spread my wings
But keep on falling
I should have known
I can see it coming
The war is over
There's whispering in the wind
Just let me out of here
There is no way
There's no end
While all the suffering goes on
All that I know
Is that I'm not insane
It's not over

*********

Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir

A primeira coisa que eu senti foi dor e não apenas eu, mas todos.

Depois senti raiva, impotência e medo, muito medo.

Ouvi todos meus amigos gemendo de dor e alguns até mesmo gritavam ao perceberem como seus ferimentos eram profundos. Haviam dezenas de membros quebrados, cortes fundos.

Eu tentei ficar de pé, mas então percebi que estava tonto e cai no chão. Gaia me segurou, mas tentei afastá-lo e me levantei novamente, gritando que queria ir até Artemis, mas por fim alguém conseguiu me colocar sentado no chão mesmo.

- Ela estava nos curando, transportando nossos ferimentos para ela. – Ouvi Justin dizer e ouvi quando ele socou a mesa com raiva.

- O que aconteceu? Onde está Artemis? – Eu ouvi a mãe da Arte, Mirian falando e então percebi que estávamos no meio da Ala Hospitalar. Haviam dezenas de pessoas ali, algumas que eu não conhecia, mas reconheci a mãe de Haley, Tia Alex, de Clara, Tia Louise, de Lizzie, Tia Morgan, a mãe do Julian, Rory, o professor de Durmstrang que eu não lembro o nome, vi também Ethan e Brian, além de Minerva, Luna e a enfermeira.

Tia Louise correu para Clara e todos começaram a ficar atarefados cuidando dos mais feridos. Penny e Flonne eram as que estavam em pior estado e foram levadas às pressas para uma maca. Ouvi Ethan dizendo que Flonne tinha traumatismo e os cortes nas costas estavam feios. Ele chamou Louise ao perceber que ela estava grávida e Laharl ficou paralisado sem acreditar, segurando a mão de Flonne com força, o rosto branco.

- Senhora... – Altair falou, ficando rígido diante de Mirian.

- Onde está minha filha? – Mirian perguntou, sua voz beirando a histeria. Vi quando Luna segurou sua mão.

- Ela me ordenou que lhe dissesse que a ama e que pede perdão. – Altair começou e eu comecei a chorar. – Ela decidiu lutar sozinha, salvou a vida de todos nós.

Mirian quase desmaiou e Luna logo a ajudou a se sentar. Minerva conjurou um copo de água e o entregou para ela.

- Não... Não... – Mirian começou a balbuciar e eu entendia como ela se sentia. – Eu tenho que ir atrás dela, não posso deixá-la sozinha! - Mirian tentou se levantar, mas Luna a segurou. Eu sempre admirei Luna e ela falou calma, apesar de estar preocupada com a cunhada que tanto amava.

- Você não está em condições. Nunca chegaríamos em tempo. Precisamos confiar nela. Kam e os outros vão ajudá-la, eu sei que vão.

- Ela está certa. – Ouvimos uma voz e Chronos surgiu diante de nós. Minha primeira reação foi de raiva ao vê-lo e taquei um vaso de flores contra ele.

- POR QUE NÃO ESTÁ COM ELA?! POR QUE NÃO A PROTEGEU?! – Eu gritei. O vaso o acertou no peito e eu me assustei, e percebi que ele se deixou ser acertado. Vi a culpa em seus olhos, o medo e a dor.

- Não posso fazer nada. Estou ajudando-a agora. Mas ela decidiu lutar sozinha, nem eu posso ajudá-la. E ela me impede de trazê-la até aqui...

- Ela vai ficar bem? – Mirian perguntou, com a voz fraca. Quando Chronos não respondeu, ela começou a soluçar e Luna a abraçou, também chorando.

- Ela vai lutar até o fim. Enquanto ela tiver forças ela vai lutar, não desistam dela, nada está perdido... Eu vou trazê-la para cá assim que eu conseguir. Estejam preparados para isso. Tragam sangue de dragão, ela vai precisar. Acreditem nela.

Ele desapareceu, nos deixando com alguma esperança, mas ainda com medo. Justin começou a ajudar no tratamento de todos os feridos, pois eram muitos e eu me entreguei ao topor.

*********

Gustav não sabia o que ocorrera. Em um segundo eles estavam prontos para matar todos aqueles humanos, mas no seguinte, eles foram empurrados para longe por uma força esmagadora e todos haviam desaparecido. Com exceção de seu alvo.

A filha mais nova dos Chronos estava ajoelhada diante deles, mas eles não tinham coragem de atacar, pois às costas delas eles podiam ver o espírito de um homem. E este homem brilhava em branco, os olhos cheios de raiva e poder. Ele porém sumiu em uma intensa luz branca e no instante seguinte a garota estava sozinha, vestindo uma armadura antiga e poderosa, com uma espada em cada mão. Seus olhos brilhavam em branco.

Gustav não a compreendia. Ela estava à beira da morte, e ela sabia disso, mas ele não via medo em seus olhos, apenas determinação e poder. Gustav a admirou, mas também a temeu. Ele foi obrigado a manter seus escravos no lugar, pois diante daquele olhar branco, todos deram um passo atrás, com exceção do Ancião. A garota então revelou-se como a Grande Rainha e Gustav se assustou. Então ele estava certo... Mas se ela era realmente uma Rainha, ele precisava matá-la.

- Você é corajosa, garota, porém idiota. Acaba de condenar-se a morte.

A garota levantou uma das espadas ao céu, e sob seu comando, uma verdadeira tempestade se formou.

Então o vampiro deu o comando para o ataque.

Às costas da garota surgiram centenas de pontos de luz, enquanto espadas, lanças, machados, flechas, correntes e uma infinidade de armas surgiam no ar. Quando os vampiros saltaram, a jovem baixou uma das espadas e cada uma daquelas armas foi atirada à frente, como projéteis. Os vampiros foram atingidos e pegos de surpresa, com os corpos perfurados por armas antigas em pontos vitais, era como se as armas tivessem vida própria. E a jovem saltou para a batalha com um bater de suas asas, brandindo as duas espadas com sincronia e perfeição. As armas continuaram a ser disparadas e a jovem muitas vezes as agarrava no ar, usando-as para golpear e cortar. Seu vestido branco esvoaçava enquanto ela corria e saltava, com uma energia digna de um grande guerreiro. Ela manejava as espadas com maestria, sem sequer olhar ao redor para golpear.

Artemis teria tido a vitória daquela luta, se estivesse em um número mais favorável. Porém ela deveria enfrentar sozinha perto de 100 vampiros, um deles um poderoso Ancião. Ela lutava como uma mestra das espadas, bloqueando com uma, golpeando com a outra. Perfurando um vampiro, enquanto com a outra cortava a cabeça de um inimigo. Sua dança de batalha era até mesmo bela, uma vez que ela brilhava em uma intensa luz branca. A cada golpe ela matava ao menos um vampiro, mas não importasse quantos matasse, sempre haviam mais para substituir aqueles que ela matara. E ela estava fraca. Cada novo golpe minava ainda mais sua energia.

Gustav aproveitou uma brecha e dirigiu um poderoso soco na direção do rosto dela. Mas ela era boa e seus escudos bloquearam o golpe, sendo feitos em pedaços, e ela aproveitou para cortar verticalmente com as duas espadas. Gustav saltou a tempo de escapar do golpe. Dois vampiros a atacaram por trás, mas até mesmo as asas eram armas perigosas, pois eram feitas de pura luz e queimavam-nos com facilidade. Até mesmo o sangue dela era-lhes fatal. Cada gota de sangue que eles retiravam dela com seus golpes os queimavam como fogo. Um vampiro conseguiu mordê-la no pulso, mas em vez dela ser invadida pela maldição e gritar de dor, foi o vampiro que gritara, caindo aos berros, enquanto agarrava a garganta, queimando de dentro para fora.

A água da chuva também era diferente e os queimava e logo perceberam se tratar de algum tipo de água sagrada. Às vezes, relâmpagos brancos saltavam do céu, atingindo os vampiros com força, incinerando-os e logo o ar estava com o cheiro de carne queimada e cinzas se misturavam com o ar.

Apenas por seu número elevado, os vampiros conseguiram subjugá-la e Gustav conseguiu acertar um soco na direção da barriga de Artemis. Os escudos foram feitos em pedaços pela força do golpe, e este apenas não foi fatal pois as asas fecharam-se sobre o golpe, protegendo-a, como se fosse um casulo. Porém ela foi lançada contra uma árvore e soltou um grito de dor. Gustav já estava sobre ela, desferindo dezenas de golpes com velocidade assombrosa. Mas então a própria árvore ganhou vida e os seus galhos tomaram a forma de estacas e atacaram os vampiros, procurando os seus corações e perfurando-os.

Aproveitando os ataques da árvore, Artemis rolou de lado , ganhando espaço, enquanto novos escudos surgiam ao seu redor. Gustav conseguiu se livrar dos galhos e Artemis via-se obrigada a bloquear os golpes com as espadas ou com os próprios braços, enquanto era empurrada para trás.

Os demais vampiros começaram a atacar junto de seu líder e Artemis não conseguia bloquear a todos. Gustav finalmente conseguiu perfurar de leve sua barriga, fazendo-a cuspir sangue. Ele então apertou sua garganta com força, pronto para matá-la.

Artemis, porém, sorriu, e suas asas brancas abriram-se com velocidade. Delas uma poderosa luz branca foi emitida, incinerando os vampiros mais próximos. Gustav escapou a tempo, com apenas queimaduras no corpo, pois as asas se tornaram mais fluídas e avançaram a frente como tentáculos de luz, perfurando tudo em seu caminho.

A jovem caiu de joelhos, arfando e respirando com dificuldade. Os vampiros saltaram contra ela novamente, mas ela não tinha mais forças para se levantar. Ela então esticou o braço a frente e gritou:

- Guerreiros da Luz, a mim!

Um grupo de dez guerreiros, portando lanças e machados e altos escudos, surgiu no ar, combatendo os vampiros mais próximo, dando tempo de Artemis tentar se reerguer. Mas invocar os Exércitos de Chronos, mesmo em tão pouca quantidade, exigiam muito dela. Cada um daqueles guerreiros era uma parte dela, uma parte de sua consciência e de seu poder. E Artemis estava exausta... Um filete de sangue descia de seus lábios. O golpe na barriga sangrava, manchando o branco de vermelho, e apesar de seus poderes, a ferida demorava a se fechar.

Ela tinha pequenas perfurações por todo o corpo, que estava dolorido e quebrado, haviam mordidas em seu pulso e nos braços. Mas seus olhos ainda brilhavam desafiadoramente. O último golpe de Gustav abrira um pequeno buraco na lateral esquerda de sua barriga. Este ferimento só não era mais grave pois os escudos e o poder dela o havia impedido de penetrar mais fundo sua garra. Além disso, o sangue dela queimara as mãos de Gustav, fazendo-o recuar assombrado.

A decisão de lutar até o fim era o a única coisa que a mantinha de pé, sonhando com o futuro para todos. Se ela conseguisse prender Gustav ali por mais alguns minutos, os outros chegariam, e pelo menos conseguiriam arrancar dele informações importantes.

Artemis então saltou para o ar e suas asas bateram, sustentando-a no ar. Ela voou cada vez mais alto, enquanto vampiros tentavam alcançá-la sem sucesso. Em uma dada altura, ela parou e olhou para baixo. Ela levantou a mão direita aos céus e uma luz intensa começou a surgir nela. Lá em baixo os vampiros ficaram paralisados de medo e por uma força maior.

Até mesmo Gustav estava paralisado e naquele momento ele teve duas certezas: a primeira que devia avisar a Cadarn, e a segunda que se ele não a matasse ali, não haveria vitória para os vampiros. Gustav reconheceu aquele poder, era um poder ancestral, mais antigo do que ele próprio, era esse o poder que eles ouviram falar. E o Ancião sentiu medo, pois ele via diante dele uma Rainha, ainda incompleta, mas uma verdadeira Rainha. Ele tentou avisar de alguma forma Cadarn, mas sua barreira voltava-se contra ele e ele nada conseguia fazer para avisar o aliado.

As asas de Artemis começaram a brilhar e dezenas de globos de luz branca surgiram nelas. Uma esfera branca surgiu na mão de Artemis e ela a lançou para o chão, a esfera tornou-se um raio branco que trespassou um vampiro no ar e rumou para o chão. Ao mesmo tempo as esferas de luz dispararam das asas em dezenas de raios brancos. O impacto provocou uma onda de luz e abriu uma cratera no chão, aniquilando dezenas de vampiros. Artemis aproveitou para tentar ganhar terreno, voando na direção de onde sentia a presença do seu pai e de seus irmãos.

Porém, Gustav decidiu acabar com aquilo, e fazendo um largo arco com a mão direita, lançou diversas esferas negras contra a garota, ao mesmo tempo em que um vampiro mais ágil e forte que os demais conseguiu acertar um golpe nas costas de Artemis. A garota foi jogada ao chão, abrindo uma cratera ao cair. Imediatamente, Gustav saltou sobre ela tentando atingi-la, mas mais um grupo de soldados vestidos de branco o interceptaram, enquanto Artemis se levantava com dificuldade, apoiando-se em uma de suas espadas.

Ela estava acabada. Em todos os sentidos e ela sabia disso. A armadura já não cobria seu corpo, consumida para fornecer energia para a última magia e apenas o vestido branco e dourado continuava inteiro, mas em farrapos. Usar aquela magia custara a maior parte de seus poderes, mas ainda haviam pelo menos 30 vampiros de pé. O último golpe quebrara seu ombro e o impacto com o chão havia quebrado duas de suas costelas. Haviam órgãos internos perfurados e ossos quebrados na perna, no tórax e nos braços. Ela sabia disso, pois podia sentir como seu corpo estava. Ela arfava, sem conseguir sequer ficar de pé. Estava chegando o fim.

One more night to bare this nightmare

What more do I have to say

Walking the timeline

I hear your name

Is angels whispering

Something so beautiful, it hurts

Loosing emotion

Finding devotion

Should I dress in white and search the sea

As I always wished to be: one with the waves

Ocean soul

Artemis, suspirou, e ainda de joelhos, agarrou o ar como se segurasse algo, gritando.

- LOGNUS!

Onde ela segurava o ar, a lança dourada de Chronos surgiu. Ao tocar nas mãos dela, a lança emitiu raios brancos contra ela, fazendo-a gritar de dor. Mas Artemis resistiu e fincou a lança no chão com força, gritando. As garras da mão direita de Gustav estavam a centímetros dela, prontas para perfurar seu peito e dar um fim àquilo.

Foi como a explosão de uma tempestade. De início pareceu que nada aconteceu, como se o mundo prendesse a respiração, mas então com um estrondo, houve o caos.

O chão ao redor dela e da lança rachou-se e de dentro dele saltaram milhões de raios e armas brancas. Dos céus, raios brancos começaram a saltar das nuvens para a terra e onde quer que caíssem causavam uma explosão de luz branca. Raios brancos e com igual poder de destruição saltavam da lança e da garota, chicoteando pelo ar e pelo solo, queimando e destruindo. Ao redor de Artemis e da lança surgiu uma esfera de luz e raios brancos, com um poder que Gustav jamais viu, destruindo o chão, o ar e tudo em seu caminho.

Gustav escapara por um triz, pois todos os vampiros foram aniquilados com aquela onda de energia, sem sequer restar o pó. Gustav saltara para longe da garota, mas estava muito ferido e inclusive aterrorizado. Ele tinha um furo do tamanho de um punho na barriga, um furo ainda maior no ombro e perdera o braço direito inteiro. Seu braço esquerdo estava quebrado e perfurado no meio do antebraço. Seu rosto estava cheio de cicatrizes e cortes profundos. Ele escapara por muito pouco. O Ancião arfava, e com ele sua barreira também oscilou. Ele não conseguia ver a garota. Ele praguejou, pela primeira vez em milênios ele sentiu medo.

A luz diminuiu lentamente e Gustav viu a jovem. Ela estava de pé, levitando a centímetros do chão. Mas Gustav percebeu que ela estava inconsciente, perto de perder a vida. Seus olhos estavam sem vida, apenas acessos por aquela poderosa luz branca. O corpo dela estava em frangalhos, cheio de machucados e ela perdia muito sangue de seus ferimentos. O Ancião, mesmo quase destruído, decidiu terminar de vez com ela, mas assim que deu um passo, um raio branco saltou da garota, abrindo um buraco onde ele estivera.

Mas então, a luz apagou-se de vez e Artemis caiu no chão inconsciente e Gustav saltou a frente, pronto para matá-la de vez.

Porém, ele foi lançado longe por um poderoso golpe na barriga, lançando-o contra o chão para longe de Artemis. Quando Gustav se colocou de pé, o meio-vampiro Alucard estava diante dele, os olhos rubros de puro ódio. Alucard abraçou o corpo da filha e seus olhos piscaram, voltando aos verdes normais, mas retornaram ao vermelho. Ele urrou de raiva e de dor e olhou para Gustav com ódio. O sangue de Artemis manchou as roupas do pai, enquanto espalhava-se pelo chão.

Gustav sabia que deveria fugir e tentou saltar para longe, mas foi atingido por dois socos no rosto, jogando-o ao chão. As gêmeas vampiras Mina e Luthien perfuraram seu ombro e o levantaram, jogando-o contra uma árvore. O pai delas, Seth, acertou um soco poderoso nele, fazendo o Ancião quase perder os sentidos, mas conseguindo esquivar-se do golpe seguinte, que abriu uma cratera no chão. Mas agora ele estava cercado. Além dos vampiros os demais aurores do clã chegaram.

- Griffon! Seth! – Uma voz os chamou. A voz continuava poderosa, mas estava rouca e cansada. Griffon então viu o estado da irmã e sentiu medo e ódio. Ele nunca vira alguém tão perto da morte. Ela via que a linha que ligava corpo e alma era finíssima, prestes a desaparecer. Nem mesmo quando Luna fora atacada por vampiros ela estivera tão perto da morte.

Alucard agora estava de pé olhando com ódio e dor para Gustav e Chronos segurava o corpo de Artemis, com a mão esquerda sobre sua testa, tentando inutilmente dar-lhe energias, porém ele estava desaparecendo, e ela, morrendo. Griffon correu até ele, seguido pelo irmão, enquanto seu pai e os demais ainda cercavam Gustav. O vampiro tentava lutar, e uma nova batalha iniciou-se, mas agora era Gustav quem estava em desvantagem.

- Arte! Pelos Deuses... – Griffon estava chocado com o que via, e lágrimas desciam de seus olhos. Seu corpo inteiro parecia anestesiado sem acreditar no que via. Sua querida irmãzinha parecia completamente sem vida.

- Prestem atenção. Eu vou tirá-los daqui, ela precisa de ajuda imediata! Eu pedi para que Mirian ficasse de prontidão. Artemis precisa de ajuda imediatamente!

- Mas não podemos aparata-la aqui! – Seth falou, segurando a mão da irmã.

- Concentrem-se em Mirian, eu vou tirá-los daqui com o que resta de meus poderes e de minha presença, nem que eu tenha que desaparecer junto!

Dizendo isso, as asas de Chronos se abriram e luz envolveu os três irmãos, no momento em que Alucard perfurava o peito de Gustav com um grito de ódio e mordia seu pescoço, sorvendo o sangue do Ancião.

N.A.: Trechos de Sacred Worlds, Blind Guardian e Ocean Soul, Nigthwish.