Monday, October 24, 2011


A hora de preparar o castelo para a nossa Prank Night havia chegado. Mais cedo havia arrombado a estufa nº 3 para que Amber pudesse pegar a planta certa pra finalizar sua poção e agora com ela cuidadosamente guardada em frascos, estávamos na escada próxima ao corredor dos quartos dos professores. Amber explicava pela milésima vez o que tínhamos que fazer e o que aconteceria se não seguíssemos suas instruções. Já seria arriscado o bastante fazer qualquer coisa naquele corredor, e ela nos apavorando não estava tornando nada mais fácil.

- Ok, nós já entendemos, agora é a minha vez – JJ interrompeu a explicação com um tom de voz sério, algo que não era típico dele – Se por acaso alguma coisa der errado, algum barulho atrair a atenção dos professores, quero que todos larguem o que estiverem fazendo e corram pro meu lado. Se estiver em contato com vocês, posso deixar todos invisíveis.
- Você pode ficar invisível? – Amber perguntou surpresa e JJ fez parte do seu braço sumir – Estou impressionada.
- Eu não sou só feitiços e piada – ele riu.
- Ok, todos instruídos, vamos acabar logo com isso pra ajudar o pessoal dos copos – Rupert falou apreensivo e assentimos.

Entramos no corredor e cada um foi pra um lado, já determinado enquanto estávamos conversando na escada. Eram 12 portas, então cada um ficou responsável por colocar uma fina linha da poção em três delas. Eu fiquei com a porta do tio Ben, da professora Bones e do professor Longbottom. Já estava na terceira porta, a do professor Longbottom, quando a Murta atravessou a porta dele como um foguete. Levei um susto tão grande que cai sentada no chão, mas graças a Merlin consegui impedir que a poção derramasse.

- Longbottom acordou! – Murta sussurrou pra mim e fiquei de pé tão depressa que até hoje não sei como fiz aquilo – Está vindo para cá!
- Rápido, venham até aqui! – JJ deu a ordem, mas já estávamos correndo pra ele antes que terminasse a frase.

Ele segurou minha mão e a de Rupert, e meu primo puxou Amber pra cima dele. Ficamos os três imóveis para que JJ pudesse se concentrar e aos poucos vimos nossos corpos desaparecer. Quando o processo estava completo, a única noção de que ainda estávamos próximos um do outro era porque ainda estávamos de mãos dadas. Abri a boca para mandar Murta ia embora, mas o som não saiu. A porta do quarto do professor Longbottom abriu na hora.

Quando a porta abriu e o professor parou a milímetros de onde tinha colocado a poção, senti todo o ar ir embora dos meus pulmões. Se ele desse mais um passo, a poção ia explodir, acordar os outros professores e seria o fim da nossa Prank Night. Não sei o que ele pode ter ouvido para sair da cama, não tínhamos feito nenhum barulho, mas o que quer que fosse, era naquele corredor. O professor ficou parado na porta olhando para as outras portas e armaduras como se procurasse alguma coisa e meu coração parou por alguns segundos quando ele levantou o pé esquerdo prestes a dar um passo à frente. Seu pé estava bem em cima da poção, mas ele recuou quando a janela dentro do seu quarto bateu com força. Murta estava ao lado dela e tinha atraído sua atenção. Ele entrou xingando a fantasma e fechou a porta outra vez.

- Essa foi por pouco – JJ quebrou o contato e voltamos a ficar visíveis alguns segundos depois.
- Muito pouco! – Rupert estava pálido.
– Todos já acabaram? – Amber perguntou e assentimos, meu coração ainda estava disparado – Então vamos embora antes que mais alguma coisa aconteça.

Não foi preciso falar duas vezes. Em tempo recorde estávamos nas masmorras, direto para a sala onde nossos colegas enchiam milhares de copos de papel com água para ajudar. Já passava das 3h da manhã quando todas as pegadinhas estavam montadas. Fomos dormir exaustos, mas satisfeitos.

ºººººº

Mesmo cansados, todos os veteranos pularam da cama cedo naquela segunda-feira. Ninguém queria perder uma única pegadinha sequer e fomos os primeiros a chegar ao salão principal para o café da manhã. O alarme de “hoje é o dia do caos” soou cedo, quando o primeiro professor saiu do seu quarto. O barulho da explosão que aquela única linha de poção fez foi o bastante para deixar todo mundo alerta, mas sem saber o que esperar, ninguém escapou. A professora Bones chegou tão pálida do susto pro café que por um breve segundo senti pena, mas logo passou quando ela, bem humorada, nos deu crédito pela brincadeira.

Deveríamos ter Trato de Criaturas Mágicas nos dois primeiros tempos, mas Hagrid não conseguiu dar aula. A todo instante ouvíamos um grito, uma praga ou uma explosão de risadas, era impossível manter a concentração. Ele tentou manter nossa atenção, mas desistiu pouco depois do 2º tempo começar, quando a turma do 5º ano entrou na sala de Feitiços e os pelúcios escaparam. O pandemônio foi tão grande que Hagrid teve que correr para ajudar a capturá-los.

Passamos pela sala de DCAT e tio George ainda trabalhava nos nós mágicos de James e Jamal. Ele já tinha se livrado da cola na cadeira e instruía os alunos, presos no meio das cordas, a como desatar os nós sem magia. A sala do tio Ben estava ainda mais caótica. Por ter sido a 2ª que eles montaram, estava mais elaborada e muito mais confusa. Os alunos do 1º ano estavam todos suados e tio Ben trabalhava sozinho nos nós. E MJ e Zach voltaram das estufas vermelhos de tanto rir, contando que as ratoeiras tinham agarrado no pé de metade da turma do 3º ano. Quando elas começaram a pular, eles entraram em pânico sem saber pra que lado correr e acabaram piorando a situação. Custou todo um tempo pro professor Longbottom se livrar delas. A situação na sala de História da Magia foi parecida, mas os próprios alunos do 2º ano tiveram que remover todas elas, já que o professor é um fantasma.

- O que é que vocês tanto olham o relógio? – McGonagall perguntou irritada na aula de Alquimia. Ela não havia gostado nem um pouco de ver a nova decoração de seu escritório, mas também não disse nada.
- Não estamos olhando pro relógio – Hiro respondeu atrás de mim.
- Sim, estão. A cada 5 minutos todos olham ansiosos pra parede, até mesmo os alunos da Corvinal – podíamos sentir sua irritação e aquilo era muito divertido – O que vai explodir quando o sinal tocar?
- Nada vai explodir, professora – respondi no meu melhor tom de inocência – Só estamos ansiosos pela hora do almoço.

Claro que ela não acreditou, mas não fazia a menor diferença. Já estávamos com o material guardado e quando o relógio marcou 11:45, disparamos na direção da porta. Toda a turma do 7º ano já estava no hall de entrada nos esperando, cada um com sua bola na mão, alguns com duas. Era mais de 40 bolas. Nos espalhamos pela escada formando um corredor e quando o primeiro grupo de alunos passou, uma turma do 4º ano, MJ apitou e atiramos as bolas pro chão com tanta força que elas quicaram até quase o topo da outra escada. Os alunos gritaram protegendo as cabeças quando as bolas caíram sobre eles e cada um recuperou o que conseguiu, recomeçando quando outra turma passou.

Uns continuavam só quicando as bolas ou jogando pro colega do outro lado da escada, outros atiravam pra cima dos alunos, mas ninguém estava se machucando. As bolas eram extremamente leves, só estavam mesmo tumultuando a passagem. Sempre que um professor passava, todos atiravam pra cima dele. Alguns deles, como tio George, tio Ben e o professor Longbottom pegaram algumas e devolveram pra cima da gente, outros como a professora Bones e o professor Creevey só tentaram se proteger, mas riam tanto que não conseguiram. No entanto, quando a professora McGonagall saiu da masmorra ninguém ousou se mexer. Ela só nos lançou seu melhor olhar assassino e passou sem dizer nada, mas podíamos ver que estava custando toda sua força de vontade para não sair distribuindo detenção.

A turma do 5º ano, que passou toda a manhã resgatando os pelúcios, passou exausta pelo corredor e nem tentou se proteger das bolas. Só Luky, Fred e Patrick agarraram algumas e chutaram pro alto, entrando na brincadeira, mas o resto passou se arrastando. Recuperamos as bolas e esperamos o último professor, e o mais aguardado. Flitwick apareceu logo depois que sua turma passou e quando ele chegou ao meio da escada, MJ apitou de novo e uma chuva de bolas vermelhas voou pra cima dele. O professor fez um único gesto com a mão e as bolas se multiplicaram e explodiram pra todo lado. Começamos a bater palma e gritar e ele fez uma reverencia antes de descer o resto dos degraus.

Estávamos tão agitados com os trotes que ninguém conseguiu almoçar, então transportamos as agora quase 100 bolas pro jardim e passamos um bom tempo brincando de atirar elas de um lado pro outro. Alguns alunos de outros anos se juntaram a bagunça mais tarde e minha única aula da tarde, que era justamente Feitiços, foi dado ali no jardim mesmo. O caos que causamos no castelo acalmou depois do almoço, mas custou toda à tarde para que Hagrid decidisse contar os pelúcios que já estavam presos outra vez e perceber que não faltava nenhum. Flitwick só precisou de alguns segundos para compreender o que tínhamos feito e tirou o chapéu cônico, fazendo outra reverência pela perspicácia da brincadeira.

Foi uma Prank Night muito bem sucedida. Agora quero ver alguém nos superar.