Wednesday, November 30, 2011 Depois que Arte acordou e voltou para a escola, as coisas em Hogwarts começavam a voltar ao normal, mas com algumas pequenas diferenças. Agora a segurança do castelo estava triplicada, para onde olhássemos víamos um auror passando, observando a movimentação. Eles não falavam com os alunos nem abordavam ninguém, mas estavam sempre presentes. Eram como estátuas vivas, de olho em cada movimento nosso. Embora saiba que eles estão ali para nossa própria segurança, confesso que me sinto incomodada. Nossa liberdade e privacidade havia evaporado com tantos olhos e ouvidos de Minerva McGonagall passeando pelos corredores. A rotina de Arte aos poucos também voltava ao normal. Tirando o fato de que agora ela era seguida por quatro aurores particulares, continuávamos fazendo tudo como antes. Todos ajudaram a preparar vários cartões com informações úteis sobra sua vida, para que ela os carregasse no bolso e lesse sempre que tivesse tempo. Não tinha nenhuma grande revelação neles, apenas coisas simples, mas que se mostraram muito úteis em sua primeira semana de volta a Hogwarts. Como boa parte de sua memória estava focada em nosso 3º ano, nos dividimos em grupos de estudo para ajudá-la a ficar em dia com a matéria. Como campeã no Torneio ela não precisaria fazer nenhuma prova, mas isso não significava que podia se formar sabendo menos que um aluno do 4º ano. Hoje era dia de estudar Herbologia com MJ, JJ e eu. Saímos juntas do Salão Principal depois do jantar, mas mal conseguimos chegar à escada. Foi tudo tão rápido que tudo que nem consegui reagir. James correu na nossa direção e agarrou minha cintura, Arte sacou a varinha, lançou o estupefaça e ele voou contra os degraus. Os aurores correram para perto dela, mas ergui as mãos gritando para não fazerem nada, enquanto corria até James. - James! – bati em seu rosto de leve e ele abriu os olhos – Você está bem? - Acho que bati a cabeça no degrau – um dos aurores se aproximou para ajudá-lo a levantar e Arte parou atrás de mim – O que houve? - Você ia atacar ela! - Não! Somos amigos agora, não lembra? Também sou monitor da Grifinória, como você – e apontou pro distintivo que tinha preso na capa – Não somos melhores amigos, mas nos damos bem. - Desculpa... Não me lembrava disso. - Ele vai sobreviver, só não o ataque outra vez, pode ser? – falei rindo e quando viu que James também ria, relaxou. - Vejo você mais tarde? – perguntou e assenti, mas ele não ousou se aproximar de novo e só acenou enquanto se afastava. - Não vi nenhum cartão que dizia que ele era seu namorado – Arte falou quando James já estava longe – Devia ter feito um. - Ele não é meu namorado – ela fez uma cara de quem não estava acreditando e ri – Não, é verdade, não somos exclusivos, saímos com outras pessoas. - Então vocês são o que? Tem um nome pra isso? - Sim, somos amigos com benefícios – ela agora tinha uma expressão confusa – Não se preocupe, você também não entendia quando tinha memória. Vamos, estamos atrasadas. Os meninos já estavam nos esperando em uma área mais afastada da biblioteca quando chegamos. A mesa estava toda ocupada com diferentes livros de Herbologia e MJ começou a explicar a matéria enquanto tomávamos nota de tudo que ele dizia. Arte sequer piscava para não perder nenhuma palavra. Já estávamos estudando há mais de duas horas quando Jamal apareceu. Devolveu um livro que havia retirado para a bibliotecária e puxou uma cadeira na nossa mesa, sentando do meu lado. - Arte, amanhã vamos estudar Trato de Criaturas Mágicas depois da aula de DCAT, ok? – ele falou e Arte assentiu animada. - Essa eu lembro que sempre gostei. - Qual é o lance entre a Gabriela e o Devon? – Jamal se virou pra mim – Eles estão namorando escondido ou alguma coisa parecida? - Não, ela gosta dele, mas ele não faz nem idéia disso. - Tem certeza? - Ele não sabe de nada, porque convidou a Kaley pro Baile de Inverno. Ela me contou na aula de Feitiços – MJ respondeu por mim e eu assenti. - Por que as perguntas? Vai convidar ela? – ele fez que sim com a cabeça e me surpreendi – Achei que ia com a Penny. - Não, ela vai com um garoto de Durmstrang que convidou ela ontem – notei que ele não tinha gostado muito dessa novidade, mas achei melhor não comentar nada na frente de todo mundo – Karl qualquer coisa. - Ah, o alto, loiro, olhos verdes que parece um Deus grego? – Arte comentou. - Isso você se lembra? – JJ disse incrédulo e nós duas começamos a rir. A bibliotecária pigarreou. - Ele é amigo da Lenneth, estava com ela hoje de manhã quando nos falamos. E ele não é alguém com uma aparência fácil de esquecer. - Todo mundo já tem par? – JJ negou, mas MJ fez sinal de positivo com a mão. - Vou com a Lenneth. O namorado dela não pode vir e ela me pediu para acompanhá-la – Jamal deu uma risada debochada e foi atingido por uma borracha – Ela tem namorado, não ouviu essa parte? Temos passado muito tempo juntos por causa do Livro do Ano e acabamos ficando amigos. Ela é muito legal e temos muito em comum. - Não liga pra ele, MJ – empurrei Jamal pro lado e ele parou de rir – Arte, e você? - Não sei... Estava pensando em convidar o Tuor. Vocês falam que ele era meu namorado e eu gosto dele, ele é legal. Não sei ainda. - Acho que devia convidar ele sim – JJ a incentivou – Ele gosta muito de você e vai ficar muito feliz. - Mas ele vai entender se não o convidar, então não se sinta pressionada – falei e todo mundo concordou. - Você vai com o Thruston ou anda beijando mais alguém que costumávamos odiar e eu ainda não sei? – ela perguntou em tom de deboche. - Não, só ele. E sim, vamos juntos, por favor, não o estupore de novo. - Espera ai, como assim “de novo”? – Jamal interrompeu, já rindo. Contamos o que tinha acontecido antes de chegarmos e os três tiveram um ataque de riso que acabou nos expulsando da biblioteca. Encerramos os estudos do dia e os meninos voltaram para o salão comunal, mas nós ainda tínhamos compromisso. O dia estava longe de terminar. ººººººº - Mais alto! – incentivei e Arte se esforçou mais, melhorando o alcance do chute – Melhorou, mas ainda pode mais! - Tem certeza que eu era boa nisso? – ela perguntou ofegante, pegando outro impulso. Seu chute acertou a parte mais alta do saco de areia, mas ela perdeu o equilíbrio e caiu sentada no tatame. Atirei uma garrafa d’água a ela e sentei no chão ao seu lado. Ela esvaziou a garrafa em questão de segundos, jogando também a água no rosto vermelho e quente. Depois abriu os braços e se jogou de costas no tatame. - Não se acomode, ainda não acabamos. - Você é má. - Quando se lembrar das suas aulas na AD vai se arrepender dessa acusação. Anda, levanta. Combate direto agora. Puxei-a pelo braço para que ficasse de pé e recomeçamos o treino, dessa vez com um confronto direto. Mesmo tendo perdido boa parte da memória, ainda se lembrava da maioria dos movimentos e foi capaz de manter a luta nivelada por um bom tempo, mas o coma havia afetado sua condição física e o cansaço acabou vencendo. Quando já estava começando a perder o fôlego, sua concentração foi afetada e acabei derrubando-a. Repetimos a luta cinco vezes e nas cinco vezes terminou da mesma forma, mas ela não desanimou. Voltamos a treinar golpes no saco de areia e alguns dos exercícios físicos que estávamos usando nas aulas da AD e já passava das 21h quando resolvemos encerrar. Se continuasse se empenhando como hoje, não ia demorar muito e já estaria em forma outra vez. Muito em breve a Armada teria sua professora de volta. |