Saturday, November 19, 2011


Lembranças de Mirian O. C. Chronos

Levamos Artemis para o Hospital St. Mary às pressas.

O helicóptero que Quim conseguira para a gente nos deixou na cobertura do hospital que já tinha uma equipe inteira a nossa disposição esperando por nós. Eu, Brian, Ethan e Louise fizemos parte da equipe que começou a tratar imediatamente de minha filha. Lu, Seth, Luna, Griffon e Tuor estavam conosco e foram levados para um quarto onde pudessem esperar notícias. Griffon queria ajudar, mas ele era formado apenas como curandeiro e não como médico trouxa, ao contrário de nós quatro.

Artemis não podia ser levada para o St. Mungus, pois sua instabilidade mágica era tamanha que tínhamos medo de piorar o seu estado de saúde se ela chegasse perto de um local com tanto acidente mágico como o hospital dos bruxos.

Não sabíamos ainda como Tuor a havia trazido de volta a vida. Eu tinha certeza que minha filha tinha morrido, nos meus braços praticamente. Senti sua vida indo embora e todo o meu treinamento como médica e curandeira me diziam que ela tinha falecido. Mas ela voltara a vida. E eu não podia estar mais feliz.

Eu tentei ajudar o máximo que podia, mas estava acordada por quase 48 horas já, sem descanso, e o médico chefe da equipe me mandou descansar. Louise me acompanhou e me deu um calmante para que eu pudesse dormir. Dormi deitada em uma das camas dos residentes, próxima à sala onde Artemis era operada. Meu sono foi leve e curto, mas mesmo assim reparador. Dormi ali por umas 2 horas e quando me levantei me senti mais disposta e fui procurar meus familiares.

Foi fácil encontrá-los, pois era o quarto mais cheio do hospital, pois todos estavam ali: Lu andava de um lado para o outro preocupado, enquanto Ty, Griffon, Seth, Renomaru, Scott, Ben, Quim ou Logan tentavam acalmá-lo. Alex e Yulli estavam lá também, assim como Miyako, Gabriel, Rory, Emily e Luna, sendo que esses últimos se revezavam em tentar acalmar a situação. Tuor estava sentado em uma poltrona e cochilava quando cheguei, com um cobertor sobre ele. Eu o olhei com admiração renovada, agradecida por tudo que ele fez pela minha filha. Gaia, Celas e Isaac tinham acompanhado Flonne ao St. Mungus, mas tinham ficado aqui no St. Mary pelas primeiras horas. A todo momento algum auror se comunicava com meu marido ou com Quim, transmitindo as últimas informações.

Assim que apareci na porta, todos começaram a falar ao mesmo tempo e fiz sinal por silêncio para não perturbar o sono de Tuor.

- Como ela está? – Lu quis logo saber e eu o abracei com carinho, pois ele sentia o mesmo que eu. Apertei sua mão e só esse toque pareceu suficiente para dar novas esperanças para mim e para ele.

- Ainda é cedo para dizer, Lu, mas estamos operando-a agora. A situação é grave, mas a equipe está fazendo de tudo para salvá-la. – Eu expliquei e todos assentiram.

- Por que ela decidiu lutar sozinha? – Quim perguntou e por incrível que parece, quase todos riram.

- Até parece que você não conhece os Chronos. – Alex respondeu e rimos novamente.

- Mas eu conheço minha sobrinha: se ela lutou, era porque tinha chances de ganhar. Ele deve ter lutado até o fim. – Ty falou, com certo orgulho na voz.

- Eu não tenho dúvidas disso. – Seth falou. – Quando chegamos lá, não havia sinais dos vampiros, com exceção de Gustav.

- Ela enfrentou sozinha quase uma centena de vampiros... Admirável. – Renomaru falou e então olhou para Tuor. – Vocês já sabem como ele a trouxe de volta?

- Não fazemos idéia. – Griffon respondeu. – Ela estava morta, tenho certeza disso. E passou mais de 12 horas sem vida...

- Ele não tinha conhecimento de alquimia para trazê-la de volta a vida. – Renomaru falou, assumindo seu ar de professor. – Nós os alquimistas viemos buscando como criar a vida e reviver os mortos a milhares de anos. – Ele falou, e eu levantei uma sobrancelha. O “nós” dele pareceu ser muito enfático e me perguntei se ele já havia tentado. – Nem mesmo meu avô com a Pedra Filosofal conseguiu trazer mortos de volta a vida.

- Você acha que ele a transformou em um Homunculus? – Luna perguntou.

- Não, tenho certeza que não. – Renomaru explicou. – Ela não é um homunculus, tenho certeza. Fora que como falei, ele não tem conhecimento de alquimia para isso... Ela é um ser humano completo e não encontro explicações para ele ter conseguido trazê-la de volta a vida...

- O importante é que ela voltou... – Eu falei com lágrimas nos olhos. – Mas concordo que precisamos observá-la, não sabemos que efeitos colaterais isso pode causar a ela...

Todos concordaram e eu sai da sala, voltando para a equipe que tratava da Arte.

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O estado de Arte ainda era muito grave e a equipe do hospital passou 18 horas tratando de seus ferimentos. Havia um traumatismo craniano, ossos quebrados, costelas quebradas, perfurações de órgãos internos, hemorragias internas... Sem contar o esgotamento físico e mágico.

Ao final das 18 horas, porém, recebemos ótimas notícias. Eles tinham conseguido estabilizar seu quadro e ela iria para o quarto para observação. Mas talvez a melhor de todas chegou por Ben, que havia ido para a cerimônia de seleção dos campeões. Ele voltou nos dizendo que Artemis havia sido selecionada pelo Cálice e isso nos encheu de alegrias e esperanças!

Arte foi levada para o quarto do hospital e ficou em observação. Ela foi mantida no hospital trouxa por uma semana inteira, pois não podíamos arriscar em levá-la para outro local com seu estado de saúde ainda debilitado. Mas precisávamos levá-la para algum lugar mais seguro, nada impedia dos vampiros tentarem atacá-la ali e seria mais difícil protegê-la. Muitas coisas aconteceram nessa semana em que ela ficou no St. Mary...

- Senhora, ela salvou a minha vida, de meu marido e de meu filho. Enquanto eu puder lutar, enquanto minha gravidez permitir, quero dedicar meu tempo para protegê-la. Ela é como uma irmã, na verdade uma filha para mim, e se alguém vai protegê-la, quero ser uma dessas pessoas. – Flonne falou, assim que saiu do St. Mungus, dois dias depois de dar entrada. Ela foi imediatamente visitar Artemis e me fizera esse pedido no mesmo dia.

- E eu estarei com ela também. Darei tudo de mim para protegê-la, a qualquer custo. – Laharl completou a esposa e seu olhar era intenso. Eles se propuseram a isso quando souberam que haveriam sempre pelo menos 3 aurores com Artemis agora.

Eu não pude negar o pedido deles, e os dois, junto de Rin e Altair foram designados como os guarda-costas de Artemis e nunca saiam de perto dela. Mas por enquanto, não faltavam pessoas para estar com ela. Toda a noite revezávamos em quem dormiria com a Arte, pois apenas um acompanhante era permitido pelo hospital. Todos os tios dela e amigos da família se revezaram.

Os amigos dela queriam muito ir vê-la e recebiam notícias através de nós ou Tuor, o único autorizado a vê-la, enquanto ela estivesse tão fraca. Diariamente, Ben, Neville ou mesmo Minerva, o acompanhava a visita no final da tarde. Prometemos que quando ela fosse transferida para a sede dos Chronos, eles poderiam ir visitá-la.

Recebi muitas visitas e votos de esperança e melhoras de diversos bruxos do mundo inteiro. Vários queriam vir visitá-la, mas eu restringi as visitas a parentes e não deixaria que outros a visitassem antes de seus amigos. Lu estava cuidando da imprensa e não deixávamos nenhum repórter chegar perto do quarto de nossa filha.

Depois de uma semana, o quadro de Artemis se estabilizou e pudemos levá-la para a sede londrina dos Chronos. Era foi transferida de carro no sábado de manhã, com grande proteção dos aurores. Arte foi instalada em um quarto no térreo, para ser mais fácil de transportar e cuidar. Magia era proibida em um raio de 300 metros ao seu redor e ninguém entrava no quarto de varinha. A única magia permitia era a de cura e realizada por algum curandeiro especializado.

Os membros da tribo do Justin, liderados pela sua avó, vieram visitar Artemis no dia seguinte de sua transferência. Eles me asseguraram que estavam juntos comigo e com Arte e que rezariam por ela e para que os espíritos de seu povo a protegessem. Eu agradeci pelo carinho e a avó de Justin passou um longo tempo sentada ao lado de Artemis, calada.

Os garotos foram visitá-la na sexta seguinte, logo após o almoço. Minerva em pessoa os levava e eles foram liberados das atividades e aulas da tarde, para poder visitar Artemis. Estavam todos os seus amigos ali, inclusive seus amigos de Durmstrang e Beauxbatons. Eles levavam uma bandeira de Hogwarts e vinham com diversos votos de melhoras e uma quantidade enorme de flores, dos mais diversos tipos e cores. Ela era muito querida realmente.

- O que Fidelus faz aqui? – Haley perguntou admirada, quando eles entraram pelo portão e foram recebidos por um longo olhar de Fidelus, o dragão de Artemis. Ele os encarou com intensidade, mas sem mudar seu olhar triste, que o acompanhava desde que Artemis fora atacada. Ele soltou um pequeno rugido ao reconhecê-los, e voltou a deitar a cabeça, olhando pela janela que dava no quarto de Artemis.

- Desde que Artemis foi atacada, não houve um dia em que Fidelus não tenha tentado fugir das Ilhas. – Eu falei com um sorriso, pois estava me afeiçoando ao dragão. – Ele se tornou arisco e agressivo e sua saúde também não está boa. Então quando a trouxemos para cá, decidimos que ele merecia vir também.

- E desde que ele veio para cá, a situação da Arte melhorou. – Lu completou. – Faz bem aos dois. O carinho dele é enorme. Ele não sai dali o dia inteiro, apenas para se alimentar e outras necessidades. Nós inclusive alargarmos a janela, para ele ter maior contato com ela. É difícil saber quem sai menos de perto dela: eu, Mirian, Flonne ou Fidelus. – Ele falou e sorriu, fazendo todos sorrirem.

- E como ela está? – Minerva perguntou e vi os rostos apreensivos de meus sobrinhos.

- Ela está estável. – Eu expliquei. – Não piora, mas também não melhora... E não dá sinais de que vá acordar... Quando Fidelus ruge, às vezes ela tem uma reação, ou quando estamos conversando perto dela.

- Podemos entrar no quarto dela? – Hiro perguntou e eu sorri para ele.

- Podem e devem. Mas há algumas regras. Vocês vão entrar em grupos de 4, sem varinhas. E os outros que vão ficar esperando nas outras salas, também não devem fazer nenhuma magia. – Eu falei.

- Entreguem qualquer item mágico que tiverem. Mapas, bússolas, pingentes, qualquer coisa com magia antes de entrarem. – Lu completou e todos começaram a tirar esses itens de seus bolsos.

- E quando estiverem lá, pensem e falem coisas boas. – Minerva completou. – Ela pode estar desacordada, mas não significa que não vá ouvir vocês. Transmitam felicidade, contem de seu dia a dia na escola, fará bem para ela.

Todos assentiram e eu vi como pareciam ter crescido tanto em tão pouco tempo. O trauma do ataque os afetara de alguma forma, e pareciam ter amadurecido. Eu não via crianças, mas já adultos ali, que encararam a possibilidade de perder uma amiga e que sabiam que tinham que transmitir segurança para ela.

A visita foi longa, pois eram muitos, mas foi boa. Todos se emocionaram e saiam chorando do quarto, mas vi que o choro não era de desespero ou medo, mas sim de esperança e alegria, acreditavam que ela voltaria. Eles conversavam com ela alegremente, contando o dia a dia deles, de como era divertido ter um monte de alunos estrangeiros no castelo. Contavam do campeonato de Quadribol, de como o time da Grifinória perdera um jogo sem a goleira deles, de como os alunos estavam animados com o Torneio e a seleção dela como Campeã. Diziam que até os Fantasmas estavam entusiasmados e não viam a hora de poder revê-la.

Tuor, Justin, Keiko e Minerva foram os últimos a entrar no quarto, e eu os acompanhei. Tuor logo foi para seu lado e beijou sua testa, segurando sua mão com força. Às vezes Artemis reagia a ele e uma ou duas vezes eu vi seu pingente piscando lentamente. Então percebi algo errado, quando Keiko se debruçava para beijá-la também e depois Justin acariciava os cabelos de minha filha. Tuor perguntou na mesma hora.

- Mirian, você tirou os pingentes dela? – Ele perguntou e eu neguei.

- Não. Nem o Lu que eu saiba. Onde eles estão? – Eu perguntei. Os dois pingentes de Artemis, a Pedra de Ísis em formato de lótus branca, dada por mim e pelo Lu, e o pingente em formato de flor de lótus rosa, dado por Tuor, não estavam no pescoço de Artemis. Não havia nem sinal do cordão que os prendia.

- Que estranho... Será que alguém mexeu? – Minerva perguntou, mas Flonne disse que ninguém tirou nada do quarto, pois ela saberia.

- Eles estavam ai até ontem, tenho certeza. – Eu comentei e começamos a procurar pelo quarto, em gavetas, embaixo do travesseiro ou mesmo embaixo da cama. Mas não encontramos nada.

- Posso estar errado... – Justin começou a falar e paramos de procurar pelo pingente. – Mas os pingentes sumiram magicamente...

Não encontramos os pingentes em lugar algum e continuava um mistério de como, ou porque, eles tinham sumido.