Friday, November 25, 2011 O clima no castelo na manhã daquele sábado era de final de campeonato. Todo mundo estava empolgado com o inicio oficial do Torneio Tribruxo naquela manhã, quando aconteceria a 1ª tarefa. E o clima também era de mistério, pois ninguém além do nosso grupo e das campeãs sabia que Arte tinha acordado e iria competir. Por isso, quando ela apareceu na arena com a varinha na mão, a algazarra na torcida de Hogwarts foi ensurdecedora. Ela se saiu bem, dado o seu estado no momento. Foi a que passou mais rápido pela arena, mas também a que apresentou menos perícia em magia. Isso não importava para a torcida de Hogwarts. Todos tinham total confiança que Arte ia recuperar sua memória, ou ao menos parte dela, e representaria muito bem a escola no Torneio. Ganhando ou perdendo, estaríamos todos orgulhosos dela. Quando a tarefa terminou e a pontuação foi anunciada, fomos ao encontro dela na tenda dos campeões. Ela parecia bastante assustada com tudo e sua expressão era sempre vaga, mas ela nos reconhecia. Mesmo que não lembrasse tudo que havíamos feito juntos, sabia quem éramos nós e que éramos seus amigos, importantes em sua vida. - Você foi muito bem, Arte! – Lenneth a encorajou e ela sorriu ainda assustada. - Vamos fazer uns cartões com algumas informações úteis pra você, não se preocupe – Hiro falou a encarando – Nada bombástico, mas coisas básicas que você precisa saber. - Sim, como quem é idiota, quem você deve evitar, qual de nós é seu melhor amigo... – Clara falou apontando pra si mesma e todo mundo riu, até mesmo Arte – Aos poucos você vai recuperar pelo menos o básico. - Contem como foi a tarefa pra vocês – Arte olhou para Gabriela e Lenneth tentando soar mais relaxada – Só pude ouvir os gritos dentro da tenda e estava tão nervosa que estava quase passando mal. - Eu passei por um Trasgo Montanhês que quase me nocauteou – Gabriela falou rindo de nervoso – Ele surgiu do nada no meio daquela neblina toda, nunca pensei que um trasgo pudesse se esconder numa arena aberta. Quando vi ele já estava em cima de mim, seu bastão passou raspando pela minha cabeça, até arrancou alguns fios de cabelo – ela passou a mão na cabeça fazendo uma careta e rimos – Rolei pro lado, porque foi a única coisa que consegui pensar na hora, e depois desarmei ele com um feitiço. Ele demorou tanto pra entender pra onde o bastão tinha ido que me deu tempo de correr. - Gabi pegou três baús, que ela disse que eram o limite por pessoa – Clara explicou e Arte fez um sinal de positivo pra Gabriela – Demorou mais a sair porque ficou procurando pelas pistas. - Eu passei por sufoco – Lenneth falou passando a mão na testa, ainda cansada – Tentei me basear na alquimia para superar os obstáculos e estava indo bem, até encontrar os diabretes. Eles estavam tirando a minha concentração, ficavam me seguindo pra todo lado! – sua voz saiu esganiçada e a gargalhada foi geral – Enfim, queria tentar fazer em menos tempo possível e só peguei só duas dicas. Desesperei um pouco com os diabretes, admito, desisti do 3º baú pra me sair logo e me livrar deles. - Então vocês têm mais dicas que eu, só peguei uma e foi pura sorte – Arte não soava desanimada, mas surpresa por ter ao menos uma dica na mão – Só queria sair logo daquela arena. E viva. Rimos outra vez e ficamos mais um tempo na tenda conversando sobre a tarefa, até que a torcida de Beauxbatons apareceu para seqüestrar Gabriela e comemorar sua primeira colocação. Lenneth e Arte aproveitaram a deixa pra voltar ao salão comunal e tomar um banho e o grupo dispersou. James estava organizando uma festa na Grifinória para comemorar a volta de Arte e combinamos de nos encontrarmos lá mais tarde, pois eu ainda tinha compromisso. MJ foi o único a caminhar para o lado oposto ao de todo mundo. Ele andava estranho, mais distante, mais calado, aquele não era o seu jeito normal. MJ nunca estava desanimado, ele era o que sempre tinha a solução simples pros problemas e estava sempre de bom humor. Observei-o caminhar na direção do lago e o segui. - Ei, MJ! – chamei-o quando estava perto e ele parou de andar, olhando para trás – Posso falar com você um instante? - Claro, Rup – ele abriu um sorriso, mas eu o conhecia bem demais para saber que estava o forçando – Viu os últimos desenhos que deixei pra você? Pedi pro Julian lhe entregar ontem. - Sim, sim, ele me deu, estão ótimos. Você definitivamente vai ser o ilustrador, mas não é sobre isso que quero falar. - Então o que é? - Está tudo bem com você? - Sim, por quê? - Porque seu rosto diz outra coisa. Somos amigos há tempo demais para eu não ser capaz de perceber quando algo está errado. - Não tem nada de errado, é que são tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, estou um pouco cansado. O ataque, Arte morrendo, Arte revivendo, Arte em coma, Arte fora do coma, os treinamentos, o Torneio, os N.I.E.M.s... - MJ, você é um dos meus melhores amigos, conheço-o melhor do que os outros, eu sei que algo está errado. Não tem problema se não quer me dizer o que é, mas espero que saiba que pode contar comigo para o que for preciso. O que quer que seja vou apoiá-lo. - Eu sei, você é meu melhor amigo, é só que... Eu não... – ele parou de falar, encarando o chão. Era como se, o que quer que fosse, dizer aquilo era difícil. - Você não está pronto para falar – apertei seu ombro e ele assentiu sem dizer nada – Tudo bem, quando estiver pronto, estarei aqui. - Obrigado. Sei que vai estar. - Estou indo encontrar com o professor Longbottom e a tia Hermione agora, no Old Haunt. Eles vão me contar umas histórias sobre um duelo de bruxos que deu errado, uma detenção na floresta negra, de quando a tia Hermione o petrificou e o que aconteceu depois, quer ir? – e ele assentiu animado – Ótimo, só preciso esperar Amber chegar e vamos até o escritório dele. - E quando você vai admitir que gosta dela? - Ei, você não fala sobre os seus problemas, eu não falo dos meus – brinquei e ele riu. A primeira risada sincera do dia. - Justo. Vou pegar meu caderno de desenho e encontro você aqui de novo em cinco minutos. MJ correu de volta pro castelo e voltou logo depois, junto de Amber. O professor Longbottom já estava nos esperando em seu escritório com a tia Hermione e cortamos a multidão que ainda circulava pelos terrenos da escola, direto para Hogsmeade. Ainda empolgados com a 1ª tarefa que havíamos acabado de assistir, o começo da conversa foi totalmente desviado para o Torneio Tribruxo que eles assistiram quando estavam no 4ª ano, mas mesmo assim fiz algumas anotações, caso meu livro virasse mesmo uma série. Já passava das 15h quando começamos a falar das histórias do 1º ano deles em Hogwarts e elas foram muito além das que eles haviam prometido. O céu já começava a escurecer quando deixamos o pub e voltamos para a escola, e eu estava mais do que satisfeito. MJ havia feito rascunhos de todas as imagens e cenas que eles descreveram e eu estava com o caderno de anotações cheio. Com aquelas histórias, já tinha o suficiente para começar a trabalhar no esboço do livro. Agora finalmente poderia começar a transformar aquilo em realidade. |