Wednesday, November 02, 2011

Valkyries will guide us home

Ilhas Hébridas – Início da tarde.

- Tem algo de errado, Carlinhos, algo está para acontecer com Artemis, eu tenho certeza. – Morgan falou, enquanto ela e o marido coordenavam a ação dos tratadores. Depois de centenas de anos pacíficos, os dragões estavam inquietos e até mesmo ferozes naquele dia.

Desde de manhã os dragões estavam agindo estranhamente, muito ariscos e estressados. Os tratadores viram com espanto todos os dragões da ilha rumarem para a caverna de Fidelus e ficarem lá parados, olhando para o mar. Fidelus andava de um lado para o outro, com fumaça saindo das narinas, inquieto e raivoso.

Então em dado momento, já a noite, Fidelus urrou de dor e raiva e alçou vôo na direção do mar. Ele colidiu com a barreira da ilha, mas forçou passagem, tentando quebrá-la. Alguns outros dragões fizeram o mesmo e Morgan precisou de muita energia para segurar a barreira de sua família.

Ela estava assustada e preocupada. Nunca isso acontecera.

Foi nesse momento que o patrono de Mirian, surgiu diante dela e pediu que ela fosse a Hogwarts imediatamente. Mirian disse que era urgente e que havia aberto as lareiras de Hogwarts. Morgan olhou apreensiva para Fidelus que a olhou intensamente, ainda no ar. Os olhos dele estavam cheios de dor, medo, sofrimento e pesar. Ela correu para sua casa e usou a lareira. Ela tinha um mau pressentimento, assim como Fidelus. Algo não ia bem.

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Em dado momento, Fidelus tentou mais uma vez romper a barreira, dessa vez urrando em desespero. Ele ficou parado no ar, como se acumulasse suas energias e voou velozmente contra a barreira. Mas no meio do vôo ele foi jogado para trás, como se tivesse o peito perfurado por algo. Ele soltou um cortante grito de dor e desespero e caiu em queda livre. Carlinhos e os tratadores, junto dos dragões, apararam sua queda, fazendo-o aterrissar no chão. Mas ele estava mal, seus olhos estavam tristes e vazios e ele parecia chorar. Parecia a beira da morte.

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Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir

Eu estava a beira de um colapso nervoso e todos sentiam o mesmo. Estava sendo difícil nos manter parados, pois todos queriam sair para ajudar Artemis a qualquer custo. Não havia um que não chorasse e brigávamos com os adultos. Mas não tínhamos condições nem de levantar. Mesmo com os cuidados de todos aqueles médicos e curandeiros, a maioria de nós ainda tinha ferimentos graves.

Então, de repente, surgiu um clarão diante de nós, no meio da ala hospitalar e vi com assombro Seth e Griffon surgirem na nossa frente. Como eles puderam aparatar dentro de Hogwarts? Arte era a única que conseguia fazer isso. Eu comecei a abrir a boca para perguntar o que acontecera quando eu vi.

Eles seguravam nos braços um corpo quebrado e machucado. As roupas dos dois irmãos estavam manchadas de sangue e o sangue começou a pingar para o chão e escorrer pelo assoalho.

Eu saltei da cama correndo até eles, até o corpo de Artemis. Eu senti um medo horrível, pois parecia que ela não respirava.

Todos levantaram ao mesmo tempo, e muitos, assim como eu, quase caíram no chão, mas nos levantamos e corremos até eles. Mas Minerva e outros funcionários nos seguraram.

- Eles precisam de espaço! – Minerva gritou no meu ouvido, segurando-me pessoalmente.

Griffon levantou-se de imediato, com o corpo de Artemis no colo e todos os médicos pararam os seus tratamentos e correram para uma sala mais reservada, no final da ala hospitalar. Justin e Renomaru, o professor de Durmstrang que estivera tratando de Lenneth e Gabriela, também foram as pressas até lá. Apenas os funcionários, a enfermeira e Minerva e Alex que não foram, pois ainda tentavam nos segurar. Até mesmo o pai da Haley, Logan, foi junto dos médicos.

Seth ficou para trás e começou a tentar nos acalmar. Com seus poderes ele nos anestesiou e conseguiram nos fazer voltar para as macas. Alex veio até mim e sentou-se ao meu lado, com Haley sentada do outro lado. Eu deitei minha cabeça em seu ombro.

- Seth, venha comigo, preciso pegar sangue de dragão imediatamente e preciso que você fale com um dos dragões. – Morgan falou, saindo do quarto onde Artemis estava, poucos minutos depois. Ela estava séria e logo depois, Justin saiu correndo da sala, seguindo-a.

- Senhora, eu posso ir junto? Eu serei capaz de falar com ele também, sei disso. – Justin falou.

- Tudo bem, venham vocês dois. – Ela falou e Seth apertou meu ombro antes de sair. Justin veio até mim também e me abraçou. Ele chorava, mas vi que tentava ser forte e que eu precisava ser assim também.

Logo depois, eles saíram correndo da ala hospitalar, entrando no gabinete da enfermeira para usar a lareira.

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Ao chegar nas ilhas Hébridas, Morgan, Seth e Justin assim que saíram da casa sede, viram Fidelus. Ele chorava e grossas lágrimas desciam de seus olhos. Ele estava de frente para a porta, aguardando-os. Carlinhos estava ao seu lado, tentando acalmá-lo com carinho.

- Ele sofreu um acidente mais cedo. Pareceu como se tivesse o coração perfurado. Desde então ele esteve inconsciente, só acordou a poucos minutos. Ele começou a chorar do nada e veio para aqui. Como se esperasse vocês.

- E ele está esperando. – Justin falou enquanto chegava perto de Fidelus. Fidelus reconheceu-o imediatamente como um semelhante de Artemis e deixou-se acariciar. – Por favor, tragam potes para sangue de dragão. Deixem que eu cuido deste.

- Seth vem comigo então, tem um dragão que nos ajudará também. – Morgan falou enquanto guiava Seth até onde a mãe que Artemis ajudara costumava ficar.

Carlinhos trouxe quatro grandes potes redondos, com a insígnia da família Mcfust. Fidelus ficou nas duas patas olhando para Justin e levantou as escamas do peito. Com a própria garra, o dragão fez um corte lateral em seu peito e deixou o sangue escorrer para o pote que Justin segurava.

- Ta bom, garotão, é o máximo que você pode dar. Mais do que isso será perigoso para você. – Fidelus rugiu. – Calma, ela vai ficar bem, eu sei que vai. – Porém, com um aperto no peito e lágrimas nos olhos, Justin sabia que ele dizia mais isso para ele próprio do que para o dragão.

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Artemis tinha aparecido na ala hospitalar a pouco tempo e o sentimento era de tensão e apreensão. Estávamos todos sentados na maca mais próxima da porta onde levaram-na, tentando ouvir o que estava acontecendo. Ouvíamos os médicos gritando instruções e pedindo exames, mas nenhum sinal da voz de Arte, o que mais queríamos ouvir, nem mesmo um grito de dor ou protesto. Aquilo estava me matando.

Alucard entrou correndo na ala hospitalar, acompanhado por Ty, Ben, George, Isaac, Mina, Luthien e Gaia. Eles estavam todos visivelmente cansados e machucados, mas mal pararam, perguntando onde Arte estava. Minerva impediu que todos entrassem na sala, mas balançou a cabeça para Alucard e o deixou entrar. Os demais começaram a se espalhar entre nós, nos acalmando e apoiando.

Nós começamos a tentar apoiar uns aos outros e começamos a brincar, querendo descontrair. Queríamos acreditar que ela ficaria bem, mas não tínhamos nenhuma notícia dela.

Quando Justin, Seth e Morgan voltaram, já eram umas 8 da noite e correram para a sala onde Artemis estava. Pouco tempo depois, ouvimos uma confusão do lado de fora da ala hospitalar e a Diretora foi ver o que tinha acontecido. Ela voltou pouco depois, acompanhada pelo Diretor Ivanovich, Diretora Maxime e o próprio Ministro Quim.

- Gabriela, Devon! – Maxime falou preocupada, com seu forte sotaque francês. Ela foi até eles, e começaram a falar rapidamente em francês.

- Lenneth, você está bem? E Renomaru, onde ele está? – Ivanovich perguntou, e Lenneth explicou que ele estava dentro da sala, tentando ajudar Artemis.

- Filho! – Quim correu para Jamal e o abraçou. Era fácil ver o alívio no rosto dele. Jamal estava sentado ao lado da cama de Penny e abraçou o pai com força. – Eu não acredito que eles ousaram fazer isso! Mas vocês lutaram bem! Estou orgulhoso! – Ele falou. – E os outros alunos? E Artemis? Ela foi excepcional!

- Todos os alunos estão no Salão Principal, vamos mantê-los lá até termos certeza de que está tudo bem. – Minerva respondeu. Quim assentiu. – Artemis, está sendo tratada. – Ela respondeu, seus lábios tremendo.

- Qual a situação dela? – Ele perguntou preocupado, abaixando a voz, mas eu ainda os ouvia.

- Delicada. – Minerva respondeu, tomando cuidado ao perceber que ouvíamos.

- Alucard! – Quim chamou, assim que ele saiu da sala.

Alucard estava mal, os olhos inchados e a roupa manchada e amarrotada. Ele também tinha sangue nas roupas e estava mais pálido que o costume. Quim e Ivanovich foram até ele e ele abraçou os dois. Notei que ele parecia segurar as lágrimas.

- Como ela está? – Ivanovich perguntou. – Sua filha se arriscou por alunos meus, estou preocupado com ela.

- Ela está mal. A situação é crítica. – Alucard respondeu. Ele então olhou para mim que tentava absorver a informação. Ele sentou-se ao meu lado. – Tuor, Artemis tem vários órgãos danificados, ossos quebrados, traumatismo e um esgotamento mágico como nunca vi. – Ele falou e ouvi quando todos prenderam soluços. Vi quando Bela abraçou Mina e Luthien, que choravam muito. Eu engoli em seco, segurando as lágriomas, mas por fim comecei a chorar também e Alucard me abraçou e notei que ele chorava.

- Por Merlin... – Quim e Minerva falaram juntos. A Diretora sentou-se em uma maca e esfregou os olhos, cansada e tristonha.

- O que podemos fazer? – Quim voltou a perguntar. – Eu farei tudo ao meu alcance. E esses vampiros vão pagar.

- Obrigado Quim... Mas não tenho forças para lutar. Gostaria de aniquilar cada um deles, mas não posso sair de perto de minha filha... E se ela... – Ele não terminou a frase, mas não era necessário. – Eu nunca me perdoaria.

- Alucard, eu posso assumir a liderança do clã enquanto vocês estiverem aqui. Celas está a caminho também, ela poderá ajudá-los. – Isaac falou. – Artemis é como uma filha para mim também e também estou sofrendo, mas quero vingá-la. E eles quase mataram a minha irmã. – Ele falou olhando receoso para Flonne. O estado dela tinha estabilizado, mas ela continuava desacordada. – Não posso deixar que saiam impunes.

- O Clã é seu Isaac, faça-os pagar. – Alucard falou com um brilho de ódio nos olhos.

- Eu farei. Procurarei Derfel e Siegfried, eles já devem estar nas imediações, mas não conseguem chegar até nós. Vamos fazer com que esses malditos se arrependam. – Ele falou e saiu da ala hospitalar decidido.

*********

- Maldição, aquele idiota do Gustav foi morto. Agora o Feitiço Fiel perderá efeito. Ao menos ele conseguiu tirar do campo aquela Chronos, com sorte, ela não resistirá a essa noite.

Mal o vampiro terminou de falar isto, ele sentiu uma presença forte na sala e em seguida teve os braços e pernas presos por correntes de luz. Elas o prenderam com força, levantando-o meio metro do chão. Tudo aconteceu tão rápido que nem ele era capaz de acompanhar, em milésimos de segundos. Cadarn assustou-se e as correntes o queimavam, sem que ele conseguisse se soltar, e quanto mais ele se agitava, mais elas queimavam. Nem mesmo sua força descomunal era suficiente para arrebentá-las. E então, o salão foi preenchido com uma intensa luz branca e diante dele surgiu um homem.

Era dele que emanava aquela luz branca, e Cadarn sentiu-se ameaçado, pois a luz queimava-o como o sol. O homem tinha um olhar de puro ódio, como Cadarn jamais viu em alguém, vampiro, mortal, bruxo, assassino ou alma maligna.

- Seu verme. Por sua causa e de seus aliados imbecis, você colocou a vida de minha filha em perigo! – O homem falou, sua voz reverberando no cômodo com uma intensidade assombrosa. Sua voz estava marcada por uma raiva como Cadarn jamais viu. Ele sacou uma poderosa lança e com força perfurou o ombro do vampiro, que gritou de dor, pois a lança o queimava de dentro para fora, e a dor espalhava-se por todo o seu corpo.

- Mestre! – Vampiros surgiram no salão, assustados com o grito e pararam surpresos ao ver o seu mestre preso e um homem diante dele, com uma lança em seu ombro.

- Acabem com ele! – Cadarn gritou, e os vampiros saltaram a frente.

- Como se pudessem fazer algo a mim. – Chronos falou com escárnio e suas asas se abriram com violência, criando um poderoso vento. Uma intensa luz surgiu de suas asas e os vampiros foram esmagados contra a parede, queimados e agonizando. Alguns dos mais fracos viraram cinzas.

- Infelizmente, eu não posso interferir diretamente e não posso matá-lo agora. Além disso, estou ficando fraco. – Chronos falou, o rosto próximo do de Cadarn. Cadarn sentia medo e sentia-se humilhado com esse medo. Os olhos verdes do homem brilhavam em ódio e ameaça e Cadarn não entendia porque ele ainda não o tinha matado. – Ela está fraca graças a vocês, perto demais da Morte. E eu em breve desaparecerei. Mas acredite, ela resistirá e eu voltarei. E eu juro, juro pela Verdade e por todos os Universos, quando eu voltar, essa marca será a menor de suas preocupações. Ela perfurará seu peito e eu arrancarei o seu coração. Você implorará por misericórdia, mas eu a negarei.

Chronos falou e torceu a lança, fazendo Cadarn gritar de dor.

Tão rápido quanto tinha surgido, o homem desapareceu e Cadarn foi jogado ao chão, humilhado e com o ombro perfurado. O ferimento queimava-o e não se fechava, espalhando uma onda de dor por seu corpo.

- Senhor... – Um dos vampiros conseguiu chegar ao seu mestre e Cadarn o mordeu com ferocidade, sorvendo seu sangue, querendo que suas feridas curassem. O buraco aberto pela lança se fechou, mas deixou uma cicatriz, algo que Cadarn jamais experimentou, mesmo em seu tempo mortal. E ele estava apavorado.