Monday, February 13, 2012


Haley

Sentia o sol bater em meu rosto, e mesmo de olhos fechados eu sorri, devo ter adormecido. Abri meus olhos e me vi deitada em um lindo campo florido. Levantei e olhei ao redor era um campo enorme, toquei algumas flores e elas eram tão macias e perfumadas, andei por algum tempo e comecei a pensar que Arte adoraria o lugar e colheria muitas flores para a sua coleção e Justin, inventaria formas criativas de aproveitar todo aquele mato e silêncio.Não tenho noção de quanto tempo caminhei, mas não me sentia triste ou sozinha, sentia-me bem, segura. Era a mesma sensação de estar no braços de Justin.
Justin...Sorri quando sussurrei seu nome e lembrei de seu rosto, e senti uma dor muito forte no corpo e dobrei meus joelhos, respirava com dificuldade e toquei o meu peito, e senti que minhas mãos estavam sujas de sangue. Lembrei –me de tudo: o ataque, o jeito que aquele vampiro me olhava, meus amigos lutando contra vampiros e comensais para nos salvar e de Cibelle tentando matar Julian, e a minha reação automática de protegê-lo. Será que consegui?
A dor ficou mais forte e eu não conseguia mais me levantar, me vi deitada naquele campo novamente e ao sentir o cheiro das flores e o sol morno batendo em meu rosto, lembrei dos meus amigos, da minha familia e da lembrança que fazia meu coração bater mais forte: Justin.
Acho que estou morrendo, não tenho medo da morte e não me arrependo de nada, só sinto não ter dito a ele uma última vez que o amava...De dizer a todos que eu os amaria para sempre...Fechei meus olhos e não pude deixar de desejar que todos fossem felizes...

Justin


Sentia um grito preso na garganta quando vi a mulher levantar o punhal na direção de Julian, mas ouvi um urro distante quando vi Haley se colocar na frente para receber o golpe. Dei uma patada na cabeça do vampiro que me impedia de chegar até eles, tudo o que queria era chegar perto dela o mais rápido possível, pois vi um vampiro diferente dos outros se aproximar e eu não deixaria ele mata-la.Ele sentiu minha aproximação e fugiu, tirei-a de cima de Julian, seu lindo rosto já estava pálido, e o sangue empapava a frente de sua blusa. Deixei meus instintos tomarem conta, coloquei-a sobre meu dorso e fugi com ela para a floresta. Não sei porquê, mas sabia que era o que precisava ser feito...
Droga, porque eu não disse a ela que a amava?
Deitei-a na grama, me transformei e ajoelhei ao seu lado, toquei seu rosto, pus as mãos sobre a ferida e olhei para dentro de mim, usando cada grama do poder de cura que eu tinha. Sabia que se ela não havia feito a passagem, haveria alguma chance.
Foi como se eu entrasse em uma dimensão paralela, caminhava sobre um lindo campo florido, e havia muito sol. Percebi que usava uma roupa branca, e não as de cerimonial, como eu esperava. Olhei ao redor curioso, e quando não vi ninguém, pensei dizer:
- ‘Por favor, eu peço que ela viva, deixe-me leva-la de volta’.
Senti o ar mudar, tornar-se mais doce e pesado. Ouvi uma voz em minha cabeça:
- Porque ela tem que viver? Ela se ofereceu em sacrificio por livre vontade.
- O sacrificio dela foi por amor e por amor, ela merece viver. Aquela enorme familia precisa dela..Eu preciso dela, mas sei que toda ação tem reação, então ofereço a minha vida pela dela.
- Você morreria por ela? A ama tanto assim?
- Sim, morreria por ela em todas as minhas vidas.- disse convicto e o ar começou a ficar mais leve e o cheiro de flores , tornou-se suave, revigorante, era delicioso.
-Ela não fez a passagem, shaman, quase o fez, mas o amor dela por você ainda a mantém aqui. Vamos ajudar, porque muitos que passaram por aqui, devem a ela e estão intercedendo para que ela continue a viver e a orientar muitos outros a encontrarem a luz. Só tenha em mente que morrer por amor é muito fácil, o difícil, meu jovem, é viver por amor. Consegue fazer isso?
- Sim! Eu consigo! Obrigado.- respondi e meus olhos estavam cheios de lágrimas, quando vi um lindo unicórnio, com chifre dourado, deslizar suavemente pelo campo e ficar parado não muito longe e me encarando. Corri até ele e ao me aproximar, vi que Haley estava deitada no chão, e nesta hora, o unicórnio tocou a ferida em seu peito com o chifre e vi luzes, saindo de lá e fechando a ferida. Ela abriu os olhos e levantou a mão devagar e o no focinho, sorrindo. O animal após se deixar acariciar, se afastou e eu me ajoelhei ao seu lado e a abracei beijando-a longamente, nos afastamos, ela disse:
- Agora sei o que a Branca de Neve sentiu quando acordou com o beijo do príncipe.- rimos e a levantei com cuidado.
-Temos que voltar, amor, ainda não sei como, mas precisamos ir. Ainda não é a nossa hora de ficar aqui. – o unicórnio se aproximou e abaixou a cabeça para Haley e depois para mim, era o seu consentimento para que o montássemos. A coloquei na minha frente e senti como se voássemos pelos campos, quando ele começou a trotar, não vi mais nada. Acordei no chão, sendo cutucado por Clara e Devon, e Haley estava de olhos fechados ao meu lado. Levantei-me e Clara, que tinha o rosto tenso disse:
- Você apagou ao lado dela. Precisamos leva-la ao castelo para ser socorrida, seu coração está batendo muito fraco, mas há tempo, ela está assim a menos de três minutos. Vamos Justin, levanta! – ordenou e nesta hora Haley abriu os olhos e sorriu dizendo:
- Fica calma, Lassie, não temos jogo hoje.- e Clara não se conteve e gritou rindo e chorando ao mesmo tempo enquanto abraçava a sua amiga e acabou me puxando para o abraço e eu puxei Devon, e nos embolamos rindo aliviados. Viver era mesmo a melhor coisa do mundo.