![]() Friday, February 10, 2012 Hogwarts, 12 de Fevereiro de 2017 - Ai.... – Eu resmunguei e abri os olhos lentamente. Nem precisei abrir muito para saber onde eu estava e logo ouvi pessoas correndo até mim. – Que droga! Eu vinha tanto assim para a Enfermaria antes de perder a memória? - Não, mas já mandou muita gente pra cá. Principalmente grifinórios. – Ouvi Clara falando e rindo, aliviada. - O que aconteceu? – Eu perguntei e me ajudaram a me sentar. Vi que Altair, Rin, Clara e mamãe me olhavam preocupados, além da enfermeira da escola. – Quanto tempo desmaiei? - Você ficou desacordada por pouco mais de 10 minutos. – Mamãe respondeu. – Acabou de chegar na enfermaria e acordou. – Ela parecia aliviada e nesse momento ouvimos quando Justin entrou correndo, acompanhado por Tuor, Hiro e Keiko. - O que aconteceu? – Tuor perguntou preocupado, ficando do meu lado. - Estávamos estudando na biblioteca quando Justin foi avisado. – Keiko explicou, segurando minha mão e eu ri. - Calma gente, eu não morri. – Falei, mas pela cara deles não gostaram da brincadeira. Vi que Hiro ia falar algo, mas se segurou. – Estava treinando com Clara quando desmaiei, acho que o treino me fez lembrar muitas coisas. - Você não se lembra o que te fez desmaiar? – Clara perguntou e eu balancei a cabeça. - Não... Por que? Falávamos de algo? – Eu perguntei e ela respirou aliviada. - Não, não foi nada. – Mas vi o olhar que ela dirigiu aos outros. - Muito bem, ela acordou! Mas precisa descansar, quero todos fora da Ala para que ela possa ficar um pouco quieta! – A Enfermeira falou autoritária e todos foram saindo, despedindo-se de mim antes. Justin, Hiro, Keiko e Clara conversavam energicamente sobre algo, mas eu não podia ouvir. Altair e Rin se prostraram ao lado da porta da enfermaria e mamãe me beijou antes de sair, me mandando descansar. Tuor saia quando eu o chamei. - Tuor... – Eu falei, sentindo-me corar um pouco. – Eu não me esqueci de nossa aposta. Nos vemos em Hogsmeade. - Estarei esperando. – Ele falou sorrindo, um sorriso que misturava alegria e alívio e saiu novamente. Eu fiquei sozinha, pensando em tudo que estava acontecendo e me peguei ansiosa por sábado. Hogsmeade, 14 de Fevereiro de 2017 Por mais que eu quisesse negar e por mais que eu brigasse com as garotas sempre que falavam, não podia negar que era um “encontro”. Havia apostado com Tuor e perdido e por isso aceitei passar o dia inteiro com ele, mas tinha que ser logo no Dia dos Namorados? Desci para o salão comunal quando ainda era cedo, mas Tuor já estava acordado. Ele estava sentado no sofá, lendo um livro e quando o chamei ele sorriu. Ele estava muito bonito, vestindo os trajes comuns da escola, mas com um casaco por cima de tudo. Eu também vestia um casaco, pois apesar de não nevar, ainda fazia muito frio. Ele disse que eu também estava bonita e descemos juntos. Lenneth e Lena estavam conosco, pois ambas tinham seus encontros também. Lena parecia um zumbi, os olhos entreabertos e andava com ajuda minha e da Lenneth, se não caia sentada e dormia. Mas estava linda de qualquer forma e animada, na medida do possível, para o encontro com Julian. Lenneth e MJ também tinham combinado de passar o dia juntos, treinando algo novo para cantarem ou tocarem juntos. Lena contou um pouco sobre o treinamento de vigilância que eles tiveram e me peguei lembrando de horas assim como parte do meu treinamento. Era um pouco estranho pensar que eu tinha treinamento de auror, que era uma auror profissional, quando apenas agora começava a me lembrar de magias e feitiços mais poderosos. - Você tem um parceiro? – Lena perguntou, enquanto descíamos até o salão principal e eu pensei um pouco, tentando me lembrar. - Mais ou menos. Pelo que me lembro o treinamento do Clã é diferente do treinamento da Academia. No Clã nós trabalhamos em times de três, de modo que cada um possa ajudar o outro e a cada semana, cada um assume a liderança. Mas como a maioria também tem treinamento auror, temos alguns parceiros também, mas geralmente esses parceiros mudam com o tempo. - E quem é o seu? – Lenneth perguntou curiosa. - Bom Seth e Griffon são parceiros inseparáveis. Alguns poderiam pensar que papai e mamãe são parceiros, mas há muitos anos que papai e Tia Alex são parceiros. O pai do Tio Ty também foi parceiro deles antes de morrer... Pode-se dizer que minha mãe é minha parceira. – Eu concluí, após algum esforço e chegávamos ao salão principal. Apesar do horário, já tinham muitos alunos ali, tomando café, principalmente casais, já adiantando o Dia dos Namorados e vimos muitos alunos trocando presentes. Vi Lenneth e Tuor trocarem um olhar estranho e imaginei que era porque os dois estavam longe da pessoa que amavam. Eu e Tuor tomamos café rápido, pois eu queria visitar Fidelus e ele foi comigo. Demoramos tempo suficiente apenas para conversar um pouco com nossos amigos e ouvi concentrada as histórias de todos. Justin parecia tenso também, e uma vez olhou para mim como se esperasse respostas, mas eu continuava tão concentrada nas histórias da noite passada que ele olhou para o outro lado. Tio Hagrid nos recebeu feliz e o ajudamos a dar grandes pedaços de carne para meu dragão, que parecia feliz. Ele e Tuor tinham uma empatia enorme, que eu admirava e gostava de ver. Depois disso fomos para Hogsmeade e passamos o dia conversando e rindo. Altair e Rin estavam sempre conosco, nos seguindo, mas nos dando privacidade e espaço. Eu não sentia raiva disso, pelo contrário, me sentia protegida com eles por perto. Normalmente teria sido Flonne, pois desde que acordei, ela me seguia e protegia com toda sua alma, mas ela estava chegando a oito meses de gravidez e foi proibida de trabalhar. Laharl estava com ela hoje e sempre que ele me via ele me contava novidades. Tuor me acompanhou ao longo de todo o vilarejo e ficamos rindo dos casais melosos e grudentos. Ele tinha dito que queria me ajudar um pouco e me levou a vários lugares diferentes do vilarejo, enquanto me contava de coisas que aconteceram ali. Me mostrou um lugar onde tínhamos tido uma guerra de neve no terceiro ano. Mostrou a Casa dos Gritos, onde nos escondemos uma vez no quinto ano. Mostrou uma árvore muito bonita antiga, onde ele disse que foi onde eu contei a ele sobre o fim do namoro com Stefan. Aquela árvore quase fez nascerem memórias antigas, mas elas foram empurradas para a escuridão tão rápido quanto surgiram. Tuor também foi contando o que sabia sobre minha relação com todos. - Você a conheceu nas Olímpiadas. – Ele respondeu, quando perguntei sobre Lenneth. – Na época você só me disse que tinham muito em comum e que tinham trocado conselhos importantes. - Eu ganhei muitas medalhas? – Eu perguntei curiosa e ele sorriu. - Bastante. Hogwarts foi a grande campeã e você era a líder da equipe de esgrima, a professora inclusive. - Eu? Esgrima? – Eu perguntei surpresa. Era verdade que nas férias meu pai tinha me mostrado uma espada antiga da família com a esperança de eu sentir algo, mas não tinha acontecido nada. - Sim e você era excelente! Acho que ainda é, só está um pouco perdido nessa sua cabeça oca. – Ele falou, batendo com o dedo em minha testa e me fazendo rir. Nós estávamos sentados em um banco, um pouco afastado do centro do vilarejo. Altair e Rin conversavam ao longe, mas sem tirar os olhos de nós dois. Tomávamos um café com chocolate bem quente e vapor subia das nossas bocas e de nossos copos, principalmente quando ríamos. - Não consigo me imaginar lutando com uma espada. - Você lutava com duas, uma em cada mão, e acho que ninguém conseguia te derrubar. Você era muito poderosa. - Vocês sempre estão falando disso... Mas não sinto nada de diferente em mim, nem nunca tive poderes maiores que o dos outros. - Você tinha... – Seu tom de voz ficou um pouco triste. – A gente acha que quando perdeu sua memória, seus poderes foram juntos. - É uma pena... Mas Tuor, chega de falar de mim! Quero saber mais de você! – Eu reclamei e ele sorriu. Ele começou a contar sobre sua terra natal, a Noruega, contou como era linda e pacífica. Ele prometeu que me levaria para ver a Aurora Boreal um dia e disse que eu iria me apaixonar com certeza. Ele falou sobre seus amigos também e disse que eu conhecia todos eles e que me dava bem com eles, mas que no início troquei farpas com uma tal Milena. O nome me fez lembrar realmente dela e senti um pouco de raiva e fechei a cara. - Você lembra dela! – Ele falou rindo e eu resmunguei que sim, mas logo em seguida me lembrei que tinha feito as pazes com ela, só não sabia como ou porquê. Ficamos um pouco calados, observando o sol que já começava a se pôr, já bem escondido pelas grossas nuvens. Me assustei de como o tempo tinha passado rápido. - Acho que deveríamos voltar. Com esse clima a maioria já deve ter voltado. – Ele comentou e se levantou, então me lembrei de algo que queria muito perguntar e o segurei. - Tuor, você já me falou de uma garota que gosta, mas até hoje não explicou por que não está com ela? - Eu perguntei e ele suspirou antes de responder, voltando-se a se sentar. – Desculpa se não quer tocar no assunto. – Eu falei, um pouco sem graça, mas ele sorriu e balançou a cabeça. - Não tem problema falar nisso. Talvez seja até bom falar um pouco. - Então? - Eu perguntei, quando ele ficou um tempo calado. - É muito complicado, eu já te contei. Acontece que eu e ela namoramos por um tempo. Um ano e 4 meses. Mas aconteceram coisas que nos impediram de ficar juntos. - Ele falou e eu aguardei, ouvindo-o curiosa. - Você gostava muito dela, não é? - Eu perguntei, e senti meu peito acelerando. - Sim, demais. Eu a amo. - Ele respondeu, com um sorriso doce no rosto e me olhando fundo nos olhos. Meu coração acelerou ainda mais e me lembrei do Baile de Inverno. - Foi isso que te impediu de ficar com a Annie? E que te deixou tão triste quando se beijaram? - Como você sabe disso? - Ele perguntou e eu corei. - Eu vi vocês se beijando. E depois... Eu estava na sala comunal quando você chegou. - Eu contei e ele me olhou surpreso. - O que você viu? - Ele perguntou, baixo. - Vi que você estava muito abalado, triste e até mesmo com raiva. Você segurava uma foto na mão, acho que dela. - Eu falei. - E você a viu? - Ele perguntou, me olhando intensamente. - Não estava muito longe... Eu fiquei preocupada com você, Tuor, você parecia tão mal. Queria te apoiar, te abraçar. - Eu acabei falando, sem entender porque isso escapara. Seus olhos se arregalaram um pouco e ele segurou um sorriso. - Mas não consegui sair do lugar. Acho que tive medo, não sei. - Por que não falou disso antes? - Porque eu não me lembrava... Essas memórias me vieram à mente hoje. Naquele dia elas sumiram. - Eu falei, com um riso nervoso. – Odeio não ter controle sobre o que me lembro... Era uma sensação estranha. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, pois meu coração estava acelerado e eu tinha uma vontade, uma necessidade, de estar com Tuor. - É uma pena... Eu adoraria ter o seu apoio. - Ele falou baixo e eu corei. - Mas e a garota que você gosta? - Eu mudei rapidamente o assunto. - Ela foi embora para longe. - Ele falou triste, mas me olhando nos olhos. - E sinto muita falta dela, mas não posso colocá-la em risco me aproximando novamente. - Como assim? - Eu perguntei sem entender. - Ela... Ela fica mal sempre que me aproximo. - Ele falou, agora olhando para o chão. - Não sabemos por que, mas desde que ela foi embora, sempre que estou por perto ela se sente mal... Então me afastei. - Ele começou a chorar, ainda olhando para o chão. Senti como um click em minha mente, como se peças se encaixassem. O caso da garota que ele gostava era tão parecido com o meu... Meu peito começou a doer e minha cabeça parecia a ponto de estourar... Dezenas de imagens começaram a voar diante de mim. Era o rosto de alguém... Próximo ao meu, sorrindo, me beijando, me abraçando... Então aconteceu tão rápido que eu não sei bem se imaginei ou não. Eu o abracei com força, pressionando contra mim, segurando-o com força e carinho. Eu acariciei seus cabelos e vi que eu tinha lágrimas nos olhos também. - Você não faria mal a ela... Nunca. - Eu falei e sem saber por que, eu sabia que eu dizia a verdade, ainda mais quando falei as palavras seguintes. – Ela ama você. Mas então eu apaguei. ************************* Abri os olhos e Tuor me olhava, pálido e com medo. Vi Altair e Rin correndo até mim, os semblantes preocupados e varinhas em punho. Pela distância deles até mim, eu devia ter apagado por poucos segundos, no máximo um minuto. - Você está bem? - Tuor perguntou, cheio de temor e eu não sabia por que estivera deitada em seu colo, mas respondi. - Estou... Só um pouco tonta... O que aconteceu? - Então eu me calei no meio da frase e senti que meus olhos se arregalavam, saindo de foco... Meu corpo foi invadido por algo que não sei explicar. Só sei que isso me deixou preocupada e alerta. Ouvi a voz de Haley na minha mente e meu peito começou a arder. “Eu e Julian. Cercados. Floresta do Vilarejo. Vampiros e Comensais.” - Haley... Julian... Eles estão em perigo! - Eu falei e me levantei rapidamente. - O que?! - Tuor e os outros dois perguntaram juntos, mas saí correndo e eles foram obrigados a me seguir. Eu corria sem saber para onde ou porque, levada pelo meu corpo que parecia responder a um chamado, com urgência. Minha varinha estava em punho sem que eu percebesse, na verdade aquela corrida toda era como se eu a visse de fora, sem ter controle sobre meu corpo. Ouvimos gritos de comando, alarmes soando, mas eu os ignorava e continuava correndo. Então cheguei de repente em um local e haviam pessoas caídas no chão, graças aos deuses apenas atordoadas. Ouvia mais gritos e explosões e uma criatura surgiu do meu lado direito, vindo de trás de uma casa. Ela silvou para mim e saltou na minha direção, mas eu me movi sozinha e me esquivei alguns centímetros para o lado, segundos antes dele me atingir com sua mão, que mirava o meu pescoço. Eu soquei a barriga da criatura com uma força que eu não conhecia e senti algo fluindo de mim para ele, como água. A criatura gritou e cuspiu sangue, enquanto caia no chão se contorcendo, com um buraco onde eu havia socado. Seu corpo começou a ferver e a derreter e ela logo virou pó. Mais duas criaturas vieram na minha direção e apontei minha varinha para uma delas. Uma poça de água explodiu para cima e a água seguiu minha varinha atingindo a criatura que eu apontava. A água a envolveu em uma esfera perfeita que se fechou ao meu comando, esmagando a criatura. A terceira saltou na minha direção, mas foi atingida por uma labareda lançada por Tuor, que me alcançava agora. - Arte! Precisamos ir embora! Altair e Rin estão enfrentando vampiros lá trás! - Ele falou e eu assenti. Estava com um pouco de medo de mim. Mas também estava me sentindo bem. Parecia que eu tinha reencontrado algo que nasci para fazer. Seja lá o que aquilo era, aquilo me dava poder para proteger quem eu desejava. - Precisamos chegar ao Três Vassouras, eles estarão todos lá! – Eu respondi, sem saber como sabia disso, mas tinha certeza que era verdade. Eles não duvidaram e seguiram correndo comigo na direção do bar. Enquanto corríamos, gritava comandos para alunos voltarem para a escola e aurores passavam correndo por nós. Left in the darkness Here on your own Woke up a memory Feeding the pain You cannot deny it There's nothing to say It's all that you need to fire away Oh damn, the war is coming Oh damn, you feel you want it Oh damn, just bring it on today You can't live without the fire It's the heat that makes you strong 'Cause you're born to live and fight it all away You can't hide what lies inside you It's the only thing you've known You'll embrace it and never walk away Don't walk away N.A.: Iron, Within Temptation. |