Wednesday, February 01, 2012


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Recesso de Natal e Ano Novo 2016

Eu podia ter esquecido a maior parte da minha vida, mas ainda lembrava que sempre adorei o Natal. Ainda mais a neve e o frio. A neve deixa tudo mais belo e olhar o jardim da nossa casa repleto de branco era uma cena linda. E o frio, nossa, é uma sensação inexplicável, como o frio me deixa bem. E eu adoro me agasalhar, todos parecem mais bonitos e sérios de casaco.
Depois dos acontecimentos do Baile de Inverno, eu precisava passar um tempo sozinha, para organizar meus sentimentos e dúvidas. Para tentar me reencontrar.
Esse ano, o Natal teve essa função, além de novos significados. Passei na casa dos meus pais, como sempre fazíamos, pelo que eles me contaram. Estavam todos lá, sem exceção, no que seria, de certa forma, o meu primeiro Natal, pois me lembraram de antigas tradições da família e me contaram histórias também.
Todos se sentaram em torno da lareira, enquanto papai folheava os álbuns da família, me mostrando os vários Natais e acontecimentos. Haviam fotos de casamentos, de aniversários, de festas, de Natais, de saídas. Meus amigos estavam também em várias das fotos e Gaia ia contando o que lembrava e sabia. Ri muito de várias de suas histórias, como a cara de Griffon, todo encharcado em uma viagem para a Disney, no ano de sua formatura. E as fotos da viagem de Seth e Luna para o Egito e Japão? Eram lindas! Revivi a sensação de ver meus sobrinhos pequenos, em fotos comigo segurando-os no colo. O Natal foi cheio de sentimento para mim, pois aos poucos fui me lembrando de vários anos da minha vida, me dando até dor de cabeça. Mas como fazíamos tudo com calma e carinho extremos, consegui absorver tudo.
No dia 25 fomos para o sítio da Tia Alex e do Tio Logan, no Texas, algo que Griffon me falou que sempre faziam. Papai me contou de quando meus irmãos se casaram, selando uma vez por todas os Mcgregors e Chronos em uma só família.
- Lembro até hoje de como eu e Alex estávamos felizes, pois Griffon e Emily tinham conseguido o que há anos estava para acontecer: unir nossas famílias. – Ele falou rindo. – Sempre fomos amigos, e me lembro de como a Virna queria que nós dois ficássemos juntos. Ela ficou muito contente com o casamento de Griffon e Emily.
Como era esperado, todos os meus amigos estavam lá no rancho também, apenas Tuor não estava, pois passava o Natal em sua casa na Noruega, onde reuniam toda a família. Senti falta dele... Estava longe de entender o que ele sentia pela tal garota que gostava e isso me matava de curiosidade. E estava muito longe de entender porque fiquei abalada pelo beijo que ele deu na Annie. Acho que era por saber que ele gostava de outra garota e não combina com o Tuor ficar apenas por ficar, quando está gostando de outra pessoa.
Meus amigos haviam combinado de levar nossos álbuns e fotografias.e me ajudaram a me lembrar de muitas coisas que passamos juntos. Foi excelente! Eu fiquei com dor nas bochechas de tanto rir das histórias e acontecimentos. A foto de JJ e Rupert correndo de um formigueiro que estavam mexendo, me fez literalmente rolar de rir. E Keiko usando os batons e maquiagens da mãe? O pior era a cara que eu e Clara fazíamos na foto seguinte, obrigadas por ela e Haley a usarmos o batom também!
Ao menos no Ano Novo pude matar a saudade de todos e abracei com força cada um deles, contando histórias que eles deviam estar cansados de ouvir. Eles riam mesmo assim e me lembravam de maiores detalhes.
Desejei não perder as memórias desses dias, pois passar o Ano Novo com eles me deu novas energias e eu me senti muito feliz! Foi uma festa com muitos acontecimentos. A revelação de MJ nos deixou particularmente admirados e o apoiamos, além de brigar com ele por ter demorado tanto a falar sobre isso. E passei tanto tempo perto de Tuor que comecei a ver que queria mais disso, queria ser mais amiga dele.

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Hogwarts, Janeiro de 2016

A volta às aulas foi marcada por mudanças, em diversos sentidos.
Muitas feitas por mim, pois decidi que já estava pronta para voltar à algumas de minhas rotinas.
A começar por exercícios. Clara continuava me treinando pessoalmente e passávamos horas treinando lutas, mas decidi que iria me dedicar ainda mais aos exercícios. Ela tinha me contado que costumava correr comigo todos os dias de manhã e decidi a voltar a fazer isso. Para me incentivar, Haley, Keiko e Lena participaram conosco, mas no terceiro dia já não conseguiam levantar da cama tão cedo e resmungavam se as acordássemos.
Voltei também ao Quadribol.
A Grifinória havia sofrido graves derrotas enquanto foi obrigada a jogar com um goleiro reserva e quando contei a James que estava pronta para voltar, ele quase me beijou. Claro, eu ainda não estava em forma e passei meses sem montar em uma vassoura. Mas ele e o restante do time me receberam de braços abertos e felizes e começamos a treinar imediatamente. James preparou os treinos de modo a me ajudar a me reacostumar com o ritmo de jogo e todos ajudavam.
- Isso garota, mais rápido! – Jame gritou, enquanto eu voava ao redor do campo, em círculos. Voar na minha vassoura novamente pareceu acordar algo dentro de mim e eu comecei a me sentir mais livre, perdendo o medo. Logo eu voava com rapidez e habilidade e os outros começaram a voar comigo, me ajudando a voar em conjunto e a desviar de obstáculos.
Fui bombardeada por lançamentos de James, Lena e Daniel, que me obrigavam a proteger os aros sem descanso. Depois, Luky e Freddy começaram a lançar balaços enquanto eu voava pelo campo e era obrigada a fazer malabarismo na vassoura para escapar dos golpes deles. Até mesmo Tiago tentava me ajudar, dando-me algumas lições de vôo.
Estava animada em voltar a jogar Quadribol e teria minha chance de testar minhas habilidades, pois um novo jogo da Taça estava chegando e daria tudo de mim nele!

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As dezenas de rostos me olhavam, alguns admirados, muitos curiosos, enquanto eu me sentia um pouco nervosa, até mesmo ansiosa.
- Muito bem. – Clara começou falando, e eu olhei agradecida para ela. – Vocês tem tido aula conosco até hoje, enquanto nos dividíamos para ajudar vocês a aprender o pouco que sabíamos.
- Agora, vocês vão ter uma professora de verdade. – Hiro falou sorrindo. – Arte decidiu voltar a dar as aulas da AD!
- Obrigada, a todos. – Eu agradeci, pois os alunos começaram a bater palmas, entusiasmados. – Eu vou dar o melhor de mim, mas quero que fique claro que eu também vou aprender com vocês. A maioria do que eu sabia se perdeu quando perdi minhas memórias, mas nos últimos meses venho treinando e reaprendendo tudo e agora vou passar para vocês tudo que eu puder. Diga. – Eu falei, quando um garoto do terceiro ano levantou a mão.
- É verdade que você enfrentou os vampiros sozinha? – Ele perguntou e eu sorri sem jeito.
- Desculpa, não posso te dizer, pois não me lembro.
- É verdade sim. – Tuor respondeu por mim e Jamal completlou.
- Mais de uma vez. Ela enfrentou vampiros em Londres, em Hogsmead e em vários outros lugares. – Ele falou e os alunos arregalaram os olhos, enquanto eu ficava sem jeito. Justin olhou para mim e depois se dirigiu aos alunos.
- Mas não acho bom falarmos disso. A saúde de Arte ainda é frágil e essas lembranças podem fazê-la mal.
- Obrigada, Justin. – Eu falei e voltei a olhar para os alunos. – Bom, hoje acho que devemos começar com vocês me mostrando o que tem aprendido até agora, para ver como podemos melhorar!
Eles assentiram animados e ficaram de pé, revezando-se para mostrar feitiços Patrono, Incendius, Lumus etc. Eu corrigia alguns, sugerindo uma nova posição de varinha ou de se falar um encantamento.
Comecei com certa vergonha, até receio deles acharem que eu não saberia explicar, mas depois fui me soltando. Aos poucos fui me sentindo cada vez mais a vontade e era como se eu tivesse me reencontrado. Descobri uma nova velha parte de mim, uma parte que gostava de ensinar e ajudar, uma parte que se sentia bem fazendo feitiços.
Estava muito feliz!

11 de Fevereiro de 2016

- Arte! – Tuor me chamou, quando eu e o restante do time da Grifinória entrávamos na tenda que serviria como nosso “QG” até entrarmos em campo. O dia estava muito bonito, sem nenhuma nuvem no céu e bem ensolarado.
- Oi! – Eu falei, ainda um pouco nervosa com o jogo.
- Boa sorte hoje! Sei que vai se sair muito bem. – Ele falou sorrindo.
- Obrigada, mas tenho minhas dúvidas. Meu café da manhã também acha que não vou muito bem, tanto que ele quer fugir de mim...
- Esse nervosismo é normal, tenho certeza que vai bem, aposto nisso!
- Aposta o que?! – Perguntei curiosa e ele levantou uma sobrancelha.
- Não sei, era jeito de dizer. – Ele falou dando de ombros e eu sorri.
- Vamos fazer o seguinte: se eu levar mais do que 7 gols, você vai me contar mais sobre você, incluindo sua namorada. – Eu falei e ele me olhou meio indignado e surpreso, mas depois sorriu.
- Apostado. Agora se levar menos de 7 gols, você vai sair comigo no dia 14, e eu talvez te conte algo. – Ele falou e esticou a mão a frente. – Fechado?
- Tudo bem. – Eu respondi e apertei sua mão. Ele saiu correndo e depois se virou acenando e eu sorri, acenando de volta. James e Luky me esperavam na entrada da tenda e seguraram risinhos e passei por eles sem ligar para o que diziam.

- Os Red Phanters! – Tommy gritou o nome do time de Durmstrang que foi recebido com muitas palmas e gritos de sua torcida. Então o ex jogador do time da Sonserina, pigarreou e começou a falar novamente. – E agora, o time adversário, Grifinória! Depois de uma série de derrotas, o time de Hogwarts entra em campo com sua goleira de volta! Que venham eles! - Não sei se falar com Tuor servira para me deixar mais calma, mas quando Tommy começou a anunciar os nomes dos jogadores, o frio na minha barriga tinha diminuído e eu impulsionei minha vassoura com força, ao ouvir meu nome. A torcida de Hogwarts gritava e isso me serviu para me animar ainda mais, enquanto eu voava na direção dos aros.

O jogo foi difícil, mas o ânimo do time estava elevado e jogamos com muita garra. As trocas de passes eram rápidas e a goles mudava de mão a cada minuto. Havia quase uma guerra de balaços, pois Luky e Fred lutavam com os batedores do outro time para disparar balaços contra os adversários. Daniel tinha sido atingido por um balaço e tinha quebrado o nariz, mas se recusou a sair do jogo e Lena enfeitiçou seu nariz. James dava comandos rápidos, mudando nossa estratégia o tempo todo e logo começamos a dominar o jogo. Eu me esforçava ao máximo e não vi o tempo passar. Eu me movia o mais rápido que podia, e fiz algumas defesas que nem eu acreditava ser possível, me guiando apenas pelos meus instintos, como se voar fosse algo natural par mim.
O placar estava em 80 a 60 para a gente e estávamos animados, quando de repente, ouvi a multidão gritar e vi Tiago e o apanhador adversário mergulharem na direção das arquibancadas, em cima dos professores. Um ponto dourado voou rapidamente para longe deles e eu me obriguei a voltar a atenção para o jogo, pois um dos artilheiros dos Red Phanters disparou uma goles no meu aro esquerdo e eu saltei da vassoura para pegá-la, voltando à pousar na vassoura com habilidade. Atirei a goles para James e os três foram na direção dos aros e voltei a olhar para os apanhadores que voavam velozmente em pé de igualdade. Então um balaço cruzou o caminho deles e os dois desviaram para direções opostas. Por azar, o apanhador de Durmstrang voou para o lado onde o pombo também voou e o capturou, fazendo a torcida deles gritar de alegria. O placar terminou em 90 a 210.
Apesar da derrota, eu estava feliz e animada. Nosso time formou um círculo no ar e nos abraçamos, um parabenizando o outro e prometemos que na segunda fase daríamos tudo de nós! Os Leões voltariam com tudo.
Enquanto voava para a tenda, vi Tuor no meio da multidão e quase pude ouvi-lo falar “Você me deve uma” e senti meu coração batendo rápido e não tinha nada a ver com o jogo.

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- Soube que alguém tem um encontro dia 14! – Clara falou com um sorriso nos lábios, enquanto nos alongávamos para começarmos nossos treinos de artes marciais. Rin e Altair estavam a uns 300 metros de nós, mas nos dando privacidade. Eram 7 da manhã e o sol começava a nascer atrás das montanhas que cercavam Hogwarts. Nós duas sempre treinávamos perto do lago, pois gostávamos do ar livre e da proximidade com a água. Eu me senti corar.
- Não é um encontro!
- Ahan, acredito... Vocês vão só sair para conversar!
- Vamos sim, ok? Estou curiosa com relação a ele...
- Minha relação com o James também começou com curiosidade. – Ela falou sacana e eu rebati.
- Ah, admite que estão namorando então? – Ela jogou uma toalha em mim e se posicionou para começarmos a treinar. – Acontece que eu não sei o que estou sentindo. Não lembro de nenhum relacionamento que eu tive. Lembro algumas coisas do Stefan e do Damon, mas é totalmente diferente do que eu sinto agora.
- O que está sentindo pelo Tuor, exatamente? – Ela perguntou enquanto eu também ficava de prontidão e dei um chute na direção de sua palma aberta. A lula gigante apareceu para nos saldar, como se nos olhasse curiosa.
- Simplificando: acho que curiosidade. Quero saber mais sobre ele, estar mais com ele. Meu coração acelera muitas vezes que estamos juntos. E no Baile de Inverno, eu me senti estranha quando o vi beijando outra garota... Não era ciúmes, antes que diga!
- Eu não falei nada! – Ela falou na defensiva, mas começou a rir. Eu a ignorei por uns instantes enquanto se concentrava em dar uma série de golpes nas minhas mãos. Ela voltou a falar, rindo. – É até engraçado ouvir você outra vez sobre isso.
- Como é? – Eu perguntei, parando no meio de um soco. Ela parou também e largou os braços ao lado do corpo, me olhando, como como se arrependesse do que tinha dito.
- Nada Arte, vamos continuar? – Ela falou, mas eu insisti. – Não se esqueceu como ser teimosa, não é? – Ela bufou e se sentou na grama e me indicou o seu lado. – Olha, Arte, é natural você sentir isso pelo Tuor, pois eram muito próximos antes de perder sua memória. Mas não posso falar mais do que isso, para o seu bem.
- Por que para meu bem? Clara, por favor me explique... – Eu pedi. Comecei a sentir algo subindo pelo meu peito. Era uma idéia maluca, e junto dela vinha um sentimento quente e comecei a sentir dor de cabeça.
- Eu não posso. Não posso colocar você em risco! – Ela falou e vi em seus olhos que dizia a verdade, pois estava realmente preocupada. Mas como insisti ela suspirou depois de um tempo. – Escuta, foi ele mesmo que nos pediu.
- Ele quem?
- O Tuor... E o Justin e sua mãe concordaram com ele.
- Mas por que... ?! – Eu parei a pergunta no meio, pois a idéia tomava maiores proporções. Tudo que eu estava sentindo pelo Tuor pareceu tomar forma e meu coração acelerou muito, espalhando um calor pelo meu corpo. Comecei a ficar tonta e a dor de cabeça estava cada vez mais forte. – Clara, eu era namorada de Tuor?
- Sim... – Ela respondeu após ficar alguns segundos em silêncio. – E formavam um lindo par. Foram namorados por 1 ano.
Eu fiquei calada e imagens começaram a surgir em minha mente. Eram sorrisos de Tuor, seus olhos de encontro aos meus, abraços, mãos dadas, beijos... As imagens iam e vinham em uma velocidade assombrosa e o mundo ao meu redor pareceu perder cor e começou a rodar.
Ouvi Clara gritar antes do mundo se apagar diante de mim.