Friday, February 24, 2012 Lembranças de Artemis A. C. Chronos - Você tem noção do perigo que se meteram?! Colocou alunos em risco! Colocou suas sobrinhas em risco! Seus amigos! – Dessa vez, quem dava a bronca era papai e falava sério comigo, enquanto eu o encarava quieta. Ele estava pálido, ainda nervoso com tudo que aconteceu naquela noite e estava muito irritado. Mamãe estava em pé do seu lado, enquanto a enfermeira tratava um de meus machucados e resmungava que tinha sido uma loucura. – E você, de certa forma, era a responsável por eles! Você tem treinamento auror, eles não? E se algo tivesse dado errado? - Pai, desculpa, mas não podia deixar meus amigos em perigo! Se não agíssemos rápido, Haley e Julian teriam morrido! – Eu falei, mas sabia que ele tinha razão. – Eu não devia ter incentivado todos a ir, mas foi algo que decidi. Assumo a responsabilidade. Mas foi você quem me ensinou a defender meus amigos com tudo que tenho. Aquilo o pegou desprevenido e ele suspirou. - Artemis, eu quase perdi você uma vez esse ano... – Ele falou ajoelhando-se diante de mim e vi que tinha lágrimas nos olhos. – O medo que eu senti quando vi você e todos os outros no meio daquele caos! – Ele engoliu em seco, segurando as lágrimas, mas essas desciam pelo seu rosto. Ele me abraçou com força e eu comecei a chorar também. Mamãe se ajoelhou do nosso lado e nos abraçou também. – Mas estou tão orgulhoso de você... De todos vocês! Lutaram como adultos, defenderam aqueles que vocês gostam e lutaram com tudo! Quando vi você ao meu lado lutando, eu senti um orgulho enorme! – Ele falou com um sorriso enorme entre as lágrimas e bagunçou meu cabelo. Eu me senti feliz também, pois vi que o orgulho que ele sentia era genuíno. Naquela manhã a enfermaria ficou lotada. Meus irmãos e cunhadas chegaram pouco depois, todos mostrando sinais de preocupação e medo. Além deles vários parentes de meus amigos estavam na sala e todos tinham levado bronca, mas vi todos os pais parabenizar seus filhos pela garra e coragem. Agora as coisas estavam mais calmas. No domingo após aquele ataque passamos o dia inteiro contando como tudo aconteceu, principalmente aos alunos mais novos da AD. Eles se sentiam mais animados, por ver que o que os alunos do sétimo ano aprenderam na AD foi útil e os manteve vivos. Haley estava bem e Julian também e se recuperava dos vários ferimentos que recebeu e Lena não saia de seu lado. Todos nós passamos muito tempo na enfermaria, visitando-os. E tinha a questão de como eu me comportei no ataque... Senti algo dentro de mim diferente naquele dia e foi como se eu não tivesse controle do meu corpo, mas sim como ele se movesse sozinho... Mas tinha outras coisas para me preocupar, pois dentro de uma semana estaria enfrentando a Segunda Tarefa e não sabia o que me esperava nela... **************** - Justin, eu não entendo! – Tuor perguntou, enfático, enquanto Mirian ajudava a tratar dos ferimentos de Justin. – Achei que Arte tinha perdido todos os seus poderes... Ninguém normalmente conseguiria fazer o que ela fez. - Eu também não entendo muito bem, mas é mais uma prova de que as memórias e poderes de Artemis estão escondidas dentro dela. – Mirian explicou e Justin completou. - Isso também. Mas é algo diferente. Ela usou seus poderes sobre a água, que é o elemento dela, a maior ligação dela com a natureza. Isso é algo intrínseco a ela e não depende de outros treinamentos. - É diferente dos poderes de Sacerdotisa... – Mirian completou. – Esses vêem de Avalon e Chronos e Arte nunca lembrou de nada sobre eles. - Exatamente... E Tuor, você disse que ela desmaiou? – Justin perguntou e Tuor assentiu. - Sim. Estávamos conversando quando de repente ela me abraçou e depois desmaiou. Ela acordou poucos segundos depois, falando sobre o ataque a Julian e Haley. Não sei se ela desmaiou pelo que falávamos ou devido a isso. - Acho que um pouco dos dois. – Mirian falou, pensativa. – Mas os desmaios de Arte estão ficando mais curtos e ela cada vez se lembra mais de coisas anteriores ao desmaio. Tenho esperanças de que a situação dela está melhorando. – Ela falou sorrindo, e Tuor também sorriu esperançoso. **************** - Bom dia, senhoritas, queiram se sentar, por favor. – Minerva falou quando entrei na sala, acompanhada por Lenneth e Gabriela. Estávamos curiosas por termos sido chamadas juntas, e ficamos mais ainda quando entramos na sala de aula e todos os diretores estavam no local, além de um senhor de idade. Ele parecia muito velho e tinha cabelos completamente brancos e vestia-se com roupas pomposas, mas tinha um olhar cansado, como se já tivesse sofrido algum trauma grande. Ele sorriu ao me ver, acenando com a cabeça, e eu sorri de volta, mas não o reconheci. - Acredito que estão curiosas por serem chamadas assim no meio das aulas, alguns dias antes da Segunda Tarefa. – Ivanovich falou e nós três assentimos. - É para uma etapa importante do Torneio Tribruxo: a Pesagem das Varinhas. – Maxime falou e indicou o senhor sentado entre eles. - Houve muitos contratempos nesse ano e não podíamos realizá-la sem uma das campeãs. – Minerva falou indicando-me levemente com a cabeça. – Por isso fomos obrigados a adiar a Pesagem. E novos acontecimentos atrasaram-na ainda mais. – Minerva falou e pude ver suas narinas tremendo ao lembrar do segundo ataque. Ela então pigarreou. – Para aquelas que não o conhecem, este é Olivar Olivanders, o maior criador de varinhas da Inglaterra. – Minerva falou e o senhor se levantou, ajudado por Ivanovich. Ele nos sorriu amigavelmente e começou a falar. Sua voz era suave, mas forte e ele falava como quem tem domínio sobre algo. - Bom dia a todas as senhoritas, é um prazer enorme realizar a pesagem de mais um Torneio. Quem gostaria de ser a primeira? – Não sabíamos o que fazer e nos entreolhamos ansiosas. Minerva então tomou a iniciativa. - Senhorita Chronos, poderia ser a primeira? – Ela perguntou e eu assenti. Olivanders havia se sentado novamente e indicou a cadeira diante dele. Ele apertou minha mãa com as suas duas e depois me pediu minha varinha e eu a entreguei a ele. - Ahh uma das minhas criações! – Ele falou feliz e sorriu para mim. – Eu me lembro de todas as varinhas que já fabriquei e vendi. Lembro-me até hoje do dia que foi à minha loja acompanhada por seus pais, Artemis. É um grande orgulho vê-la crescida e campeã. - Desculpe-me, não me lembro do senhor. – Eu falei sem graça e ele riu. - Tudo bem, já me explicaram sobre sua perda de memória. Uma pena... – Ele falou e começou a examinar minha varinha. Ele mediu seu comprimento com os dedos e olhou sua ponta, depois passou a olhar a empunhadura. Por fim ele fechou os olhos e passou a mão suavemente ao longo de toda a varinha. - Você tem uma varinha poderosa. Pena de Fênix e Mogno... Essas varinhas escolhem bruxos destinados a feitos formidáveis! E você já notou como às vezes ela parece se mover sozinha? É porque elas têm vida própria. – Ele explicou e eu assenti, pois entendia perfeitamente o que ele queria dizer. – Interessante... – Ele falou, aproximando a varinha de seu ouvido, como se pudesse escutar algo. – Ela é muito fiel a você... Espere! Você a transmutou!? Você conseguiu transmutar uma varinha? – Ele falou assombrado e eu o olhei sem entender e depois olhei para Minerva, esperando ajuda. Pude ver um brilho de orgulho em sua voz, mas ela nada falou e logo depois ele continuou. – Formidável, realmente formidável! Essa varinha está em perfeitas condições! – Ele falou, divertindo-se. - Senhorita Lafayette? – Minerva falou quando eu me sentei e Gabriela levantou-se, um pouco mais calma agora. - Bonjour. – Olivanders falou cortês e apertou sua mão também. Gabriela entregou sua varinha para ele e ele logo começou a avaliá-la, como fez com a minha. – Humm um trabalho de Perrineau... Kwon gosta de dizer que suas varinhas são obras de arte! - Quando recebi minha varinha, o Sr. Perrineau falou exatamente isso. Disse que minha varinha era bela. – Gabriela falou, meio sem jeito. - E estava certíssimo... Fio de Rabo de Unicórnio, em Imbuia flexível. Combina com você, pois parece uma senhorita enérgica e que não gosta de ficar parada... Humm muito interessante... – Ele falou, cheirando a varinha. – É uma varinha voltada para a cura. Se seguir esse ramo terá sucesso certo. Odeio admitir, mas gostaria de ter feito uma varinha como essa. Kwon está de parabéns, a varinha é uma obra de arte digna de uma senhorita como você! Varinha aprovada! – Olivanders falou sorrindo e Gabriela se sentou ao meu lado, enquanto Lenneth já se levantava. - Senhorita Aesir... Beijada por fogo... Existem culturas que consideram os ruivos pessoas de sorte, sabia? – Ele falou, ao apertar a mão de Lenneth após ela sentar-se. Ele pegou a varinha e logo arregalou os olhos. – É uma varinha mais pesada que o comum... Criação de Kristof Valiriuns, estou certo? Com certeza o melhor aprendiz de Gregorovich. Humm o núcleo é incomum, parece fio de Coração de Dragão, mas a textura é diferente. - É Coração de Quimera. – Lenneth explicou e Olivanders sorriu. - Ah realmente! É um núcleo muito incomum, está é a terceira varinha que vejo com esse núcleo em todos os meus anos de trabalho... E a madeira é de Bordo... Uma combinação interessante. É uma varinha voltada para a alquimia e pelo que posso ver em perfeita sintonia com você. Os núcleos de Coração de Quimera são instáveis e ferozes, mas ela se adaptou a você. Varinha aprovada! Lenneth sorriu e se sentou ao nosso lado. Minerva agradeceu a Olivanders e se virou para nós três. - Muito bem, podem voltar para suas aulas. Espero que não estejam se esquecendo que em poucos dias teremos a Segunda Tarefa... Boa sorte para as três. E por favor, descansem na véspera da tarefa. Como se pudéssemos nos esquecer disso... **************** Sexta-feira, 24 de fevereiro - Segunda Tarefa Todos sempre falavam sobre os meus poderes. De como eu tinha poderes diferentes e grandiosos antes de perder a memória. Mas eu nunca senti nada diferente desde que acordei. Nunca me senti especial ou algo do tipo. Era uma garota comum, que estava tendo que relembrar todos os feitiços que aprendi ao longo de sete anos... Claro houve o incidente do seqüestro de Haley e Julian. A própria Minerva falou que manipular a água como eu tinha feito era algo raro, difícil e incomum, mas pareceu algo tão simples para mim... Depois da Pesagem das Varinhas, comecei a entender um pouco melhor e fui para a biblioteca estudar um pouco sobre Varinhas. Li que era comum as varinhas com Pena de Fênix agirem por conta própria, principalmente quando seu mestre está em perigo. Então acredito que aquele dia as ações que fiz foram guiadas pela minha varinha e não por mim. Tudo naquele dia parecia ter sido feito por um outro eu, como se eu me movesse por instinto. Mas hoje era diferente. Eu me sentia diferente. Sentia-me única. Tudo começou na manhã da Segunda Tarefa. Quando acordei, senti como se minha cabeça estivesse leve e meu coração também. Eu deveria estar nervosa com a Tarefa, ainda mais quando abri a janela e vi um céu completamente negro, com promessa de forte tempestade. Mas foi justamente o contrário. Senti-me leve e calma. E esse sentimento permaneceu ao longo da manhã toda, e eu quase sentia alguém ou algo me chamando. Cheguei a procurar Fidelus, achando que seria ele, mas ele estava normal. No café da manhã todos queriam me dar boa sorte e sentei-me junto de Lenneth e Gabriela, junto de todos nossos amigos. Nós três tínhamos chegado à conclusão juntas sobre algumas coisas da Segunda Tarefa, a partir das dicas da Primeira. Nós teríamos que procurar por algo e tínhamos a impressão de que nossos sentidos seriam privados de alguma forma. Tentamos pensar muito sobre isso, inventando milhões de possibilidades, mas nenhuma parecia certa! Nossos amigos nos acompanharam até a tenda das campeãs, hoje localizada perto do campo de Quadribol. Lenneth ficou um pouco nervosa, pois não tinha muitos dons com vassoura, mas tentei acalmá-la, dizendo que tudo ia ficar bem. Gabriela estava preocupada com a chuva, pois a tempestade poderia piorar a situação da tarefa, tornando-a muito mais difícil. Os ventos estavam ficando cada vez mais fortes e eu podia ouvir trovão ao longe e sabia que se aproximava. Por fim, os diretores entraram na tenda, acompanhados pelo Sr. Wood. Eles sorriram para nós e logo a professora Minerva começou a falar. - Bom dia a todas. Espero que estejam preparadas, física e mentalmente para a próxima tarefa. Ela exigirá muito de vocês, principalmente de seu estado emocional. - A tarefa tem o objetivo de testar suas habilidades não mágicas e testar também os nervos de vocês diante de situações adversas. – O Sr. Wood completou. - Mas antes, queremos que entreguem suas varinhas. – Maxime falou e indicou três pequenas caixas, cada uma com o brasão de cada escola. – Na segunda tarefa devem competir sem suas varinhas. Senhor Wood? - Obrigado Maxime. – Ele agradeceu e nos encarou. – Primeiro, entreguem-me suas varinhas, cada uma na caixa indicada. Nós assentimos e colocamos nossas varinhas dentro dos locais indicados e elas se fecharam sozinhas. Cada diretor ficou com a varinha de sua campeã e o Sr. Wood indicou a outra saída da tenda. Assim que saímos dela, após recebermos os gritos animados das torcidas que estavam em peso no estádio, apesar da tempestade que ameaçava surgir, vimos que estávamos novamente no campo de Quadribol, mas ele tinha sido modificado. Sebes enormes, com mais de 3 metros de altura, erguiam-se por todas as direções que podíamos olhar e pareciam até mesmo se mover. - A Segunda Tarefa é um labirinto. Vocês devem atravessá-lo sem suas varinhas. Mas não se preocupem, não há nenhum perigo dentro dele, ao contrário da Primeira. – O outro funcionário do Ministério, Chefe da Seção de Assuntos Internacionais explicou. Ele então acenou com a varinha e um poste com mais ou menos um metro e meio de altura surgiu diante dele. – No labirinto, procurem por esses postes. Neles estarão as indicações de cinco medalhões que devem pegar. Como chegar até eles ou reconhecê-los, cabe a vocês. - Devemos pegá-los em alguma ordem? – Lenneth perguntou e foi Ivanovich quem respondeu. - Não, podem pegá-los na ordem que desejar. Mas só devem sair do labirinto quando tiverem os cinco medalhões. Após pegar todos os medalhões, as indicações dos postes sumiram e eles indicaram a saída, apenas para aquela que já tiver todos os medalhões. - Como seremos avaliadas já que não podemos usar varinha? – Perguntei e Minerva respondeu. - Principalmente pelo tempo que levarem para atravessar o labirinto, pegando todos os medalhões. Quando entrarem no labirinto, podem usar o método que desejarem para se guiar, mas apenas quando entrarem nele. - Vamos avaliar também a habilidade de se manterem calmas em situações de alto estresse – Ivanovich completou – Parece uma tarefa simples, mas não é. - Mais alguma dúvida? – Wood voltou a responder, mas negamos. – Muito bem. Desejo boa sorte a todas vocês. Vamos para a mesa dos juízes e ao som do meu apito, podem entrar no labirinto. Suas palavras, porém, foram abafadas por um grande barulho de trovão, após o céu ficar iluminado por um raio. Ele precisou repetir suas instruções e de repente a tempestade despencou. A chuva era torrencial e vi os juízes conjurando sombrinhas e feitiços impermeáveis, mas para nós três que estávamos sem varinha, isso não era possível. Ivanovich fez um floreio com a varinha e capas de chuva surgiram em nossas mãos e ele disse que era apenas isso que deveríamos nos proteger. Gabi e Lenneth colocaram a capa rapidamente, mas não eu. Eu sentia ainda mais aquela sensação de leveza. E agora eu tinha certeza: algo me chamava. Eu podia ouvir meu nome nas batidas da chuva no solo, no trovão. Os raios em vez de me assustar, me acalmavam. Percebi então com um susto que meu coração estava batendo compassadamente com os trovões que ficavam cada vez mais forte de acordo com que a tempestade se aproximava de nós. O vento beijava meu rosto e sentia a caricia dele, e novamente aquela voz sussurrando em meu ouvido. Ouvi ao longe o apito de Wood, quase inaudível naquela tempestade. Gabi e Lenneth saíram correndo na direção da entrada do labirinto, envoltas pelas capas de chuva, mas eu fiquei parada. Estava encharcada dos pés à cabeça, a roupa colando ao meu corpo, enquanto olhava para o céu. Sentia-me viva e completa como não me sentia desde que acordei. A água descia pelo meu rosto, descia pelo meu corpo e ensopava meu cabelo, mas eu me sentia bem. A água parecia me dar energia, como se entrasse em mim. Fiquei alguns segundos assim, parada, e percebi que meus sentidos estavam mais aguçados que nunca! Mais até do que quando me transformei em coruja. Pude ouvir os alunos comentando sobre eu estar parada, até mesmo a dúvida e preocupação na voz de Minerva quando ela mandou alguém vir me ver. Mas então eu gargalhei e disparei na direção do labirinto, jogando a capa de chuva no chão. Eu corria livre e a chuva não me incomodava, na verdade era como se eu estivesse me fundindo à chuva. Quando disparei, ouvi a torcida gritando e aquilo me deu mais força e respondendo ao meu coração acelerado, o céu ficou claro novamente e outro trovão explodiu. Assim que passei pela primeira sebe, todos os meus sentidos foram apagados. Assustei-me um pouco, mas percebi que apenas minha visão e audição tinham diminuído. O labirinto era encantado para abafar todo o som de fora, e apenas os trovões eram ouvidos, de tão altos. Além disso, ele também era enfeitiçado para ser totalmente escuro e nem mesmo os clarões dos trovões pareciam iluminar muito. Então ouvi outro trovão e foi como se a magia se dissipasse e eu podia ouvir com perfeição, apesar de ainda não ser capaz de ver um palmo à minha frente. Passei correndo por Lenneth, que estava ajoelhada, desenhando um círculo com lama. Ela olhou surpresa para mim e passei correndo por ela rindo. Depois passei por Gabi em uma bifurcação. Ela estendia os braços tateando as sebes e vi que estava um pouco assustada. Enquanto corria, gritei para entusiasmá-la, mas logo virei em uma curva e ela desapareceu. Eu estava funcionando quase como um radar trouxa. A cada trovoada eu parecia sentir em minha mente o labirinto. Percebi então que ele mudava a cada 15 minutos, modificando a posição das sebes. O barulho da chuva no solo também me guiava e logo encontrei o primeiro poste. Tateei no escuro e encontrei cinco marcações. Sorri ao reconhecer as runas de Thorn, Rad, Tyr, Wyn e Eolh. Eram as cinco indicações que deveria seguir e escolhi Tyr primeiramente e corri na direção indicada pela seta. Uma sebe mudou de lugar na minha frente e meu caminho foi bloqueado, mas logo sabia como corrigir essa direção e em pouco tempo encontrei o primeiro medalhão, que tinha a runa de Tyr entalhada. O pendurei no pescoço e corri na direção do poste seguinte. Repeti isso para todas as outras runas, sempre me guiando por algo que sussurrava na chuva e nos trovões. Eu percebia cada mudança no labirinto e quando peguei o último medalhão, tinha contado oito mudanças. Percebi então que quanto mais tempo demorasse a completar a tarefa, mais rapidamente o labirinto mudaria. As primeiras três mudanças ocorreram a cada 15 minutos, as três seguintes a cada 10 minutos e as últimas duas em 5 minutos, totalizando um tempo de prova de uma hora e trinta e cinco minutos. Podia sentir a presença de Gabi e Lenneth no labirinto, mas sabia que Lenneth estava bem avançada também. Quando alcancei novamente um dos postes, as runas tinham desaparecido e dado lugar a uma indicação, a runa de Ken, e segui na direção que ela indicava, sabendo que me aproximava do final do labirinto. Então de repente, o mundo surgiu diante dos meus olhos e até me assustei ao sair do labirinto e ouvir os gritos dos alunos e ver os juízes diante de mim. Mamãe logo correu até mim com uma toalha, mas eu sorri tão feliz para ela e disse que não precisava. Preferia ficar encharcada e ela sorriu, me abraçando assim mesmo. Vi que Lenneth estava enrolada em uma toalha e se esquentava com sua varinha, em um abrigo contra a chuva. Ela acenou para mim, mas estava cansada e espirrou quando me sentei ao seu lado. - Você está maluca? – Ela teve que gritar para ser ouvida pelo trovão e eu ri alto. - Nunca estive melhor! – Eu falei e ela me olhou como se fosse doida. – E aí, o que estava fazendo naquela hora? - Transmutando Fogo-Fátuo para me ajudar a enxergar e conjurando uma linha de Guiamento. – Ela explicou e mostrou uma linha prateada na palma de sua mão esquerda. – Essa linha indica a direção que eu desejo. Então quando eu queria pegar uma runa, ela apontava naquela direção. E você o que fez? - Não sei! Segui meus instintos! – Eu falei e ela balançou a cabeça. Pouco tempo depois Gabriela saiu do labirinto. Ela estava em péssimas condições e havia perdido sua capa. Bruxos logo correram até ela para ajudá-la e lhe deram uma toalha e um cobertor, começando a aquecê-la, além de devolver sua varinha. Ela sentou cansada do nosso lado e me olhou surpresa. - Eu gosto de chuva. – Dei de ombros e ela conseguiu rir, antes de ter uma crise de espirro. - Você é louca isso sim! – Ela falou entre espirros. – Droga, demorei demais! Fiquei nervosa com a escuridão e me perdi! É tão angustiante! - Campeãs, estamos prontos para anunciar as pontuações. – Minerva respondeu e o outro funcionário do Ministério ficou de pé, pigarreando. - Por favor, de pé. – Ele pediu e ficamos de pé diante da mesa dos juízes. Vários funcionários conjuravam proteções para nós três e ficamos em pé na chuva, mas sem nos molharmos. Nossos amigos já estavam na parte de baixo, esperando para nos abraçar e dar os parabéns. – As três tiveram excelente desempenho e estou muito feliz por todas vocês! – Ele falou sincero e nós sorrimos. – As pontuações foram dadas em função do tempo e demos alguns bônus também. Antes de anunciá-las, as três poderiam mostrar os medalhões, para termos certeza que pegaram todos? – Ele perguntou e nós mostramos nossos medalhões, todos com o mesmo conjunto de cinco runas. Ele assentiu e continuou. – Excelente. Guardem-nos bem até o dia da última tarefa. - Senhora Aesir. – Ele continuou e Lenneth se empertigou. – A senhora foi a primeira a sair do labirinto, em 1 hora e 36 minutos. – Ouvi a torcida da Durmstrang gritando e festejando. - Senhora Chronos. – Ele falou e eu olhei para ele curiosa. A tempestade ainda continuava forte e ele era obrigado a falar com a voz magicamente ampliada. – A senhora terminou a prova em 1 hora e 38 minutos. – Hogwsarts gritou festejando e Lenneth sorriu para mim alegre. - Senhora Lafayette. – Ele falou e Gabi olhou para ele. Ela ainda resmungava sobre ter demorado muito, mas o funcionário sorriu. – A senhora foi a última a sair do labirinto, completando a prova em 2 horas e 3 minutos. – Beauxbatons gritou comemorando, mas sabiam que ela tinha tido um tempo ruim quando comparada a mim e Lenneth. - Como a Sra. Chronos e Sra. Aesir tiveram tempos muito semelhantes, ficou difícil pontuá-las, mas seguindo o que nós definimos anteriormente, a Sra. Aesir ganhou um total de 46 pontos, com bônus pelo excelente Fogo-Fátuo e linha de Guiamento conjurados. Decidimos dar à Sra. Chronos a pontuação de 45 pontos, com bônus pela destreza e agilidade ao longo de toda a prova e a coragem em enfrentar o desconhecido. – Durmstrang e Hogwarts gritaram em comemoração. – Sra. Lafayette, infelizmente tivemos que lhe dar uma nota menor, devido ao tempo excessivo para a execução da prova e a quantidade de vezes que se perdeu. Demos-lhe a pontuação de 35 pontos. Parabéns a todas! As torcidas então invadiram o estádio e fomos recebidas por todos com muita comemoração. Claro, muitos me obrigaram a me secar antes de me abraçar, mas então eu me jogava de propósito neles e Keiko brigou comigo por estragar a sua roupa e maquiagem. Mas não mudava nada, pois a maquiagem dela já estava borrada de chorar de emoção e nervosismo mesmo. Tuor, claro, foi o primeiro a me abraçar e sorri para ele, encharcando toda a sua camisa propositalmente. Obviamente, consegui empurrar todos para a chuva e tomamos um banho de chuva coletivo. Aquela tarefa havia mexido completamente no placar! Lenneth estava em primeiro com 84 pontos, seguida por mim e por Gabi empatadas com 75 pontos. Apenas 9 pontos nos separavam de Lenneth e a última tarefa seria extremamente acirrada! E eu iria entrar nela para vencer! |