Friday, March 16, 2012 Depois de um encontro que, no meu ponto de vista, foi excelente, o dia seguinte foi de desencontros. Todos haviam combinado de passar o dia em Epcot, mas perdi a hora e quando acordei já não tinha mais ninguém no hotel. Nem parei pra tomar café antes de pegar o ônibus para encontrá-los, mas o parque estava tão cheio que não consegui achar ninguém. Não fazia idéia de onde Amber estava, e nem tinha como entrar em contato com ela, então resolvi aproveitar o dia como pudesse. O único que consegui encontrar foi MJ, que também havia se perdido dos demais e passamos a manhã juntos, parados nas filas das atrações. Conseguimos almoçar no pavilhão do Japão depois de muito sufoco e finalmente cansamos. MJ disse que ia ao Hollywood Studios ver se encontrava Zach e eu decidi voltar ao hotel, quem sabe Amber estivesse por lá. Mas ela não estava. Alguns poucos alunos estavam por lá, a maioria de Durmstrang. Acho que por não estarem acostumados com o calor, e o dia hoje estava bem quente, desanimaram de sair da piscina. Passei a tarde toda com eles e perto das 16h Kaley apareceu com Zach e MJ. Estavam carregados de sacolas de coisas com temática de cinema. - Devia ter ido comigo, Cenoura – MJ falou sentando na ponta da minha espreguiçadeira – O parque estava vazio, conseguimos fazer tudo que queríamos. - E ainda sobrou tempo pras compras! – Zach sacudiu as sacolas – Comprei um porta-retrato em forma de claquete pro Byron, ele vai adorar. - Onde está a Amber? – Kaley perguntou. - Ela não estava com vocês? – levantei na mesma hora da espreguiçadeira e MJ quase caiu. - Não, ela saiu antes de mim, achei que ia passar o dia com você – Kaley já tinha um tom de voz preocupado. Amber não tinha o costume de sair sem avisar pelo menos um de nós dois para onde ia. - Ok, sem pânico, vocês dois – Zach tentou amenizar – Ela deve estar passeando em Boardwalk, lembro de tê-la ouvido dizer que ainda não tinha tido chance de conhecer. - É, Zach tem razão, ela falou isso mesmo – MJ fez coro – Vamos até lá, aposto que vamos encontrá-la tomando sorvete no calçadão. Ela não estava lá. Rodamos todo o calçadão e nem sinal de Amber. Ainda passamos em Downtown Disney, mas também não a encontramos. Já eram quase 17h quando nos demos por vencidos e todos concordaram que alguma coisa estava errada. Voltamos correndo para o hotel e fomos até tio Ben contar o que havia acontecido. Ele a principio não nos levou a sério, mas acho que estávamos tão desesperados que ele acabou se convencendo que ela sumir um dia inteiro sem dar notícia não era normal. Zach e MJ voltaram aos parques para ver se a encontravam e Kaley e eu fomos com tio Ben até a recepção, onde ele deu uma descrição detalhada de Amber avisando que ela estava desaparecida desde a manhã. A mulher disse que ia emitir um alerta em todo o complexo e se ela estivesse em algum lugar lá dentro, iam encontrar. Isso nos deixou um pouco mais tranqüilos, porque com toda a segurança montada pelos aurores, era impossível alguém sair sozinho. Alguns minutos depois ela nos procurou no saguão. - Encontraram? – tio Ben perguntou ansioso. - Sim, ela está no hotel vizinho, Riverside – ela lhe entregou um pedaço de papel – Procurem pela enfermeira Stevens na recepção, eles vão leva-los até ela. - Enfermeira? Ela está machucada? – perguntei assustado. - Não me informaram sobre isso, só disseram que tem uma menina chamada Amber que bate com a descrição que o senhor me deu na enfermaria do Riverside. - Obrigado, vamos até lá – tio Ben agradeceu e saímos apressados. Corremos até o carro que ele havia alugado e em dois minutos já estávamos estacionando no outro hotel. Entramos feito três foguetes na recepção e depois de dar o nome da enfermeira na recepção, um funcionário nos levou até lá. Se não tivéssemos pedido ajuda jamais encontraríamos o lugar, o hotel era imenso. A enfermeira estava saindo da sala quando chegamos e quando tio Ben disse que estávamos ali por causa de Amber, ela nos barrou. - O que aconteceu? Ela está bem? – tio Ben perguntou preocupado – Ela está sob minha responsabilidade, sou seu professor. - Ela está bem, só tem um corte na testa e quebrou o pulso, mais nada. Fiz todos os exames possíveis e não encontrei mais nada – ela nos tranquilizou, mas não adiantou muito. - Como ela conseguiu isso? – Kaley interrompeu. - Esse é o problema, ela afirma não se lembrar de nada. Uma hospede a encontrou desmaiada no playground e a trouxe pra cá. - Como alguém não se lembra de quebrar o pulso e cortar a testa? – agora eu interrompi. - Queria poder saber responder, mas não sei como. Ela não parece estar mentindo, o que me leva a acreditar que alguém pode tê-la drogado. É um absurdo pensar que isso aconteceu dentro do complexo, mas não vejo outra resposta. Ela já me autorizou a fazer um exame de sangue, mas preciso da autorização de um responsável, ela ainda é menor de idade. - Esse seria eu, pode fazer o exame se ela não se importa. - Ótimo, farei isso agora mesmo. - Podemos vê-la agora? – Kaley insistiu. - Sim, podem entrar. Vou buscar uma seringa para coletar o sangue. Abri a porta da enfermaria às pressas e Amber estava sentada em uma das macas olhando para a tala recém-colocada no pulso direito. Ela se espantou ao nos ver entrar, mas sorriu. Pela sua aparência, os machucados haviam sido causados por uma briga. - Que diabo aconteceu? – Kaley perguntou em tom de bronca – Onde se meteu o dia inteiro? - Não sei, não lembro – ela deu de ombros, sem parecer preocupada com nada. - Qual é a última coisa que lembra? - Terminei de tomar café e não queria ir a nenhum parque pela manhã, então resolvi dar uma volta. Lembrei-me do caminho que pegamos ontem até aqui e quis vê-lo com o dia claro. Cheguei até aqui, conheci o hotel todo e já estava tarde, então resolvi voltar. Lembro-me de caminhar até metade do caminho, e então não me lembro de mais nada. - Muito bem, isso só vai levar um minuto – a enfermeira estava de volta com a seringa e o tubo e rapidamente coletou uma amostra de sangue dela – Pronto, assim que tiver o resultado entro em contato. Já pode ir, não precisa mais ficar aqui. Só estava esperando um responsável aparecer para busca-la. - Obrigada – Amber agradeceu e desceu da maca – Ah, droga. - O que foi? – perguntamos os três ao mesmo tempo. - Perdi minha pulseira – disse olhando para o pulso esquerdo vazio – Eu realmente gostava daquela pulseira. - Alguém provavelmente bateu em você hoje e está preocupada com uma pulseira? – Kaley disse séria e concordei. - Era da minha mãe, significa muito pra mim. - Vamos encontra-la, não se preocupe – disse tentando animá-la – Vamos embora. Ela ainda hesitou por um instante, mas se deu por vencida e nos acompanhou de volta ao nosso hotel. °°°°°° Assim que voltamos ao hotel Kaley e tio Ben saíram para procurar Zach e MJ para avisar que já havíamos a encontrado e acompanhei Amber até o quarto, já que a enfermeira havia pedido que ela descansasse um pouco. Ela estava estranha, desconfortável, e eu sabia que não era por ter apagado da memoria quase que um dia inteiro. Ela estava desconfortável comigo e eu sabia que se não falasse primeiro aquilo nunca teria fim. Já havia antecipado isso, então estava preparado. - Nós não tivemos uma chance de conversar hoje. Não vi quando você saiu pela manhã. - É. Eu estava te evitando. Por isso caminhei até o outro hotel. - Aquela coisa do balanço não foi boa o suficiente, certo? Porque eu posso fazer melhor. - Foi perfeito. - Foi? - Acho difícil alguém conseguir fazer melhor. - Verdade? Ótimo. Isso é ótimo. Obrigado. - É. - Não é ótimo. Como um ótimo encontro pode não ser ótimo? - Porque era pra não ótimo, assim saberíamos que não era pra ficarmos juntos e tudo voltaria a ser como antes. - Eu não gosto de como era antes. - Kaley é minha melhor amiga, e também é sua amiga. Agora tem a Lena, nós nos aproximamos muito e vocês sempre foram muito amigos, e MJ, Zach... Querendo ou não, isso vai envolver todo mundo. E o que um ótimo encontro nos diz é quando der errado... - Vai dar muito errado. - Sim. E eu não quero que nenhum dos nossos amigos fique dividido por causa disso. - Então... Nós voltamos amigos? - Sim. Amigos. - Claro. Amigos – concordei, mas não me contive precisava perguntar – E se não terminar assim? E se não der errado? - Amigos. Assenti convencido e sai do quarto, deixando-a descansar. °°°°°° - Ei Cenoura, o que está fazendo? – ouvi a voz de Julian e procurei de onde ela estava vindo. - O que vocês estão fazendo aqui? Nosso hotel é do outro lado – perguntei de volta, vendo ele e Lena atravessando o playground do Riverside de mãos dadas. - Descemos no ponto errado. Julian se apavorou porque o ônibus entrou “na floresta” e me fez descer porque achou que estávamos fora do complexo – Lena respondeu um pouco irritada. - Como eu ia saber que esse hotel é tão grande que tem ponto de ônibus dentro do mato? – ele deu de ombros se justificando e ri. - Por que está cavando a areia do parquinho? – Lena perguntou curiosa. - Amber perdeu a pulseira, estou tentando encontrar. Como ela foi encontrada aqui, pensei que talvez possa ter caído na terra. - Ok, volta o filme. Como assim “ela foi encontrada aqui”? – Lena perguntou confusa – O que aconteceu? Contei a eles tudo que havia acontecido desde que saímos para os parques de manhã e quando Lena emendou querendo saber do encontro, contei o que havia conversado com Amber alguns minutos antes. Era difícil decifrar a expressão em seu rosto quando terminei de falar. - Você está dizendo que o encontro foi perfeito, que ela adorou, mas ainda assim não quer correr riscos? – Julian fez a pergunta que ela não conseguiu. - Isso mesmo. - E você concordou com isso? – ela conseguiu falar, e o seu tom de voz dizia claramente “você é maluco”. - Que outra opção eu tenho? Não posso força-la a namorar comigo. - Você podia tentar fazê-la entender que isso não tem o menor sentido. Ela é tão racional, como pode não ver isso? - O que disse faz sentido, também é racional – os dois me olharam com caras de que iam me bater e emendei depressa – Não concordo com ela, mas entendo. - Por favor, diga que você não vai simplesmente deixar pra lá. - Não vou, não desisti dela, mas eu também levei um tempo para assimilar isso tudo, não foi simples aceitar que o que eu sentia por ela havia mudado. Não esperava que fosse ser fácil pra ela, é da Amber que estamos falando, ela também precisa de um tempo pra processar tudo. - Então você tem certeza que ela vai mudar de ideia? Ou está à espera de um milagre? - Tenho certeza. - Acho que ele estar tentando achar uma agulha no palheiro aqui já respondia a essa pergunta, Julian – Lena riu. - Verdade, mas cara, você não vai encontrar uma pulseira no meio dessa caixa de areia de um gato gigante. - Tenha um pouco de fé, Corvo... – espalhei a areia perto do escorregador e vi um fio de prata brilhando. Quando puxei era a pulseira dela – Milagres acontecem, viu? Limpei a areia da pulseira e a guardei no bolso, voltando com eles a pé até o nosso hotel. Fomos conversando no caminho sobre o que poderia ter acontecido essa tarde com Amber e a suspeita de que a memória dela havia sido apagada com um feitiço, o que significava que havia sido alguém do nosso grupo. A questão era: quem havia feito isso, e com que intenção? |