Tuesday, April 03, 2012 Algumas anotações de Haley Warrick Ela caminhava por um castelo antigo, e devagar chegou até a porta entalhada artisticamente.Era acompanhada por algumas damas, que davam risadinhas e diziam coisas tolas que ela não se preocupou em ouvir... Sabia que todos os seus sonhos haviam sido apenas uma preparação para hoje...O dia de seu casamento. Casamento? Como assim casamento?- Algum ponto da consciência de Haley a alertou mas algo a fez deixar esta preocupação de lado e seguir em frente. Ele esperava por ela.Ela podia sentir a ansiedade dele nos sussurros em sua cabeça... ‘Venha para mim.... Venha para mim’. A porta se abriu e ela entrou sozinha em quarto enorme.Deu alguns passos hesitantes, mas sua falta de coragem a envergonhou. Levantou o queixo orgulhosa e caminhou até o meio do quarto, onde havia um enorme espelho oval que estava em frente à uma enorme cama, arrumada com lençóis brancos e renda e com um dossel dourado e entalhado com pequenas rosas. Parou em frente ao espelho e viu que estava usando um vestido branco antigo, num modelo muito parecido com os usados na época da nobreza, do tipo usado em casamentos. Ela se olha no espelho e percebe que aqueles intensos olhos verdes que a encaram de volta, parecem ser de outra pessoa, enquanto suas mãos alisam reverentes o luxuoso colar de brilhantes no pescoço. Levanta a mão graciosamente e retira o prendedor de prata dos cabelos e os deixa cair soltos por suas costas, e retorna o olhar para o espelho, esperando que ele pare de espia-la pelas sombras. Com um leve movimento dos ombros, uma das mangas do vestido desce e espõe seu ombro direito e esse é todo o encorajamento de que ele precisa. Sorri vitoriosa,e fecha os olhos, quando percebe que num piscar de olhos ele se aproxima e fica atrás dela.Ele é mais alto pelo menos uma cabeça, e suas mãos grossas acariciam seus braços que se arrepiam. Ele ergue seu cabelo, colocando-o cuidadosamente sobre o ombro coberto, e devagar beija seu ombro exposto. A boca dele vai subindo e logo ela sente seu hálito quente sobre seu pescoço. - Não tenha medo, serei gentil.- ele diz rouco em seu sotaque da velha Inglaterra. - Eu sei que será, meu senhor...- ela responde em sotaque igual, numa voz tão diferente da sua.- e algo dentro dela se revira, em alarme, enquanto ele continua a beija-la e sussurrar: - Eu a amo tanto Aileen.Tudo será como antes... - Quem é Aileen?- ela se vira para ele e o vê direito pela primeira vez, saindo daquele torpor estranho: - Porque eu estou aqui? Como você me tirou do castelo?- e ela percebe suas mãos esquentando e ele se afasta com a ameaça. De repente as coisas começam a rodar de forma violenta e ela quase se afoga, quando sente o jato de água fria. - Haley! Haley, acorda, você quase botou fogo no quarto. – disse Keiko me sacudindo enquanto Clara, segurava algumas bandagens com unguento e ia enrolando ao redor das minhas mãos que ardiam cheias de bolhas, Penny e Leslie guardavam as varinhas de onde haviam tirado uma enorme quantidade de água gelada. - Não podiam ter deixado a água morna? Assim vou ficar doente.- resmunguei quando espirrei e Penny respondeu: - Desculpe o mau jeito, estávamos evitando que você virasse o Tocha do Quarteto Fantástico e nos fritasse junto. Ainda se você tivesse o corpo magnifico do Chris Evans, valeria o risco. - Haley, seus pesadelos pioraram muito estes últimos dias, não acha melhor buscar ajuda profissional, com um psicólogo?- disse Leslie e eu a encarei: - Não sou maluca, foi só um pesadelo. E obrigada por me acordarem.- e Clara disse: - Psicólogo não é coisa de maluco ok? Por sorte temos um olfato apurado e sentimos o cheiro de fumaça, e quando vimos que ele vinha da sua cama, agimos. O que fez você perder o controle do fogo que você tem controlado tão bem? Foi a discussão com o Justin no treinamento?- ela disse me encarando quando terminou de fazer o curativo. - Não, não foi isso...- e vi que as meninas haviam aberto a porta de nosso quarto para dissipar o cheiro de fumaça: - Vocês vão me zoar.- respondi e Keiko disse: - O mínimo que merecemos como agradecimento por estarmos com cheiro de fumaça, é ouvir os detalhes picantes do seu pesadelo. Sim, sei que tem detalhes picantes, acho que ouvi alguns gemidos antes de sentir o cheiro de queimado. – revirei os olhos: - Ok, entendi. Estes dias tenho tido alguns sonhos muito vívidos...Parecem reais...E tem um cara que...- disse e senti meu rosto ficar vermelho. - Um cara que não é o Justin.- disse Penny e eu a encarei: - Como você sabe que não é ele? - Se fosse o Justin você não se sentiria constrangida em dividir detalhes, já tivemos noite das garotas antes. Então tem um cara que?- ela incentivou e vi quando Clara pegou uma barra de chocolate de nosso estoque de emergência e a dividiu conosco. - No começo eu sonhava com o lugar onde Julian e eu ficamos presos, mas depois mudava para umas paisagens muito bonitas, eu nunca o via, mas sentia sua presença sabe?- elas assentiram e eu continuei: - Era como se, me mostrando aqueles lugares lindos, eu pudesse esquecer o cativeiro. Depois comecei a ouvir a voz dele me chamando, uma voz conhecida que me dava medo e ao mesmo tempo curiosidade para continuar, era quase como se eu estivesse obcecada...Só que ao mesmo tempo não era eu, o corpo era o meu, mas a atitude, a forma de vestir...Eram da época da nobreza, a noite de um casamento,e eu sabia que já havia estado ali antes, era como... Como se eu estivesse vendo uma vida passada. - Você conseguiu fazer uma regressão sozinha? Sem preparo e sem uma âncora? Isso é perigoso. Há relatos de familiares de pessoas que fizeram isso, sem o seu ponto de volta e entraram em coma profundo. Em Cambridge há estudos de psiquiatras muito respeitados...- disse Leslie preocupada e Keiko a cortou: - Depois você dá bronca, agora vamos aos detalhes, pois tem uma noite de núpcias a ser explicada aqui: Vocês ficaram?Como era o beijo dele?Ele é bonito? - Não! Não ficamos e ele não me beijou, porque quando pude sair daquela sensação de estar no corpo de outra pessoa, percebi que o cara era o vampiro que me sequestrou, e eu reagi, tentei queima-lo. Penso que por isso, quase botei fogo em nosso quarto.Eu...Eu poderia ter matado a todas nós e agora que sei quem ele era, estou com receio de voltar a dormir e não conseguir me controlar. - e comecei a chorar.Chorei um tempo e ninguém falou nada, quando sequei meus olhos, Clara disse: - Haley, eu acho que hoje você deveria ir dormir na enfermaria. - Clara!- disse Penny chocada e ela se explicou, enquanto se levantava e olhava ao redor da minha cama e remexia as cortinas: - A enfermeira pode te dar uma poção que a faça dormir sem sonhar, e desta forma este vampiro tarado não pode entrar em seus sonhos. Acho que ele fez isso porque você estava vulnerável, há vários dias você tem dormido mal. O apanhador de sonhos que o Justin te deu, desapareceu. Olhamos para o alto da minha cama onde o presente de Justin costumava ficar e só agora eu percebia que ele não estava mais lá. Concordei, afinal eu precisava dormir, ou acabaria tendo um esgotamento nervoso e eu não podia continuar sendo uma vitima, ou depois de tudo novamente colocar em risco a vida de minhas amigas. Levantei e Clara iria comigo, até a enfermaria, afinal ela era monitora e não seria punida por estarmos andando pelo castelo, tarde da noite. - Clara, acho que os presentes que ando recebendo todos estes dias, é dele...do vampiro.- eu me recusava a dizer o nome dele.Uma atitude infantil, eu sei, mas eu queria manter o máximo possível de distância. - Tem certeza? São coisas muito românticas e pessoais e sabemos que o Índio é meloso, todo mundo zoa ele por isso.- ela disse e eu respondi: - A discussão com o Justin, foi porque o agradeci por aquele desenho tão bonito. - Aquele em que você estava cuidando do Testrálio?? Eu também achei que ele o tinha feito, é lindo. - Sim, é lindo e não foi ele quem o fez. Ficou de bico, me dando aqueles olhares desconfiados, não aguentei e disse que se ele não confiava em mim, não poderíamos ficar juntos e ele me respondeu que eu podia fazer o que quisesse.- e eu e ela dissemos juntas: - Idiota! Mal viramos o corredor e vi Justin vindo rápido ao meu encontro. Ficamos nos encarando e ele disse: - Eu confio em você, mas eu tava processando o meu ciúmes, por isso fiquei de cara feia.Você me desculpa?- não pensei duas vezes ao me atirar em seus braços, e não pude evitar que algumas lágrimas rolassem. Odiava isso. Ele me ergueu no colo, e me carregou enquanto ia dizendo palavras no idioma de sua tribo, que me acalmaram. Ele só me soltou quando me deitou numa das camas da enfermaria, e a enfermeira veio me examinar toda agitada, pois havia acabado de atender a Arte, que repousava numa cama próxima e veio resmungando: - Outra com problemas? Deste jeito isso aqui vai virar uma reunião social. O que houve? - Enfermeira Bulstrode, Haley precisa de uma poção para dormir sem sonhar. Tem tido pesadelos com o sequestro há varios dias. Acho que é estresse pós traumático. - Clara explicou. - Deveria ter me procurado antes, senhorita Warrick, como o fez o senhor McGregor, teria poupado sofrimento.- ela me deu a poção e lembro que antes de virar o vidro todo na boca, olhei nos olhos de Justin, e ele passou a mão em meu rosto, dizendo que tudo ficaria bem. Acreditei nele, quando senti que as bolhas em minhas mãos sumiram e eu apagava. You'll complete me right? Then my life can finally begin I'll be worthy right? Only when you realize the gem I am? And I won't keep it up even though I would love to Once I know who I'm not then I'll know who I am But I know I won't keep on playing the victim Cuz I want to decide between survival and bliss Nota da autora: trechos de “Precious illusions’ Alanis Morissete |