Wednesday, April 04, 2012


Dormir na enfermaria até que não foi tão dificil. Foram duas noites bem tranquilas e as poções não foram tão ruins, afinal haviam sido feitas pelo meu pai e ele sempre procurava suavizar o gosto de lama das poções, eram a sua marca. Somente as meninas sabiam dos meus sonhos com o vampiro e durante os intervalos das aulas, diziam que eu precisava fazer alguma coisa, e eu dizia que iria dar um jeito. Justin estava todo preocupado e tentava saber o que estava acontecendo e toda vez que ele tentava me fazer falar, eu o distraia de alguma forma, na maioria das vezes, o beijava e ele sabia o que eu estava fazendo e optou por me dar um tempo e não ficar me estressando.
No final do terceiro dia quando cheguei na enfermaria para pegar minha poção para toma-la no dormitório, a enfermeira disse que eu deveria ir até a sala do tio Ben, pois o doutor Pace, psicólogo do curso de auror, queria me conhecer e seria ele quem me entregaria a poção para aquela noite e já estava me esperando. Como não tinha como escapar, fui até lá, e depois de bater na porta e ser autorizada a entrar, respirei fundo e segui adiante:
- Olá, sou Haley Warrick a enfermeira Bulstrode disse que o senhor queria falar comigo.- e ele sorriu me cumprimentando:
- Oi, Haley, sou o doutor Pace, que bom que atendeu ao meu convite, sente-se.- obedeci e entrelacei minhas mãos no colo, e depois de algum tempo comecei a mexer a perna impaciente.
-Fui obrigada já que minha poção para dormir está com você.- respondi sincera e ele não se abalou:
- Você é muito parecida com a sua mãe. Inclusive no jeito desconfiado e direto, já devem ter dito isso a você. - e eu respondi:
- Sim, já me disseram que somos muito parecidas.- disse sem me estender muito e ele continuou me olhando e eu o encarei de volta, e depois do que pareceram vários minutos eu disse:
- O senhor pode me liberar? Tenho que arrumar as malas para o feriado e gostaria muito de dormir cedo.
- Como você se sentiu quando percebeu que havia sido sequestrada por ser confundida com sua mãe? Sente-se roubada em não ser reconhecida por você mesma e por isso não consegue dormir?- ele disse calmo e eu o olhei:
- Não acho que falar mal da minha mãe vá fazer eu te achar legal e querer revelar meu lado obscuro.- eu disse sarcástica e ele retrucou:
- Seu lado obscuro já a fez pensar em suícidio depois que voltou para a escola?
- Merlim, não! De onde você tirou uma coisas destas? Eu só não consigo dormir por causa do...- e ele ergueu uma sombrancelha e eu bufei:
- Ok, vou fazer o seu jogo para você não dizer depois que eu sou dificil. Não consigo dormir porque fico tendo sonhos com o vampiro que me sequestrou, e ai fico nervosa e perco o sono.- ele continuou:
- Você tem namorado?
- Sim, tenho, ele é maravilhoso. Posso ir?
-Ainda não, que tipo de sonhos? - fiquei vermelha e ele me disse:
- Não precisa ter vergonha de me contar, já ouvi de tudo na minha vida e não vou te julgar caso você esteja tendo sonhos românticos com seu sequestrador. E tudo o que for dito aqui, fica aqui, Haley, eu só quero te ajudar.
- Porque? Eu não pedi ajuda.
- Quando alguém passa pelo que você passou, a ajuda precisa vir sem que eles verbalizem o pedido de socorro, afinal eles não querem continuar a serem vistos como vitimas.
- Não sou uma vitima. - Disse defensiva e ele respondeu:
- Soube que você levou uma punhalada para salvar a vida do seu sobrinho, é preciso coragem pra abrir mão da própria vida por alguém.
- É o que a gente faz por quem a gente ama, não é?
- Sim, é o que se faz. Mas porque você se sente constrangida em falar que se sente atraída pelo vampiro que te sequestrou? Ele tem nome não?
- Me recuso a dizer o nome dele.
- Não falar o nome de alguém não o faz desaparecer.Acha que está traindo o seu namorado?- ele pressionou e eu praticamente despejei tudo em cima dele, me levantando da cadeira e andando de um lado a outro enquanto ia falando:
- E não estou? Tive sonhos vividos com o..aquele cara, o beijei...tenho recebidos presentes e algumas vezes me sinto encantada, e acabo comparando-o com Justin, meu namorado que lutou ao lado de meus amigos para me salvar com aquele que me colocou em perigo e isso não é justo.Pois eu o amo do jeito que ele é, mas não parece ser o suficiente, depois de tudo....- ele abriu a boca para falar mas eu continuei o desabafo:
- E o tal vampiro? Ele fica invadindo os meus sonhos, e me fazendo viver uma história que eu até achei que era a minha mas não era, ele me confundiu com uma outra garota e só foi por isso que eu sai do transe ok? Eu queria ir até o fim! , e neste ultimo sonho acabei perdendo o controle dos meus poderes e quase coloquei fogo no quarto que divido com as minhas amigas, elas poderiam ter morrido porque não controlo a minha libido? Eu percebi que sou uma daquelas garotas que trai o namorado, não fui criada assim mas é isso o que eu sou: uma traidora!- e me joguei com tudo na poltrona e ele me olhava sério:
- Haley, se você fosse uma ‘traidora’, você não se sentiria tão culpada. O estresse pós traumático em pessoas que foram sequestradas, algumas vezes faz com que se desencadeie a síndrome de Estocolmo, ja ouviu falar?
- Sim, a pessoa pensa que se apaixonou pelo sequestrador, uma coisa revoltante.
- Este vampiro pelo que ouvi falar dele, é um rastreador, ele naturalmente fica obcecado por suas vitimas e com a sua fragilidade, ele explorou isso.
- Certo, então você tá me dizendo que um vampiro não pode se apaixonar por mim? O que vai dizer depois disso? Pra eu deitar na linha do trem?- disse zombando e ele respondeu:
- Você tem um humor autodepreciativo que é muito interessante.
- Isso também deve ser um traço de família.- provoquei e ele sorriu:
- Eu sei, e por isso não vou te considerar uma suicida em potencial e recomendar o quarto branco e a camisa cheia de laços.- e eu parei de rir e ele continuou:
- Vou indicar que você tenha aulas de Oclumência com o professor O’Shea aqui na escola e se puder continuar com estas aulas em casa, acredito que você conseguirá evitar as invasões deste vampiro e assim não terá medo de matar suas amigas e com o tempo se sentirá mais segura. – suspirei aliviada:
- Isso eu posso fazer doutor, reconheço que você é legal.- e ele continuou:
- E acredito que você deva conversar com seu namorado e contar tudo o que conversamos aqui.
- Não posso fazer isso, vai acabar com meu namoro, e isso que você quer não é legal. - eu disse assustada:
- Porque contar a verdade a alguém que te ama, vai acabar com o seu namoro?
- Porque nenhum cara vai aceitar na boa que a namorada sonha com outro, ainda mais o Justin que é ciumento e vai deixar de confiar em mim.
- Ele a ama, vai entender que você está agindo certo, não querendo que haja segredos entre vocês. Se ele é esperto como penso que seja, já deve ter percebido que você está escondendo alguma coisa, e está esperando ouvir o que quer que seja da sua boca. É hora de você enfrentar seus medos Haley, não dê mais poder ao seu captor, pense sobre isso. E se quiser conversar novamente, é só avisar à enfermeira que agendo um horário para você, me considero um bom ouvinte. – engoli em seco, e a contra gosto reconheci que o psicólogo tinha razão. Respirei fundo e me levantei:
- Posso ir agora?
- Sim, aqui está a sua poção, espero que ela te ajude.- assenti e comecei a me dirigir para a porta, segurei a maçaneta e de repente me virei para ele:
- Trevor. Este é o nome do vampiro. – ele assentiu e eu fui embora pensando em como contar ao Justin, o que estava acontecendo comigo.