Saturday, April 14, 2012


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Hogwarts – Antes do feriado de Páscoa.

- Nossa Arte, você está com uma cara péssima! – Lenneth comentou rindo assim que levantei da cama.

- Eu não consegui dormir direito. – Eu resmunguei parecendo um zumbi de filme trouxa, enquanto andava pelo quarto procurando minhas roupas. – Preciso de um banho e de um café bem forte.

- A gente espera você. – Lena falou e eu acenei, entrando no banheiro para tomar um banho.

Foi outra noite mal dormida...

Eu já estava perdendo as contas de quantas noites eu passava sem dormir direito.

Desde a Segunda Tarefa eu tinha sonhos estranhos quase todas as noites.

Era estranho, pois eu realmente dormia, mas sempre acordava cansada, como se não tivesse descansado nada. E tinham os sonhos ou pesadelos, cada vez mais frequentes.

Eu me apoiei na pia do banheiro e lavei o rosto, suspirando cansada. Só o toque da água no meu rosto já me fez sentir melhor e me animei ao pensar que com uma boa ducha gelada ficaria ainda melhor.

Quando levantei o rosto, porém, e me olhei no espelho, fui invadida por lembranças dos sonhos.

Vi um campo cheio de mortos e ouvia o barulho de uma batalha ao longe.

Ouvia o grito dos moribundos, alguns implorando por misericórdia, outros gritando apenas de dor.

A cena então mudou e me vi cercada por sete figuras encapuzadas em negro. Elas eram diferentes, mas ao mesmo tempo parecidas e me olhavam com curiosidade, encarando-me profundamente.

Me senti tonta e minhas pernas tremeram, sem conseguir me sustentar. Eu me sentia como paralisada, consciente, mas incapaz de mover um único músculo e senti medo. Cai na direção do chão com força, mas tive tempo de me jogar um pouco para o lado e não bati com a cabeça na banheira. Quando caí, puxei a toalha e derrubei vários tubos de shampoo e cremes e logo ouvi a voz de Lena na porta.

- Arte, o que houve?

Eu não conseguia responder, completamente paralisada. Senti minha consciência desaparecer lentamente e ouvi Lena me chamando novamente, agora com preocupação e logo ouvi quando Lenneth gritou por Rin e Altair.

Meus olhos se prenderam na porta e vi quando Altair a arrombou e correu na minha direção. Então perdi completamente a consciência.

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Acordei algum tempo depois. Quando exatamente eu não sei.

Estava na ala hospitalar mais uma vez e não me surpreendi quando tentei levantar e me vi cercada por praticamente todos os meus amigos que me olhavam preocupados. Todos ainda estavam com uma cara de sono e percebi que tinha ficado pouco tempo desacordada. Junto deles estavam mamãe, papai e a enfermeira.

- Pelos deuses, Artemis! O que você teve? – Papai logo perguntou, me abraçando com força.

- Eu... – Comecei a falar, mas minha boca estava seca e pigarreei. – Eu me senti tonta e desmaiei, acho que só isso.

- Só isso?! – Mamãe perguntou preocupada. – Altair teve que arrombar o banheiro e a encontrou pálida e caída no chão! Isso não é “só isso”.

- Acho que é o cansaço... Tenho me esforçado muito para voltar a minha rotina. – Eu falei evasiva.

- Já te falamos para não se esforçar. – Papai falou, tentando soar irritado, mas pelo seu tom de voz senti que estava aliviado e ele acariciou meus cabelos.

- Acho melhor ela ficar aqui agora de manhã, precisa descansar e quero que todos a deixem em paz! – A Enfermeira Bulstrode falou meio ríspida e todos concordaram, despedindo-se de mim um por mim. Tuor ficou por último e bagunçou meu cabelo.

- Você está escondendo alguma coisa, eu tenho certeza. – Ele falou me olhando fundo nos olhos e não pude evitar de corar. – Mas vou esperar você estar pronta para falar. Melhoras.

Ele saiu e uma sensação forte surgiu em meu peito... Eu não queria que ele fosse embora.

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Os seres encapuzados me cercavam novamente. Eu sentia que eles não me fariam mal, e que me olhavam apenas com curiosidade.

A única coisa que eu era capaz de ver eram seus olhos por dentro das capas e capuzes negros.

Um deles tinha os olhos completamente negros e dentro desses olhos pareciam brilhar milhões de estrelas. Outro tinha um livro enorme preso ao seu pulso, com um olhar muito antigo, sério e rígido. Outro tinha um olhar antigo, mas que parecia cheio de vida. Os olhos de um tinham um brilho alucinado, enquanto os olhos de outro pareciam queimar com um fogo vermelho.Os olhos de um deles brilhava com uma luz alegre e me fazia pensar em coisas que eu desejava. O último deles tinha um olhar que parecia vazio, como se estivesse perdido.

Eles começaram a se aproximar de mim, deslizando no ar, e os olhos de estrelas era o mais próximo, seguido de perto pelos olhos de vida e pelo da corrente. Por mais que eu soubesse que não fossem me fazer mal, me senti angustiada e perguntei o que queriam comigo. Eles não responderam e desapareceram no ar, como fumaça.

Eu estava de novo no campo de batalha... Ao longe eu via uma cidade negra que se erguia ao céu. De sua maior torre saia uma nuvem negra que se espalhava por todo o céu. Vi com nojo que a cidade era toda feita de ossos e corpos, e rostos vazios me encaravam das paredes.

Me afastei assustada e senti como se caísse em um abismo, mergulhando no vazio.

Algo então começou a me perseguir... E o medo que eu senti era enorme. Comecei a correr, com medo até de olhar para trás. Senti a coisa cada vez mais perto de mim, mas por mais que eu fugisse parecia não andar nada...

Por Lenneth V. Aesir

Todas acordamos sobressaltadas, quando um pequeno grito espalhou-se pelo quarto. Eu me levantei rapidamente com a varinha em punho e ouvi gemidos e alguém que parecia estar ficando sem fôlego.

Abri rapidamente as cortinas que envolviam minha cama e vi que todas do dormitório estavam acordadas e olhavam assustadas umas para as outras. O som de gemidos continuava e percebi que vinha da cama de Arte. Corri até ela e me assustei, pois assim que cheguei perto a ouvi gritar.

- Chamem os aurores agora! – Eu gritei e vi quando uma das alunas de Hogwarts saiu correndo pela porta do dormitório. Os guarda-costas de Artemis sempre estavam por perto: eles dormiam em um quarto vizinho ao nosso, enquanto revezavam-se de vigias no salão comunal.

Puxei as cortinas da cama de Arte preocupada e eu e Lena arregalamos os olhos quando olhamos para nossa amiga. Ela estava pálida, parecendo um cadáver e suava horrivelmente. Seu rosto estava transfigurado em um semblante de dor e pavor e se contorcia toda. Lena sentou do seu lado e pegou sua mão e logo arregalou os olhos. Eu me sentei também, chamando por Arte e quando peguei sua mão, vi que estava gelada.

- Eu já vi isso acontecer! – Uma das garotas da Grifinória, amiga de Arte também, falou. Seu nome era Victorie e estava assustada, com as mãos na frente da boca.

- O que quer dizer, Vic? – Lena perguntou e nesse momento Rin entrou correndo no quarto, ainda de pijamas.

- Você não estava em Hogwarts ainda, Lena, mas no nosso Terceiro Ano, Arte teve um ataque igual a esse no meio do Clube de Duelos! – Victorie explicou, enquanto Rin pegava o pulso de Arte, com o semblante preocupado.

- Vou levá-la para a enfermaria agora. – Rin falou e nós a ajudamos a pegar Arte no colo. Rin se assustou em como ela parecia não pesar nada e saiu correndo do dormitório. Eu e Lena fomos atrás dela e pedimos que Vic viesse junto, para repetir o que tinha dito.

No salão comunal, Altair já estava alerta e quando viu Arte inerte nos braços de Rin, ficou pálido também. Os dois eram aurores treinados e logo o perdemos de vista, pois corriam desesperados. Antes de sair da Grifinória, mandei meu patrono chamar Tuor. Ele iria querer saber o que estava acontecendo.

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Quando chegamos na enfermaria, Arte já estava deitada em uma cama e seus pais estavam ali. Alucard andava de um lado para o outro impaciente e preocupado, com Altair ao seu lado, tentando acalmá-lo. Enquanto isso, Mirian, Rin e a Enfermeira Bulstrode se debruçavam sobre Artemis, usando magia para tentar melhor o seu estado.

- Sr. Chronos. – Eu chamei e ele me olhou.

- Obrigado pela ajuda garotas, mas deveriam voltar para a cama e descansar. – Ele falou indicando nós três e pediu que Altair nos acompanhasse.

- Vic, repita o que você nos disse. – Eu disse me explicando e o pai de Arte nos ouviu com atenção, enquanto Victorie dizia que Arte tinha tido o mesmo ataque há alguns anos atrás.

Quando ouviu isso, ele pareceu ficar ainda mais preocupado e trocou um olhar rápido com a esposa, que levantara a cabeça apenas para ouvir o que Vic tinha a dizer. Ela também pareceu ficar ainda mais preocupada.

Nesse momento, Tuor entrou correndo e Alucard o impediu de correr até a cama de Arte, pedindo para se acalmar. Vimos então que a cor no rosto de Arte parecia voltar aos poucos e ela acordou.

- Mãe... – Ela falou, sua voz assustada e a abraçou com força, começando a chorar.

- Está tudo bem, querida estamos aqui... Me diga o que houve.

Arte soluçou mais um pouco antes de começar a falar. Ela explicou que há semanas não conseguia dormir direito e que estava tendo sonhos estranhos. Ela disse que se sentia sugada por esses sonhos e quando acordava sentia-se cansada.

- E hoje foi pior! – Ela falou entre lágrimas. – Eu sabia que era um sonho, um pesadelo! Mas não conseguia acordar! E tudo parecia tão real!

Mirian não falou nada, enquanto ela e o marido abraçavam a filha. Nunca vira Arte tão abalada e troquei um olhar preocupado com Lena, Vic e Tuor. Mirian trocou um olhar intenso com Alucard e soube que apenas com aquele olhar eles pensavam em algo.

- Enfermeira Bulstrode, poderia dar uma poção para Arte dormir essa noite? – Alucard perguntou. – Sem sonhos, por favor. Acho que você tem alguns frascos das poções do Logan, certo?

- Claro. Ele me enviou algumas poções extras recentemente. Vou pegar um pouco imediatamente. – Ela falou, indo na direção de um pequeno armário ao fundo.

Então ouvimos mais barulho do lado de fora e vimos Haley entrar acompanhada por Clara e Justin. Eles nos olharam surpresos e Clara trocou um olhar conosco.

Quando viram Arte na cama, ficaram preocupados também e todos começaram a falar juntos. A Enfermeira ralhou com todos e Justin ajudou Haley a se sentar em uma cama vizinha a Arte. A Enfermeira fez as duas beberem a poção, mas antes de beber, Arte pediu para falar com Tuor e a ouvi dizer.

- Fica do meu lado, por favor. – Ela pediu, a voz fraca pelo choro, e Tuor assentiu com ternura, segurando sua mão com força.

- Não vou sair daqui, prometo.

A Enfermeira a fez beber a poção e Arte deitou novamente, encarando Tuor intensamente. Seus olhos fecharam-se lentamente e ela adormeceu. Pouco depois, Haley adormeceu também e saímos da ala hospitalar. Apenas Tuor e Justin ficariam, pois Mirian pediu que os deixasse passar a noite ali.

Logo começamos a conversar com Clara e cada uma contou o que tinha acontecido, mas decidimos ir dormi logo, pois estávamos muito cansadas e os pais da Arte nos incentivaram a isso. Nos despedimos e voltamos para os nossos dormitórios, mas ouvi Alucard dizendo:

- Precisamos de ajuda profissional, demoramos demais para isso.

- A Vic estava certa, é o mesmo ataque da outra vez. – Mirian falou e pelo seu tom de voz eu senti um aperto no peito.

This is me for forever
One of the lost ones
The one without a name
Without an honest heart as compass
This is me for forever
One without a name
These lines the last endeavor
To find the missing lifeline

Oh how I wish for soothing rain
All I wish is to dream again
My loving heart lost in the dark
For hope I'd give my everything

My flower, withered between
The pages two and three
The once and forever bloom
Gone with my sins
Walk the dark path sleep with angels
Call the past for help
Touch me with your love
And reveal to me my true name

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Por Artemis A. C. Chronos

- Entre, por favor. – Uma voz que eu não conhecia respondeu, quando bati na porta da sala do Tio Ben.

Entrei logo em seguida e me surpreendi quando Tuor se levantou de uma cadeira, assim como um homem com aparência séria e profissional.

Eu sorri para Tuor, corando um pouco ao lembrar daquela noite que pedi que ficasse do meu lado por causa dos pesadelos. Quando acordei no dia seguinte, ele estava dormindo em uma cadeira do lado da minha cama, com um cobertor sobre ele. Senti uma ternura enorme e o agradeci muito por estar do meu lado.

Ele sorriu de volta e se virou para o homem. Os dois pareceram trocar um olhar cheio de significado e apertaram as mãos, despedindo-se.

- Te vejo depois. – Tuor falou, passando a mão de leve na minha e eu acenei.

- Sente-se por favor. – O homem falou, sorrindo para mim. – É um prazer finalmente conhecê-la pessoalmente, Artemis Chronos, já tinha ouvido falar muito da senhorita. A semelhança física com sua mãe é enorme, mas tem nos olhos a obstinação do seu pai.

- Obrigada... Acredito que saiba mais de mim do que eu mesma. O senhor é...

- Desculpe, falha minha. Me chamo Martin Pace, sou o psicólogo do Curso de Auror. – Ele respondeu e eu assenti. Já tinha ouvido muito falar dele. Ele ajudava no curso de auror do Tio Micah e todos que faziam o curso diziam que gostavam de conversar com ele.

- É um prazer conhecê-lo também, todos falam muito bem de você.

- Tenho certeza que não tão bem assim. – Ele falou rindo e sorri também, me sentindo mais a vontade. Ele me ofereceu uma xícara de chá que eu peguei e bebi calmamente.

- Desculpe, perguntar, mas por que me chamou aqui? Achei que era o Tio Ben, desculpa, o professor O’Shea que tinha me chamado.

- Eu pedi que lhe chamasse. Artemis, gostaria de conversar com você, a pedido dos seus pais.

- Meus pais acham que preciso da ajuda de um psicólogo? – Perguntei levantando uma sobrancelha e ele pareceu se divertir.

- Não se preocupe, tenho certeza que Mirian e Alucard não acham que está louca. Mas nós psicólogos podemos ajudar e trabalhar de diversas formas. E eles acreditam que você possa estar precisando de minha ajuda. Gostaria que conversássemos um pouco. – Eu assenti e ele continuou, pegando uma pasta. – Tomei a liberdade de pegar seus arquivos, tanto os da escola quanto os da Academia de Auror. A Aurora mais nova da história, uma conquista entanto! Meus parabéns.

- Estudei com detalhes todo o seu histórico e conversei com muitos de seus amigos e seus pais, para tentar entender melhor o que tem acontecido com você. O trauma de perder sua memória, e parecer impossível reavê-la, pode ter sido maior do que você mesma acha. – Ele continuou, olhando uma página do meu histórico. Fiquei um pouco curiosa de saber o que tinha escrito, mas deixei ele continuar falando. – Todas as tentativas de reaver suas memórias falharam e você recupera suas memórias muito lentamente. Seu pai levantou a possibilidade do líder dos vampiros estar tentando manipular sua mente, mas seus registros mostram que você sempre foi uma boa neglimente. Mas não quero deixar de lado essa possibilidade...

- E tem os vários casos de desmaios e perdas de consciência. E mais recentemente o caso dos pesadelos. – Ele falou e eu senti o medo subir pelo meu peito novamente. Os últimos três dias eu só conseguira dormir depois de tomar a poção da enfermeira e graças a isso não tinha sonhos, mas ainda acordava fraca. – Me conte como são e o que você tem sentido.

Eu assenti mais uma vez e comecei a contar tudo desde o início. Contei sobre como foi acordar e não me lembrar de nada. Contei de como foi participar das Tarefas do Torneio sem memória. Contei de como aos poucos me lembrava de acontecimentos, mas parecia esquecer outros, principalmente os mais importantes. Contei dos meus sentimentos confusos para com Tuor, apesar de corar um pouco. Por fim tomei coragem de contar dos pesadelos, dizendo o que eu via e o que eu sentia quando estava neles. Ele me ouviu sem interromper e graças aos céus não fez nenhuma anotação, pois se fizesse isso ai sim eu me sentiria uma doida. Quando terminei, um pouco sem fôlego ele assentiu e massageou as têmporas, pensando. Ele então pegou minha pasta e leu algum trecho, levantando uma sobrancelha.

- Artemis, nesses pesadelos, você os vê de cima, de dentro de um personagem ou de você mesma?

- É na minha própria visão. É como se eu estivesse ali. É muito real. E eu tenho a noção de que é um sonho, mas não consigo acordar.

- Entendo... Há muitos distúrbios do sono que causam esses tipos de sintomas, principalmente após um trauma grande... Mas no seu caso há um agravante. Conversei com sua mãe antes e com alguns de seus amigos, como te falei. Eles me contaram que você já teve um caso de ataque como esses, onde perdia a consciência e só com muito esforço conseguiram trazê-la de volta.

- Eu não me lembro disso... Mas Vic comentou sobre isso, é verdade... Falaram que foi durante um duelo.

- Exatamente. Na época você não tinha sofrido trauma nenhum para causar esses problemas, ao contrário de agora, e acho difícil entender o que é exatamente. Mas sua mãe me contou sobre os problemas de instabilidade mágica que você apresentava naquela época. Ela me explicou também que na época você teve algum tipo de aula, algo que equilibrava essa instabilidade, que não tem mais hoje. – Ele explicou apoiando os cotovelos na mesa e me olhando nos olhos. A menção de aulas ou algo me equilibrando fez meu cérebro sentir “cócegas”. Aquilo quase me fazia lembrar de algo, mas era muito fraco e logo desapareceu. – Esses são problemas comuns, mas para bruxos em fase de desenvolvimento inicial dos poderes, como em crianças. É raro isso acontecer com um bruxo maduro, como você. Mas em seus arquivos mostram que você tem uma reserva mágica imensa, muito maior do que o normal. Essa sempre foi uma característica da sua família, mas no seu caso é ainda mais exagerado. Isso explicaria porque você tem esses ataques. Mas receio de que o trauma de perder as memórias pode ter piorado esse quadro. Acredito que até algumas semanas, seus poderes ainda estavam adormecidos, como se por efeito da perda de memória. Mas durante a sua Segunda Tarefa, você demonstrou uma habilidade mágica intensa e todas suas reservas mágicas devem estar vindo a tona.

- Sim, tudo isso tem acontecido desde após essa tarefa.

- Exatamente... Até o momento seus pais tentaram tratá-la apenas com a magia, mas não surtiu efeito. E dado o seu quadro de instabilidade mágica, é um pouco arriscado, motivo pelo qual decidiram parar. Mas agora estamos interessados em tratá-la com métodos trouxas. Em vez de fugir e impedir que tenha esses pesadelos, vou tentar descobrir a origem deles. – Ele falou e eu não pude evitar de ficar um pouco amedrontada. Ele sorriu antes de continuar. – Não tenha medo, quero fazer sessões de indução de sonhos, sonhos lúcidos e sonhos guiados. Quero ajudá-la a entender o que está acontecendo. E tenho fortes razões para acreditar que a chave para recuperar suas memórias podem estar nesses sonhos e quero ajudá-la. Está disposta?

- Sim. – Eu respondi prontamente. – Estou com medo, mas quero entender o que está acontecendo e quero recuperar minhas memórias.

- Falou como uma verdadeira Chronos. Vamos ter sessões três vezes por semana. Sempre no seu horário de dormir. Além disso, pedi que o Professor O’Shea treinasse Oclumência com você, precisamos ter certeza que sua mente não está sendo invadida por ninguém. – Ele falou e se levantou e eu o imitei. Apertamos nossas mãos e ele me sorriu. – Nos encontramos na próxima segunda. Não se preocupe, irei ajudá-la com certeza.

- Obrigada, Dr. Pace. – Eu respondi sincera e me despedi saindo da sala.

- Artemis. – Ele me chamou quando eu saia da sala e me virei. – Não se preocupe com seus sentimentos conflitantes para alguns de seus amigos. – Ele falou e eu soube que se referia a Tuor. – Lembre-se que para você é como se estivesse vivendo sua vida toda novamente, é normal ter dúvidas... Aos poucos vai se sentir melhor com esses sentimentos e vai saber como lidar com eles.

Eu agradeci mais uma vez e me despedi, pensando em tudo que tínhamos conversado. Tinha que enfrentar esse medo estranho que assolava meus sonhos... E concordava com ele, a chave para entender minha perda de memórias podia estar nesses sonhos e nesses pesadelos.

N.A.: Nemo, Nightwish.