Wednesday, May 23, 2012



A Arte da Guerra

Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Meados de Maio

- Você deu sorte. Essa garota só sabe dormir, é raro vê-la acordada assim. – Laharl falou segurando sua filha no colo.
- Ela é linda! – Eu falei, pegando a filha de Flonne no colo. Ela estava acordada e sorriu para mim quando a peguei no colo. A criança era muito linda com apenas 1 semana e meia de vida, mas já cheia de sorrisos. Flonne dera a luz na semana em que eu fiquei em coma, no final do período em que eu estava sem memórias e só agora pudera visitá-la. – Ela parece muito com você, Flonne.
- Ainda bem, imagina se parecesse comigo? – Laharl falou rindo. Descobri que Laharl era um pai atencioso e coruja, mas eu já sabia disso. Em todo o tempo que ele ficara como meu segurança, ele nunca deixou faltar carinho e amizade para mim.
- Mas ela tem os seus olhos. – Flonne falou e Laharl estufou o peito, orgulhoso. Isso era verdade. A menina tinha a pele branca e prometia ter os cabelos loiros de Flonne e Isaac, mas os olhos eram tão azuis, quase violetas, do mesmo tom que os de Laharl.
- Já decidiram um nome?
- Sim. Diana, em sua homenagem. – Flonne falou e eu sorri para ela, corando. A menina pareceu gostar do nome e sorriu.
- Eu já sou madrinha, não tem porque ela ter um nome em minha homenagem.
- Tem sim. E queremos que ela seja metade da pessoa que você foi para gente e ainda é. – Laharl falou e eu sorri para ele.
- Obrigada.

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- Boa noite a todos. – Eu falei, ficando de pé diante das dezenas de bruxos que me observavam.
Estávamos na sede londrina do Clã Chronos, na sala de reuniões e eu havia pedido que meus pais convocassem todos os comandantes do Clã, representantes do Ministério e da Academia e os líderes dos vampiros aliados. Assim, estavam diante de mim algumas das pessoas mais poderosas do mundo bruxo, como o Tio Quim e Siegfried, juntamente de Lilith, Derfel e Cewyn. Além deles, eu pedira que os pais de cada um de meus amigos comparecessem à reunião, além dos diretores de Hogwarts, Durmstrang e Beauxbatons. Os únicos que não estavam presentes eram justamente Laharl e Flonne, ambos em licença maternidade.
- Eu pedi que vocês fossem convocados pois tenho uma informação de vital importância para lhes dar.
Eu acenei com minha varinha e no centro da mesa um globo luminoso surgiu, rodando em torno de seu próprio eixo. Pontos vermelhos começaram a aparecer em vários locais do mundo.
- Esses são todos os esconderijos de Cadarn. – Eu falei e vi quando a surpresa se espalhou pelos rostos de todos. Muitos ali estavam lutando e caçando Cadarn há anos e reconheciam algumas das localizações indicadas. Mas haviam localizações que nem mesmo os espiões de Seth ou de Siegfried conheciam. Então um ponto começou a piscar intensamente. – E esse é o esconderijo onde ele está nesse exato momento.
- Você não pode estar falando sério. – Derfel falou chocado quando viu que o ponto se encontrava no Egito. – Nós estamos monitorando o Egito intensamente, esse é o país de origem de Cadarn
- Eu sei disso, mas isso serve para mostrar que Cadarn é mais poderoso e astuto do que imaginávamos. – Eu respondi. Então fiz outros pontos piscarem em branco. Primeiro um esconderijo na Romênia, mais exatamente na Transilvânia, e depois um ponto na Alemanha. – Esses são os locais onde ele estará nos próximos cinco dias.
A confusão foi total na sala. Todos queriam falar junto. Alguns não acreditavam no que eu dizia e outros queriam saber como eu conhecia isso.
- Eu o vi em cada um desses lugares e tenho certeza absoluta de que ele estará nesses dois lugares. – Eu falei quando se acalmaram.
- Isso é uma informação extremamente importante! – Griffon falou. – Podemos planejar exatamente onde atacá-lo! Mandou bem, maninha!
- Mas onde vamos atacá-los? Os dois lugares são próximos de lugares muito populosos. – Tio Quim observou e eu me mantive calada.
- Acho que o da Alemanha seria melhor. – Papai falou. – Temos bases ali e poderíamos atacar mais rapidamente. – Todos continuaram falando e eu esperei. Siegfried não tirava os olhos de mim e por fim ele levantou a questão que eu queria.
- Por que ele se moveu?
- O que quer dizer? – Seth perguntou.
- Observem os movimentos dele. Ele estava protegido em um esconderijo que desconhecemos, longe de nossas principais força. Mas então ele se move... Ele fez isso por algum motivo. – Siegfried falou e eu aguardei. Então mamãe pareceu entender primeiro.
- Ele está se aproximando da Inglaterra... Ele está planejando algo contra nós.
- Sim. – Eu falei antes que outro pudesse falar algo. – Ele está planejando atacar Hogwarts dentro de uma semana.
A confusão foi ainda maior. Primeiro a surpresa, depois o medo e a raiva espalharam-se pela sala. Todos começaram a falar ao mesmo tempo, gritando que não podíamos deixá-lo impune.
- Você tem certeza disso, Artemis? Seria muito arriscado da parte dele! – Rin perguntou e Altair completou.
- Nós ainda estamos com segurança pesada devido aos últimos ataques e ao Torneio. Seria suicídio.
- Ele poderia tentar atacar após o término do Torneio, mas antes? – Cewyn falou, mas eu respondi.
- É exatamente isso que ele quer que pensemos e que sabe que esperaríamos... Mas não podemos subestimá-lo. Ele pretende atacar antes do fim do Torneio, pois não esperaríamos isso. E vocês não entenderam. Ele planeja um ataque maciço, com todas as suas forças. – Eu falei e folhas surgiram diante de cada um deles, com números e informações das forças atuais de Cadarn. Esperei que todos o lessem antes de continuar falando. – E ele pretende liderar o ataque pessoalmente.
Um silêncio estranho espalhou-se pela sala, enquanto todos digeriam o que eu tinha acabado de falar.
- Não podemos deixar. – Tio Quim falou, sério. – Precisamos atacá-lo antes.
- Não, Quim. Eu tenho outra proposta. Deixemos ele atacar Hogwarts.
- Você ficou louca? – Madame Maxime falou, assustada. Até mesmo Minerva me olhou de forma estranha.
- Arte, isso é loucura! Estaríamos colocando a vida de nossos filhos e dos estudantes em perigo! – Tia Alex falou.
- Seus filhos e estudantes estão mais do que preparados para lutar. Desde o início do ano eu venho treinando meus amigos. E desde que eu perdi as memórias, meus amigos estão treinando outros alunos. – Eu respondi séria. – Nós formamos uma nova AD: Armada do Dragão. Temos alunos do primeiro ano treinando conosco.
- Vocês o que?! – Tia Lou falou assustada, mas vi que os outros pareceram não ficar surpresos.
- Eu imaginei isso depois do segundo ataque. – Ty falou, pensativo. – O modo como se organizaram e lutaram não era comum. Vocês levaram isso a sério.
- E muito. Cada um de nós está disposto a lutar e queremos lutar.
- Não podemos deixar, vocês são alunos! – Minerva falou, mas mamãe me defendeu.
- Eu apoio a iniciativa deles.
- Você sabia? – Miyako falou e mamãe assentiu.
- Sim, há meses que sei dos treinamentos deles e eu permiti que continuassem. Em nossa juventude, todos aqui participaram da Ordem e lutamos contra Voldemort. Nós filhos estão fazendo o mesmo, e não temos o direito de impedi-los.
- Mas deixá-los lutar contra vampiros? – Tio Logan perguntou. – Isso é demais.
- Concordo, mas quero confiar em minha filha. – Papai falou e eu agradeci. – O que você tem em mente.
- Quero preparar uma armadilha para Cadarn. – Respondi e com um novo aceno da varinha, o mapa se transformou no mapa de Hogwarts e seus arredores. – Ele vai atacar através da Floresta Proibida, no meio da madrugada, e pretende nos pegar desprevenidos.
- Podemos ficar justamente na Floresta, aguardando-o. – Tia Alex respondeu, mas eu balancei a cabeça.
- Não. Eu quero que vocês fiquem longe de Hogwarts. – Eu levantei a mão, antes que começassem a discutir novamente. – Cadarn cancelará o ataque se perceber uma movimentação estranha de nós. Quero que ele morda a isca. Quero que ele ataque o castelo esperando encontrar apenas a segurança normal e alunos adormecidos. Eu e os membros da AD conseguimos segurá-los até vocês chegarem. E então poderemos acabar com ele.
- O quão longe quer que fiquemos? – Derfel perguntou.
- Pelo menos 10 quilômetros de distância. – Eu falei e todos ficaram chocados.
- Isso é muito longe! Mesmo se aparatássemos para perto de Hogwarts ou se os vampiros fossem correndo. Podemos chegar tarde demais. – Tio Quim respondeu.
- Se ficarem próximos demais, Cadarn irá percebê-los. Eu quero que vocês todos se dividam em dois grupos: um deve ficar em Glastonbury e outro aqui na sede. Um grupo deve estar com mamãe e o outro com Gaia, desse modo poderei transportá-los.
- Todos nós? – Mamãe perguntou, preocupada comigo.
- Sim, dessa vez serei capaz e como falei estou fazendo preparativos...
- Tudo bem, mesmo se aceitarmos esse plano louco, e os alunos? – Minerva perguntou, apoiada pelos pais de meus amigos.
- Eu quero evacuar os alunos do primeiro e do segundo ano. Agora todos do terceiro para cima devem ter o direito de escolher ficar e lutar.
- Arte, isso é perigoso demais. – Tia Yulli falou e vi como estava preocupada.
- Tia, acho que você deveria conversar com seus filhos. Na verdade cada um de vocês. E ver o que eles querem. Eu sei que é perigoso e é meu dever proteger os alunos e meus amigos. E eu farei isso. Posso garantir a vocês: ninguém que ficar e lutar ao meu lado morrerá. Os protegerei completamente. – Eu falei com tanta certeza que até mesmo Minerva ficou sem reação.
- Como pode ter certeza? – Tia Lou perguntou.
- Preciso que confiem em mim.
- Eu vou confiar. – Tio Quim falou, logo seguido por papai e por mamãe.
- Os vampiros confiarão em você. – Lilith falou e logo todos começaram a concordar comigo e respirei aliviada.
- Obrigada. – Eu falei e me sentei. Tio Quim, porém, fez sinal para que eu me levantasse de novo. Ele trocou um olhar com Siegfried e papai antes de falar.
- Artemis, acho mais do que justo que você seja a Comandante do ataque. – Eu ia dizer que não, mas ele fez um gesto com a mão para que eu o ouvisse. – Sem as suas informações nunca saberíamos do ataque e você já tem todo um plano pronto. Seguiremos suas indicações e idéias.
Eu agradeci uma vez mais e passamos as três horas seguintes discutindo táticas e armadilhas. Tudo estava tomando a forma que eu planejava.

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A reunião só acabou de madrugada e todos foram saindo aos poucos, já preparando as coisas que eu tinha pedido. Siegfried e os vampiros estavam de saída, quando corri até eles, chamando-os.
- Siegfried e Lilith quero pedir algo a vocês.
- Diga, minha jovem. – Siegfried falou, olhando fundo em meus olhos.
- Na hora da batalha, não enfrentem Cadarn. – Eu pedi e vi surpresa nos olhos do vampiro.
- Me desculpe, Artemis, confiei em você até agora. Mas essa é uma guerra dos vampiros também e eu quero acabar com Cadarn.
- Você não entende. – Eu falei quando ele virou-me as costas. – Está subestimando Cadarn. Ele é mais poderoso do que imaginamos e lembre-se: ele tem o sangue de todos os vampiros originais, menos o de dois. – Eu falei, olhando para ele e para Lilith.
- Como você sabe disso? – Siegfried perguntou.
- Eu sei. Se ele conseguir pegar o sangue do Rei dos Vampiros, nenhum de vocês era páreo para ele, talvez nem mesmo eu. Ele já tem o sangue de Akasha, de Ishtir e de Caim! Foi por isso que ele voltou à Transilvânia! Se ele conseguir o sangue de Drácula... Você consegue imaginar o que isso significaria?! Lembre-se que o sangue de Lilith também está misturado ao de Drácula.
- Eu... – Siegfried começou a falar, mas ficou calado. – Veremos Artemis, não podemos planejar todas as coisas assim.
Ele então saiu, mas Lilith me lançou um longo olhar e eu sabia que ela entendia o que eu queria dizer. Espero que ela possa convencê-lo.

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- Pedi que viessem tão cedo, pois preciso falar urgentemente com vocês. – Eu falei, me dirigindo aos membros mais velhos da AD. Eram 7 da manhã do dia seguinte à reunião e eu não dormira essa noite com tantos preparativos, mas ainda estava bem. – Eu contei a nossos pais da AD e acredito que eles virão falar com vocês hoje.
- Por que fez isso? – Julian perguntou chocado.
- Porque era necessário. Preciso que vocês saibam: dentro de uma semana Cadarn lançará um ataque maciço contra nós. Aqui em Hogwarts.
A confusão foi total, com todos falando juntos.
- O que os aurores decidiram? – Um aluno do 7º Ano de Durmstrang perguntou.
- Vamos deixá-lo atacar e organizar uma armadilha para eles. É por isso que preciso de vocês: gostaria de saber se estão dispostos a lutar comigo.
Eles sequer tiveram dúvidas e um a um disseram que sim e eu sorri.
- Então, temos muito o que preparar em uma semana! Mas não contem nada a ninguém. Apenas os professores sabem do ataque e vamos evacuar em cima da hora os alunos mais novos. Todos os demais, que quiserem ficar, lutarão conosco e seguraremos os vampiros até os reforços chegarem.