Saturday, November 29, 2008 Setembro e Outubro em Hogwarts passaram como um raio para os primeiranistas. Era tudo novo, fascinante e estranho também. Chegar às aulas no horário certo só foi possível depois de uma semana percorrendo corredores que não levavam a lugar algum ou dando voltas absurdamente longas, para depois descobrir que a próxima sala se aula ficava a menos de 2 metros da última. Mas todos conseguiram se adaptar. Os corvinais rapidamente decoraram o caminho para a biblioteca da escola e se entrosaram com a vasta coleção de livros que tinham no próprio salão comunal, formando seu próprio grupo; os lufanos logo descobriram que nem sempre era fácil pertencer a casa mais aconchegante e simpática da escola; e os grifinórios e sonserinos logo entenderam o significado das palavras “diferença entre as casas”. Entre as duas casas mais competitivas de Hogwarts, ainda na primeira semana foram formados dois grupos dentre os calouros. De um lado estava Clara, Haley, Keiko e Artemis. Do outro, os grifinórios Brittany Dashwood, James Thruston, Kevin McKenzie e Ashley Bradford. Artemis era considerada como uma traidora pelos colegas de casa, mas não se importava. Desde que Clara e Brittany haviam se estranhado ainda no primeiro dia, os dois grupos viviam em pé de guerra entre uma aula e outra. Em dois meses, cada um já possuía uma pasta individual de detenções na sala do zelador Argo Filch. Clara, Keiko e Haley estavam sentadas na mesa da Sonserina, afastadas dos demais, depois de um ataque bem sucedido na noite anterior a um grifinório desprevenido. Havia tido um banquete durante a noite para comemorar o dia das bruxas e enquanto toda a escola se esbaldava com as guloseimas preparadas pelos elfos, as quatro trancaram James Thruston no armário de vassouras com alguns diabretes da cornuália seqüestrados da sala de DCAT. Com o ataque tendo sido bem sucedido, já estavam à espera uma possível retaliação vinda do grupo rival e preparavam o contra-ataque. Mantinham as cabeças juntas e as vozes baixas, toda a atenção voltada para um pedaço de pergaminho que Haley riscava apoiado no colo. A diretora McGonagall apareceu no salão com um aluno da Grifinória ao seu lado e assim que avistou o trio, traçou uma reta até ele. O garoto tinha as vestes toda suja e rasgada em alguns pontos. - A diretora! Esconde rápido! – Clara sacudiu as mãos em alerta - O que as senhoritas estão fazendo? – a diretora parou ao lado do trio - Bom dia professora! Veio tomar café também? – Haley a cumprimentou, enrolando o pergaminho por debaixo da sala - Tire esse sorriso amarelo da cara, srtª Warrick! Esse aluno apareceu no meu escritório dizendo que pregaram uma peça nele na noite passada. - Serio? Mas quem será que fez isso? – Keiko perguntou cínica - Aposto que foi a Brittany – Clara acusou a grifinória – Vocês viram a cara de cínica que ela tava quando passou aqui? - Vamos parar com o teatro, creio que vocês sabem quem são as autoras da brincadeira – Minerva interrompeu o diálogo, irritada - Não professora, não sabemos. A senhora sabe? – Clara se fez de desentendida - Acho que ela está nos acusando, Clara... – Keiko arriscou - Mas como a senhora pode nos acusar disso? – Haley saltou da cadeira, indignada - Alguém falou que fomos nós? - Não foi preciso, bastaram à menção das palavras “pregaram uma peça” para chegar até as senhoritas e Artemis Chronos. - É, a traidora da casa! – o garoto acusou e Minerva lhe lançou um olhar severo - Isso é muito injusto, professora! E a Arte nem está aqui! – Clara protestou - Sabe, eu não sei o que vocês andam falando sobre a gente nas reuniões de professores, mas garanto que é calúnia! - Sim, ninguém até hoje nos pegou no flagra, todo mundo só “supôs” que fomos nós. Suposição não ganha causa no tribunal... – Keiko dizia - Se a senhora quiser, pode nos revistar, pois não vai encontrar nada nas nossas vestes. Só estamos sentadas aqui, tomando nosso café e vendo o movimento dos alunos. Ou a senhora preferia que estivéssemos arrumando confusão? É isso que a senhora quer, professora? É isso? – Haley disse despreocupada - Porque se nos metemos em confusão, a senhora vai nos dar detenção. E sem falar no sermão que vamos ouvir da senhora, que é praticamente um monólogo, visto que não podemos nos defender – Clara começou - Sim, minhas unhas não foram feitas para descascar bichos nojentos, principalmente naquelas masmorras poeirentas e cheias de teias de aranha – Keiko fez uma careta enquanto estendia as unhas feitas para a professora - Eu até gosto das masmorras, mas sou alérgica a pó, não posso me expor à tamanha quantidade de poeira – Haley fingiu que ia espirrar - Fora o velho Filch, que fica nos perseguindo tentando nos dar um flagrante. Eu juro que qualquer hora vou dar motivo pra ele nos passar detenção, porque vou azará-lo no corredor – Clara ameaçou o zelador - Ah é, o Filch, bem lembrado – Keiko virou para a professora outra vez – Ele não toma banho professora? Porque é extremamente incomodo sair do dormitório perfumada para a aula do dia e ter o seu esforço pra ficar cheirosa arruinado pelo zelador grudento que fede a mofo! - A senhora precisa controlar melhor seus funcionários, ou seremos obrigadas a processá-lo por invasão de privacidade. Nós podemos fazer isso? – Haley perguntou - Acho que podemos sim, Haley. Vou pedir pro meu irmão descobrir – Clara completou - Se essa for a única maneira de tirar o pestilento da nossa cola, infelizmente será a solução. Creio que não a melhor solução para a escola, porém a única que resolverá nosso problema – Keiko finalizou - Ta vendo professora? Nós estamos aqui cheias de problema e a senhora vem nos acusar de perder nosso tempo precioso pregando peças em grifinórios?? – Haley fez uma cara ofendida e Minerva ficou sem reação - Falando em problemas, vocês conseguiram responder as perguntas que o Binns passou? – Clara mudou de assunto repentinamente - Não, também não consegui, acho que ele tirou aquilo das memórias de vida dele, totalmente fora dos livros, da época que não tinham inventado a escrita! – Keiko disse e elas riram - Eu também não entendi aquilo, mas me atrapalhei mais ainda na poção que o tio Yoshi pediu pra fazermos, aquilo sim é difícil. - Nossa, se ela não conseguiu fazer, não temos nem chance! Poção é uma bosta! – Clara disse derrotada - Aproveitando que você mencionou bosta... – Agora foi Keiko que mudou o assunto - Como era o nome daquele fertilizante que o professor Longbottom disse que era útil? - Cresceris Instantanium? – Haley respondeu incerta - Esse mesmo! Obrigada, vou anotar pra não esquecer! - O que ele vai fazer com esse fertilizante? – Clara perguntou – São para as plantas esquisitas da última aula não é? As que se parecem com gafanhotos? - Essa mesmo – Haley respondeu – Por sinal, gafanhotos me lembram a aula de Transfiguração. Quando será que o tio Ben vai começar a nos ensinar a transfigurar bichos maiores? - Estou louca por esse dia também! Não agüento mais transfigurar besouro em alfinete – Clara fez uma careta - JÁ CHEGA! PAREM DE FALAR POR UM MINUTO, POR FAVOR! – Minerva explodiu, a mão apertando a testa para passar a dor de cabeça - Está certo, está certo, por hoje passa. Vocês parecem ter argumentos convincentes, vou acreditar dessa vez. Mas aviso que vou ficar de olho! – disse em tom de aviso e saiu do salão principal resmungando que precisava de um comprimido - A senhora vai acreditar nesse monte de bobagem??? – James seguiu a professora, indignado - Isso não vai ficar assim, eu sei que foram vocês! – se virou para trás antes de sair - Sai daqui moleque, vai tomar um banho – Keiko disse cínica e ele soltou um palavrão antes de sumir - Ainda bem que ela se convenceu, porque tava ficando sem argumento e já ia começar a cantar o hino nacional! – Clara falou aliviada - Ei, o que eu perdi? – Artemis se juntou às amigas ao ver a diretora sair do salão - Thruston nos delatou, mas não tinha provas e saiu com cara de idiota – Keiko respondeu abrindo espaço para ela se sentar - Então saiu com a cara normal dele – Artemis disse e elas riram - Bom, onde paramos mesmo? – Haley puxou o pergaminho escondido e tornou a abri-lo. As quatro juntaram as cabeças outra vez e entre riscos e sussurros, vez ou outra era possível ouvir uma risada. Quando e como os grifinórias revidariam elas ainda não sabiam, mas sem dúvida estariam bem preparadas. Outubro de 2010 Era a última semana de outubro e teríamos o passeio a Hogsmeade no dia de Halloween. Eu e Chantal estávamos sentadas no salão comunal, terminando a imensa lista de deveres da semana, quando ela perguntou: - Viu o Johny e o Leo? - O ar está perfumado e perfeito, sinal que eles não estão aqui. - respondi. - Eu sei que não estão dãã! Só estou curiosa em saber aonde foram. Johny estava esquisito. Isso começou depois do treino com o professor Wood.- e na hora olhamos uma para a outra e fizemos juntas: - Ooohn! - E suspiramos. Éramos parte do grupo de garotas que se apaixonaram pelo novo professor de vôo, Olívio Wood, que havia treinado o time da Grifinória mais cedo, mas voltamos ao assunto da conversa: - Ele deve ter comido pouco no jantar e foi até a cozinha ou achou alguém que o batesse no vídeo game. Sabe que ele leva a sério esta coisa de ser o ‘mestre’ no God of War V.A sala de jogos estava cheia hoje. - Não sei não... Sem querer ouvi quando falaram o nome da Becky. - Qual Becky? - Becky Storm, Liz, o esmalte está afetando seu raciocínio?- ela disse olhando para minha mão com unhas azuis turquesa. - E falaram dela porque? Ela é legal. - Sim, é, não entendi o porque...- quando vimos a porta do nosso salão comunal se abrir e Johny e Leo, passaram por ela sérios. De onde estávamos tínhamos uma visão privilegiada, víamos sem ser vistas. Olhei bem ao meu irmão e ele realmente parecia preocupado com alguma coisa. Coloquei os dedos sobre os lábios pedindo silêncio pra C.C. e puxei devagar uma coisa no formato de um estetoscópio trouxa, mas ao invés da esfera achatada numa das pontas havia uma orelha cor de carne. Criação de meus tios Fred e George Weasley. Coloquei uma ponta na minha orelha, a outra na da minha amiga e a terceira parte, se aprumou de forma a captar a conversa dos dois. - ... Não sei o que pode ser isso Leo, foi como eu te contei...E foi depois de conversar com a Becky... - resmungava John. - Pulsação no baixo ventre que não tem nada a ver com o nervosismo pela partida... Você pode estar doente. Ou pode ter comido alguma coisa que não caiu bem. - disse Leo e Johny estava calado, e pensando no que havia comido de diferente. - Bom, não sei o que pode ter sido...Mas sabe...A Becky tinha um cheiro bom nos cabelos... - Algumas meninas cheiram bem mesmo, Liz... - Blergh! Liz toma banho de perfume, qualquer dia ela tem um ataque de asma, vamos precisar de um tubo de oxigênio para ela...- e subiram pros dormitórios, conversando e fazendo piadinhas. Depois que eles se foram, eu continuei algum tempo com as orelhas, mas como estavam longe, eu as guardei calmamente sem falar nada. Chantal estava ficando impaciente e depois de olhar para onde os dois haviam sumido, ela disse: - Bom isso esclarece muita coisa... - Aham... Quer dizer que tomo banho de perfume é??- resmunguei e C.C. disse: - Johny exagerou nisso, seu perfume é muito bom, ignora. Mas diga uma coisa: Vai deixar John pensar que está doente quando ele não está? - Claro que vou!- respondi sem nenhum remorso e ela me olhou desaprovando. - Deixa ele bancar o bobo por enquanto, é engraçado e se ele não percebeu que está atraído por uma garota, é porque ainda não está preparado para pensar em garotas. - É, nem ele e nem o Leo, dá para ter pena deles não?- e ambas rimos enquanto falávamos ao mesmo tempo: - Nem um pouco. -o-o-o-o-o-o- O dia de ir a Hogsmeade havia amanhecido claro, e embora ventasse um pouco, todos estavam animados para a primeira visita do ano ao povoado. Eu estava junto com C.C. e algumas outras meninas, quando senti um esbarrão forte. Virei-me e era Garret Donovan, um garoto do quinto ano, que jogava como batedor da Sonserina. - Cuidado Donovan. - resmunguei massageando o meu braço, enquanto os amigos dele, ficavam rindo. - Desculpa Liz, aqueles idiotas que me empurraram, te machuquei?- ele perguntou e estávamos bem próximos e pude notar como ele havia mudado. - Vou sobreviver. - sorri e ele sorriu de volta, e logo seus amigos faziam barulhos esquisitos, e ele antes de continuar seu caminho disse: - Você gostaria de ir tomar uma cerveja amanteigada comigo? - e como eu o encarasse, ele disse rápido: - Ou tomar um sorvete? Sei que está um pouco frio, mas eles podem colocar uma calda quente em cima do seu, não vai fazer mal...- e seus colegas ficaram calados. Estavam tão chocados quanto eu. - Isso é um encontro?- perguntei incerta. - Sim...Quer dizer, só se você não estiver saindo com alguém...E assim eu me desculpo pelo esbarrão. - e ele parecia ansioso. - Está bem, daqui a duas horas no Três Vassouras. - e depois de sorrir balançando a cabeça como se tivesse entendido, ele foi andando na frente com os seus amigos. Chantal se aproximou de mim com as outras garotas e eu disse baixo: - Eu. Tenho. Um. Encontro. - e não resisti e ri quando as garotas deram gritinhos animados, mas meu estomago estava enjoado. Duas horas depois, dentro do banheiro do Três Vassouras: - Não sou boa para falar com meninos...- comentei me olhando no espelho e eu estava com as bochechas coradas. - É fácil! É igual falar com meninas, só tem que usar palavras menores. E você conversa com os garotos do time o tempo todo. - respondeu C.C. me empurrando para sair dali, olhei por uma fresta da porta e vi que Garret já estava na mesa me esperando. - E se eu ficar sem saber o que falar?- perguntei e ela respondeu: - Não vai, mas se acontecer, basta falar de Quadribol, vocês dominam este assunto. - e ela me empurrou porta a fora. Até pensei em voltar arás, mas Garret havia me visto e se levantou para me esperar, achei tão educado... Começamos a conversar depois de nos sentarmos e ele era muito legal, ele realmente ouvia o que eu falava, e não agia como se eu fosse menos capaz que ele quando falamos de nossos times, e depois de algum tempo, e com nossas mãos em cima da mesa, percebi que ele arrastou sua mão para mais perto da minha, e embora eu tremesse por dentro não me mexi, e ele bem devagar colocou sua mão por cima da minha. Ficamos nos olhando e nos acostumando com aquela novidade quando, um barulho de alguém batendo na mesa, nos fez pular assustados: - Quem é você?- perguntou John. - Você me conhece Weasley. - Não venha com intimidades rapaz, estou aqui a trabalho. Quem é você? - Johny repetiu a pergunta enquanto sacava um bloquinho de anotações do bolso. - Johny você esta me matando de vergonha. Eu vou te matar!- eu disse entre dentes. - Calma, Lizzie, estou aqui só cumprindo ordens do papai... O tempo está passando e eu não estou ficando mais jovem, responda garoto: - Garret Donovan, quintanista, batedor da Sonserina. - Garret respondeu sério e John continuou: - Certo...E porque está pondo as mãos em cima de uma garota sem graça como a Lizzie? - ofeguei e antes que Garret falasse alguma coisa John solta: - Você é inseguro?- eu bufei e fechei os punhos, ia voar naquela coisa que diziam ter saído da minha mãe, mas Garret disse calmo: - Não, eu não sou inseguro, por isso convidei uma garota linda como a Elizabeth para sair comigo. E você é inseguro?- ele devolveu: - Eu? Claro que não, mas o assunto aqui é você. Preciso passar um relatório para o meu pai, afinal ninguém nunca... - John cala a boca! - eu rosnei e meu irmão tornou a se virar para mim e disse: - Pode bufar à vontade, estou aqui a mando do nosso pai, reclame com ele. - Não vou me preocupar com isso, ele vai ter que se resolver com a mamãe e você também. Você foi longe demais John. - e isso fez John vacilar, mas só um pouco. Ficamos nos encarando, quando Garret tossiu um pouco e disse: - Cara, você quer motivos para falar da sua irmã para o seu pai não é? Pois eu vou te dar um bom motivo. - e mesmo sentados Garret puxou meu rosto para ele com força e me beijou: Nos primeiros 2 segundos, eu fiquei de olhos arregalados, mas logo os fechei e acabei esquecendo de tudo. Aos poucos Garret me soltou e eu abri os olhos que estavam um pouco desfocados. Pisquei e olhei para o rosto vermelho de John, tão aturdido quanto o meu, as pessoas em volta, nem falavam. Garret disse: - Bom, agora você pode colocar no seu ‘relatório’ que eu beijei a sua irmã e se ela gostou vai me beijar de novo muitas vezes, e que se ele quiser falar comigo, ele sabe aonde me achar. E caso você queira acertar as coisas no braço comigo, é só marcar. - e saiu do café andando calmamente. Olhei para John e a primeira palavra que saiu de nossas bocas foi a mesma: - Uau! - depois do choque me recuperei e olhei para John com zombaria e disse: - Agora seu relatório vai ser completo. - e fiz a letra L, com o indicador e o polegar na minha testa provocando-o, chamando-o de otário. Enquanto saía do café, eu só pensava: - Ele me beijou! Ele me beijou! Ele me beijou! Thursday, November 13, 2008 31 de Outubro de 1999 - Nicholas, fique parado, preciso arrumar a fantasia – Anna puxou Nicholas para perto dela e o capuz caiu para trás – Pronto, cinto preso. Tome, segure isso – E lhe entregou um sabre – Perfeito! Não está a cara do Luke Skywalker? - Pelo tamanho, está mais pra Chewbacca – Kegan falou rindo e Ben atirou a varinha nele, que a pegou no ar – Estou brincando, está ótima a fantasia, Nick. E a sua também, mano. Pegou essas vestes do próprio Dumbledore? - Sim, encontrei algumas na antiga sede da Ordem. E você? Está vestido de que? - De gladiador, ora! - Ah sim, pensei que só queria usar saia... – e ele lhe devolveu a varinha, atirando com força - Você sabe que os trouxas vão pensar que você é Merlin, não é? - É, mas foi a solução mais pratica, assim nenhum bruxo me reconhece. Estão todos prontos? Podemos ir? - Calma, ainda falta meu pequeno! – Anna levantou do chão apressada e sumiu pela porta – Esperem na sala, já termino de arrumar o Jake! Pegaram as sacolas em forma de abóbora da mesa e sentaram no sofá para esperar. Era o primeiro Halloween do Nicholas depois de já estar totalmente entrosado com toda a família e ele estava ansioso. Esse ano seu pai decidiu passar a data em Londres e iam levar Jacob e os sobrinhos de Louise, Otter, Nigel e Rebecca, então Kegan se ofereceu para ajudar a controlar a tropa. Anna voltou do quarto minutos depois com Jacob vestido de Harry Potter. Os óculos redondos eram quase do tamanho de seu rosto, de tão pequeno que ele era. - Não adianta falar “Anna, os trouxas não conhecem Harry Potter!” – a irmã já veio avisando – Ele quer porque quer ir vestido assim, era uma batalha perdida. Então se perguntarem, digam que é de um livro sobre um menino bruxo que só foi lançado no Alaska! Jacob corria pela sala fingindo lançar feitiços com a varinha de brinquedos e riram quando Nicholas, para se defender, “acionou” seu sabre de luz e os dois começaram um duelo fictício em cima do sofá. Entregaram as abóboras/sacolas a eles e saíram. No caminho até o bairro onde os sobrinhos de Louise moravam eles já foram enchendo as sacolas e quando chegaram a St. James, os três já os esperavam do lado de fora, fazendo a maior bagunça. Otter estava vestido de Freddy Krueger, Nigel de Jason dos filmes Sexta-Feira 13 e Rebecca de Princesa Jasmine. Os três se juntaram a Nicholas e Jake e a partir daí, a noite foi um caos. Caminhar pelas ruas de St. James e dos bairros vizinhos com 5 crianças desesperadas atrás de doces era, de longe, a tarefa mais difícil que já delegaram aos dois irmãos. Dementadores e comensais da morte nunca deram tanto trabalho assim. Eles estavam levando a sério toda a historia de que, se não der doce, tem que levar trote. Anna fiscalizou para que Nicholas e Jacob não saíssem com armas em potencial de casa, mas Otter e Nigel carregavam munição de sobra. E os adultos responsáveis perceberam isso tarde demais. Estavam parados na calçada enquanto eles iam bater em mais uma porta e um homem rabugento atendeu. Não levou nem cinco segundos para despachar as crianças. Já preparavam para incentivar a bater na próxima casa quando viram Nigel puxar uma sacola de dentro da mochila e num piscar de olhos, os cinco tinham um ovo em cada mão e arremessavam contra a fachada da casa do homem. Correram apavorados e Ben agarrou Jake e Rebecca em uma braçada só e Kegan agarrou Otter, jogando o menino por cima do ombro. Os outros dois já estavam do outro lado da rua quando as luzes da casa do homem acenderam e ele abriu a porta, praguejando em alto e bom som. - O que estão fazendo? – Kegan brigou, mas eles riam de gargalhar, e era difícil não rir também - Ele não tinha doce e a tradição diz: gostosuras ou travessuras – Nigel se justificou e foi apoiado pelos outros quatro - Mas ovo? – Ben exclamou incrédulo – Vai levar um bom tempo pra ele lavar aquilo! - Ovo podre, tio – Otter riu – Passamos o ano todo guardando os ovos que o vovô ia jogar fora. - Pai, você viu onde eu joguei o ovo? – Nicholas dizia empolgado – Acertei no 2º andar! - Tio, tio, eu joguei ovo no moço! – Jacob ria orgulhoso - Foi legal! - É, só não vamos contar pra mamãe, ok? – Kegan deu três tapinhas leves nas costas dele – Vamos andando antes que ele chame a policia! Eles se deram por vencido de que por mais que reclamassem aquilo ia se repetir em todas as casas que se recusassem a dar doce e seguiram adiante. Kegan confiscou o saco de ovo podre depois que uma segunda casa foi alvejada, mas eles tinham mais munição. As sacolas já estavam pesadas de tantos doces e pararam para descansar na praça da cidade. As crianças faziam um balanço do que haviam coletado quando ouviram um grito seguido de som de coisa quebrando e depois um urro. Levantaram já tateando as varinhas no bolso, mas uma massa de meninos fantasiados correu pra fora do gramado e viram que era alguma travessura. As crianças cataram as sacolas e correram na direção dos gritos e eles foram atrás. Alguns meninos ainda batiam em retirada e viram um homem fantasiado de monstro, com uma serra na mão e coberto de ovo dos pés a cabeça. Um último menino correu do jardim e esbarrou em Rebecca, derrubando-a. Kegan puxou o garoto do chão e Ben levantou a garota. Ela tinha ralado o cotovelo e já ameaçava chorar. - Desculpa, não vi você. - Tudo bem, não machucou muito, não é, Becky? – Ben falou esfregando o cotovelo dela - Que fantasia é essa, menino? – Kegan perguntou curioso - Gene Simmons, do Kiss – respondeu como se fosse obvio, mas até que era. Ele estava mesmo com um figurino idêntico ao que a banda usava nos shows. - Como é seu nome? Cadê seus pais? - Connor! – uma mulher fantasiada de camponesa veio correndo pela rua – Que gritos foram aqueles? - O Adam bateu na porta e saiu um monstro com uma serra elétrica na mão, todo mundo se assustou e atiraram os ovos nele. Ai corremos, ele não ia mais querer dar doce. - E cadê as crianças? – ela parecia desesperada - Não sei, cada um foi pra um lado – ele deu de ombros e virou pra Rebecca – Não machucou mesmo? – ela negou com a cabeça, tímida - Precisa de ajuda pra alguma coisa? – Kegan falou preocupado com o pânico dela - Sai com as crianças do bairro pra pedir doce e agora todas sumiram! E olha que nos mudamos tem só dois meses, os pais vão me adorar agora... - Calma, a gente ajuda a procurar. Sou Kegan, esse é meu irmão Ben. - Andrea, prazer. E obrigada! - Sem problemas, vamos nos espalhar que fica mais fácil. Crianças, acham que conseguem ficar quietas e em um lugar só por alguns minutos? – Ben perguntou e eles assentiram com a cabeça - Não vamos demorar, não saiam daqui dessa praça, entenderam? - Kegan reforçou - Connor, fique com eles, por favor. Meu marido está vestido de espantalho, então se virem um, gritem e contem o que aconteceu, por favor. Deixaram as crianças na praça e saíram para ajudar a localizar as outras oito. Demoraram cerca de meia hora pra encontrar todas elas, de acordo com as descrições de rosto e fantasia que usavam dadas por Andrea. Voltaram com elas pra praça e qual não foi a surpresa ao perceberem que agora eram as suas crianças que estavam sumidas? Ben olhou em volta já com a mão na cabeça, mas o pânico não durou muito. Ouviram risadas do outro lado da praça e barulho de pés correndo pela rua. Os seis apareceram rindo e com pedaços de papel higiênico nas mãos. Olharam pro ponto de onde eles partiram e até mesmo um cego seria capaz de ver todo o quintal daquela casa decorado com papel higiênico. As fitas corriam de uma ponta a outra do jardim, penduradas em arvores, entupindo a fonte que decorava a entrada e estiradas por toda a extensão do gramado, tornando impossível ver a cor da grama. - Ele não quis dar doce? – Kegan perguntou rindo - Não, disse que éramos uns bastardos – Connor deu de ombros - O que é um bastardo, pai? – Nicholas perguntou - Nada, é só uma palavra feia, nunca chame ninguém assim, entendeu? – e ele fez que sim com a cabeça - Acho que todo mundo aqui já coletou doce suficiente pra passar a noite acordada, não é? – Andrea se largou no banco, cansada - Também acho que estamos bem de doce por hoje... – o marido espantalho falou O protesto foi geral. A criançada começou a reclamar alto dizendo que não tinham andado o bairro todo e eles eram 4 contra 14, então acabaram cedendo. Agora se juntaram e passaram o resto da noite com aquele grupo enorme de crianças já cheias de açúcar no sangue e em um nível altíssimo de hiperatividade, mas deram conta. Jacob, Nicholas, Otter e Nigel haviam se dado muito bem com o menino chamado Connor e Rebecca, por ser agora a única menina do enorme grupo, estava mais tímida, mas andava ao lado dos primos participando da conversa. Foi o primeiro Halloween dos seis juntos. Eles nem imaginavam, mas era o primeiro de muitos que ainda estavam por vir. ººº 31 de Outubro de 2010 - Prontos? – Nigel perguntou checando a passagem - Espera! – Jacob berrou e assustou os amigos – Pronto. Achei meus óculos. - Ainda acho tão arriscado fazer isso todo ano... – Rebecca arriscou, mas Connor a abraçou por trás, a sacudindo. Ele não percebeu, mas isso causou arrepios na garota que iam dos pés até os fios de cabelo - Relaxa, Becky. Você mesma disse que todo grupo precisa de uma tradição, e essa é a nossa. – o garoto a soltou e apertou seu queixo. Ele também não notou suas bochechas levemente coradas. - Exato. Foi numa noite de Halloween que eu, você e Nigel conhecemos Nick, Jake e Connor, e desde então sempre passamos a data juntos, pedindo doces – Otter falou ajeitando as luvas com garras do Freddy Krueger - Vamos logo, pessoal – Nicholas apressou os amigos – Daqui a pouco Filch passa pelos corredores fazendo ronda e não conseguimos sair. Hogsmeade está cada vez maior e nosso tempo cada vez mais curto! Rebecca arrumou o cabelo pela ultima vez no espelho, Connor conferiu se a pintura do rosto ainda estava intacta e Jacob arrumou os óculos redondos no rosto. Nigel foi o primeiro a passar correndo pelo saguão em direção ao pátio, fazendo sinal para os outros o seguirem. Halloween sem Trick or Treat para eles, não era Halloween. Fizeram disso uma verdadeira tradição, e ainda pretendiam fazer muitos anos à frente. Monday, November 03, 2008 “Querida mamãe, Depois que nos despedimos na estação, arrumei uma cabine e fiquei esperando as outras pessoas chegarem e o que eu podia fazer era torcer para que meus companheiros de viagem fossem pessoas legais. E eu até que tive sorte. Conheci um pessoal do terceiro ano que foram muito atenciosos, me contando sobre as coisas da escola Ok, já posso ver o ponto de interrogação na sua testa para saber quem são eles: São Charlote Bisset, Leonard Underwood, John e Elizabeth Weasley e a prima deles, novata como eu: Victoire. Quando a hora do almoço chegou, uma mulher baixinha e gordinha empurrando um carrinho lotado de coisas gostosas e que cheiravam bem, parou em frente da nossa cabine e eu comprei alguns bolos de caldeirão, pastelão de carne, um sanduíche de salada de atum, alguns doces, uma garrafa de soda limonada e só pra garantir uma maçã. Você conhece meu apetite quando estou animado com uma coisa nova. Como tinha muita comida, acabei trocando um dos meus bolos por um sanduíche de bacon com o Johny Weasley. Ele joga Quadribol e é batedor pela Grifinória e a irmã dele é artilheira. Eles são gêmeos e a prima deles Victoire é...Diferente. Estávamos na cabine, e teve uma hora olhando pra ela que me senti esquisito, senti minhas orelhas esquentaram e meu estômago parecia enjoado. Eu queria sair voando e mostrar pra ela que eu era um cara corajoso. Acho que eu devo ter feito algo estúpido, pois ouvi ao longe a voz ríspida de Elizabeth, dizendo para ela parar de fazer aquilo e quando me dei conta eu estava em cima do banco com os braços erguidos, apoiado num pé só, e o Leonard estava imitando o canto de uma ave, que parecia em sofrimento, e batendo os braços. Johny chorava de rir. Quando me sentei, Victoire me pediu desculpas, por ter perdido o controle sobre os poderes de veela. Aí que fui perceber que a pele dela é extremamente branca, seus olhos bem azuis e seu cabelo é quase branco de tão loiro. Preciso reler meu livro sobre criaturas mágicas, pra estar mais preparado não é? Bom, no fim eu acabei rindo também, o Touro Sentado iria adorar me ver pagar mico, ainda mais por causa de uma garota blergh! Quando chegamos na estação, um cara enorme veio nos receber. E você nem adivinha quem era: Era o Hagrid, o meio gigante amigo do Dumbledore. Mãe, você precisava ver o tamanho das mãos dele. Ele chamou os alunos do primeiro ano e nos levou até um cais cheio de barquinhos, que nos guiou por um lago até o castelo. Acho que não falei que Hogwarts tem um lago enorme na frente dele né? Chegando lá a Diretora McGonnagall nos recebeu e explicou sobre a seleção, sobre as casas para onde iríamos, que podemos ganhar ou perder pontos para nossa casa, aquilo que você já tinha comentado. E teve uma menina que conseguiu perder pontos, antes mesmo de ser selecionada. Apesar de ter sido uma briga de meninas, com puxões de cabelo e gritinhos, foi legal. Não faz esta cara mãe, sei que brigar é errado, mas nunca vi uma menina juntar um monte de cabelo e fazer a cara da outra encostar no chão em menos de 10 segundos. Foi i-ra-do! Sabia que aqui um chapéu velho, é quem faz a seleção das casas? Ele seleciona pelo jeito do aluno e eu entrei na Corvinal. Eu adorei o lugar, é cheio de livros, e sempre tem umas coisas para gente comer, chá e a cada dia vamos ter uma senha diferente e não pense que é uma coisa decorada não, serão perguntas para nos fazer aprender, não é demais?? Meu companheiro de dormitório é um garoto muito legal chamado Rupert, ele tem uma irmã aqui na escola e é filho do nosso professor de DCAT. Mas não é do tipo que se acha não, ele é normal. As aulas vão ser puxadas, é o que todos estão dizendo, então não vou conseguir escrever todos os dias, mas pelo menos uma vez por semana eu escrevo contando como estou indo ok? Ah! E a comida daqui é muito boa. Manda beijo pras tias, abraços pros tios, um especial pro vovô e um tapa na cabeça do Tonto huahuahua. Te amo mãe, Julian”. P.S. Esqueci o mais chocante: sabe quem apareceu na estação de trem? Ty McGregor. Eu até tentei descer do trem para pegar um autógrafo dele, mas não consegui passar pelas pessoas. Se Justin estivesse aqui, teria conseguido até foto. P.S2 - Não fala pra ele que eu falei isso, não quero que ele fique mal, por não ter vindo. Até breve mãe, o/. As mãos da mãe de Julian tremeram um pouco ao ler as últimas linhas da carta. Olhou para o Profeta Diário em cima da mesa, onde uma foto do ídolo do filho acenava alegre rodeado de fãs, ela suspirou e disse para si mesma: - Cedo ou tarde vou ter que encarar o passado; espero que seja o mais tarde possível. |