Sunday, July 15, 2007 Entrevista com o Vampiro – O Outro Estranho a Mim Lembranças de Alucard W. Chronos Baile de Formatura do ano de 1978 - Juro solenemente fazer tudo de bom! Desse modo, Lupin terminava o seu discurso como orador dos formandos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Ele recebeu uma salva de palmas, e dentro de mim eu sentia um prazer intenso e grande felicidade de ver alguém como Remo Lupin, que tinha maldições como eu, tão feliz e tão reconhecido. Olhei ao meu redor e vi os rostos felizes e os olhos brilhando de todos, até mesmo do seboso do Snape. - Pena que não vão durar não é? A seed of doubt It exists And it grows A glimpse of life From somewhere deep within Awake and understand A voz ecoou em minha mente enquanto eu encarava os rostos ao meu redor. Porém a ignorei, e ela pareceu desaparecer, mas ela deu lugar a imagens distorcidas e malévolas...Longbotton tinha uma expressão de dor e loucura. Por algum motivo eu via traição nos olhos de Pettigrew. Potter e Evans pareciam que estavam envoltos por uma nuvem negra, e notei que Longbotton também estava coberto por nuvens negras. Lupin e Sirius tinham as faces mais simples e ainda felizes, pois a queda estava longe, e eu não podia vê-las, mas algo me dizia que Sirius sofreria primeiro. Is there anyone else here? Somebody screaming Please help me Let's find out now That I am not dreaming Welcome to my damnation Here it comes the real me I didn't know I couldn't hear the answer My mind was blank I should have known I hold it back but somehow There is someone elseAnother stranger me Assustado com as visões apertei a mão de Mirian, e apenas seu toque me fez voltar ao mundo normal e com um piscar de olhos as imagens sangrentas de quase todos os formandos sumiram... - Está tudo bem meu amor? - Está sim, Mi, não se preocupe...Veja é a Celas! Desviei o assunto enquanto observávamos uma Celas radiante receber o diploma e correr para abraçar papai e mamãe... Mas meus pais também estavam envoltos em sombras, negras nuvens de dor... E morte... Balancei a cabeça novamente e as cenas sumiram, mas senti-me tonto. Deu-se início a festa! Levei Mi para a pista de dança e juntos dançamos por um longe tempo enquanto víamos uma Celas cheia de alegria dançar com os amigos, também formandos. Não era à toa, ela havia conseguido 5 N.I.E.M.s incluindo Defesa contra as Artes das Trevas, Transfiguração e Poções, seu maior orgulho. E eu também me sentia orgulhoso por ela. Mas então senti uma tontura imensa... Agarrei-me a Mirian, mas nem mesmo o toque de sua pele me acalmou. Mergulhei em um turbilhão de cores e sons, me perdendo em mim mesmo... Perdi os sentidos... Eu estava novamente na escuridão. A minha frente somente havia o nada. Mas a alguma distância de mim, eu via um rosto branco flutuando no meio das trevas. O meu rosto, pálido e maligno. Aos poucos seu corpo, também branco, foi surgindo das trevas e ele me encarava com um sorriso no rosto. - É tão engraçado ver todos eles felizes não é? Quando em breve a felicidade de muitos vai estar extinta... – Ele soltou uma gargalhada e tentou avançar, porém algo o impediu. - Calado! Não me deixarei cair em suas mentiras novamente... - Não adianta querer fingir que é mentira, Chronos. Você sabe que é verdade... Quanto tempo vai demorar? Não sei... Isso para nós é irrelevante, temos toda a eternidade!! Por que não os protege de tanta tristeza? Por que não os faz sentir menos dor... Entre nossas pressas!! - Ele gargalhou mais alto e novamente tentou avançar, mas algo o segurava. Ele tentou não demonstrar, mas isso o estava irritando. - Calado... Você tem mais poderes do que eu, vê mais longe do que eu... O que os aguarda? - Dor, muita dor... Tanto dor física quando emocional. Até mesmo seus queridos pais vão sentir dor... Ah como vão sentir. Ele gargalhou novamente e isso me enfureceu e eu avancei contra ele, mas vi que fora um erro. A minha raiva enfraqueceu minhas defesas e o fortaleceu. Ele se soltou de seja lá o que for que o segurava e rindo alto levantou as mãos, como garras. - Eu vou lhe mostrar que você é fraco! Que você está enlouquecendo, vou fazê-lo enlouquecer perante a dor! E tomar o seu lugar!! That's When the ice Will break away I can't get out here Anymore Cause none of my keys Fit the door There's fear and anger Hate and loveI must confess It's out of handIt's cynic It's cynicStill cynic All my laughter It's cynic Just manic It's cynic All her laughter Ele avançou, presas a mostra na face branca, mãos como garras, olhar como uma navalha. E eu avancei sem nem pensar duas vezes, presas a mostra em uma face negra, mãos como lâminas, olhos vermelhos como o sol. Havia fúria, amor, ódio, felicidade, alegria, carinho, crueldade e solidão em jogo. Havia o sangue daqueles que eu amava em jogo. Enquanto avançava e até mesmo enquanto lutava, ele ria alto e cada vez mais. Perto de mim ele se movimentou com rapidez, desviando de um golpe das minhas mãos que o atingiriam no rosto e se abaixou, apunhalando com as garras rapidamente. Eu consegui escapar, mas as garras me arranharam do lado direito da barriga e gotas de sangue negro caiam no chão de trevas. Ele me acertou com um chute e me empurrou para longe, em seguida abaixou-se e lambeu o sangue negro. Senti como se uma parte de mim fosse absorvida e uma nova onda de ódio percorreu meu ser, mas me controlei. Avancei novamente, agora com mais garra. E foi minha vez de alcançar sucesso nos ataques. Dançávamos ao ritmo de uma música tenebrosa, porém rápida e nos movíamos como se seguíssemos uma coreografia. Uma coreografia da Morte. Minhas mãos eram tão rápidas que se cortavam como espadas, e em uma sucessão de golpes perfurei vários lugares do corpo dele. Ele bloqueou alguns golpes e conseguiu perfurar meu joelho esquerdo. Ele se alimentou novamente do sangue negro do chão e vi suas feridas se fecharem, mas mesmo assim um sangue branco brotava de seu corpo e se acumulava no chão. Dançamos novamente sob a sinfonia da morte e quando consegui empurrá-lo para longe, engoli o sangue branco dele, e minhas feridas também se fecharam. Não sei por quanto tempo dançamos sob o ritmo da sinfonia da Morte, mas sei que parecíamos não ceder espaço um para o outro. Ele me provocava, e era difícil manter o controle, mas ele mencionou Alex, Louise e Kyle, e os nomes me deram novas energias. Ele mencionou Mirian, ameaçando-a, me dizendo o que faria com ela. Era nojento ouvir um verme como ele falar em profanar aquela que eu amo. Um ódio e uma força branca surgiram dentro de mim e finalmente o superei. Tornei-me mais rápido do que ele, mais forte, e mais habilidoso. Dançava seguindo minha própria música, recriando a sinfonia da Morte, sob os meus anseios. Perfurei seu peito, transpassando onde estaria o coração. Retirei meu braço, agora cheio de sangue branco e vi-o cambalear e cair de joelhos diante de mim. - Eu sou mais forte que você. Não há mais nada que possa fazer, verme. – Ele gargalhou novamente me encarando com raiva nos olhos. - Acha mesmo, Chronos ? If there's anyone in It soon will be over We'll burn out Our soul's aflamed And we're on our own now Give up you cruel invasion You're insane I'll show you Out and gone Can't resist Cold and sore The bolt of pain Keeps ripping through my head I can take no more Com nova gargalhada, ele agarrou meu braço e perfurou meu peito também. Ficou de pé e me encarou. A escuridão deu lugar a um vermelho intenso e ofuscante. Senti que havia algo errado e o golpeei ferozmente, mas ele não me largou e afundou mais o braço em meu peito. - Não há mais como sair! Matarei a nós dois! - Não seja tolo, verme, não há como me matar. Não quando tenho os poderes deles comigo. Ao fundo, o vermelho intenso parecia se tornar um sol, em lugares onde pontos surgiam. Primeiro a imagem de Alex, aquela que me doou seu sangue de boa vontade e depois em um brilho ainda mais intenso, Mirian. - Acha mesmo que elas podem lhe ajudar?! Elas odeiam você! Fingem serem suas amigas, por medo e receio de você. Sua amada Mirian sente nojo de você. Ou você acha que ela gosta de beijar uma boca que sabe que pode sugar sangue e roubar a vida de outrem? E sua grande amiga Alex, ela ainda não esqueceu sua tentativa de matá-la, pelo contrário, ela sempre se lembra disso quando o vê! Ela se sente enjoada só de pensar em você... Como eles podem lhe ajudar, pequeno e débil Chronos? Don't tell anyone else but I Do not believe her She hates me Cloud my mind She's a deceiverI can feel cruel vibrations Would you like to meet me? A seed of doubtIt exists And it grows A glimpse of life From somewhere deep within Awake and understand Another stranger me... A menção de coisas que eu já havia pensado me enfraqueceu e senti os brilhos de ambas enfraquecerem e meu mundo ficar cada vez mais sangrento, como se em breve não houvesse mais volta. Porém ouvi ao longe Mirian me chamando, senti sua força me buscando, me procurando, uma força repleta de apenas amor e carinho. No mesmo momento meus olhos brilharam refletindo o brilho das imagens deles, deles todos. Alex, Louise, Scott, Kyle, Celas, Yulli, e até os Marotos, e acima delas, Mirian. Cada um parecia segurar uma ponta de uma grossa corrente. As correntes tomaram vida. Elas avançaram contra Ele, puxando-o para longe de mim, prendendo-o enquanto ele gritava e urrava de raiva e medo. A imagem de Mirian se aproximou e beijou meu rosto. Minhas feridas sumiram e meus olhos assumiram um tom vermelho brilhante. Aproximei-me dele que ainda se debatia, tentando se soltar. - Eu sou mais forte que você. E mesmo que eu não seja eles o serão por mim, verme. - Você acha mesmo, Chronos? Todos estão apenas mentindo para você!! - Não, não estão! A prova está aqui, nessas correntes, cada um deles me dá forças na luta contra você!! Agora me responda, verme, por que me envia aquelas visões? - Não sou eu que as envio, é você mesmo, porém com meus poderes, eu as recebo mais facilmente e posso enviá-las para você... Avise os seus pais para tomarem cuidado... Você sabe o porquê. As correntes o faziam falar e ser mais dócil e consegui me afastar dele, deixando mergulhado novamente nas trevas, preso pelas minhas correntes e pelas correntes de meus amigos. Voltei a mim e estava deitado em uma das camas da enfermaria. Mirian segurava minhas mãos e parecia em transe enquanto me passava forças. Papai e mamãe, assim como Celas, me esperavam ali perto e quando acordei todos correram para mim. Logo me senti mais leve e alegre, mas não pude ignorar o aviso Dele. - Pai, Mãe, o que está acontecendo? N.A.: Another Stranger Me, Blind Guardian Monday, July 09, 2007 Lembranças de Monn Speaker. Corvinal, 30/06/78 às 15:23: Corvinais descansando para o baile. Saturday, July 07, 2007 O Expresso de Hogwarts soltou sua última baforada de fumaça e começou a se movimentar lentamente. Todos nós estávamos espremidos nos bancos e chão de uma única cabine conversando animadamente sobre a festa de formatura do dia anterior quando a porta se abriu e Sam entrou com a mão no peito, forçando-se a respirar.
A plataforma 9 ¾ já estava tomada pelo barulho de malões sendo arrastados, despedidas, cantorias e conversas. Peguei minhas coisas no bagageiro e me despedi de meus amigos combinando de nos encontrarmos nas férias e mantermos contato por cartas.
Friday, July 06, 2007 Abri os olhos devagar e de cara não reconheci as cortinas vermelhas em volta da cama, mas logo me lembrei que não havia passado a noite na Lufa-lufa. Não consegui reprimir o sorriso idiota que se formou no meu rosto ao constatar onde estava e me enrolei no lençol, abrindo as cortinas. Remo estava parado de costas para a cama e encarava fixamente a janela. Envolvi meus braços em sua cintura e beijei seu ombro. - Bom dia - Bom dia – ele me puxou para frente dele e me beijou devagar - O que tanto olha por essa janela? - Nada demais... – ele tentou parecer casual, mas sua voz dizia o contrario – Só estou contemplando pela ultima vez a vista que se tem daqui de cima - Só de pensar que ano que vem é a minha formatura, e que volto em Setembro sem você, me dá um nó na garganta... – olhei para onde ele olhava e suspirei – Mas não é só isso que incomoda você... O que é? Remo me abraçou mais forte e ficou em silencio por um tempo, olhando para os jardins. Virei o rosto para olhar para ele e ele tinha uma expressão desanimada. - Tenho receio de como vão ser as coisas de agora em diante – ele começou a falar e seu tom de voz era tão triste que me deixou aflita – Quando entrei em Hogwarts, o professor Dumbledore tinha cuidado de tudo para que eu pudesse terminar meus estudos sem machucar ninguém, ter minhas transformações toda lua cheia de maneira que isso não me atrapalhasse em nada. E agora eu estou por conta própria. Quem vai querer um lobisomem trabalhando em algum lugar, pondo em risco a vida de outras pessoas? - Remo, muita gente daria um emprego a você – me soltei do abraço dele e o encarei de frente – Você sabe quando vai se transformar e pode controlar isso. Não estaria pondo a vida de ninguém em risco! - Depois de cada transformação, eu passo no mínimo dois dias em recuperação. Como vou trabalhar sem ser demitido desse jeito? - Para onde você se inscreveu? No Ministério da Magia, certo? – ele confirmou com a cabeça – E tenho certeza que a professora McGonagall escreveu uma carta de recomendação realmente boa para você... Quando vai saber se conseguiu o estágio? - Em meados de Agosto, eles não liberam antes, os novatos só começam em Setembro - Então que tal deixarmos para nos preocuparmos com isso em Agosto? – sorri beijando ele outra vez e ele sorriu de leve – Temos um verão inteiro pela frente, e pretendo passar cada segundo dele com você, já que em Setembro nos separamos... - Você tem razão, estou me preocupando antes da hora. Vamos nos ocupar com planos para o verão que- A frase foi interrompida com o som de passos e vozes animadas se aproximando. Olhei para ele alarmada e minha reação imediata foi pular de volta para a cama e fechar as cortinas. A porta se abriu com um estrondo e as vozes que conversavam animadas cessaram ao mesmo tempo. Foi ai que me lembrei que meu vestido devia estar no mínimo jogado no chão, ou perdido em cima de algum móvel. - Vocês não iam voltar às 7? – ouvi a voz do Remo – São 6:15 ainda - Aluado... – ouvi passos e a voz debochada do Sirius – O que andou fazendo? - Nada da sua conta – Remo respondeu seco – Será que vocês poderiam sair? - Não sem antes falar o que estava fazendo... – agora era Tiago que falava, e podia até imaginar o sorriso imbecil estampado na cara dele - Os quatro, fora, agora – ouvi Remo caminhar até os amigos e pelo barulho, empurrá-los - Qual é! Esse dormitório também é nosso! – a voz enjoada de Pedro resmungou – Eu nem arrumei meu malão ainda! - Arruma depois, Pedro – Quim falou sem tom de deboche na voz. Adorava ele – Vamos, depois a gente volta, Remo Ouvi Quim empurrar Pedro para fora e apesar de ouvir também muitas risadas de Sirius e Tiago, eles pareciam estar saindo sem criar problemas. As cortinas abriram outra vez e Remo estava sozinho no quarto. Sai querendo rir, mas me controlei, pois ele estava sério e parecendo muito sem graça. - Desculpa, desculpa, desculpa – ele me abraçou outra vez e não contive o riso – Não era pra eles voltarem tão rápido! - Não tem problema, acho que eles iam chegar a essa conclusão sozinhos já que você sumiu a noite inteira, e eu também - Quer que eu pegue a capa do Tiago para você sair? Eles estão esperando a gente passar no salão comunal, tenho certeza disso - Não precisa. Eles sabem que estou aqui mesmo, que diferença faz? Começamos a rir da situação e peguei meu vestido no canto do quarto, vestindo outra vez. Demorei um tempinho até encontrar os sapatos, e isso deu a Remo tempo para vestir alguma coisa também, ele queria me acompanhar até a Lufa-lufa. Quando saímos do dormitório, não foi surpresa alguma encontrar os quatro sentados no sofá, olhando para a escada. Sentia a mão do Remo gelada segurando a minha, mas tinha vontade de rir. - Bom dia Louise – Sirius falou sorridente levantando do sofá - Bom dia Sirius... – sorri cínica para ele e Remo ficou ainda mais vermelho - Bom dia também, Louise! – Tiago fez uma reverencia idiota e me olhou com cara de deboche - Bom dia pra você também, Tiago... Podem subir, o quarto já está liberado - Vamos arrumar as malas então, não é pessoal? – Quim era o único, além de Remo, que parecia desconfortável com a situação – Bom dia, Lou – ele falou baixo e passou apressado para o quarto - Vou levá-la até a Lufa-lufa, não baguncem as minhas coisas – Remo falou sério e me puxou para a saída - Ouviu, não é Rabicho? Não chega perto do colchão do Aluado! – ouvi Tiago gritar antes que o quadro fechasse a passagem - Desculpa mais uma vez pelos meus amigos idiotas, mas não tenho qualquer controle sobre eles – Remo estava realmente constrangido e ri - Já falei que não ligo, pois tenho certeza que as meninas fariam o mesmo se você tivesse passado a noite no nosso dormitório. Alias, talvez seja melhor você evitá-las no trem, se não quiser ouvir mais piadinhas - Vou tentar, mas acho que vou ter que passar por mais essa – ele riu me beijando e descemos as escadas em direção à Lufa-lufa ººº A viagem de volta a Londres correu tranqüila. Depois de presenciar Sirius e Tiago se despedindo de Hogwarts mandando beijos para McGonagall e até para os portões do castelo, o trem deixou a estação de Hogsmeade sem atrasos. Passei toda a viagem na mesma cabine que Remo, onde estavam todos os nossos amigos. Ninguém queria se espalhar, então ocupávamos até o chão para que pudéssemos passar as ultimas horas que tínhamos juntos jogando conversa fora e fazendo planos para o verão. O Expresso de Hogwarts logo parou na estação de King’s Cross e a inevitável hora da despedida chegou. Nem todos tinham planos de se encontrar nas férias, e quando chegasse Setembro, não veríamos mais muitos daqueles rostos por um longo período. Os ‘adeus’ e ‘até logo’ duraram tanto que tinha a impressão que ninguém queria deixar aquela estação e passaríamos a noite nela se fosse permitido, mas finalmente cada um foi para um lado, restando apenas nós dois. Julian já me esperava na saída da estação com meu malão e Remo segurou meu braço. - Pensei em um jeito de nos vermos sempre que eu puder fugir até Hogsmeade – ele puxou um pedaço de pergaminho velho do bolso e me entregou – Com isso você pode sair do castelo sem ser pega, e me encontrar no vilarejo - O Mapa do Maroto? – falei surpresa – Vai deixá-lo comigo? - Ele não tem mais serventia para mim ou os garotos, a não ser que eu queria vigiar cada passo seu no castelo – ele riu – Mas sei que não preciso disso. Sabe como ele funciona? - Não exatamente... - É simples: para abrir, bata com a varinha de leve e diga ‘Juro Solenemente que não pretendo fazer nada de bom’ – ri do jeito de abrir o mapa e ele continuou – E quando terminar de usar, bata outra vez de leve com a varinha e diga ‘Malfeito Feito’, e tudo vai desaparecer, voltando a ser só um pedaço velho de pergaminho. Mas não se esqueçam de apagá-lo, pois se algum professor pegar, não vai saber o que é - OK, entendi... Não se preocupe, ele estará em boas mãos e faremos bom uso do mapa durante o ano - Não tenho duvidas disso - Então... Nos vemos em duas semanas? - Sim, nos vemos em duas semanas – ele me abraçou e me beijou mais demorado que nunca, antes de me soltar Vi Remo olhar para o trem uma ultima vez antes de caminhar lentamente ao encontro de sua mãe. Correi até Julian mais animada e pulei em cima dele antes de entramos em seu carro. Estávamos enfim, de férias! Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz Estamos indo de volta pra casa... Por Enquanto – Renato Russo Thursday, July 05, 2007 - Juro, solenemente, fazer tudo de bom! Com essas palavras, Remo finalizou seu discurso como orador e o jardim se encheu de aplausos. Papai, sentado na cadeira atrás de mim, tentava conter as lágrimas. Ele não admitiria nem sob tortura, mas estava orgulhoso de Wayne por ele estar se formando com boas notas. Bom, ao menos é o que tudo indica, já que meu irmão se dedicou como nunca aos N.I.E.M.s, deixando o orgulho de lado e pedindo minha ajuda com algumas matérias. Dumbledore encerrou a cerimônia após a entrega dos diplomas e Wayne veio correndo na nossa direção, sem esconder a felicidade. Ele nem ao menos cumprimentos seus colegas de casa, não fez questão, já que não falava com nenhum deles. - Consegui! – ele arrancou a beca assim que parou na nossa frente - Parabéns maninho! Estou tão feliz por você! – Megan se pendurou no pescoço dele e não parava de beijar seu rosto - Parabéns Wayne... – estendi a mão e ele apertou – Confesso que não levava fé em você... – ri - Nossa, obrigado, acho! – ele apertou meus dedos com força e riu cínico - Eu estava brincando! – puxei a mão depressa – Sabia que ia conseguir, você estudou para isso – alisei os dedos já danificados por Louise e ele riu - Onde estão nossos pais? – ele olhou em volta procurando por eles - Dumbledore estava conversando com papai ainda pouco, acho que já foram para o salão – Megan respondeu - Terá que ir até lá se quiser ver papai com os olhos marejados – rimos juntos imaginando a cena - Ele chorou mesmo? – Wayne era quem mais ria - Não fiquei olhando para trás pra prestar atenção, ele ia me dar um tapa. Mas ouvi uns barulhos suspeitos - Imagina a reação dele então quando souber para onde você se inscreveu nos N.I.E.M.s! – Megan falou rindo - Esquece isso, Megan! – Wayne ficou sério – Não sei se consegui ainda, prefiro não pensar até receber o resultado dos exames! - E ai, crianças? – Ben saltou em cima da gente, tentando abraçar os três ao mesmo tempo – Estão falando mal de quem? - Ok, acho que você entortou minha coluna – Megan fez uma careta e Ben riu - Parabéns pela formatura, Wayne! – eles apertaram as mãos – Sem ressentimentos? - É, sem ressentimentos, podemos acabar na mesma família, é bom começarmos a cessar as guerras... - Falando nisso, onde está o seu irmão? – perguntei preocupado - Kegan ficou preso no quartel general por causa de um louco - Eu desperdicei um convite com o seu irmão, quando podia ter chamado o Wart para vir?? – Wayne olhou indignado para Ben - Eu não disse que ele não vem, disse que ficou preso no trabalho! Ele já está a caminho, calma, daqui a pouco ele chega... - Bom, melhor assim, pensei que tinha jogado um convite no lixo - Vocês não gostam mesmo desse Adam, não é? - Nem um pouco. Ele tirou a Karen lá de casa, e não faz nem questão de ser gentil com a família! – falei indignado - Bem, mas se essa coisa toda der certo, meu irmão não vai querer morar lá com seus pais, não acham? - Sim, claro que não, mas do seu irmão nós gostamos – Megan falou – Além de já ser bruxo, ainda é auror! Papai vai até beijar a mão dele se isso der certo... - Claro que vai dar certo – Wayne disse convencido – Karen já gosta dele, só vai demorar um pouco até admitir, ela ainda está com o panaca do Adam. Tem certeza que seu irmão gostou dela? Porque ele vai precisar suar a camisa... - Tenho certeza absoluta! Conheço Kegan e sei como ele fica quando gosta de alguém, e sabem, nunca vi ele olhar pra ninguém como olhava para a Karen... - Ok, vamos parar com as confabulações por um tempo? – falei olhando para a direção do palco – Vejo luzes piscando no palco, acho que o show vai começar! Não foi necessário sugerir duas vezes. Corremos os quatro para perto do palco, onde muitos alunos já se amontoavam. Agora sim a festa ia começar! °°° Moon river, wider than a mile I'm crossing you in style some day Oh, dream maker, you heart breaker Wherever you're goin', I'm goin' your way Já havia dançado e pulado o suficiente por uma noite com os The House-Elves, chorado de tanto rir com a dança retardada da Alex e do Sirius e feito muita piada com a cara deles, ou seja, já havia passado da hora de deixar de fazer cerimônias com meus amigos e migrar para a parte da festa que realmente me interessava: Celestina Warbeck! Quando entrei no salão, lá estava ela. Linda, deslumbrante e cheia de presença, sentada em cima de um piano de cauda e cantando as músicas que eu sabia de trás para frente. Não via nada na minha frente, só ela. Marchei até o piano e nem me incomodei em ver quem estava ocupando a mesa mais próxima, puxei uma cadeira e me sentei. Two drifters, off to see the world There's such a lot of world to see We're after the same rainbow's end, waitin' 'round the bend My huckleberry friend, Moon River, and me Celestina entoou as últimas palavras da música olhando para mim, e podia jurar que ela piscou. Aplaudia freneticamente junto com a ala geriátrica que ocupava o salão principal e acho que ela notou que eu era a única pessoa que ainda estava longe de ter problemas de artrite, pois realmente me encarou e sorriu. Ia levantar e ir até ela, mas alguém me puxou e me sacudiu com violência. Olhei para o lado e Ben estava de pé, sorrindo empolgado. - O que foi?? – olhei para ele quase cuspindo fogo por interromper o meu quase contato com Celestina Warbeck - Johnny, I'm gonna make him an offer he can't refuse… - Ben coçou o queixo fazendo uma cara séria - Isso não é o momento mais oportuno para brincadeiras, Benjamin! – ele arregalou os olhos quando falei ‘Benjamin’, mas depois riu - É bom que alguém esteja morrendo! - Não, é melhor que isso! – Ben apontou na direção do outro canto do salão e levei um susto: Kegan e Karen estavam dançando juntos - Ok, o que eu perdi?? – olhei pra ele chocado e ele riu - Enquanto estava babando pela Celestina? Muita coisa! - E está esperando o que pra me contar?? - Quer ouvir que parte primeiro? Ele bajulando o seu pai, ou implorando para que ela aceitasse dançar ao menos uma música com ele? Comecei a rir e Ben sentou na cadeira vazia ao meu lado também sem se importar com os donos da mesa, começando a me relatar tudo que estava acontecendo. Segundo ele, Kegan chegou à festa uma hora atrasado e sem saber do nosso plano ardiloso, mas nem era preciso, pois ele foi direto procurar pela minha irmã. - Ele simplesmente se plantou na mesa da sua família, e vendo que não estava tendo muito sucesso com a Karen, puxou assunto com o seu pai. Bem que Megan falou que ele ia adorar saber que meu irmão é auror, seu pai parece que entrou na nossa campanha inconscientemente! - Papai é patético, aposto que vai falar de Kegan o verão inteiro no ouvido de Karen, e na frente do Adam! – ri imaginando como seriam divertidas essas férias - Pois é, e seu pai parece que conhece o nosso, pois perguntou se éramos os filhos de Thomas O’Shea. Foi ai que a coisa começou a fluir, e vendo que já tinha conquistado o seu pai, Kegan se atirou de joelhos na frente dela e pediu, ou melhor, implorou, pela 5ª vez que ela dançasse com ele - Bom, acho que nessa Karen teve que topar... - Sim, claro – ele olhou para os dois e deu um sorriso cínico – Isso foi há meia hora atrás... Ficamos sem dizer nada um tempo, observando eles dançando, até que Ben resolveu ir até lá provocar Kegan um pouco, tirando Karen para dançar. Eu continuei sentado na mesa, observando atentamente a apresentação da Celestina. A todo instante um elfo passava com uma bandeja cheia de whisky de fogo para os pais, e apanhava um copo novo a cada passada deles. Lá pelas 3 da madrugada, me enchi de coragem e levantei, parando ao lado da minha deusa e a acompanhando em sua espetacular performance. E não sei dizer ao certo se era efeito do álcool ou realidade, mas muitos pareciam estar apreciando o dueto Scott Foutley & Celestina Warbeck, pois ela não me deixou mais sair de trás do piano. Yulli estava coberta de razão: aquela festa ficaria na nossa memória para sempre... **************** N.A.: Moon River - Louis Armstrong Wednesday, July 04, 2007 Fly me to the moon, And let me play among the stars Let me see what spring is like on Jupiter and Mars In other words, hold my hand In other words, baby, kiss me Fly Me To The Moon – Frank Sinatra - Susan.eu.não.estou.respirando! - Ai, desculpa!! Susan soltou a echarpe que tentava amarrar no meu vestido, só para ver como ficaria, e senti o ar voltando aos meus pulmões. Yulli quase fez um risco com a maquiagem no rosto quando olhou para mim e riu, vendo que eu estava roxa. Susan não parava de pedir desculpas, mas acabou rindo também. Estávamos nos últimos ajustes para a festa de formatura da turma do 7º ano. Abby já estava nos jardins há séculos e Alex havia desaparecido a tarde toda, restando apenas nós três. Susan estava nervosa, ela e Joey haviam acabado de se reconciliar e era engraçado ver a aflição dela em acompanhá-lo ao baile, como se fosse o primeiro encontro. Yulli ia com Quim, ambos inspirados em um filme trouxa chamado Conduzindo Miss Daisy, do qual vovó é fã. E eu, claro, ia com Remo. Havia me lembrado de um filme pra lá de antigo que meu avô adora, Gilda, e minha roupa era inspirada nele. Vovô só não podia nem sonhar com isso, pois acho que enfartaria. Depois de mais de uma hora com os acabamentos finais, conseguimos sair do dormitório. A turma dos marotos já estava toda organizada para entrar nos jardins decorados e começar a colação de grau, então procuramos lugares vazios e nos acomodamos. Quando a cerimônia começou e Remo deu inicio ao seu discurso como orador, quase cortei a circulação das mãos do Scott e da Yulli. Tive um impulso quase incontrolável de chorar em pensar que eles estavam indo embora, mas consegui segurar as lágrimas. O dia era de festa, e não velório... ººº Estávamos parados no jardim depois da cerimônia esperando nossos pares para entrar no salão quando vimos os garotos correrem na nossa direção. Sirius saiu arrastando a Alex e Remo me abraçou com força, me erguendo do chão e me beijando. Fiquei aliviada por não me sentir tonta, sinal de que as poções estavam fazendo efeito. Tudo que não precisava era me sentir mal essa noite. - Oi – dei outro beijo nele e sorri – Seu discurso foi lindo. E você está ótimo com esse terno de risca de giz – ri - Obrigado – ele fez cara de convencido e me olhou de cima a baixo – E você está... – ele continuou me olhando sem terminar a frase - Pela primeira vez, fiquei feliz por você não encontrar algo para dizer – estendi a mão para que ele a segurasse – Vamos Johnny, temos uma festa para marcar presença Remo segurou minha mão ainda sem falar nada e atravessei o gramado puxando ele, certa de que ele já estava chegando ao limite, mas ainda assim com vontade de provocar mais um pouquinho... ººº A festa rolava na maior animação. Enquanto os pais dos alunos relembravam o passado com Celestina Warbeck e um piano de calda, a ala jovem da escola se esbaldava ao som dos The House-Elves nos jardins. Mas meus pés começavam a adquirir bolhas de tanto dançar, então Remo e eu resolvemos dar uma espiada no salão principal e dançar um pouco as músicas mais lentas. E tenho que admitir que a parte interna do castelo estava mais convidativa. - Vou pegar alguma coisa para beber, está com sede? – fomos caminhando até uma das mesas vazias, onde sentei para descansar um pouco - Acho que uma água de gilly cairia bem agora – falei pensativa - Volto em um minuto - Remo beijou minha testa e saiu em direção à mesa de bebidas Dei uma olhada pelo salão pela primeira vez desde que entramos e me surpreendi ao constatar que uma quantidade até grande de pessoas da minha idade curtia aquele estilo musical. A começar por Alex, que dançava feliz com Logan. Ben, para o meu total choque, dançava com Karen sob os olhares atentos do irmão dele, e Scott estava quase sentado em cima do piano de cauda, acompanhando o mais perto que podia a apresentação de Celestina. Fiquei rindo sozinha lembrando a reação de Scott quando soubemos que ela cantaria na festa. Ele é fã incondicional dela e tinha certeza que não demoraria muito para ele pedir um autografo ou tirar uma foto com ela. - Olá – olhei assustada para o lado e vi que tinha um homem de uns 40 sentado ao meu lado, sorrindo - Er... oi? – olhei para os lados para ver se ele falava comigo, mas não tinha mais ninguém, então ele não errou a mesa – Desculpe, mas eu conheço o senhor? - Perdoe a falta de educação – o homem estendeu a mão e a apertei, confusa – John Lupin, pai do Remo - Merlin, desculpa, eu não sabia! – bati a mão na testa sem graça e sorri para ele Passado o momento embaraçoso, descobri que o pai do Remo era mega simpático. E como o filho não tinha me apresentado, ele disse que resolveu fazer isso. Conversei com ele alguns minutos, quando uma senhora aparentando ter a mesma idade se aproximou e fui apresentada a ela, era a mãe dele. Mas nem ao menos pude dizer ‘prazem em conhecê-la’, pois senti alguém me puxando e interrompendo a frase. Remo estava de volta segurando duas taças de água de gilly e o rosto vermelho, parecendo sem graça. - Sua bebida – ele empurrou a taça na minha mão e me afastou mais um pouco de perto deles – Mãe, pai, o que estão fazendo? - Ora, você não nos apresenta sua namorada, nos obriga a fazer isso por você! – a mãe dele respondeu séria e controlei o impulso de rir - Bom, já conheceram a Louise, não é? – ele revirou os olhos e não consegui segurar uma risada fraca, que transformei rapidamente em uma tosse. Ele me olhou sério e olhei para o teto, senão ia cair na gargalhada – Vamos dar uma volta lá fora, ver os House-Elves um pouco, não vão embora sem se despedir Ele nem ao menos deixou os pais responderem que iam se despedir antes de voltarem para casa e saiu me rebocando para fora de lá. Acenei para eles rindo bem a tempo, pois a porta do salão principal já não era mais visível, de tão depressa que ele andava. - Por que esse desespero todo? – fiz ele parar de andar – Estava com vergonha de me apresentar aos seus pais? Porque você já conhece os meus avôs! - Não é você, são eles. Acredite, eu salvei você de um interrogatório... - Eles interrogavam suas outras namoradas também? – falei fazendo bico e ele me abraçou - Você sabe que não teve nenhuma outra pra eles interrogarem. O interrogado fui eu – ele me deu um beijo demorado e acariciou meu rosto – Quer dançar mais um pouco com o pessoal, ou dar um passeio pelo jardim? - Ficar no meio de um monte de gente pulando e se acotovelando ou ficar sozinha com você... – fingi que estava indecisa e ele riu – Pergunta difícil mesmo! Ele pegou minha mão e demos meia volta, caminhando na direção contraria. Os jardins e corredores do castelo estavam todos decorados com cartazes da década de 40, cada um mais engraçado que o outro, e vários objetos daquela época. Sentamos em alguns bancos perto do lago e ele deitou a cabeça no meu colo. Fiquei mexendo no cabelo dele por algum tempo, ate que ele sentou direito e começou a me beijar. As mãos dele passeavam de um lado para o outro, mas eu não tentei impedi-lo. - Remo... – fiz que ia afastá-lo, mas nem tentei – Tem muita gente aqui... - Então vamos para outro lugar – ele nem interrompei a sessão de beijos para falar Concordei com a cabeça e ele levantou apressado, segurando outra vez minha mão e voltando para o castelo. Eu não conseguia desviar meus olhos dele, e não sabia nem para que lado estava indo. Só quando ouvi Remo dizer a senha para entrar no salão comunal da Grifinória foi que me dei conta de que havíamos subido 7 andares de escada. Em questão de segundos já estávamos no dormitório dos meninos. - Seus amigos podem chegar a qualquer minuto – falei receosa, mas desatando o nó da gravata dele - Eles só voltam depois que clarear – suas mãos deslizaram do meu ombro ate a minha cintura e ele não desviava o olhar de mim – Combinamos de não desperdiçar a ultima noite em Hogwarts dormindo, todos vão virar a noite nos jardins e voltar às 7 para arrumar as malas - E quanto a você? – disse beijando seu pescoço – Não deveria estar com eles? - Acho que tenho planos melhores para aproveitar minha ultima noite em Hogwarts... TO BE CONTINUED... |