Wednesday, January 21, 2009 Após o jogo em que vencemos os corvinais, fizemos uma festa de comemoração em nosso salão comunal. Depois de um tempo celebrando um colega entrou e me procurou dizendo que Garret queria me ver. Avisei minhas amigas e fui ao encontro dele. Voltei tarde e o salão comunal da Grifinória tinha alguns gatos pingados, John ainda estava por lá com Leo e Chantal, e quando me viu, marchou direto na minha direção com cara de poucos amigos. - Você não esta saindo com ele não é?- perguntou John e eu o olhei séria: - Está falando comigo? - olhei por sobre os ombros provocando. - Claro, tem alguma outra tonta que sairia com um sonserino aqui?- devolveu: - E qual é o problema? - O problema é que ele é o inimigo, Liz. Sabe que podemos ameaçar o tricampeonato deles... - Você está preocupado com o campeonato mesmo ou é porque eu tenho ficado com alguém e você ainda nem beijou na boca?- e meu irmãozinho bufou: - Não viaja, é claro que eu já beijei na boca. - Ah é? Quem? Seu travesseiro? - Não fico por ai contando vantagens, não sou como o seu amiguinho. Sabia que ele falou pros amigos que vocês estão juntos? - Ah é? Isso é bom. - sorri e isso deixou Johny mais irritado. - Aquele Garret namorava uma menina linda da turma dele, e do nada eles terminaram e ele agora está com você. Vai dizer que você o conquistou? Isso é só pra tirar informações do nosso time. - John, você se esqueceu da bronca da mamãe?? As coisas que ela falou com você?- e lembrei da bronca que minha mãe deu no meu irmão. A coisa foi tão feia, que ele quase chorou rsrs. - Papai me deu razão. Deu bronca em você por ter saído com o garoto. - se defendeu - Deu razão até a hora que nossa mãe o encarou. Você sabe que depois daquilo ele mandou você parar de me atormentar, e me disse que confiava em mim. - Não vamos fugir do assunto. Você continua com o Garret? Já pensou que ele pode te acertar um balaço pra impedir que marque contra eles? - E você já pensou que sua função no time é proteger os artilheiros? Acho que o problema aqui é inveja. - Inveja? Não me faça rir... - É inveja sim, porque eu tenho uma vida fora do time e fora das salas de aula, enquanto você é patético, seu BV. - Eu não sou isso... - Ah você é sim, que eu saiba, a única mulher jovem e bonita que você beijou além da mamãe foi a tia Gina. - Cala a boca, nem peito você tem, parece uma bandeja de ovo frito, e pensa que tem formas de garota. - fiquei cega, e voei no pescoço dele, mas senti alguém me segurar, era o Nigel apanhador da casa, enquanto Leo segurava meu irmão e o empurrava para longe. - Você é um idiota recalcado. - eu gritei tremendo de raiva, e vire as costas, indo para o meu dormitório, junto com Chantal. Naquela hora decidi que daria uma lição no Johny, talvez assim ele crescesse um pouco. o-o-o-o-o-oo- - Você devia se desculpar com a sua irmã. Já tem uma semana desta briga idiota. - disse Leonardo enquanto caminhávamos até o salão de jantar, depois das aulas. Eu e Elizabeth não nos falávamos desde a nossa briga, e eu não sentia a menor falta dela. - Não fiz nada errado, desde quando dizer a verdade é crime?- respondi azedo olhando em volta do salão, e Leo respondeu: - Você a ofendeu sem necessidade, é diferente de dizer a verdade. O Garret é um cara legal e a Liz esta feliz, custa apóia-la? Vocês são irmãos! - Chantal e você ensaiaram isso não é? Você não fala assim, e eu vi vocês de cochichos ontem. - e antes que ele respondesse avistei Becky sentada com as amigas, ela percebeu o jeito que eu olhava na direção dela, e me olhou de volta e sorriu enquanto colocava uma mecha de cabelos atrás da orelha. Sorri e sentei num lugar que dava para vê-la enquanto comia. Depois do último jogo notei que ela me olhava mais e parecia ter sempre um sorriso nos lábios para mim, então procurava estar sempre no caminho dela. Inteligente, bonita, popular na nossa casa... A garota perfeita. -Acho que estou apaixonado! - disse para Leonardo e ele depois de olhar para os lados dela disse: - Impossível de alcançar, ela é mais velha...- e nesta hora Becky levantou para sair, passou perto de nós sorriu para mim e disse: - Oi John, tudo bem com você?- engoli rápido minha comida e respondi, torcendo para minha voz sair normal: - Tudo bem Rebecca. - e acho que fiquei vermelho, pois as amigas dela, soltavam aquelas risadinhas bobas, e ela disse: - Você vai jogar GoW hoje à noite? - Hoje vamos estudar, teremos prova amanhã...- respondeu Leo e eu disse depois de olhar feio para ele: - Claro que vou jogar, você vai estar lá? - Sim, eu vou. Queria tanto aprender este jogo...- e fez beicinho, e meus olhos estavam fixos na boca dela. - Eu te ensino. - disse rápido demais e ela sorriu. Se aproximou dizendo: - Jura? Nada como aprender a jogar com quem sabe o que faz... Nos vemos depois. - se afastou enquanto eu sorria feito bobo, e Leo que nos olhava pasmo. Talvez nem tudo fosse impossível. Nunca um dia de aula se arrastaria tanto quanto este. o-o-o-o-o-o-o - Ai não consigo passar desta fase, eu sou burra não sou??- disse Becky depois de perder todas as vidas, pela quinta vez. - Não, você só não tem prática, olha como se faz...- e mostrei a ela como se jogava e estávamos bem perto um do outro, nossos braços se tocando. As pessoas nos olhavam e alguns garotos até me olhavam com inveja, porque muitos nunca sequer conseguiram um olhar dela e eu estava ali conversando e rindo, enquanto a ensinava a jogar vídeo game. - Agora entendi...Sabia que adoro ver você jogar? Você fica tão compenetrado, é como no quadribol, não perco um lance. Seus balaços são verdadeiras bombas, você é muito forte. - me senti estranho porque ela estava bem pertinho e eu sentia o cheiro do perfume de flores no cabelo dela. Eu peguei na mão dela para ajudá-la com os controles, devo ter ficado vermelho, porque ela disse: - Que gracinha! Você está sem jeito comigo. Não precisa John, eu não mordo, se você não quiser. - falou bem perto da minha orelha, eu senti meu coração acelerar, estávamos tão próximos que se eu virasse a cabeça nossas bocas se tocariam, então resolvi arriscar, movimentei a cabeça e... - Becky, aí está você, podemos ir agora. - e era o Connor, monitor-chefe da Sonserina, ele era bem legal e popular em todas as casas. Ele se aproximou, puxou a Rebecca, e a enclinou segurando-a pelas costas, como se fizesse um passo de dança e a beijou na minha frente. Eles se encararam, enquanto voltavam a ficar de frente um para o outro, ela parecia fora do ar, enquanto ele me dizia: - Valeu Weasley por cuidar da minha garota, pode deixar que eu assumo agora. - e a puxou pela mão enquanto eles saíam do salão de jogos. Fiquei olhando a cena e sentindo que estava caindo num buraco, quando senti um tapa no ombro. Era Garret Donovan. - Você realmente achou que tinha alguma chance John? Tsc..Tsc... Garotos mais velhos saem com garotas mais novas, não o contrário, talvez você tenha mais chances com as primeiranistas. - e saiu rindo enquanto andava até onde estava a Liz. Tive a impressão que ele não estava rindo sozinho, enquanto eu saía do salão de jogos com os ombros caídos. N.Autora: GoW = God of War Monday, January 19, 2009 Segunda-feira, aula de Transfiguração. N.I.E.M.s, N.I.E.M.s, N.I.E.M.s. Tudo que se ouvia nas aulas do sétimo ano era sobre os N.I.E.M.s e as aulas do meu pai não fugiam a regra. A aula era sobre animagia e enquanto via meus amigos fazerem anotações até das pausas que ele dava para respirar, rabiscava no caderno o que poderia ser a letra de uma nova música. - Não há poção, nem varinha e nem encantamento para tornar-se um animago – ouvia meu pai falar enquanto caminhava entre as mesas - Na verdade, isso é muito mais uma habilidade que qualquer coisa, meus caros. Não adianta apenas querer ser um animago, é preciso ter dentro de si a ciência da animagia, e é por isso que nos concentramos em apenas um animal – ouvi um baque de mão na minha mesa e me assustei. Olhei pra cima e ele estava parado na minha frente - Nicholas, preste atenção. Não vamos fazer testes de animagia em sala, mas quero que todos pensem em um animal com que se identifiquem. Depois que todos me trouxerem essa resposta, testaremos apenas a parte em que descobrimos qual é a nossa forma animaga, sem chegar de fato a se transformar. - Eu acho que seria um cachorro – Connor comentou com Nigel do meu lado – Não sei por que, mas é o que sempre pensei. - Eu já acho que seria um bom castor – Nigel respondeu e imitou um, nos fazendo rir - Pra mim você está mais pra gafanhoto – comentei debochado – Olha só pro seu físico... - E você seria o que, Sr. modelo da Madame Malkins? – Nigel revidou – Tente porquinho da índia, combina bem. - Meninos, parem de brincar, a aula não acabou – meu pai tornou a chamar nossa atenção quando prendi o pescoço de Nigel com o braço, bagunçando seus cabelos – Enquanto cada um pensa em um animal, vamos praticar transfiguração em nós mesmos, coisas como mudar nossa aparência. Todos de pé, ocupem um espelho e preparem as varinhas. Terão que transfigurar seus rostos de acordo com uma foto. Não se preocupem, se alguém acabar com uma tromba de elefante sem querer, eu conserto. A turma riu da idéia e levantamos, caminhando para os espelhos encostados em uma das paredes. Nigel, Connor e eu ocupamos um do lado do outro e aguardamos as instruções. Transfigurações humanas eram complicadas, ainda não era muito bom nelas, mas às vezes me saia bem. Já Connor era ótimo na matéria e Nigel estava no mesmo barco que eu. Sebastian, um amigo nosso da Lufa-lufa, estava parado ao lado de Nigel e conversava com ele. - Muito bem, todos prontos? – meu pai falou parando ao lado de uma garota da Corvinal – Desvirem a foto pregada no seu espelho e comecem a transformação. Puxei a minha foto e quando virei, comecei a rir. Era uma foto do professor Longbottom. Connor tinha ficado com o professor Hagrid, Sebastian com Flitwick e Nigel com a diretora McGonagall. Foi preciso um tempo para parar de rir da foto dele e nos concentrarmos, mas respirei fundo e encarei a minha foto. Começaria pelos cabelos, teria que deixa-los mais curtos e escuros. Consegui um castanho escuro depois de alguns minutos e decidi que estava bom daquele jeito. - Droga – ouvi Nigel praguejar do meu lado e olhei para ele. Tinha os cabelos já grisalhos e presos em um coque torto - O que foi? – perguntei segurando o riso - Não sei fazer rugas, você lembra como era? - Claro que não, mas esqueça isso, tenta mudar o nariz. Não está parecido com o da McGonagall. - Nem o seu, ele ainda está normal – disse apontando pro meu nariz – Já o Connor... Olhamos pro lado e Connor já estava com o rosto quase inteiro igual ao de Hagrid. Já tinha os olhos negros, o cabelo crespo e a enorme barba. Era uma visão bem bizarra. Meu pai parou ao lado dele sorrindo animado e bateu em seu ombro. - Excelente, Connor! – papai analisava as transformações com atenção – Ótima barba. Acho que está melhor que a do próprio Hagrid. E vocês, meninos? Como estão indo? – disse virando para Nigel e eu - Devagar – Nigel respondeu encarando a foto – Vou mudar meu olho, acho. - E você, Nicholas? – papai parou atrás de mim e olhou meu rosto pelo espelho – Não estou vendo muito progresso, além do cabelo pela metade. - Eu vou chegar lá – respondi meio mal humorado, encarando a foto. - Faça mais esforço, você sabe todos os feitiços, não há razão para não conseguir – disse sério e caminhou até onde estava Sebastian. Ignorei o comentário dele e fitei o espelho. Meu cabelo começava a voltar ao normal e reforcei o feitiço, dessa vez deixando ele todo preto, como deveria ser. Concentrei-me no nariz do professor Longbottom e depois de dois minutos, meu nariz ficou igual ao dele. Consegui também transfigurar alguns traços do rosto, mas não passei para a sobrancelha. Minha atenção foi desviada quando Connor soltou uma gargalhada alta e virei para o lado. Na tentativa de mudar seu nariz, Nigel havia feito aparecer um enorme bigode de português. Ele agora tinha parte da aparência da McGonagall, mas bigodudo. - Como eu tiro esse bigode? – Nigel perguntou apreensivo, mas não conseguíamos parar de rir – Parem de rir, me ajudem! - E o que te faz pensar que eu sei, ora pois? – respondi debochado e Connor riu mais ainda. - Connor, qual é, não me deixa parecendo uma mulher de circo – ele apelou pra Connor, que parou de rir depois de um tempo e fez o bigode sumir – Obrigado, está melhor agora. - Mais 10 minutos e vou avaliar as transfigurações – meu pai anunciou do outro lado da sala e voltamos a nos concentrar. Não fiz muito progresso nos 10 minutos restantes. Consegui apenas mudar a cor dos olhos, mas apenas um ficou fixo, o outro continuava voltando ao normal. Nigel também não progrediu muito. Receoso de fazer crescer outro bigode, conseguiu apenas transfigurar parte do nariz, deixando o processo pela metade e ficando com um nariz muito esquisito. Quando o tempo acabou, Sebastian havia conseguido ficar quase igual ao Flitwick e Connor era uma cópia fiel de Hagrid. Meu pai avaliou um por um, e ia dando notas conforme terminava de analisar, desfazendo a transfiguração. Quero um relatório na minha mesa sobre animagia - falou quando terminou de avaliar todos e já recolhia os livros na mesa - 2 rolos de pergaminho, vai valer nota. Até a proxima aula. - 2 rolos de pergaminho? - resmunguei enquanto saíamos da sala - Está brincando, como vamos arrumar tempo pra isso, com todos os outros trabalhos? - E com os ensaios também! - Nigel completou e concordei indignado - Se admistrassem o tempo de vocês, daria tempo - Connor comentou sério e olhamos atravessado pra ele, que riu - Não me olhem com essas caras azedas, sabem que estou com a razão. Se eu consigo, vocês também podem conseguir. - Blá, blá, blá, vamos cortar o papo furado, temos só duas horas até a próxima aula, tenho uma música nova, mas ainda precisa de melodia. Os dois logo se animaram e corremos para resgatar Otter da aula, para começarmos a trabalhar na nova música. Passamos o resto do tempo livre trancados em uma sala vazia, tirando notas de um violão, e não vimos a hora passar. O relatório podia esperar, aquilo era muito mais importante. Friday, January 16, 2009 Com a chegada do segundo semestre de Janeiro, a temporada de quadribol havia recomeçado. Os times voltaram à velha rotina de provocações e pelos corredores do castelo já corriam apostas de que a Sonserina conquistaria o tricampeonato. Mas o próximo jogo da temporada seria Grifinória x Corvinal e uma grande expectativa cercava a partida por conta dos torcedores da Sonserina. Se a Corvinal ganhasse, assumiria o segundo lugar e empurraria a Grifinória para a última colocação. Todos acordaram cedo na manha de sábado e depois de um rápido café, seguiram para o campo de quadribol. A torcida verde e prata havia se vestido de azul para apoiar os Corvinais e tentar desestabilizar o time da Grifinória, mas de nada adiantou. Ao fim de uma longa e disputada partida, Nigel O’Brien levou a melhor sobre Jacob O’Neil na busca pelo pomo e o placar ficou 230 x 100 para a Grifinória. - Droga – Haley resmungou, chutando a grama enquanto caminhava com os amigos na direção do lago – Agora a Grifinória está em terceiro e todos nós sabemos o que vai acontecer na partida deles contra a Lufa-Lufa! - Calma, Haley, ainda há esperança – Hiro falou sem muita convicção – O time da Lufa-Lufa não é tão ruim assim. - Claro que é, Hiro! – Keiko apoiou a amiga – Nossas mães fazem falta naquele time, ah fazem... Eles não vão conseguir ganhar da Grifinória, sem chance. - É por isso que eu prefiro futebol – Clara pegou a bola que carregava debaixo do braço e chutou para Jamal – Não que quadribol seja ruim, mas ao menos não estou preocupada com a colocação do time daqueles patetas. - Ah, concordo plenamente – Jamal pegou a bola com os pés devolvendo a ela, e começaram a brincar de tocar a bola – Manchester United é a minha vida. - É, Manchester! – JJ se animou e entrou na brincadeira dos dois Os três deram inicio a uma animada partida de futebol, que se tornou desajeitada quando os outros três se juntaram à brincadeira. O bate bola já durava mais de meia hora, quando Hiro chutou a bola com força demais e a atirou dentro do lago. Os cinco olharam pra ele reclamando e o garoto deu de ombros, se desculpando. - Eu pego – JJ se voluntariou, olhando pro alto da árvore na beira da água. - Como? – Keiko riu – Seu braço estica? - Não, mas se eu me pendurar pelas pernas naquele galho, alcanço a bola – ele explicou como se fosse óbvio – Entenderam? - Eu entendi que você vai cair de cabeça no lago gelado, serve? – Clara falou rindo e os outros riram também - Não vou cair – JJ tirou os sapatos e pulou, se pendurando no tronco da árvore – Olhem e aprendam. Os cinco se olharam rindo e ficaram observando o amigo escalar a árvore rápido como um macaco. O galho a que ele se referia não era muito grosso, mas parecia capaz de suportar seu peso. JJ o alcançou e, engatinhando, chegou até a ponta dele, bem em cima da bola. Ele enlaçou as pernas nos galhos cruzados e se atirou de cabeça pra baixo. - JJ, CUIDADO! – as meninas gritaram quando o galho sacudiu com força e o garoto quase afundou a cabeça na água - Estou preso, viram? – JJ respondeu se sacudindo no galho. Seus cabelos de pé e as mãos tocando a água. Ele acenou para os amigos e apanhou a bola, jogando toda força que tinha pra cima, subindo outra vez no galho. - E não é que ele conseguiu mesmo? – Jamal falou espantado e Hiro concordou com a cabeça, também surpreso. - Ei pessoal, acho que os idiotas da Grifinória encontraram alvo novo – JJ falou sentado no galho, apontando na direção do pátio – Estão empurrando um garoto com as vestes da Corvinal. - Onde? – os cinco olharam depressa na direção do pátio e viram a movimentação. Eram 3 contra 1 – É o garoto da estação! – Haley falou apontando também - Vamos ajudá-lo? – Jamal perguntou incerto, e as meninas sorriram. - Vamos lá, rápido – Haley falou animada e saíram correndo. - Ei, esperem por mim! – JJ gritou de cima do galho e levantou rápido demais, caindo no lago com a bola nas mãos. JJ emergiu do lago sacudindo os cabelos molhados e nadou até a borda, correndo atrás dos amigos com a bola debaixo do braço. Chegaram ao pátio onde o grupo de grifinórios empurrava o garoto de um lado para o outro, fechado em um circulo. Ele tentava se esquivar e revidar de alguma forma, mas sem sucesso, e JJ atirou a bola que carregava na cabeça de James Thruston. - Ei! – o garoto levou a mão à cabeça e olhou com raiva na direção dos sonserinos - Três contra um? – Clara falou debochada – Isso é patético até mesmo pra você, Thruston. - Meta-se na sua vida, Lupin – respondeu com rispidez, chutando a bola pra longe. - Deixem ele em paz, seus idiotas – Haley sacou a varinha e os outros cinco fizeram o mesmo. - E vai fazer o que, Warrick? – Kevin McKenzie riu para os amigos – Nos azarar? - Pode apostar que sim! Densaugeo! A varinha de Haley tremeu de leve e um raio azulado atingiu Kevin em cheio. O garoto caiu no chão com as mãos na boca e quando tirou, seus dentes cresciam tão depressa que estavam quase do tamanho dos de um mamute. Os outros dois grifinórios sacaram as varinhas depressa, mas não pareciam conhecer nenhum feitiço útil. - Wingardium Leviosa! – Clara e Keiko falaram ao mesmo tempo e as varinhas dos garotos levitaram. Jamal e JJ pularam e as pegaram no ar. Os garotos se olharam perdidos, mas James fechou os punhos e partiu pra cima de Jamal, que por sua vez o derrubou com uma banda rápida nas pernas. O outro ameaçou atacar, mas as meninas apontavam as três varinhas para ele, o fazendo desistir e correr. Jamal e JJ sentaram em cima de James, o impedindo de levantar, o Kevin correu pra dentro do castelo, os olhos se enchendo de lágrimas pela dor que o crescimento dos dentes causava. - Corvinal, ele é seu – Haley puxou a varinha do garoto do bolso de James e o devolveu – O que quer fazer com ele? O garoto ajeitou o casaco torto e apanhou a varinha da mão dela, parando ao lado do garoto imobilizado. Caminhou em volta dele duas vezes e por fim se abaixou, puxando sua jaqueta jeans com força. O garoto olhava assustado para o Corvinal, sem saber o que ele faria, e viu o garoto de cabelos negros arrancar todos os botões de sua jaqueta com as mãos. Quando não restava mais nenhum, arrancou os da calça e os garotos saíram de cima dele. - Anda, corre! – Hiro falou se aproximando do grupo – E só vamos devolver as varinhas à diretora! - Isso ai, Hiro! – Jamal deu três tapas em suas costas, rindo – Muito bem. - Isso não vai ficar por isso mesmo! – James tirou a jaqueta destruída e atirou no chão, caminhando de costas enquanto segurava a calça com a mão – Vai ter troco! - Ah, sai daqui, seu covarde! – Clara provocou e os amigos começaram a vaiá-lo. O garoto correu pra dentro do castelo tropeçando na calça que caía e Clara se virou para o garoto que salvaram – Então, qual é a dos botões, corvinal? - Recompensa de guerra – ele abriu a mão e entregou um botão pra cada um – E meu nome é Julian. Julian Montpellier. Obrigado pelo resgate, mas na próxima, acham que podem me deixar bater também? Todos riram e ele estendeu a mão, cumprimentando um por um. Clara correu até onde James havia isolado sua bola e voltaram ao lago, agora com Julian, para continuar a brincadeira. Quem disse que sonserinos não fazem amizade fora das masmorras? Tuesday, January 06, 2009 Quando entramos em Hogwarts e recebemos nossos horários de aulas, a matéria que logo chamou a atenção foi DCAT. Aprender feitiços defensivos e a duelar era sem duvida o que eu e meus colegas do primeiro ano mais aguardávamos, mas logo descobrimos que DCAT podia ser tão chato quando História da Magia. Ainda abalado com a morte da tia Sarah, tio George não era o que se podia chamar de professor dinâmico. Suas aulas eram sempre teóricas e durante todo o 1º semestre, sequer usamos nossas varinhas. Mas as coisas começaram a mudar depois das férias de Natal. Tio George tinha dado início a mais uma aula teórica e contava a história do surgimento de Voldemort e os comensais da morte quando um aluno da Grifinória, Andrew Stimpson, questionou a existência dos comensais. Todos começaram a rir e ele não gostou, principalmente quando Haley fez um comentário que, sutilmente, o chamou de burro. - Eu nunca vi um comensal da morte, por que devo acreditar que eles existem? – Andrew se defendeu, mas a turma continuava rindo – Só porque diz nos livros? - Claro, seu idiota! – Jamal falou indignado e rimos mais ainda – Nossos pais lutaram contra eles! Onde a sua família morava há 11 anos atrás? - Ok, chega crianças. Sentem-se! – tio George ergueu a mão e os dois sentaram – Sr. Stimpson, os comensais da morte não são parte de uma lenda urbana, como o senhor indagou minutos antes. Eles existiram e por muitos anos. Tanto o mundo bruxo quanto o mundo trouxa sofreram muito por causa deles. - Mas eu nunca vi nenhum! – o garoto insistiu e bati a cabeça na mesa, fazendo meus amigos rirem - Você nunca viu nenhum porque eles não existem mais – tio George explicava pacientemente – Quer dizer, eles não estão mais em “atividade”. Dos poucos que restaram, alguns estão trancados em Azkaban ou foram absolvidos por dar algum tipo de colaboração para a prisão dos colegas. Os que foram absolvidos hoje vivem uma vida normal, entre nós. - Está dizendo que comensais da morte andam livremente por ai? – ele riu um pouco incrédulo – Desculpa professor, mas é difícil de acreditar sem uma prova. - E a marca negra? – Keiko falou cansada – É a marca dos seguidores dele! Todos os comensais tinham uma gravada no braço. - Eu nunca vi essa tal marca, só nos livros. Pelo que minha mãe disse, pode ser uma tatuagem criada para assustar as pessoas. - Então sua mãe é muito burra! – não agüentei calada e falei com a voz entediada - Não fala da minha mãe! – Andrew levantou outra vez, nervoso, e revirei os olhos - Sr. Stimpson, abaixe a varinha – tio George olhou severo e ele recolocou a varinha no bolso – Se você não acredita na existência de comensais da morte, vamos acabar com o mistério. Venha até aqui na frente, por favor. Andrew olhou receoso, mas levantou da cadeira e caminhou até a frente da sala. Lançava olhares tensos para a turma enquanto caminhava, mas ninguém se mexeu. Quando parou ao lado do meu tio, vimos ele puxando a manga da camisa e mostrando algo no pulso para Andrew. Ele tapou a boca com a mão e erguemos as cabeças, curiosos, mas não dava pra ver nada. - Com a morte de Voldemort, a marca negra gravada nos comensais da morte foi sumindo com o tempo – ele começou a falar olhando para a turma – A minha já não é quase visível, mas ainda é possível identificá-la – ele ergueu o braço e apontou a marca com a varinha. Era bem clara, mas dava pra ver o desenho da caveira com a cobra saindo de sua boca – Eu nunca fui um comensal da morte, mas fui marcado por um deles, que tentava desesperadamente me levar para o lado das trevas. Infelizmente, a marca é como uma tatuagem permanente e nem mesmo Alvo Dumbledore, o maior bruxo que já existiu, foi capaz de removê-la. Mas acredito que mais alguns anos e ela terá sumido por completo. Sr. Stimpson, pode voltar para o seu lugar – Andrew ainda olhava atordoado para o braço dele e voltou aos tropeços para a mesa – Então, alguém tem mais alguma duvida sobre a existência de algum evento ou grupo citado nos livros? – todo mundo se olhou em silêncio e ele riu – Imaginei. O sinal já vai tocar, então não vou continuar a aula. Na próxima aula vamos começar a aprender alguns feitiços de defesa e dar início ao clube dos duelos. Até sexta, podem sair. A turma inteira se agitou com a perspectiva de começarmos a aprender a nos defender de fato e saíram animados para o almoço, mas eu fiquei para trás. Demorei a guardar os livros na mochila e quando a turma inteira já tinha saído, fui até a mesa do tio George. - Por que nunca disse que tinha a marca negra? – fui direto ao assunto, não sabia fazer rodeios; ele riu - O assunto nunca surgiu – respondeu sorrindo, mas ficou sério quando eu não ri – Clara, esse não é um assunto que me traz boas lembranças, por isso nunca pensei em contar a você, Rupert ou Rebecca. - Quem marcou você com ela? – percebi que ele hesitou e aquilo me deixou mais curiosa ainda - Louise não vai gostar nada disso, mas enfim... – ele disse como se falasse pra si mesmo e me encarou – Foi sua avó. Minha mãe. Ela era uma comensal da morte, da formação original deles – arregalei os olhos assustada, mas ele sorriu – Mas não é nada com que você precisa se preocupar, ela já morreu. De fato, morreu na noite em que fez isso comigo. Isso é passado, então não comente em casa que contei isso a você, ok? Sua mãe acabaria comigo e ser professor de DCAT não me ajudaria em nada contra ela. - Pode deixar, não vou contar – respondi rindo e já me preparando para sair – Tio George? - parei antes de abrir a porta e ele me olhou por cima dos livros – Essa foi sua melhor aula. - As de antes não eram boas? - Não, eram muito chatas, com todas aquelas teorias – falei fazendo caretas - Está certo, já entendi. A partir de agora vamos usar as varinhas, não se preocupe. Sorri de volta para ele e joguei a mochila nas costas, saindo da sala. Agora sim essa aula seria a melhor de Hogwarts e não via a hora de começar a praticar feitiços e duelar, afinal, minha varinha já estava gritando para que fizesse bom uso dela. Monday, January 05, 2009 Das anotações de Haley McGregor Warrick Hark how the bells, Sweet silver bells, All seem to say, Throw cares away Depois que desci do trem e me despedi dos meus amigos, restavam poucas pessoas na estação ainda esperando alguém vir buscá-los. Olhei para o lado e vi o menino que havia sido selecionado para a Corvinal parado na plataforma, estava esperando a família assim como eu. Um pouco afastado, havia um adolescente, usando roupas dos anos 60, com um topete engraçado e estava de olho nele. Sabia que era um fantasma, mas não parecia hostil, parecia entediado na verdade, e o menino não se apercebia dele. Ele e o garoto devem ter percebido a minha observação, pois viraram o rosto na minha direção ao mesmo tempo. Ficamos nos encarando, e enquanto o corvinal tomava a iniciativa de se aproximar de mim, o adolescente desaparecia no ar. O garoto corvinal, se aproximou dizendo: - Pelo jeito esqueceram de nós no Natal. Já usaram isso em filme. Sorri e nem deu tempo de responder. Uma mulher loira apareceu andando rápido, gritando o nome dele e ele nem esperou ela se aproximar e disse se despedindo: - Tchau! Boas Festas!- e foi em direção da mulher que o abraçou sorrindo beijando-lhe as bochechas e o puxando para fora da estação com sua mochila, e Ethan que chegou atrás dela, deve tê-la achado bonita, pois virou o pescoço para olhar para as costas dela, enquanto ela ia embora. - Desculpa o atraso, maninha. Tive que colocar um ombro no lugar e o cara era grande, deu trabalho. Chorava mais que uma menininha. - ele pegou minhas coisas e fomos conversando até o Ministério Inglês aonde iríamos via rede de Flú para a casa de vovó Virna na Escócia. Quando chegamos lá, além dos cheiros característicos de biscoitos caseiros e a casa toda enfeitada como se fosse um cartão postal, já se podia ouvir a agitação dos membros da família que haviam chegado para as festas. Mamãe me abraçou enquanto passava a mão no rosto do Ethan e piscava , em agradecimento. Logo encontrei todo o restante da família e comecei a contar sobre tudo que havia acontecido em Hogwarts, naqueles quatro meses. Agora meus pais estavam mais acostumados com o fato de eu ser uma sonserina e perguntavam os detalhes de como era o nosso salão comunal. Diziam que pelo menos eu escapei de ser Grifinória. Na hora de colocar as meias na lareira, coloquei a minha ao lado da meia da minha sobrinha Olívia, filha do meu irmão Ty. Seria o primeiro Natal dela sem a mãe, e todos queriam ajudá-los a passar por este momento difícil. Então Emily a havia nomeado guardiã dos seus filhos gêmeos Mirian Isabella e Alucard Kyle, mais conhecidos como Bella e Luky, e era engraçado ver ela montada nos ombros de Griff, correndo pela casa atrás dos garotos, para que ela se distraísse. Claro que como toda criança pequena ela queria fazer com que suas vontades fossem satisfeitas, e ai o conflito estava armado, pois os filhos de nossos primos estavam na casa e tinham idades diferentes e queriam o mesmo: abrir os presentes da árvore antes da hora, brincar de cavalinho, deslizar de trenó na neve, fazer anjos no chão gelado e esculpir bonecos de neve, e queriam ser os primeiros sempre. Para passar o tempo, papai sugeriu fazermos um forte e tivemos a nossa guerra de bolas de neve, onde até nossos pais brincaram animados. Minha mãe ainda tem uma pontaria certeira, por conta dos tempos que jogou como artilheira, e eu fiz o máximo que podia, e ela e Ty apostavam que no segundo ano eu conseguiria vaga no time da casa. Como se isso fosse importante para mim, havia tanta coisa para se descobrir em Hogwarts que fazer parte do time de quadribol, não estava em minhas prioridades. A tarde passou rapidamente e quando a hora do jantar chegou, todas as crianças correram para dentro, pois quanto mais cedo fossemos dormir, mais cedo, o Papai Noel desceria pela chaminé e isso significava presentes, e este ano ele teria que dar conta de pelo menos 10 pratos cheios de biscoitos de gengibre e 10 copos de leite. Eu esperava que a lareira da vovó tivesse sido ampliada este ano, porque o bom velhinho iria ganhar uns 10 kilos só com o meu prato de biscoitos rsrs. Christmas is here, Bringing good cheer, To young and old, Meek and the bold, Papai costumava dizer que a festa de Natal na casa de vovó Virna, era uma mini convenção da ONU: estavam presentes os franco indianos Savoy, os escoceses McKellen e McGregor, os italianos Caprese, os irlandeses O’Shea, os ingleses Langston e Chronos, os búlgaros Milosevic, os americanos Warrick e Carter. Ty embora risse com todo mundo, contasse piadas, algumas vezes o riso não chegava aos olhos, havia tristeza e preocupação naqueles olhos cinzentos, especialmente quando ele olhava para Olívia, que empurrava a comida dela no prato e olhava para os cantos da sala procurando pela mãe. E todos de uma forma ou de outra faziam o mesmo. Era difícil de aceitar que este ano não ouvíramos a voz de Jolie cantando ‘White Christmas’, acompanhada pelos meus primos antes de dormir e sonhar com os presentes do dia de Natal. o-o-o-o-o-o-o Oh how they pound, Raising the sound, O'er hill and dale, Telling their tale, Gaily they ring While people sing Songs of good cheer, Christmas is here, Eu estava sonolenta quando ouvi uma canção de Natal sendo cantada por várias vozes, e logo Ty entrava no quarto cantando em alto e bom som, junto com nossa prima Brianna, que era modelo, que havia se atrasado para estar conosco na noite anterior e nossos outros primos. Logo o restante da família se juntava para abraçá-la e para abrir os presentes que estavam empilhados aos pés da cama de cada um. Brianna havia trazido várias revistas de moda com fotos dela, e muitos itens que ainda não haviam sido lançados no mercado de cosméticos de presentes para as mulheres da família que ficaram alvoroçadas, e um pacote com coisas para minhas amigas. Já podia ver Keiko surtando rsrs. E também muitos presentes para os membros masculinos da família, que ganhavam beijos estalados quando recebiam seus pacotes. O único que recebeu só o pacote foi Ethan, que quando reclamou recebeu um beijo frio na bochecha. Claro que Ty para provocar a beijou na boca quando recebeu seu pacote e Brianna disse rindo depois de suspirar: - Você sabe como alegrar uma garota, Ty. - Ethan fingiu não ouvir, e o resto do dia foi engraçado ver os dois se ignorando. Entre nós a bolsa de apostas já rolava: qual dos dois iria ceder e resolver a briguinha boba que rolava entre eles há anos. Eu apostei nos dois, não dava pra perder dinheiro. Durante o café da manhã comemos animados e foi engraçado ver que tio Leonardo, ficava verde quando olhava para a comida e dizia para meu pai e meus tios, que eles precisavam rever o plano para o ano que vem. Papai só dizia que a culpa era dele por ter tirado a carta menor, e todos na mesa falavam ao mesmo tempo, gerando uma confusão muito animada: - Ethan falou que você tava com um garoto lá na estação. Quem é ele? - soltou Ty e todos na mesa olharam para mim. Perdi o chão. Olhei para Ethan e ele continuava comendo e disse erguendo os ombros: - Você estava com um garoto. Eu vi. - Não estava, não. Eu estava esperando este asno que estava atrasado (apontei para Ethan)...Eu nem sei o nome do menino, ele só foi gentil e... - AHÁ! Então a coisa é mais seria do que pensamos...Ela está defendendo o garoto ‘sem nome’. - zombou Ty e Griff disse: - Podemos trazer o garoto aqui e perguntar quais são as intenções dele com nossa Haley. - e estralou os dedos. - Ah que gracinha, minha filhinha está de namorado! Ele é bonito? - perguntou mamãe. - Ele beija bem?- perguntou Emily e eu senti que a situação estava saindo de controle: - Mãe, não tô namorando. Isso é... Isso é... É nojento. - e meu pai disse sério: - Haley ainda é criança não tem que namorar nenhum Zé Roela, não. - e o pessoal na mesa o vaiou. Olhei zangada para Ethan e disparei: - O Ethan olhou para a bunda da mãe do menino. Quase pulou em cima dela, parecia um cachorro no cio. - E Ethan cuspiu o vinho que tomava. A partir daí o assunto desviou e eu consegui um pouco de paz. Mas apesar de tudo era legal estar em casa, dar risadas e ver todas aquelas pessoas diferentes que eram a minha família reunida. Merry, merry, merry, merry Christmas, Merry, merry, merry, merry Christmas, On on they send, On without end, Their joyful tone to every home Dong Ding dong ding, dong Bong N.AUTORA: música Carol of the bells, Celtic Woman Sunday, January 04, 2009 A semana que sucedeu nossa chegada de Hogwarts passou voando. Eu e Hiro colocamos todos os assuntos em dia com o restante da família, que estava toda reunida: mamãe, papai, Miyako, Henri, tio Yuri, tia Sabrina, Estephan, Gisela, Sebastian, Sabine, tio Yoshi e Monique. Um dia antes da véspera de Natal, arrumávamos nossas coisas para viajarmos para a casa de Kyoto. Estava no meu quarto com Monique, jogando algumas roupas na mochila, quando Miyako entrou, pálida e bastante assustada, fechando a porta.
- Preciso contar uma coisa a vocês, não agüento mais! Mas têm que prometer que não vão contar a mais ninguém. Pelo menos por enquanto. – ela disse tensa e eu e Monique nos entreolhamos, curiosas. Miyako foi até a janela do quarto e olhou para o lado de fora, respirando fundo e em silêncio. Depois de uns segundos, caminhou até a minha cama e se sentou, nos olhando séria.
- Eu acho... Quer dizer, eu tenho certeza. – começou e parou deixando a voz morrer. Eu e Monique não dissemos nada, mas a olhávamos incentivando-a a continuar – Estou grávida! – disse por fim.
Monique não esperou mais nem um segundo para dar um salto em cima de Miyako, abraçando-a feliz. Eu continuei sentada na cama, sem reação. Encarei-as, definitivamente confusa.
- Isso quer dizer que... eu vou ser tia? – perguntei fazendo uma careta. Miyako e Monique se entreolharam e começaram a rir.
Miyako cuspiu a água que tinha acabado de tomar um grande gole e tossiu. Monique deu fortes tapas em suas costas, para ela se recuperar.
- Seu professor? De vôo? – ela perguntou aos sussurros como se tivesse medo que as paredes nos escutassem.
As duas se entreolharam com uma espécie de surpresa e piedade no rosto que me deixou com raiva.
- Qual o problema? – perguntei desafiando-as e olhando especificamente para Miyako. – Você também não se apaixonou por um professor? Não está grávida dele?
Ficamos trancadas no quarto durante longas horas conversando sobre o bebê, até papai bater anunciando que já estavam todos prontos para sair.
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O Natal na nossa família seguia os mesmos protocolos desde sempre: decorávamos a casa com guirlandas de azevinho, cristais, e o grande pinheiro (que ficava bem no centro da sala) com bolas douradas e vermelhas. Na véspera, mamãe e tio Yuri se vestiam de Mamãe e Papai Noel e organizavam todos os presentes embaixo dele.
- Antes de mais nada, queríamos pedir desculpas a vocês por não termos os preparado antes, mas só tivemos certeza há dois dias e esperamos o momento certo. Então acho que essa é a melhor maneira de contar... – Miyako disse em um tom de voz misterioso olhando para cada um de nós, sorrindo. Mamãe (que estava bem do meu lado), apertou a mão de papai, parecendo ansiosa.
Ela balançou a cabeça e, sem mais demora, esticou a mão para o pinheiro, pendurando seu pingente e se afastando logo em seguida para que todos nós pudéssemos enxergar exatamente o que era. A sala caiu em um profundo silêncio em que olhávamos assustados do pinheiro para Miyako e Henri, que estavam abraçados e riam. Mamãe foi a primeira a se levantar, deixando um par de lágrimas escorrerem.
- Minha filha, você está grávida! É isso? – ela perguntou emocionada passando os dedos pela chupeta dourada na árvore e Miyako confirmou com a cabeça. – Ah! – correu para abraçar os dois, inaugurando um “efeito dominó” nos cumprimentos.
Juntos, ficamos o restante da noite por conta de conversas e planos para o novo membro da família e depois, para abrir o montante de presentes embaixo da árvore.
ººººº
O dia de Natal amanheceu cinzento e com flocos de neve caindo em espiral, lentamente, do lado de fora da janela. Senti me cutucarem e abri os olhos, esfregando-os. Era papai, que estava curvado sobre minha cama e falou sussurrando (para não acordar Estephan e Sebastian, que dividiam o quarto comigo):
- Você tem visita.
Assim que chegamos ao último degrau que dava à sala, vi Sheldon e seu pai parados de costas, encarando o pinheiro decorado e comentando alguma coisa em voz baixa. Pigarreei para chamar-lhes a atenção, me lembrando de Sheldon contar que as árvores de Natal eram, na verdade, “o festival pagão de Saturnália”. Eles viraram as costas rapidamente, se adiantando.
- Hiro! Vim lhe entregar o seu presente de Natal! – Sheldon disse ansioso me entregando um grande embrulho. – Espero que goste.
O garoto olhou para o pai e soltou uma grande quantidade de ar, parecendo aliviado. Sorri.
- Então... acredito que estamos no mesmo nível de reciprocidade, não é? Eu também adorei aqueles cartuchos de vídeo-game novos... Acho que só disponibilizaram aqui no Japão, não? – perguntou pensativo.
Eles se precipitaram para fora de casa, alcançando o quintal, prontos para aparatarem.
- Sheldon! – gritei e ele se virou pra trás. – Feliz Natal! – sorri me divertindo da expressão dele, que apenas sacudiu os ombros. Logo depois, ouvimos um estalo e eles desapareceram.
Eu e papai voltamos para dentro de casa e subimos de volta para os quartos, para dormirmos mais um pouco.
- Realmente, muito enérgico esse seu colega. – papai disse rindo quando chegamos à porta do meu quarto.
What a bright time, it’s the right time
- Jingle Saturday, January 03, 2009 À medida que o trem ia perdendo velocidade, os corredores se enchiam com o barulho dos alunos pegando suas bagagens. Connor passou no nosso vagão pedindo que já ficássemos prontos para descer e guardei o baralho na mochila. Roxy já estava aninhada no colo do Rupert, então deixei que ele a carregasse e quando o trem finalmente parou, seguimos a procissão pelo corredor apertado. Muitos pais já esperavam os filhos na plataforma e assim que pisei fora do trem, vi meu irmão conversando com a tia Miyako. Ele também me viu e já abriu os braços, pois sai correndo da porta do trem e me atirei em cima dele. - Você voltou! – falei pendurada no pescoço dele - Eu disse que ia estar em casa pro Natal, não disse? – Gabriel me deu um beijo na bochecha e me colocou no chão - Pra onde você foi dessa vez? - Índia. E sim, trouxe presentes pra você – respondeu antes que eu perguntasse e ri – Ei, Rupert! - Oi dindo! – Rupert finalmente chegou até nós e abraçou meu irmão – Toma o seu gato, Clara – e me devolveu uma relutante Roxy. Logo Otter, Nigel, Jake, Nicholas e Rebecca desembarcaram e Gabriel se despediu dos três primeiros que ficariam em Londres, puxando uma chave de portal do bolso. Tocamos a caneta na hora que ele mandou e a sensação foi de que todos os meus órgãos tivessem colado nas costas. Mas segundos depois, estava caindo na sala da minha casa. Meu pai e minha mãe já nos esperavam e corri para abraçar os dois. Hogwarts era demais, mas era tão bom voltar pra casa... ººº - Atenção! – meu irmão gritou consultando o relógio e olhei para trás – Faltam 57 minutos! Todo mundo ergueu o que tinha na mão para brindar e ri, pois devia ser a décima vez que ele anunciava quantas horas faltavam para a meia noite. Depois do brinde todos continuaram dançando e virei outra vez para a rua. Estávamos no apartamento do tio Renato em Copacabana, para a virada do ano, e era de frente pra praia, então teríamos uma visão privilegiada da queima de fogos. Tentava prestar atenção no show que acontecia na praia quando Nicholas parou do meu lado, rindo esquisito. - O que foi? – perguntei desconfiada - Nada – ele tomou um gole do vinho que segurava e olhou para a multidão na praia – Está cheio, não? Parece que a cada ano vem mais gente. - É, está bem cheio esse ano mesmo – respondi ainda olhando de lado pra ele. - Sobrou alguma tinta da pixação da masmorra? Queria um pouco emprestada... - Sabia que ia soltar alguma coisa! – virei pra ele indignada, mas mantendo a voz baixa – Quem te contou? - Connor. Ele desconfiou de você e depois encontrou a lata de spray debaixo da sua cama. - Mas se ele desconfiou, por que deixou você liderar o motim? – perguntei confusa - Porque ele achou sua idéia genial – Nick riu – Relaxa, não vou contar nada a tia Louise e nem a McGonagall. Mas da próxima vez, inclua a gente na brincadeira. Um pouco de diversão pra aliviar a tensão dos estudos faz bem. - Pode deixar! – ele estendeu a mão e apertei rindo - Ei, vocês dois ai! – Rebecca gritou do meio da sala e olhamos para ela – Deixem de conversa fiada e venham dançar! Olhei para Nick e demos de ombro, rindo e nos juntando a eles. A sala do tio Renato tinha se transformado em uma boate. Penduramos balões prateados por todo o teto e tio Scott colocou uma iluminação colorida no lugar das lâmpadas normais, dando o toque final. E a casa estava cheia, deviam ter quase 30 pessoas. Meu irmão já tinha mudado o ritmo musical para funk e meu pai e Rupert só observavam a gente dançar, rindo. Depois de um tempo Gabriel anunciou que faltavam 12 minutos pra meia noite e voltei pra varanda, deixando eles ainda no funk. Não passou nem cinco minutos e papai veio puxando minha mãe pela mão, parando do meu lado. - Filha, conta pra sua mãe o que você me contou ontem, sobre a menina da Grifinória com quem você vem brigando – apesar do que me pedia para falar, papai não parecia zangado - Clara! – mamãe, no entanto, não deixou por menos – Não é possível que já tenha rixa com alguém! - Mas foi ela quem começou, mãe! – me justifiquei – Ainda nem tínhamos sido selecionados e ela ofendeu o meu pai! - O que ela disse? – mamãe não parecia mais zangada comigo, e sim com a enjoada da Brittany - Disse que estava chocada que lobisomens podiam procriar mais de uma vez – falei com a voz atravessada e a reação da mamãe foi diferente do que imaginei. Ela olhou para o papai com uma cara esquisita e ele riu. Ignorei os dois e continuei – Aquela Dashwood é uma idiota, não me arrependo de ter batido nela. - Como é o nome dela? – se a reação de antes foi estranha, essa conseguiu superar. Mamãe parecia mais ofendida que eu e meu pai continuava rindo – Bom, isso explica muita coisa... - Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – olhei de um pro outro confusa e eles riram – Mamãe não está zangada e eu acabei de dizer que bati em uma pessoa. - Há grandes chances do pai dessa menina ser um velho conhecido nosso – papai começou explicando – E digamos que não temos um bom relacionamento com ele. - Grandes chances uma ova, é lógico que essa menina é filha do Bright! – mamãe falou irritada – Quem mais fala assim, Remo? - Ela disse que foi o pai dela que falou isso dos lobisomens pra ela – falei olhando para minha mãe. Adorava ver ela braba com alguém que não fosse eu. - Olha ai! Não restam duvidas agora! - Por que vocês não gostam do pai dela? - É uma longa história, um dia a gente conta pra você – papai disse calmo - É, essa história é passado – mamãe me puxou para um abraço e beijou meu rosto – Não dê mole para essa menina, minha filha. Ganhe dela em tudo que puder. - Louise... – papai falou preocupado, mas mamãe espantou o resto da frase com a mão - Não estou dizendo pra você sair no tapa com ela, mas não deixe que ela te pegue, entendeu? - Ah, não se preocupe, mamãe – falei sorrindo perigosa – Ela não é páreo para mim. - Minha garotinha... – mamãe me deu outro beijo e começamos a rir, até que papai acabou rindo também, mesmo que balançando a cabeça em desaprovação. - Atenção! – Gabriel abraçou mamãe e eu por trás com uma garrafa de champagne na mão – Faltam 2 minutos! Gritamos animados e a varanda se encheu com o resto das pessoas que estavam na casa. Cada um carregava sua taça e Rupert tinha uma garrafa de soda na mão, para não ficarmos de fora do brinde. Quando o telão na praia começou a contagem regressiva, contamos juntos pulando e quando ela chegou ao 0, os fogos explodiram dentro do mar. Gabriel estourou o champagne e me abraçou. Rupert também estourou a soda que tinha na mão, enchendo a minha a taça e a dele, e brindamos com os adultos. Nick e tio Renato pegaram uma garrafa cada um e estouraram uma contra a outra, dando um banho em todo mundo na varanda. Depois todos se abraçarem, ficamos em silencio, apenas assistindo a queima de fogos por quase meia hora. Olhei para meu pai e minha mãe, sorrindo abraçados, e depois pro meu irmão, rindo da expressão hipnotizada do Rupert com o céu colorido, e sorri feliz. Não podia ter companhia melhor para começar o ano de 2011 que a minha família. |