Sunday, February 21, 2010


Memórias de Artemis A. C. Chronos

Duas semanas se passaram desde o Baile do Dia dos Namorados.
E eu ainda não tinha dado uma resposta ao Stefan...
Eu não me via namorando agora, me sentia muito nova e despreparada para ter um relacionamento fixo. Não que eu não quisesse um relacionamento sério, era apenas que eu não me sentia pronta agora.
Stefan estava sendo muito compreensivo e educado e não forçava nada, porém agora fazia questão de estar sempre perto de mim e muitas vezes nos encontrávamos nos corredores, além é claro dos treinos de Quadribol.
As garotas estavam todas entusiasmadas e quando contei para elas, elas abriram um largo sorriso, seguido de um longo “woooh”. Keiko quase me bateu porque eu não tinha dito “sim” na mesma hora. Até mesmo a Clara, que eu tinha esperanças de me ajudar, pois somos muito parecidas, ficou entusiasmada e me deus os parabéns. Haley e Penny falaram que eu ainda fui sortuda, porque o Stefan era um gato! No geral, elas todas ficaram entusiasmadas, me dando os parabéns, mas quando falei que não sabia o que responder, elas falaram que me apoiariam no que eu decidisse! Gostei mais ainda delas.
Os meninos eram mais neutros e diziam que aceitariam o que eu decidisse, e de certa forma eu gostava disso neles. Jamal tinha um sorriso vitorioso, e olhava de mim para os garotos, como se eu fosse superior a eles. Julian implicava muito dizendo “Quero ver ele ter coragem de te pedir em namoro depois que o Tio Seth mostrar as pressas pra ele... E quero ver ele usar um dos colares de rabanete da Tia Luna! Ai vou saber que ele gosta mesmo de você!”. Mas apesar disso ele iria me apoiar, e me deu os parabéns. Hiro e JJ me deram os parabéns, e brincavam comigo, dizendo que eu estava com tudo!
Tuor também me ouvia o tempo todo, sem nunca reclamar ou se chatear com minha conversa. Ele se tornara também amigo do Stefan e devia ser meio maçante para ele ouvir os dois falando sobre a mesma coisa, mas ele jamais reclamava. Ele era o que mais me apoiava a dizer “sim”, pois, segundo ele, nós dois formávamos um bonito par.
Ele e Chronos eram realmente parecidos... Eu me sentia bem perto deles e os dois diziam a mesma coisa sobre seguir o que eu achasse melhor e que me apoiariam. Ele falou que apenas queria ser o padrinho, o que eu afastei com um olhar assustado. Eu mal conseguia pensar em namoro, imagina em casamento!
Obviamente, a notícia de que eu havia ficado com o Stefan espalhou-se pela escola, assim como sua proposta de namorarmos... Isso se tornou um inconveniente, pois começaram a surgir boatos de que estávamos realmente namorando, que eu não queria porque gostava de outro, que eu não queria porque estava gostando de algum amigo meu, e até mesmo que eu era lésbica. Eu simplesmente ignorava todos os boatos, e continuava calma e serena.
O irmão de Stefan, Damon, também deu a me perseguir, implicando comigo e perguntando porque eu não queria o irmão dele. Ele até se ofereceu no lugar do irmão, que eu apenas encarei friamente. Ele se divertia com tudo aquilo, mas depois que recebeu um olhar torto de todos meus amigos deu uma diminuída.
- Gente, sabem o que teremos hoje? – Julian falou entusiasmado, sentando-se do meu lado esquerdo na mesa onde tomávamos café da manhã.
- O que? Para estar tão animado assim, deve ser outro baile. – Clara falou, com cara de poucos amigos, lembrando-se do que acontecera no baile. Julian riu, desconversando, antes de responder.
- Vai haver uma aula extra do Clube de Duelos! Na verdade, uma aula especial!
- Como assim? – Eu perguntei interessada, pois adorava o Clube de Duelos.
- Parece que o Tio George vai querer testar as habilidades de todos!
- Bom, isso ele já faz ao longo do ano todo nos duelos, qual a novidade? – Jamal perguntou. Tuor ouvia ávido, pois desde que chegara a escola participara de apenas 2 ou 3 clubes de duelo, sendo meu parceiro na maioria deles.
- A novidade é que eles vão misturar todas as turmas! – Hiro falou, enquanto se sentava.
- Como?! – Muitos falaram, confusos.
- Até agora só tivemos aulas com pessoas de nossa turma, entre as casas. – Keiko comentou, parando para pensar.
- Sim, isso mesmo. Agora eles vão colocar alunos de todos os anos para duelarem entre si! Do terceiro ao sexto, ao menos. – Julian explicou, animado.
- Que droga! A gente sempre sobra! – Luky falou, emburrado. Haley apertou a bochecha de nosso sobrinho antes de falar.
- Ah, Lukynho, vocês são calouros ainda! – Luky tentou fugir do aperto, mas Keiko apertou a outra bochecha, fazendo Bela rir do irmão.
- Mas como eles vão fazer, vão selecionar as duplas ao acaso? – JJ perguntou, também animado.
- Não sei... Vamos descobrir hoje a noite! – Hiro falou, dando de ombros. Nesse momento, Sheldon chegou à mesa e ficou em pé atrás de Luky, olhando-o.
- Grifinório, você está no meu lugar. Sai. – Ele falou, bem direto, Luky o olhou confuso, mas Sheldon o encarou e meu sobrinho acabou sendo convencido, dando o lugar de Sheldon de volta, que se sentou como se nada tivesse acontecido.
- Não sei qual a graça nesses duelos. Só vou participar se não ficar entediado. Mas a lógica sugere que eles decidiram os pares pela habilidade de cada um.
Tivemos que concordar com Sheldon e passamos a imaginar que duplas seriam formadas, e quais de nós iria enfrentar um aluno mais velho. Nossa manhã inteira foi gasta nessas conversas e idéias, e não prestamos muita atenção para a aula de História da Magia. Não éramos os únicos empolgados, pois a escola inteira parecia entusiasmada.

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A noite finalmente chegou, após horas que pareciam semanas!
O Salão Principal estava lotado de alunos, de todos os anos, todos muito animados e excitados. Pouco fora mudado no Salão para a aula especial, sendo que agora havia uma longa mesa no meio do salão, lembrando uma espécie de palco. O Palco, como passamos a chamar, estava enfeitado com uma toalha branca, com enfeites com as cores de todas as casas e o brasão da escola no centro.
Tio George subiu ao palco acompanhado de Tio Yoshi e da Madame Bulstrode. Ele sorria animado, assim como Tio Yoshi, porém a Madame Bulstrode parecia resmungar, contrária ao Clube. Ele aguardou que fizéssemos silêncio, o que demorou algum tempo, devido a grande animação, até conseguir falar.
- Boa noite a todos. Como vocês todos sabem, hoje a nossa reunião do Clube de Duelos será diferente das demais. Eu havia decidido testar as habilidades de todos vocês em uma única aula, e os demais professores me ajudaram a selecionar duplas equilibradas, preferencialmente entre classes diferentes. Assim hoje teremos vários duelos de alunos mais novos contra mais velhos.
- E para exemplificar tal duelo, gostaria de chamar a primeira dupla: Clara Storm e Elizabeth Weasley. – Tio Yoshi falou, e nossas amigas subiram ao palco animadas.
Elas assumiram suas posições para o duelo e trocaram feitiços com habilidade. Clara era boa em duelos e estava dando problemas para Lizzie, porém as duas eram bem equilibradas. Nós não sabíamos por quem torcer, então torcíamos pelas duas. Clara ganhou o duelo, mas ela e Lizzie se abraçaram e desceram o Palco juntas.
- Agora, Haley Warrick e Blair McHale. – Tio George chamou, lendo um longo pergaminho. Haley subiu animada e sorriu para a namorada de John.
As duas se cumprimentaram a distância e com a autorização de Tio George, iniciaram o duelo. Blair começou levando vantagem, pois conhecia mais feitiços do que Haley. Porém, Haley treinou muito com meus familiares e os seus, portanto ela estava em um nível maior do que aparentava. Elas iniciaram um duelo rápido, mas ao final de algum tempo, Haley conseguiu derrubar Blair e ganhou o duelo, recebendo os parabéns de todos.
- Agora, gostaríamos de chamar um novato, para que ele possa testar suas habilidades com outro aluno mais antigo. Mithrandir e Thurston, vocês são os próximos. – Tio George chamou, e Tuor pulo animado, ainda mais com a chance de enfrentar Thurston. Os dois subiram em lados opostos do palco, sendo que Tuor ficou no lado mais próximo de nós, que gritávamos e torcíamos por ele.
- Muito bem, podem usar qualquer feitiço que aprendemos nos Clubes anteriores, mas nenhum perigoso. Se usarem algum muito perigoso, irei interferir e serão punidos. Fui claro? – Tio George perguntou, e os dois assentiram, sem tirar os olhos um do outro, e havia muita raiva entre os dois. – Muito bem, em suas posições.
Tio George falou e os dois levantaram a varinha acima da cabeça, virando-se de lado para a posição de combate padrão. Tuor, porém, levantava a mão sem varinha um pouco acima do peito, tática que aprendeu comigo. Tio George soou seu apito e lançou faíscas para o alto, dando início ao duelo.
Thurston foi mais rápido e lançou um feitiço de pernas bambas contra Tuor, que não foi rápido o suficiente para escapar ou bloquear, e suas pernas começaram a dançar sozinhas, arrancando risadas de todos, com exceção de nós.
- Que foi, Mithrandir? Isso é um Clube de Duelos, não de Dança! Eu não sou tão bondoso quanto a sua namoradinha. – Thurston riu alto, referindo-se a mim, porém eu me mantive calma e vi que ele baixou a guarda. Nesse momento, o idiota foi lançado para trás, caindo de quatro, segurando o maxilar. Sua língua cresceu para um tamanho enorme e ficou pendurada em sua boca. Esperto, Tuor, inutilizou os feitiços dele!
- O que estava falando, idiota? Dobre sua língua antes de falar de meus amigos. – Tuor falou com ferocidade, apontando a varinha para as próprias pernas, desfazendo o feitiço de Thurston antes de continuar duelando. Thurston ficou de pé, com a língua ainda enorme, para ao menos se defender. Tuor iniciou então uma seqüência muito rápida de feitiços, fazendo Thurston pular para trás o tempo todo ou brandir a varinha tentando se defender, sem sucesso. Em poucos minutos, Thurston estava com orelhas enormes, uma língua inchada, dentes gigantes, além de espinhas gigantescas.
- Está mais bonito assim, Thurston. – Tuor falou rindo, antes de lançar um Expelliarmus e jogar Thurston no chão. Tio George soou o fim da partida, e falou ao lado de Tuor.
- E o vencedor é Mithrandir. Excelente duelo, meu jovem, meus parabéns.
- Obrigado, professor. – Tuor falou feliz, descendo do palco, e foi ovacionado por todos nós que riamos muito de Thurston, que agora estava sob os cuidados da Madame Bulstrode.
Depois do duelo de Tuor, houveram dois duelos rápidos. Um deles foi entre um aluno do sexto ano da Corvinal contra um quinto ano da Lufa-Lufa, e o Corvinal ganhou a vitória. Depois um quarto-ano Grifinória contra um quarto-ano Sonserina, e a Sonserina ganhou o duelo. Depois Sheldon enfrentou um aluno do quarto-ano da Lufa-lufa, e conseguiu uma vitória bonita.
Então nossa turma passou a dominar os duelos.
Eu, Hiro, Keiko, Julian, Haley, Clara e Jamal éramos os únicos de nosso ano com habilidades para enfrentarmos alunos mais velhos, uma vez que tínhamos aulas “extra-classe”. Isso foi confirmado, pois Tio George colocou Julian e um Sonserino do Sexto ano, Jamal e um Corvinal do Quinto Ano, Keiko e uma Lufa-Lufa do Quinto Ano, Hiro e um Grifinório do Sexto ano. E todos conseguiram uma vitória, difícil, mas mesmo assim muito bonita. Faltava apenas eu, e eu estava ansiosa!
- Muito bem, agora o próximo duelo. Chronos e Salvatore. – Tio George anunciou e eu fiquei meio sem graça de duelar contra Stefan, mas Tio George continuou. – Não, o Salvatore da Sonserina.
Stefan pareceu aliviado e me dirigiu um olhar de boa sorte, descendo do palco. Minhas amigas soltavam risinhos e as olhei rapidamente, para que parassem. Damon subiu ao palco primeiro do que eu, e ficou parando me olhando, enquanto eu subia na direção oposta, próxima de meus amigos e os ouvi falando e apostando.
- Eu aposto que a Arte derrota ele em 9 minutos! – Ouvi Jamal falando.
- Será, ele é mais velho, deve saber mais feitiços! – Hiro comentou, apostando 8 minutos.
- 8 minutos?! Eu aposto 7! – Julian falou.
- E até parece que só porque é mais velho vai saber mais do que nossa Arte! Aposto 6 minutos! – Keiko e Haley apostaram juntas.
- Hum, eu aposto 6 minutos e meio. – Tuor falou.
- Que nada! Ele não dura nem 5 minutos! – Clara falou. Eu ri, pois era comum as pessoas me subestimarem, porém todos se esquecem de quem eu sou filha... Devo honrar minha família, e meus amigos sabem o quanto eu sou boa em Duelos.
- Novamente, todos os feitiços são permitidos, porém eu irei interferir se considerar muito perigoso. Arte, pega leva. – Tio George falou baixinho perto de mim e sorri.
- Que foi, está com medo? – Damon perguntou, provocando do outro lado do palco e eu ignorei. – Pode deixar que eu vou ser tão carinhoso quanto meu irmão, Princesinha.
Eu ouvi meus amigos fazendo “Ihhhh...”
- Ferrou, eu mudo minha aposta! 4 minutos! – Hiro falou rapidamente.
- 3 minutos! – Keiko falou rindo.
- Depois dessa eu dou 1 minuto... – Haley falou, pegando o cronômetro. Todos eles diminuíram as apostas para menos de 5 minutos, pois sabiam que eu odiava ser chamada de Princesinha.
- Eu dou 45 segundos! – Tuor falou rindo.
- 40 segundos! – Clara falou rindo também. Eles finalizaram as apostas quando Tio George falou.
- Em suas posições. – Damon assumiu a posição de duelos padrão. Eu porém assumi a posição que Griffon me ensinara, colocando a mão sem varinha atrás das costas e a varinha na altura de minha cintura. Era uma posição equilibrada, que me permitia boa defesa e boa vantagem no ataque. Damon riu da minha pose e ouvi algo do tipo “Que pose de princesa...”. – Começar! – Tio George falou, fazendo faíscas saltarem de sua varinha.
6 segundos – Damon lançou um feitiço de cócegas, seguido por um pernas bambas.
7 segundos – Eu dei um passo a frente, fiz um floreio lateral com a varinha bloqueando o de cócegas.
9 segundos – Com um movimento vertical rápido eu defendi o pernas bambas, lançando-o contra Damon, que conseguiu bloquear com um escudo, porém ficou assustado. Dei mais um passo a frente.
11 segundos – Lancei um feitiço na direção de suas orelhas e outro na direção de seu nariz. A cada feitiço eu dava um passo, me aproximando dele.
12 segundos – Ele bloqueou os dois, mas abaixou a varinha para lançar um outro feitiço contra mim.
13 segundos – Atingi sua mão da varinha com um feitiço de coceira.
15 segundos – Aproveitando o susto, eu lancei um expelliarmus, que o atingiu na barriga, fazendo-o voar longe. Eu o parei no ar com um feitiço de levitação e o fiz girar, lançando-o de pé no chão. Ele tentou ficar de pé, mas o pernas bambas que eu havia errado, na verdade o tinha acertado e ele não conseguia ficar de pé. Finalizei com um outro expelliarmus, que explodiu em seu peito, fazendo-o dar cambalhotas no ar, antes de cair sentado. Eu estava a poucos passos dele.
- E a vencedora é Chronos! Excelente duelo, Chronos, meus parabéns! – Tio George falou quando passei por ele sorrindo, e fui até Damon. Me agachei perto dele e usei minha voz mais cínica possível.
- Desculpa, Damon. Acho que a princesa ficou de mau humor! – Eu falei, e inclinando a cabeça, eu sorri virando-lhe as costas.
Meus amigos riam e me deram os parabéns pelo duelo. Clara me deu um beijo na bochecha, pois ganhara 2 Galões, pois finalizei o duelo com 35 segundos. Stefan estava entre eles e ria do irmão, e veio me dar os parabéns. Eu sorri para ele, porém enquanto falávamos, eu senti uma forte dor de cabeça e uma dor ainda mais forte no coração. Eu fiquei tonta e perdi o equilíbrio.
Eu me senti caindo, e estiquei a mão, tentando segurar a toalha do palco, mas tudo ficava escuro e eu não sentia, nem via mais nada. A última coisa que eu lembro era de alguém me segurando e me abraçando, enquanto chamava meu nome e meus amigos gritavam por Tio George. Aquela pessoa que me segurou parecia muito preocupada comigo e eu gostei de sentir isso... Depois apaguei completamente, perdendo os sentidos.

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- Arte, o que aconteceu? – Tuor falou, praticamente gritando, enquanto abraçava Artemis em seu colo. Mal Artemis perdera o equilíbrio e ele a segurara, abraçando-a com força enquanto caia ao chão, amortecendo sua queda e deixando-a em seu colo.
- Arte! – Stefan também falou, ajoelhando-se ao lado dos dois. Todos os amigos de Artemis a circundavam, gritando preocupados.
- Arte, acorda! – Tuor falou, olhando em volta e chamando por ajuda. Os professores correram para ele, assim como Damon.
- Você! O que você fez com ela?! – Stefan falou, enfurecido, enquanto o puxava pela gola da camisa. Todos os amigos de Arte o olharam acusadores, sacando as varinhas, de modo que haviam dezenas de varinhas apontadas para Damon.
- Eu não fiz nada, Stefan, eu juro! – Damon falou, e seus olhos demonstravam a verdade e uma forte preocupação. Stefan abaixou a varinha, e Damon ficou ao seu lado, os dois ajoelhando-se ao lado de Tuor.
- Baixem as varinhas! O Sr. Salvatore não tem nada a ver com isto! O que aconteceu? – Professor George perguntou.
- Dêem espaço para ela respirar! – O Professor Yoshi falou, fazendo um círculo se abrir na multidão de alunos curiosos.
- Ela simplesmente desmaiou depois que desceu do palco! – Keiko falou, e pareciam haver lágrimas nos olhos dela, assim como nos de Haley e Clara. A enfermeira já segurava o braço de Artemis, tomando seu pulso.
- Temos que levá-la à Enfermaria imediatamente. – A enfermeira falou, e no mesmo instante Tuor estava de pé, com Artemis no colo. Seu corpo pendia mole, e para o horror de seus amigos parecia sem vida...

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Eu tive um sonho estranho...
Não era um sonho na verdade... Eu sabia que era o passado. Um passado muito distante e longínquo.
Eu via um vale cercado por altas montanhas e tudo era muito lindo... No meio do vale haviam três templos, assim como pequenas casas mais ao longe. Os templos eram dedicados a três pessoas: duas irmãs e um irmão... Um templo parecia feito de gelo, enquanto o outro refulgia como uma chama branca. O último parecia feito de mármore negro...
No meio deles estava um homem... Ele segurava uma lança e conversava com pessoas que gritavam e choravam próximos dele. Eu sabia que eles não podiam chegar mais perto pois havia uma barreira impedindo-os.
Ele sorriu e, fincando a lança no chão, fez surgiu uma mulher muito linda diante dele. A mulher chorava e se ajoelhou, até que ele a liberou, quando jogou-se em seus braços.
Ele pediu que Ela o matasse...
A dor que ela sentiu, eu também senti... Nossos olhos se cruzaram, meus olhos azuis e os olhos verdes dela. Havia uma união entre nossos olhos...
Ela brandiu sua forma de arma contra o único homem que amou... Eu brandi a lança...
A lança perfurou seu peito... Seus amigos e familiares gritaram de dor e sofrimento, mas nada podiam fazer...
Ele subiu aos céus em um turbilhão de luz...
E desapareceu...

Nesse momento eu comecei a flutuar ainda mais longe...
Vi uma lança presa ao chão... Ela estava presa por três tipos diferentes de correntes... E havia uma horda de inimigos ao seu redor...
Meu corpo começou a ficar cada vez mais leve e eu voava cada vez mais rápido...
Então eu senti quando algo me segurou.
Algo me manteve preso ao meu mundo.
Eram diversas energias. Eram as energias de meus amigos e meus familiares.
Parecia que a alma de cada um deles lutava para me manter onde eu deveria estar. Eu comecei a ouvir o som de água e reconheci como o barulho das ondas na costa de Avalon...
As energias de meus amigos começaram a ficar mais intensas, me puxando cada vez mais... Porém meu corpo não respondia, e eu estava no meio de uma luta entre uma energia que me puxava a frente, e outra que me mantinha presa ao mundo.
Então surgiu uma energia mais poderosa e intensa que as demais. Ela se sobressaia. Era uma energia nova e estranha, porém eu a conhecia de alguma forma.
Aquela energia me puxou com força de volta ao mundo, e a energia de meus amigos me puxou ainda mais.
“Volte, Artemis”.
Aquela nova energia comandou, eu reconheci essa voz... A voz de Tuor. E eu soube no mesmo momento, aquela energia diferente e mais forte era dele, pois eu conhecia a energia de todos os meus amigos...


- Lognus... Chronos! – Eu falei, saltando da cama. Eu assustei uma pessoa que esteve dormindo com a cabeça apoiada em minha mão. Essa pessoa pulou assustada, mas abriu o sorriso mais feliz que eu já vi ao me encontrar acordada. Haley me abraçou com força, seus olhos demonstrando alívio, mas também cansaço.
- Haley, o que você está fazendo aqui? O que aconteceu?
- Eu que tenho que perguntar! Você desmaiou logo que saiu do Palco! Chegamos a achar que Damon tivesse feito algo.
- Não foi ele... Eu me senti tonta, fiquei sem forças...
- Você matou todos de preocupação! Estavam todos aqui, até seus pais chegarem.
- Meus pais vieram?
- Todos eles, todos os meus tios, e é claro, meu irmão. Então o Ty, levou todos para seus dormitórios, acalmando-os. O Tuor parecia a beira de um ataque de nervos, Tio Seth teve que acalmá-lo pessoalmente.
- Tuor? Onde ele está? E por que você ficou?
- Eu pedi para ficar. Óbvio que todos queriam ficar com você aqui, mas sua mãe achou melhor eu, caso Chronos se manifestasse. Foi o Tuor que te pegou quando desmaiou –Haley falou, contando rapidamente o que tinha acontecido após o duelo. – Eu pedi para Stefan ir embora, não seria bom seus pais descobrir sobre vocês agora.
- Obrigada... Agora que você falou, lembro que foi mesmo o Tuor que me ajudou, preciso agradecer a ele. – Falei, sentando-me na cama, mas me senti tonta e Haley me ajudou a me sentar.
- Não precisa agradecer... Ele estava muito preocupado, todos nós estávamos! Você parecia... Morta! – Ela falou, engolindo em seco, vi que ela parecia ter chorado. Eu segurei sua mão entre as minhas e sorri.
- Eu estou bem, Haley, não precisa ficar assim.
- Graças a todos os deuses e à Merlin!
- Eu não sei o que houve... Eu tive um sonho, na verdade parecia mais uma lembrança...
- Como assim? A Madame Bulstrode disse que parecia que você teve uma exaustão mágica.
- Eu não sei... Só sei que eu vi algo do passado... – Eu contei para ela o que vi, e ela ficou admirado, mas assim como eu, chocado com a morte Dele.
- Será que isso realmente aconteceu? Será que você viu algo do passado de Chronos?
- Não sei... A sensação que eu tive foi diferente de uma lembrança...
Nesse momento ouvimos passos do lado de fora do corredor e nos viramos na hora em que mamãe, papai, Ty, Tio Ben, Madame Bulstrode e meus irmãos entravam na Enfermaria.
- Olá gente. – Eu falei, sorrindo para eles. Eles correram para meu lado e vi Haley dando espaço para eles. Todos estavam muito preocupados, e me abraçavam e beijavam.
- Querida! Estávamos tão preocupados! Nem mesmo sua mãe e seu irmão conseguiam te acordar! – Papai falou, e vi que ele segurava lágrimas.
- Eu estivera tão mal assim?! – Eu me assustei, pois fosse qual fosse o problema, mamãe e meu irmão sempre seriam capazes de curar.
- Ainda não sabemos o porque, mas você entrou em um nível de exaustão mágica extremo e não conseguíamos nem mesmo contato com você. – Ty falou, segurando minha mão e eu soube que ele e Seth tentaram se comunicar comigo usando seus poderes.
- Estamos tão aliviados. – Mamãe conseguiu falar, após conseguir controlar o choro.
- Pequena, conte-nos o que viu. – Seth falou, pois ele me conhecia melhor do que ninguém. Eu então contei sobre o sonho, e nenhum deles parecia reconhecer algo.
- Princesa, você anda convivendo demais com o Seth e a Luna, está ficando lunática! – Griffon falou, me fazendo rir enquanto brigava com ele. Todos pareciam muito mais aliviados.
- E quem era aquele garoto novo que esteve aqui conosco? Ele parecia bem preocupado. Haley me apresentou ele, mas rapidamente. – Ty falou, referindo-se a Tuor.
- Ele é Tuor Mithrandir, meu amigo. – Eu falei sorrindo.
- Mithrandir? Oaluno norueguês, filho de Huor e Rían? – Papai perguntou e eu confirmei, lembrando-me do nome de seus pais.
- É seu namorado, Arte? – Griffon perguntou, sorrindo, e me deixando vermelho. Com certeza Luky comentou alguma coisa.
- Não, seu mala! – Eu falei, fazendo-os rir.
- Pronto, se já consegue brigar com o Griff, está melhor. – Seth falou rindo.
- Devo agradecer muito a ele por cuidar de minha filha, terei uma gratidão eterna. – Mamãe falou, sorrindo ainda com lágrimas nos olhos. – Eu gostaria de conversar a sós com a Arte.
- Claro, querida.– Papai falou. Todos o seguiram e vi que iriam para a sala de Tio Ben. Olhei para mamãe, curiosa.
- O que foi, mãe?
- Filha... O que é isso em seu cabelo? – Ela perguntou, mostrando uma mecha. Para minha surpresa havia uma folha verde presa nele.
- De onde isso apareceu? Eu cai em algum arbusto enquanto estava inconsciente?
- Não que eu saiba... Temo que é pior do que eu imaginava.
- Como assim, mãe? Estou assustada.
- Notei enquanto tentava te reanimar. Você realmente parecia sem vida... Eu temi muito por sua vida, até que Chronos apareceu para mim.
- Chronos?
- Eu o vi em sua alma, e ele me pediu para ficar calma, pois ele lhe traria de volta.
- Na verdade, não fui eu sozinho, mas todos os amigos dela. Em especial um deles. – Ouvimos Chronos falar, e ele surgiu ao meu lado. Ele pegou minha mão com carinho e a beijou. – Você está bem? Estive preocupado também.
- Chronos, o que exatamente aconteceu? Ela disse que sonhou com você. – Mamãe falou. Chronos olhou-me fundo nos olhos, antes de virar-se para mamãe.
- É pior do que você imagina... Ela não sonhou comigo ou viu uma lembrança. Ela esteve em meu passado. A alma dela deixou seu corpo, viajando para um mundo paralelo. Por isso a folha... Quando ela voltou, ela trouxe algo com ela.
- Isso é possível?! – Eu perguntei, assustada.
- Para uma pessoa comum não. Dumbledore me falou que isso às vezes acontece, e quando acontece, geralmente a pessoa não consegue voltar... E quando volta, não tem mais energia sequer para respirar... Ele chamou de Viagem Astral, semelhante a projeção, mas muito mais intensa e perigosa. – Mamãe falou, e vi que ela também estava assustada.
- Exatamente... Ela conseguiu voltar porque eu a trouxe de volta... E porque seus amigos a mantiveram no mundo real.
- Isso pode acontecer novamente? – Eu perguntei.
- Sim, provavelmente acontecerá. Há qualquer momento, principalmente quando você estiver usando magia. – Ele falou, seus olhos cheios de dor e preocupação. Mamãe começou a chorar novamente e apertou minha mão com força.
- O que podemos fazer?
- Precisamos que ela aprenda a controlar seus poderes. Artemis e Mirian, é preciso que vocês entendam. Artemis possui todos os meus poderes, além dos dela própria, tornando-a muito poderosa. Você precisa aprender a usá-los, para evitar esse tipo de coisa. Eu irei agora limitar todos os meus poderes em você, principalmente o controle temporal.
- Isso resolverá esse problema das viagens? – Mamãe perguntou.
- De certa forma... Com meus poderes limitados isso poderá diminuir drasticamente. Mirian, seus poderes são semelhantes aos meus e aos dela, gostaria de pedir que a partir de agora treinasse-a pessoalmente. Gostaria de pedir também que ao menos um de seus amigos esteja sempre com você quando estiver realizando magias. Eles são a sua âncora com esse mundo.
- Não precisa sequer pedir, eu a treinarei pessoalmente. E falarei com as crianças.
- Esse treino deve ser em Avalon, lá eu sou ainda mais poderoso e poderei protegê-la ainda mais.
Chronos então desapareceu, nos deixando ainda preocupadas, porém agora tínhamos esperanças de conseguir evitar esses problemas... Eu precisava evitar... Eu estive muito perto da morte.

Saturday, February 20, 2010


Memórias de Artemis A. C. Chronos

- Tia, você está linda! – Bela falou, quando ela me virou na poltrona do meu dormitório. Eu deixei que ela me ajudasse a me maquiar e me arrumar, pois pouquíssimas vezes eu o fiz sozinha e ainda não tinha muita certeza se sabia fazer sozinha.
- ÉR, obrigado Bela, mas tudo graças a sua ajuda! – Eu falei, rindo, enquanto apertava a bochecha dela.
- Ai! De nada, titia! Eu queria tanto ir!
- Você não pode, dentro de 2 anos vai poder! Ai você vai poder implicar com suas primas, porque então elas não vão poder ir!
- Sim! Arte, é verdade que você vai com o Stefan, aquele garoto do 5º Ano?
- É sim, Bela, onde ouviu isso?
- Todos estão comentando. O Stefan tem quase um fã clube!
- Era o que eu precisava, fãs malucas dele. – Falei bufando.
- Arte... Vocês vão se beijar?! – Ela falou, com um olhar assombrado, baixinho perto de meu ouvido. Isso me fez gelar, porque eu ainda estava fugindo daquela questão. Não que eu tivesse medo ou algo do tipo, mas também não estava muito ansiosa, ao contrário das outras garotas.
- Não sei, Bela, se acontecer...
- Eca, que nojo! – Ela fez careta e eu ri com ela.
- Um dia você vai gostar!
- Não vou não!
- Vamos ver! Você pode deixar a Tia sozinha pra ela terminar de se arrumar? – Eu perguntei, e ela disse que sim, mas eu queria mesmo era uma desculpa para conversar com o Chronos a sós. Assim que Bela saiu do dormitório, eu fui até a porta e a tranquei, lançando um feitiço para abafar o som, e quando me virei, Chronos já estava na minha frente.
- Ela tem razão, você está linda. – Ele falou, com um sorriso charmoso e paternal.
- Até você?!
- O que posso fazer se você realmente está linda? Não precisa ficar nervosa, Arte, seu coração irá te guiar.
- Obrigada, Chronos. – Eu falei, corando. – Por favor, me conta o que vai acontecer! Estou nervosa!
- Já falei que não posso fazer isso. E também já falei para não ficar nervosa, siga apenas seu coração...
- Eu sei... Mas estou confusa... Não que eu não goste do Stefan, mas nunca me imaginei com um garoto! Dançando, saindo juntos, beijando! – Eu frisei a última palavra, fazendo Chronos rir. Ele me abraçou e se afastou em seguida, me fazendo prender a respiração.
- Cedo ou tarde isso virá acontecer, mas apenas você pode saber quando e como. E ao que parece, esse garoto, Stefan, não faria nada que você não quisesse. E em último caso, você sabe se defender e terá seus amigos para ajudar se necessário.
- Ele parece mesmo um bom garoto, é educado, carinhoso, atencioso e charmoso. – Eu falei, olhando nos olhos dele. Na verdade eu queria o apoio dele, pois o único homem que eu imaginava ao meu lado até o momento era ele. Suspirei, respirando fundo, enquanto fechava os olhos. – Muito bem, vou enfrentar e seguir meu coração.
- Muito bem, minha querida. – Ele falou desaparecendo no ar.
Eu abri a porta do dormitório e desci. Naquela hora o Salão Comunal estava repleto de pessoas ansiosas para o baile, e muitos me olharam enquanto descia. Tuor estava ao pé da escada, vestindo um bonito terno preto, com camisa branca. Para meu alívio, ele também parecia meio ansioso.
- Uau, caprichou hein, Princesa? Hoje mais do que nunca devo lhe chamar de Sua Majestade! – Ele falou, segurando minha mão enquanto eu descia as escadas e curvando a cabeça.
- Quer ir ao baile com um olho roxo? – Eu falei de mau humor, e ele riu, e eu acabei rindo também, me acalmando. – Não ia buscar a Penny?
- Estou saindo nesse momento. Estava apenas esperando você para ver se cumpriria nosso trato!
- Você sabe que sim!
- Muito bem... Como combinou com o Stefan? E ai, ansiosa?
- Combinei com ele aqui mesmo, ele deve estar descendo. Estou nervosa. – Eu falei. Era estranho como com o Tuor eu conseguia falar com facilidade, a mesma facilidade que eu tinha em falar com o Chronos.
- É assim mesmo! Arte, escuta só, eu acho que vocês formam um bonito casal, e apoio vocês. Mas quero que sabia que qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, pode contar comigo ouviu?
- Tudo bem, Tuor, se eu precisar de um guerreiro Viking eu te chamo! – Eu falei rindo. Ele sorriu também.
- Bom, eu vou indo. Boa sorte com o Stefan, e nos vemos em breve! – Ele falou, piscando o olho e saindo pelo retrato.
Eu fiquei esperando o Stefan, de pé, ansiosa demais para me sentar, com Bela e Luky me olhando o tempo todo. Stefan chegou pouco tempo depois de Tuor sair, no momento exato em que marcamos. Bela e Luky ficaram encarando-o enquanto ele pegava minha mão e a beijava, dando-me o braço em seguida.
- Você está mais linda do que nunca, Artemis. Se importa se eu chamá-la assim?
- Claro que não, Salvatore.
- Me chame apenas de Stefan. – Ele falou sorrindo, me conduzindo para o retrato. – Seus primos vão me bater?
- Eles não, só estão meio curiosos. E são sobrinhos.
- É difícil imaginar você como tia, parece irmã deles. Além de ser bonita demais para uma tia.
- Obrigada, mas é porque sou a filha mais nova e tenho grande diferença de idade com meus irmãos.
Stefan era muito legal e conversamos muito enquanto descíamos até o grande Salão. Eu notava que ele estava nervoso, assim como eu, e ele não tentou forçar nada, o que me deixou aliviada. Quando chegamos ao Grande Salão, ele estava todo enfeitado em vermelho e rosa, com muitos corações e flores das mais diversas espécies. Meu olhar ficou encantado com tantas flores lindas e meus sentidos captaram seus deliciosos cheiros. Stefan sorriu antes de pegar uma rosa e colocar em meu cabelo, deixando-me extremamente vermelha.
O tema da festa era música, então haviam menções a vários músicos românticos, fossem trouxas ou bruxos, além de muitos discos e notas musicais rosas penduradas ao longo de todo o salão. Havia, é claro, muitos drinks de diversos tons de vermelho e rosa, mas nem teria como tentar provar algum deles, pois Tio George e Tio Yoshi vigiavam a mesa com atenção.
Eu e ele nos sentamos com nossos amigos, que estavam em uma mesa no centro da pista de dança. Clara e Sheldon eram os únicos desacompanhados, uma vez que Hiro estava com Leslie, Jamal com Kaley, Julian com Keiko, MJ com Amy, JJ com Cate, Tuor com Penny, Tommy com Mary e Rupert com Victoire. Apenas Haley não estava ali e não fazíamos idéia de quem seria sua companhia no baile, por isso o enorme choque quando ela apareceu com o Graham Mckay! Clara ficou chocada e dei uma cotovelada nela quando ela ameaçou perguntar o que era aquilo!
O clima da mesa ficou tenso e a conversa não funcionava, pois devido ao nosso choque não conseguíamos ser falsos o suficiente com o Graham, motivo pelo qual Haley nos fuzilava com o olhar! Foi com alívio que corremos para o palco quando vimos Edward e sua banda, Tears of Blood, subirem ao palco, para dar início ao show.
Stefan ficou ao meu lado o tempo inteiro e não pude deixar de notar que ele não tirava os olhos de mim. Eu tentava retardar o máximo possível o momento de ficarmos sozinhos, pois ainda estava muito nervosa. A banda do Edward tocou muitas músicas que adorávamos, e após o show voltamos para nossa mesa, onde Zachary, gêmeo de Kaley se juntou a nós. Stefan ficou sentado ao meu lado, conversando com todos. Notei que Tuor e Penny haviam sumido e um sorriso surgiu em meu rosto, imaginando onde os dois teriam ido. Então me lembrei que provavelmente Stefan iria querer o mesmo e me preparei para fugir mais um pouco.
Nesse momento, Thurston sentou em nossa mesa, do lado de Clara, e antes que pudéssemos fazer ou falar qualquer coisa, ele beijou Clara de surpresa. Clara ficou enfurecida e quebrou o nariz dele com um soco, causando a maior confusão. Nós todos a seguramos, impedindo-a de bater ainda mais naquele nojentinho! Tio George separou a briga e quase matou ele mesmo o Thurston ao ouvir a história. Clara teria matado o Thurston depois que ele falou que era uma aposta, não fosse nossa intervenção. Clara passou um bom tempo limpando a boca com um guardanapo, indignada, nos fazendo rir.
Após um tempo, Stefan me convidou para dar uma volta e eu teria recusado, se não tivesse recebido um olhar das meninas. Eu levantei ansiosa e saímos pelos jardins, agora sem muito conversar. Andávamos lado a lado, porém ele não tentava se aproximar, mantendo a distância que eu deixava.
- É tão engraçado, pareço uma criança outra vez. – Ele falou de repente.
- Desculpa?
- Parece meu primeiro beijo... – Ele falou, e eu fiquei vermelha. – Por que me deixa assim? Nunca senti algo assim... – Ele falou, dessa vez virando na minha direção e ficamos frente a frente.
- Continuo sem entender... – Eu falei sincera e ele sorriu.
- Sua sinceridade também me encantam... Artemis, acho que estou me apaixonando por você. – Aquelas palavras me tocaram, e fiquei vermelha.
Ele aproximou o rosto de mim, e meu coração parecia saltar para fora do corpo. Eu decidi não fugir e me aproximei também e nossos lábios se tocaram, enquanto ele me abraçava ternamente. O beijo dele era bom, tranqüilo e doce, e pude ver naquele beijo como ele se importava comigo. Eu não sabia bem o que fazer, ele sabia disso, por isso seu beijo foi tão bom, pois não me forçava a nada. Confesso que o beijo foi melhor do que eu esperava. Após o que durou uma eternidade, nos afastamos e ele beijou minha mão.
- O que achou? – Ele perguntou ansioso e finalmente entendi o que ele quis dizer antes. Era engraçado ver um garoto dois anos mais velho tão inseguro, até porque eu sei que ele já tivera outros namorados.
- Bom... Foi meu primeiro beijo, como posso saber? – Eu falei, sorrindo, e vi seus olhos brilhando. Dessa vez eu que me aproximei e o beijei de leve, para depois me afastar.
- É melhor irmos... Tio George irá me chamar em breve. – Eu falei, voltando-me para a escola. Ele correu para meu lado e me deu o braço para segurar, virando meu rosto para ele com carinho.
- Artemis Chronos, gostaria de namorar comigo? – Ele perguntou, olhando fundo nos meus olhos e eu fiquei gelada, sem saber o que fazer.
- Érr...Érrr... Eu não sei, você pode me dar um tempo para pensar? Sou muito nova ainda!
Ele ia responder quando Tio George apareceu, falando que era para os alunos do 3º ano irem para as camas. Eu me despedi do Stefan rapidamente, sem beijá-lo e corri de volta para a escola. Era muito para um dia só! Namoro?!

Friday, February 19, 2010


Por Keiko Hakuna.

- Esperou muito corvo? – perguntei sorrindo para Julian que já me esperava na porta do Salão Comunal da Sonserina. O baile do dia dos namorados já dava indícios de ter começado no salão principal, pois, mesmo daquela distância, já escutávamos os ecos da música alta que vinha de lá.
- Não. Acabei de chegar. Mas, se tivesse esperado, não seria problema. Totalmente valeria! Você está muito bonita Keiko! – ele falou com os olhos um pouco arregalados de surpresa enquanto me analisava; depois sorriu um pouco sem graça e me ofereceu o braço para irmos andando juntos. Aceitei.
- Obrigada! Você também não está nada mal...

Clara, que estivera andando logo na nossa frente, deu uma tossida improvisada para abafar a risadinha sarcástica. Com certeza ela estava se divertindo de nos escutar conversar daquela maneira tão... Galante. Fingi não ter ouvido e apertei um pouco mais o braço de Julian.

---------

O baile corria tranquilamente ou, melhor dizendo, corria tranquilamente à medida do possível. O primeiro choque foi ver Haley chegar acompanhada com Graham – uma das pessoas que mais nos desagradava em Hogwarts. Tentávamos disfarçar nossa inimizade declarada - pois Haley praticamente nos implorava através de trocas de olhares rápidas com todos - mas não conseguíamos muito sucesso.

Foi um verdadeiro alívio quando a banda de Edward, Tears of Blood, começou a tocar. Instantaneamente todos nós nos amontoamos em frente ao palco e começamos a cantar e dançar, esquecendo todas as desavenças e mal-estares anteriores. (Julian permanecia ao meu lado o tempo todo e conversávamos sobre diversos assuntos. Embora ele demonstrasse mais ansiedade do que eu, também começava a me sentir ansiosa para que o “desfecho” da noite corresse bem.)

Quando a banda fez uma pausa, começaram a tocar músicas mais lentas no som e logo nos vimos cercados de dezenas de casais se abraçando para dançarem juntos. Eu e Julian nos olhamos uns segundos, incertos do que devíamos fazer, até que ele sacudiu os ombros se rendendo à dúvida:

- Quer dançar Kika? Sou péssimo nisso, eu acho, mas se você quiser... – ele disse com sinceridade e ri estendendo a mão pra ele, que a pegou forçando um sorriso.
- Também não sou muito boa, mas acho que ninguém vai ficar reparando em nós dois agora não é? E você pode me puxar um pouco mais Corvo. Não sou de porcelana. – disse rindo e puxando mais a mão que ele mal envolvia em minha cintura, fazendo com que nos encostássemos um pouco e nossos rostos ficassem bem próximos.

Recostei em seu ombro e dávamos passos lentos e ritmados para os lados, em silêncio. Depois de um tempo, comecei a reparar em um casal de namorados (ambos do quinto ano) que estavam tão juntos que era difícil saber se era possível se separarem em algum momento. Julian pareceu ter reparado neles também, pois logo comentou:

- Eles estão se beijando ou aquilo é uma sessão de canibalismo??? – perguntou com um tom de assombro que me fez rir. Não respondi e então ele continuou: - Sabe... Você vai me achar ridículo, mas eu tenho que dizer. Nunca beijei ninguém. – ele confessou em voz baixa, como uma derrota.
- É mesmo? Existem tantos tipos de beijos... O beijo broche que é quando você prende os lábios da pessoa; O beijo superior e o beijo contato, e ah! A quem quero enganar? – perguntei desarmando toda minha pompa de sabichona do assunto. – Também nunca beijei ninguém. Aliás, parece que vou continuar assim... – disse a última frase quase sussurrada e mais como pensamento alto, mas Julian ouviu e a respondeu em seguida.
- Só se você quiser. Porque eu te beijaria. – Julian respondeu em um rompante e nos calamos por vários segundos, ambos sem saber o que dizer. Senti meu rosto arder um pouco e, enquanto me recuperava, vi Hiro e Leslie saírem para os jardins já de mãos dadas. O desespero falou mais alto:
- Se quer fazer isso, faça agora Corvo! Hiro e Leslie estão saindo juntos para os jardins e eu definitivamente não quero perder essa “guerra”! Não se tenho todas as armas nas mãos! – disse com firmeza o encarando e ele parou de dançar me olhando assustado e completamente sem reação. – E então?! – perguntei e ele balançou a cabeça.
- Er. Ok! Então... Como faremos isso? Quero dizer, como começaremos? Posso contar até três ou...? – ele perguntou tentando não soar muito nervoso e buscando alternativas rápidas em sua cabeça.
- Acho que não precisamos de contagem regressiva.
- Mas não quero que você se assuste...
- Vamos lá Corvo! Você não me assusta mais do que a idéia de que Hiro pode perder o BV antes do que eu. É só um beijo, não deve ser tão difí...

E mesmo eu garantindo que ele não me assustaria, quando ele me interrompeu me puxando forte pela cintura e fazendo com que nossos lábios se grudassem, eu definitivamente me assustei. Demorei algum tempo até entender o que estava acontecendo, e então o correspondi. Só nos soltamos uns minutos depois e nos encaramos com uma espécie de susto e alívio.

- Acho que acabamos de nos beijar. – ele disse ainda me abraçando.
- É, eu acho que sim. – respondi um pouco tonta. Ri. – E acho que ganhei do Hiro. Ele é sempre menos objetivo, em tudo. – Julian riu também e olhou ao redor, onde os casais continuavam dançando lentamente.
- O que fazemos agora?
- Não sei. Alguma sugestão?
- Ia sugerir que continuássemos treinando, afinal podem nos perguntar mais detalhes depois e eu não sei se consegui gravar todos ainda... – como permaneci em silêncio, ele logo continuou: - Mas se foi ruim, tudo bem. Podemos só voltar pra mesa ou sei lá. – ele completou. Pensei por um tempo antes de responder:
- Ah, você tem razão. Ainda não estamos muito conscientes nisso não é? Podemos até tentar alguns outros tipos de beijos... – disse pensativa e puxei uma boa quantidade de ar como se estivesse me preparando para uma maratona. – Então vamos lá. Sem contagens.

E dizendo isso o puxei pelo colarinho da camisa e nos beijamos novamente. Só que dessa vez, menos despreparados...

ººº

Por Hiro Menken.

- Estou pronto. – Tommy falou ajeitando uma última vez os cabelos. – Melhor me apressar. Combinei de ir buscar a Mary lá na Lufa-lufa e já estou quase em cima do horário.
- Vou com você então. Também tenho que pegar a Kaley “praquelas bandas”. – Jamal comentou sorrindo e depois se voltou para mim e JJ. – Boa sorte companheiros. Não bebam muito para poderem me contar os detalhes depois. – ele disse zombeteiro.
- Obrigado. – JJ respondeu e eles saíram do dormitório. – Também está na minha hora. A Corvinal é mais longe que a Lufa-lufa. E eu, definitivamente, não quero deixar a Cate esperando. – ele piscou para o próprio reflexo e virei os olhos rindo. Se virou para mim. – Encontro você no Salão Principal, ok?

Concordei com a cabeça e, depois que ele saiu, me analisei mais uma vez na frente do espelho. Como Leslie também era da Sonserina, e ainda faltavam alguns minutos até a hora que tinha marcado com ela, decidi que gastaria todos eles tentando melhorar, sem magia, o nó torto da minha gravata. Estava tão distraído que nem tinha reparado que Sheldon ainda estava ali, também, e quase gritei de susto quando ele saltou do beliche e sua imagem caiu refletida no espelho, atrás de mim.

– SHELDON! – esbocei um grito enquanto respirava fundo para me recuperar. Ele permaneceu parado atrás de mim, sem alterar sua expressão. – Você podia ser só um pouquinho menos discreto, silencioso, e sinistro. – falei e me voltei novamente ao espelho e à gravata. Ele levantou uma sobrancelha, me observando com curiosidade.
- O que é?
- Esquece. Melhor nem começar. – ele disse concluindo consigo mesmo e concordou com a cabeça. – Use magia aí. Neste ritmo, não vai conseguir fazer um nó decente tão cedo...
- Hum, é. Ok. Obrigado?!

Ele sacudiu os ombros e também saiu do quarto. Me rendi e, com um simples aceno de varinha, minha gravata se fechou em um nó perfeito. Ri comigo mesmo e consultei o relógio. Leslie já estaria pronta?
Ela estava. E estava muito bonita. Fiquei sem jeito quando ela apareceu do dormitório feminino, mas logo sorri e a estendi o braço (tentando me lembrar de todo o tutorial que Monique havia me passado por carta, depois de contá-la sobre o baile e o “pacto”).

Ao chegarmos ao Salão Principal – que estava decorado com tema de músicas - nos sentamos em uma mesa perto do palco onde, mais tarde, iria acontecer o show da banda de Edward.
A noite estava só começando...

---------

Clara ainda tremia, sem querer, sentada na mesa. Logo depois do show, Thruston – para pagar uma aposta feita entre os amigos dele – a beijou à força, fazendo com que ela quase se descontrolasse de raiva. Conseguimos distraí-la um pouco, e já dava indícios de se controlar novamente, mas os olhares de ódio que ela lançava vez ou outra para os amigos dele (que ainda permaneciam no salão) nos confirmaram que aquilo não ficaria sem troco.

Depois que Zach chegou à nossa mesa e começou a fazer companhia integral a ela, olhei ao redor. Todos meus amigos se distribuíam pela pista de dança com seus pares e tentavam aproveitar o restante da festa. Leslie estava calada ao meu lado também observando os casais dançarem.

- Les, não vou te convidar para dançar porque, sério, você não merece isso. – disse sem graça e ela riu alto se virando para me olhar.
- Está tudo bem Hiro. Também não gosto de dançar. – ela respondeu com sinceridade e me senti mais aliviado.
- Mas tenho outra sugestão: já que não queremos dançar – e já que tenho certeza de que Clara não vai tentar esfolar, sozinha, nenhum dos grifinórios nesta noite -, quer dar uma volta nos jardins? – perguntei.
- Claro! Ainda nem vi como está a decoração por lá.

Leslie se levantou da cadeira de um salto e me estendeu a mão. Peguei-a e, ainda de mãos dadas, saímos juntos pelo Saguão de Entrada.
Os jardins mantinham a decoração do Salão Principal, mudando somente o fato de que, ao invés de mesas, tinham espalhados por toda a extensão dos gramados vários pufes e almofadas. Optamos por sentarmos em um próximo à cabana do Hagrid.

- Hiro... Posso te perguntar uma coisa? – Leslie falou depois de um tempo. Estivera distraído vendo o Salgueiro Lutador balançar alguns ramos preguiçosamente.
- Claro.
- Bem, é que fiquei sabendo que vocês – meninos – fizeram uma espécie de pacto para este baile...
- Como? – perguntei sentindo o estômago afundar.
- Isso importa? – ela perguntou e riu em seguida. – Calma. Minha pergunta não é sobre os termos desse acordo. É só que fiquei pensando: porque eu? Porque você me convidou para vir com você? – ela perguntou tudo de uma vez, como se estivesse desengasgando.
- Ora Les! Porque você é minha amiga! – respondi de imediato e ela fez uma careta. Sacudi a mão para que ela me deixasse continuar. – Eu sei o que você está pensando: é minha amiga quanto as outras meninas são. Mas não é. Não sei por que é diferente, mas, com você, senti segurança em convidar. E sabia que iríamos nos divertir juntos, de qualquer maneira. Não se menospreze: você é uma excelente companhia. – respondi e ela corou. Rimos.
- Obrigada. Você também é uma ótima companhia!

Balancei um pouco os ombros e virei novamente minha atenção para o Salgueiro Lutador, mas agora estava pensando em como Leslie poderia ter descoberto do “pacto”. Não demorou muito até que a ficha caísse.

- Ai, Sheldon... – ri.
- O que tem ele?
- Foi ele quem te contou da conversa no dormitório, não foi?! – perguntei afirmando e Leslie confirmou com a cabeça. – Óbvio.
- Vocês se esqueceram de explicar para ele que aquilo era um segredo, e que ele tinha que manter só para ele. Ele se sentiu muito à vontade para dedurá-los para mim. – ela disse também rindo.
- Sim... Shame on us. Se houver uma próxima vez, me lembrarei deste detalhe. Mas o que deu nele para estar conversando tanto com você? – perguntei assombrado, pois, de uns tempos para cá, o desgosto recíproco que Sheldon e Leslie demonstravam um pelo outro – desde o primeiro dia de Hogwarts – parecia estar dando uma trégua.
- Sei lá. Digamos que a melhor explicação é “mantenha os amigos por perto e os inimigos mais ainda”. E você tinha razão: ele não é tão ruim quanto aparenta. É até divertido e simpático quando se esforça. – concordei e rimos.
- Então... Se ele nos “dedurou”, você sabe de todos os detalhes da conversa. Não é? – perguntei voltando a ficar sério e um pouco constrangido. Leslie corou novamente.
- Sim.
- Ok. Realmente tenho que me lembrar de pedir segredo ao Sheldon da próxima vez. – disse sentindo meu rosto esquentar também. Ficamos calados vários segundos. – Mas você aceitou...! – falei depois, me virando rapidamente para olhá-la. Ela encarava os próprios pés. – Você sabia de tudo e, mesmo assim, você aceitou vir comigo! Então... Você também quer? É isso mesmo?
- Eu acho que sim Hiro. – ela permanecia de cabeça baixa. – Quer dizer, eu quero sim. E estou feliz que tenha sido você quem me convidou. – sorriu timidamente. – Não sei se mais alguém, além de você, convidaria... E, de qualquer forma, apesar de parecer ser um pouco mais durona que as outras meninas, eu também penso em coisas... Você sabe? Em romances e garotos, e lindas histórias de amor. Tanto é que estou com muito medo agora, porque não sei como agir do seu lado. Não hoje, e não neste momento. Não quando não estou te enxergando só como o Hiro “meu amigo de escola”. Hoje você também é o primeiro garoto com quem estou “saindo”, e o primeiro garoto que me fez pensar em como seria dar meu primeiro beijo aos treze anos, em um baile de dia dos namorados em Hogwarts. – ela falou e depois nos calamos novamente. Meu rosto estava em chamas.
- Les?! – tomei coragem e chamei-a. Ela não levantou o rosto para me olhar. – Também estou nervoso e sem saber como agir. – ri de nervosismo e vi o canto da boca dela se retorcer em resposta. – Mas, se você está disposta, então eu definitivamente queria tentar.

Demorou um tempo até que ela decidisse levantar a cabeça.
Nos encaramos uns segundos, antes de me aproximar mais dela e tocar seu rosto com uma das mãos - o puxando suavemente para mim. Não sabia o que estava fazendo, mas em questão de segundos meus lábios se encostaram aos dela e eu descobri que beijar uma garota não era tão complicado assim.

ººº

[Algumas horas antes, no dormitório dos garotos.]

- Oi Muffin. Pode me fazer um favor? – Hiro perguntou à elfo doméstica que tinha acabado de desaparatar em frente a ele. Muffin era a elfo doméstica de Yoshi, mas Hiro a conhecia desde criança.
- Claro Hiro! Do que precisa? – ela perguntou animada com o tom de voz misterioso que o garoto usou para fazer o pedido.
- Preciso que coloque isto embaixo do travesseiro da Clara Lupin. – ele disse entregando um cubo colorido de papel na mão da elfa, que a olhou curiosa. - Não me pergunte ok? Por favor?! Nem sei por que estou fazendo isso... – ele disse baixinho, mas a elfa escutou mesmo assim.
- Gosta dela, não é? Da sua amiga? – perguntou abrindo um imenso sorriso e Hiro se recompôs, levantando a sobrancelha.
- Muffin, por favor, sem perguntas! E não deixe que ninguém te veja! Só leve este origami daqui, antes que me arrependa!
- Tudo bem. Mas só digo uma coisa: você anda convivendo muito com a senhorita Monique...

A elfa sorriu e piscou para o garoto antes de desaparatar mais uma vez. Hiro se esticou na cama, pensativo.


Thursday, February 18, 2010


Era o baile do dia dos namorados e a festa estava incrivel. A banda de Edward intercalava musicas mais lentas com as agitadas e ate mesmo os garotos pulavam feito malucos.Quando ele tirou o casaco, as meninas começaram a gritar achando que ele ficaria sem camisa, mas para nossa decepção ele usava uma camiseta sem mangas, como ele tinha braços definidos e exibia tatuagens, fazia com que algumas meninas gritassem mais ainda. Depois de tocar muitos sucessos da banda e tocar muitas musicas conhecidas, ele agradeceu e avisou que a banda iria dar uma pausa para descanso, mas voltavam logo. E um DJ assumiu o palco.
Eu terminei de dançar com Patrick Ocean, goleiro da Lufa-Lufa e ao voltar para a mesa, vi que C.C. e Leo estavam muito ocupados se beijando.
- Hey! Porque não vão para um lugar mais reservado, tem gente querendo comer.- implicou Johny que chegava com Blair e rimos.
Estavamos felizes que depois de tanto tempo C.C, e Leonard estavam namorando e pareciam muito bem juntos. Vimos que Edward caminhou pelo salão tranquilamente e era cumprimentado pelas pessoas e no caminho abraçou Arte, Haley e ao olhar para os garotos que estavam com elas, falou algo e os rapazes da banda exibiram as presas falsas, o que fez os garotos ficarem um pouco pálidos, mas eles começaram a rir e o clima se desfez.
- Hey Lizzie, Johny tudo bem? Podemos ficar um pouco aqui? era Edward e outros membros da banda e o pessoal da mesa abriu espaço para eles, e ele se sentou ao meu lado. Todos se apresentaram e começamos beber os drinks coloridos que estavam fazendo sucesso. Conversamos durante algum tempo e volta e meia sempre tinha alguém atrás de um autógrafo ou pedindo para tocar uma ou outra musica e ele era atencioso com todos.
Quando a ‘Tears of Blood’ voltou ao palco, eles tocaram várias músicas e então Edward começou a cantar uma música linda e volta e meia nosos olhares se cruzavam. Havia alguns versos que ele repetia baixo no microfone que parecia falar em nossos ouvidos e corações.

Sometimes I'm wondering why you look me and you blink your eye
You can't be acting like my Dana?
I see your beautifull smile and I would like to run away from
Reflections of me in your eyes, oh please

Talk to me, show some pity
You touch me in many, many ways
But I'm shy can't you see


Ao final da apresentação, todos aplaudiram muito, eles agradeceram e distribuiram alguns brindes para o público. Como já era a hora de voltar para as casas, eu e outros monitores começamos a direcionar os alunos mais novos para suas casas e depois voltei ao salão para ver com o tio George, se tudo estava certo e se estava dispensada. Edward ainda estava lá e após se despedir de tio Ben e da banda, quis me acompanhar até o salão da Grifinória, pois estava tarde. Caminhamos de braços dados e íamos conversando. Num dos corredores, ele parou e disse baixo:
- Conhece outro caminho? Tem um casal muito empolgado no corredor e sinto que todos podemos ficar um tanto...Constrangidos.
- Oh! Oh, sim, sim claro. Vamos mudar de caminho.- disse um pouco vermelha e peguei outro caminho rumo ao salão grifinório, e logo chegamos.
- Como você está realmente? Superou o bobão? Porque não te vi com ninguém especial durante o baile todo.- e eu reagi.
- Garret não é bobão! Quer dizer, um pouco e sim, eu estou bem, e não tenho tempo de namorar alguém agora, vou fazer os NOM’S, temos o campeonato de quadribol, Johny anda coordenando treinos insanos e nos forçando a fazer dietas malucas.O time está quase se amotinando. - e ele riu, e mais uma vez, percebi o quanto ele era bonito.
- Gostou da musica??
- Sim, é maravilhosa. Imagino que a garota para quem você a compôs deve ser muito especial.- ele apenas assentiu sem me olhar.
Caminhamos mais um pouco e ouvimos as badaladas do relógio da torre, e então ele se virou para mim, segurando meu rosto e olhando em meus olhos sério:
- Já é meia noite, e é o dia do seu aniversário de dezesseis anos.Aposto que nunca foi beijada decentemente.
- É claro que fui beijada, esqueceu que namorei o Garret por muito tempo e ele era bem experiente.- disse não querendo dar o braço a torcer e Edward sorriu maroto:
- Não! Você nunca foi beijada...- e me puxou para ele e colou seus lábios nos meus.
No começo o beijo me espantou porque era exigente, mas depois se tornou suave, e eu não percebi o quanto eu o queria, só percebi quando senti meus dedos doerem por eu segurar o casaco dele com força, como forma de impedir que ele parasse. Só percebi como as coisas estavam indo rápido demais quando senti o frio em minhas costas enquanto ele me presssionava contra as paredes do castelo.
Assim como começou, ele me soltou de repente e se afastou um passo, achei ter visto novamente aquele brilho vermelho em seus olhos, mas creio que me enganei, ele estava muito calmo quando disse:
- Agora sim, você pode dizer que foi beijada. Bem vinda aos doces dezesseis anos Elizabeth.- e ele foi embora pelo caminho que viemos, enquanto eu tocava a minha boca e me perguntava o que tinha acontecido.

Sometimes I'm wondering why you look me and you blink your eye
You can't be acting like my Dana?
I see your beautifull smile and I would like to run away from
Reflections of me in your eyes, oh please

Talk to me, show some pity
You touch me in many, many ways
But I'm shy can't you see ( o baby)


N.Autora: Trechos da música Shy, Sonata Arctica
por um dos O'Hara Weasley às 2:57 PM



- Ai Keiko, está muito enfeitado! – resmunguei olhando para o espelho e Keiko bateu na minha mão quando peguei no cabelo.
- Fique quieta! Você concordou em me deixar arrumá-la pro baile, então não pode dar opinião.
- Mas é um baile de escola, não um casamento!
- Merlin, como você é chata! – Keiko reclamou, empurrando minhas mãos pro lado outra vez – Fica tão bonita toda arrumada, me deixe fazer isso só hoje, por favor!
- Mas...
- Por favor? Por mim? – Keiko juntou as mãos como se fosse rezar e bufei.
- Ah droga, odeio quando fazem chantagem emocional.

Keiko comemorou minha derrota e continuou a fazer o que quisesse para me arrumar para o baile, ignorando as sugestões até de Haley, que agora se limitava a rir das minhas caretas entediadas. Era a noite do baile de Dia dos Namorados em Hogwarts e era a primeira vez que tínhamos permissão de participar. As meninas estavam na maior empolgação, até mesmo Leslie, que ia com Hiro e não conseguia esconder as expectativas que havia criado.

Eu era a única que ia de contrapartida àquela animação toda. Não que não estivesse com vontade de ir à festa, muito pelo contrario, mas a animação delas se dava ao fato de que estavam contando os minutos para darem o tão sonhado primeiro beijo e eu não havia entrado nessa paranóia de que podia ser a única menina do 3º ano a nunca ter beijado um menino, já que até Leslie parecia que ia sair do zero hoje. Na verdade estava pouco me lixando e passei a semana toda aterrorizando elas sobre isso, o que só aumentou toda a paranóia e me divertiu bastante.

O tema do baile era música e quando cheguei ao salão principal com meus amigos me deparei com uma decoração recheada de notas musicais rosa choque e cada mesa era dedicada a um cantor bruxo ou trouxa que tivesse músicas românticas. Tinham discos por todos os lados e a mesa de comida estava repleta de referências musicais, assim como diversos bombons em forma de coração. As bebidas eram em sua maioria cor de rosa e vermelhas, mas tinha um tio George e um tio Yoshi atentos bem ao lado da mesa para não deixar ninguém abaixo do 5º ano pegar nada além de suco de morango, então nem nos animamos em descobrir o que eram todos aqueles drinks.

O salão já estava cheio e procuramos uma mesa quase no meio da pista de dança, de onde teríamos uma visão privilegiada do show da banda de Edward, que tocaria mais tarde. De todo o nosso grupo, Sheldon e eu éramos os únicos desacompanhados. Hiro estava com Leslie, Jamal foi acompanhado de Kaley, da Lufa-Lufa, Julian com Keiko, MJ com uma menina da turma dele chamada Amy, JJ estava com uma corvinal chamada Cate, Arte estava com Stefan Salvatore, Penny com Tuor, Tommy foi com uma lufana chamada Mary e até mesmo Rupert estava acompanhado de Victoire Weasley. Apenas Haley havia desaparecido, ninguém sabia com quem ela ia, havia feito suspense pela semana inteira. Já ameaçávamos organizar um bolão quando ela apareceu no salão de braços dados com Graham McKay. Os dois sentaram na nossa mesa como se não tivessem notado nossas caras de choque e já ia abrir a boca para perguntar que palhaçada era aquela, mas Arte me deu uma cotovelada violenta na costela e fiquei quieta.

Passamos a noite inteira com aquela coisa sentada na nossa mesa acompanhando Haley e tentando bater papo com os outros, mas ninguém estendia muito os assuntos. Dava pra ver nos olhos de Haley que ela queria nos matar, mas se ia aboletar aquele grifinório insuportável na nossa mesa como um dos nossos, podia ter avisado antes para treinarmos nossas melhores expressões de falsidade. Assim, pegos de surpresa, só conseguíamos responder as coisas o mais monossilábico possível e com caras de quem tinha comido coisa estragada. Foi um alivio e tanto quando a banda de Edward, Tears of Blood, entrou no palco e deu inicio ao show. Com exceção de Sheldon, que ficou na mesa, corremos todos pra frente do palco e pulamos o show inteiro. Zachary, o irmão gêmeo de Kaley também da Lufa-Lufa, se juntou ao nosso grupo no meio do show depois de fugir da garota que acompanhava e passou a me fazer companhia. Ele era um dos artilheiros do time da Lufa-Lufa e já era apontado como um forte candidato a vaga de reserva no Fitchburg Finches quando se formasse em Hogwarts.

- Ei, cadê o Sheldon? – perguntei quando voltamos para a mesa depois do show e ela estava vazia. Zach sentou em seu lugar – Ele vai falar se voltar e você estiver sentado ai.
- Mas a cadeira está vazia – Zach contestou e rimos.
- Mas é o lugar dele – JJ sentenciou – E não adianta discutir.
- Gente, e a Haley, hein? O que deu nela? – perguntei aproveitando que ela ainda estava longe da mesa com McKay.
- Clara, não começa – Keiko falou caçando Haley pelo salão – Amanhã o efeito do que quer que ela tenha tomado vai ter passado e ela vai se arrepender, mas não vamos arrumar confusão hoje. Estou arrumada demais pra ganhar uma detenção.
- Não custava nada ela alertar, quase engasguei com o suco quando eles sentaram – Julian resmungou sentando ao lado de Keiko.
- Morreu esse assunto hoje – Arte avisou quando eles finalmente chegaram à mesa e sentaram.
- Ah não, mais um? – JJ falou desanimado e quando virei, Thruston estava sentado na cadeira vazia ao meu lado.
- O que foi? Perdeu alguma coisa aqui? – perguntei sem vontade alguma de fazer média por causa de Graham.

Thruston não respondeu e olhou para a mesa dos amigos, que o encaravam em desafio. Perguntei outra vez o que ele tinha perdido ali e tudo aconteceu em uma fração de segundos. Ele virou para mim outra vez e me beijou, e no instante seguinte estava jogado no chão com as mãos tapando o rosto, enquanto eu estava de pé em sua frente com o punho fechado. Meus amigos já estavam em volta e a confusão estava prestes a começar quando tio George apareceu correndo, me afastando com as mãos.

- O que está acontecendo aqui? – ele perguntou olhando para Thruston chorando no chão, o nariz torto cheio de sangue.
- Essa louca quebrou o meu nariz! – Thruston berrou do chão, a voz chorosa fazendo todo mundo em volta rir.
- Ele me beijou! – gritei de raiva – E eu não disse que podia!
- Você beijou minha sobrinha sem autorização? – tio George olhou para ele furioso.
- Por que você fez isso, seu imbecil? – berrei outra vez e já começava a tremer de raiva.
- Foi uma aposta! – ele berrou de volta – Não precisava quebrar o meu nariz!
- Ok, Clara, para trás! – tio George me empurrou pra trás quando avancei pra cima dele de novo – Você, de pé. Vamos até a enfermaria consertar o nariz e o baile acabou pra você, vai direto pra Grifinória.
- Eu juro que não sabia de nada! – Graham ergueu as mãos se rendendo, quando todos olharam para ele atravessado.
- Meu primeiro beijo foi James Thruston? – falei horrorizada, agarrando um guardanapo de pano na mesma hora e esfregando na boca desesperada, enquanto meus amigos riam.

Passei o resto da festa tendo tremedeira na cadeira quando lembrava o que tinha acontecido e nem levantei mais pra dançar, fiquei tendo o que Keiko chamou de “ataque de mulherzinha”. Zach ficou me fazendo companhia na mesa, ainda fugindo da menina, e foi a minha salvação. Conversar com ele era ótimo e consegui esquecer um pouco a raiva que estava sentindo.

- Eu vou matar ele amanhã – falei de repente e ele riu.
- Esquece isso, não vai se estressar de novo.
- Cara, que nojo! Agora sempre que lembrar dessa noite, vou lembrar disso e ter ânsia de vomito!
- Foi tão ruim assim? – ele riu.
- Foi – Zach se aproximou de mim devagar e me beijou, se afastando em seguida com a mão protegendo o rosto.
- Por favor, não quebre meu nariz.
- Por que fez isso? – não ia bater nele, mas estava surpresa.
- Porque agora quando você lembrar dessa noite, não vai lembrar só do Thruston.

Sorri para ele um pouco sem graça, mas agradeci e continuamos conversando sobre assuntos aleatórios, e nenhum dos dois tocou mais no assunto. Nossos amigos voltaram para a mesa logo depois e pela expressão no rosto das meninas, elas tinham visto o beijo e iam me interrogar depois, mas graças a Merlin não falaram nada na mesa.

- Adivinhem o que acabei ver no jardim – Jamal chegou na mesa com Kaley e os dois riam – Hiro estava beijando Leslie.
- Os nerds também se dão bem – Haley brincou e todo mundo riu.
- Acho que já vou embora – levantei da mesa de repente e eles me olharam assustados – Acho que essa festa já rendeu demais.
- Mas ainda está cedo! – Arte protestou, mas não sentei outra vez.
- Já estou cansada e daqui a pouco tio Ben vai nos expulsar mesmo, vou caminhando na frente.
- Eu levo você até lá – Zach se ofereceu, mas fiz sinal para ele não levantar.
- Não precisa, a masmorra é aqui do lado. Até amanhã, pessoal.

Deixei todo mundo na mesa com cara de que não estava entendendo nada, mas nem eu sabia o porquê de querer ir embora de repente, só sabia que não agüentava mais ficar naquele salão e queria voltar pro dormitório o mais rápido possível. O salão comunal da Sonserina estaria vazio e escuro àquela hora, se não fosse um único ponto de luz vindo de debaixo da mesa. Sheldon estava sentado com um joguinho na mão e olhava vidrado para a tela, ainda usando o terno da festa.

- Ei, quando você saiu da festa, que ninguém viu? – perguntei sentando no sofá.
- No meio do show, estava entediado – ele respondeu sem tirar os olhos do joguinho – Vamos, encanador, pule!
- Então você perdeu toda a diversão, soquei James Thruston no meio da cara e quebrei seu nariz – falei rindo – O que é isso que está jogando?
- Meu PSP, estou jogando Super Mario. Vamos, pule!
- Não sabia que aparelhos eletrônicos funcionavam aqui.
- Não funcionam, apenas nesse ponto onde estou – Sheldon pausou o jogo e me encarou – Por que outro motivo eu poderia estar debaixo da mesa?
- Sei lá, Sheldon, é você – ele me olhou sem entender e ri, me encostando-se ao sofá e fechando os olhos.
- Clara? – ele voltou a falar com os olhos no jogo – Você está no meu lugar.

Olhei pra ele séria e Sheldon me encarou com um sorriso sarcástico, seguido de uma risada muito esquisita que acabou me fazendo rir. Dei boa noite a ele e assim que levantei do sofá para voltar ao dormitório a porta do salão comunal de abriu e meus amigos entraram. Todos vinham reclamando por estarem de volta àquela hora e o falatório fez Sheldon desistir do jogo e seguir com a gente para o dormitório. As meninas estavam extremamente empolgadas e não paravam de tagarelar um minuto sequer sobre a festa, mas me mantinha calada apenas ouvindo enquanto caminhávamos pelo túnel subterrâneo.

- Haley, ainda queremos saber o que deu em você pra ir ao baile com o ogro, viu? – Keiko falou quando entramos no dormitório.
- Sim, sim, ok, mas acho que nesse momento Clara podia dizer o que achou de beijar dois garotos na mesma noite, não? – Haley fugiu da berlinda e me jogou no lugar dela.
- Só falo na presença do meu advogado – falei brincando e elas começavam a me vaiar – Ai gente, podemos conversar amanhã? Estou morrendo de sono, sério.
- Ok, hoje você está livre, mas amanhã queremos saber o que rolou ali com o Zach... – Penny atirou uma almofada pra cima de mim.

Atirei a almofada de volta pra ela e abri o cortinado da minha cama pronta para me atirar do jeito que estava, mas brequei quando vi que tinha alguma coisa sob o meu travesseiro. Quando peguei, percebi que era um cubo colorido de papel, um origami. Olhei rapidamente para trás pra ver se elas tinham visto, mas estavam todas de costas colocando os pijamas e aproveitei para revirei o origami de todos os lados, mas não tinha nenhum nome. Fechei o cortinado outra vez e fiquei deitada olhando pro cubo um tempão, imaginando quem poderia ter deixado ali e o que significava, mas peguei no sono sem conseguir desvendar o mistério.


Tuesday, February 16, 2010

Valentine's Day

-o-o-o-o-o-o-

Por Haley McGregor Warrick

Depois de ter me arrumado junto com Clara, Leslie e Keiko, encontramos os garotos no nosso salão e fomos em direção saimos em direção ao salão principal, onde ocorreria o baile do dia dos namorados. Como meus amigos estavam distraídos conversando com seus pares, aproveitei para escapar deles e ir encontrar meu par. Haviamos combinado de nos encontrar em frente à biblioteca. Ao me aproximar ouvi vozes alteradas e acelerei o passo:
- Pirraça, não faça isso...
- Porque não? Eu gosto de jogar balões de água nas pessoas quando estou entediado e você está no meu caminho. Aliás o que você faz aqui sozinho?- disse o Poltergeist mais mal educado do mundo, e quando me viu exibiu um sorriso perverso:
- Ora, ora...O filhote de gorila namora a menina enxerida. A noite está boa: dois por um.
- Pirraça, por favor nos deixe em paz, já estamos indo...- eu disse e Graham ficou ao meu lado, sabiamos que não adiantaria correr.
- Isso não me importa, eu quero molhar vocês. - e se preparou para jogar o balão em nós. Graham se movimentou para ficar na minha frente, quando ouvimos uma voz tétrica, de gelar os ossos dando uma ordem:
- Deixe-os Pirraça!- era o Barão Sangrento, que havia passado pela parede. Pirraça pareceu tremer e disse gaguejando:
- Mas eles estavam invadindo o meu espaço, meu lorde...E a garota precisa parar de se meter conosco...- mas um olhar de advertência do Barão Sangrento, fez com que Pirraça, saisse voando e ao atravessar a parede, o balão explodiu, deixando uma marca molhada.
- Obrigada Barão.- eu disse mas o fantasma me olhou com os seus olhos vazios e foi embora atravessando outra parede.
Virei-me para Graham e ele estava me olhando de cima a baixo:
- O que foi? Respingou água em mim? - perguntei preocupada:
- Uau! Você está demais.Acho que será a mais bonita da festa.- ele respondeu finalmente e eu ri:
- Sabe acho que vou acreditar em você. Você também está bonito.- disse e ri quando o vi torcer a cara com a expressão familiar que Ethan fazia quando mamãe o chamava de bonito. Ele dobrou o braço e o ofereceu e começamos a caminhar na direção do salão principal e fomos conversando coisas seguras, haviamos decidido manter uma trégua, para ver aonde isso nos levaria.

Quando entramos nos salão, houve a reação esperada, nossos amigos sentados em mesas opostas, nos olharam em choque. Andei com ele até a mesa aonde estavam meus amigos e nos sentamos como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.
Clara até tentou falar algo, mas Arte a calou com um cutucão. Graham foi educado com todos e até tentava puxar conversas com os meninos mas a maioria tinha objetivos a alcançar naquela noite, como deixar de ser BV, então era coisa demais para absorver. Mas quando a Tears of Blood subiu no palco, as diferenças foram parcialmente esquecidas, todos adoravam a banda do Edward. Dançamos e gritamos muito, então quando eles fizeram uma pausa, o DJ colocou algumas musicas mais calmas para dançar juntinho.
Começamos a dançar e Arte dançava perto com Stefan Salvatore, e quando Edward passou por nós junto com os colegas da banda, ele parou para nos abraçar e ao mesmo tempo mediu Stefan e Graham com os olhos e os garotos ficaram tensos com as palavras dele:
- Elas são preciosas, façam mal a elas e eu os caçarei como se fossem.... o jantar! - e na hora os rapazes da banda exibiram as presas, eu e Arte sabíamos que eram falsas, afinal o único vampiro ali, era o proprio Edward, mas ele não falava disso abertamente, então os garotos ficaram pálidos de medo. Antes que eles fugissem correndo Edward começou a rir e se despediu deles. Voltamos a dançar e Graham me olhava espantado:
- O que deu nele para falar comigo daquele jeito? Eu não fiz nada...Ele falou sério?
- Edward é um membro de nossa família. E age como um irmão mais velho quando se trata de nós. E nós somos malucas por ele, já aviso.
- Bom, não é de estranhar então. Seus amigos não estão sendo muito receptivos comigo. Mal respondem ao que eu pergunto...- Graham resmungou, enquanto sua mão cobria a minha.
Era engraçado que ele sempre tão bruto por causa de seu tamanho e força física, tomava o maior cuidado ao me segurar para dançar.
- Mas também não o transformaram em sapo não é? São muito mais educados que ‘os seus amigos’, que sequer te cumprimentaram. E então, está arrependido? Acho que já causamos muito espanto esta noite, e talvez você queira ir ficar com eles, sei lá, quem sabe fazer um controle de danos...
- Isso tudo é para você não me beijar? No Clube de Duelos você nunca recua... – ele disse e eu ri, olhando para a mesa dos grifinórios, vendo o quanto Ashley me fuzilava com os olhos:
- Não, eu não teria medo de beijar você, mas não sei se notou, até o momento eu só ouvi promessas e nenhuma atitude...- provoquei e ele me puxou mais perto e eu me tensionei:
- Está com medo Warrick?
- Vai sonhando....- e ele me beijou de leve, e eu o olhei surpresa e porque não dizer: decepcionada. Isso não se parecia em nada com os beijos que eu via meu pai dando em minha mãe.
- Bom, você já me beijou, então pode me soltar...
- Mas eu ainda não te beijei... Isso foi só para você se acostumar comigo e não arrebentar a minha cara como a sua amiga fez com o James. – e abri a boca para comentar o quanto aquilo havia sido legal e ele aproveitou para me beijar novamente e quando acabou, não pude evitar de suspirar. Olhei para ele e sorri um pouco vermelha.
- Acho que seria melhor irmos embora, está tarde e o tio Ben, daqui a pouco nos expulsa. – e ele concordou parecia também ter tantas coisas em que pensar quanto eu.
Caminhamos em silêncio e ele me levou até perto das masmorras, e nos encaramos para nos despedir e eu comecei a dizer:
- Obrigada pela noite Graham, você foi muito....Legal.
- Você também é Haley, mais do que eu esperava....
- Então boa noite...
- Boa noite...
- Graham apesar de tudo, não vou pegar leve com você no clube dos duelos. – cutuquei e ele sorriu:
- Nem eu. Mas isso não quer dizer,que a gente não possa deixar nossa guerra de lado e sair de vez em quando...
- Posso pensar nisso, boa noite.- e me encaminhei em direção as masmorras e sabia que ele ficaria lá esperando até que eu estivesse dentro do meu salão comunal.
Quando cheguei olhei ao redor e só havia alguns gatos pingados com roupa de festa, não vi as garotas, então fui direto para o nosso dormitório, e se eu as conhecia o bastante, estavam ansiosas para conversar sobre o nosso primeiro baile do dia dos namorados.

Saturday, February 13, 2010


Antes do Baile do dia dos namorados....

- Haley eu não acredito que você esta aqui novamente...O que foi desta vez?- perguntou tio Ben, passando a mão pelos cabelos, cansado, ele mandou-me sentar numa das cadeiras em frente a ele. Após ouvir o relato do professor Wood, pediu que ele nos deixasse a sós. Claro, que ele logo começou o sermão costumeiro:
- Você sabe que não pode resolver tudo com os punhos...
- Ela mandou assassinar o meu bicho de estimação, só porque não gostou de perder para mim no clube de duelos. Devo dar a minha coruja para ela arrancar as penas também? Ou deitar no chão e servir de tapete para aquela vaca? – respondi atrevida e tio Ben me lançou aquele olhar que me fez sentir envergonhada:
- Desculpe, não devia ter falado assim, foi grosseiro de minha parte...- e quando olhei para ele, fazia força para segurar as lágrimas. Ele se aproximou de mim e se sentou na cadeira ao meu lado e segurou minhas mãos:
- Está bem, sei que você teve os seus motivos, eu vou ficar de olho nesta garota, sou contra maltrato aos animais. Eu também sinto muito pela morte da Cylara, Nick a achava maneira.- funguei e ele me estendeu um lenço e continuou:
- Mas o problema aqui, meu anjo é: que você é capaz de brigar melhor que muitos garotos, e acabou de mandar duas garotas para a enfermaria, e pelo que eu conheço e já vi de você, o estrago foi grande.
- Consegui até um escalpo da Britt...- falei com voz abafada e vi a boca de tio Ben tremer, mas ele recuperou a compostura.
- Em outros tempos eu poderia ate me sentir orgulhoso e diria que você puxou à sua mãe, ela sempre foi muito bem em lutas corpo a corpo, mas sabe que como seu professor não posso fazer isso. Suas ações terão que ser punidas e não vejo outro jeito senão colocar você, fazendo serviço de reparação nos livros na biblioteca...- ele deve ter visto meu alívio e continuou:
- Além de estar proibida de ir ao passeio de Hogsmeade...
- Mas tio, é o ultimo passeio do ano, todo mundo vai...- protestei e ele me cortou:
- Se você reclamar, ficará sem ir ao baile também. E claro, menos 30 pontos para a Sonserina. – me calei e após me olhar disse:
- Procure limitar seus conhecimentos em lutas, nas aulas de DCAT ok? Agora pode ir, sei que está doida para se pavonear pela briga.- acabei rindo e o abracei antes de sair da sala dele.

-o-o-o-o-o-

O aviso sobre o baile no salão da Sonserina havia deixado varias garotas em estado de alerta constante, pois todas queriam se exibir no baile e para eu e meus amigos seria nsoso primeiro baile, então todos tinhamos altas expectativas.
Afinal seria a oportunidade perfeita para se dar o tal ‘primeiro beijo’. As únicas que não estavam ligando para isso eram Clara e Arte, mas isso não as impedia de se divertir zoando as outras garotas, quando recebiam bilhetinhos, através do correio elegante, que era entregue por uma elfa usando asas de cupido e em muitos casos ela cantava com voz esganiçada alguma musica romantica.
Antes de ir cumprir minha detenção, passei pelo banheiro do segundo andar e de repente ouvi umas vozes irritantemente conhecidas. Murta entrou no box comigo e eu levei os dedos aos lábios e os olhos dela brilharam, farejando intriga e não me delatou:
- Mas é claro que vou ao baile com James, seremos o par mais bonito da festa.- disse Brittany.
- Devo ir com o Graham, já está na hora de ele começar a perceber que deveriamos formar um casal, não seria perfeito nós quatro num encontro duplo? Ai...Droga de curativo...Sua cabeça ainda dói, Britt?
- Sim, aquela Warrick me paga...Mas até o dia do baile vou estar bem.
- Bom, pelo menos sabemos que nenhum garoto aceitável, sairia com ela, apenas a ralé. Vamos logo Britt, acho que os meninos vão nos convidar hoje....
Quando elas sairam do banheiro, eu sai do box e Murta me olhou:
- Você podia ter batido nelas novamente, animaria o meu banheiro um pouco.- ela resmungou e eu respondi:
- Se eu fizesse algo assim, não poderia ir ao baile, e acho que posso deixa-las mais desconfortáveis se eu for...
- Eu gostaria de ir ao baile mas ninguém quer me levar...
- Talvez se você não reclamasse tanto...
- Dificil não reclamar quando se está morta, mas você entende isso? Não, então me deixe sozinha com a minha dor...- disse dramatica e sumiu pelo ralo da pia e fez a torneira lançar jatos de água para todos os lados, inundando o chão.
Sai dali e fiquei remoendo a minha irritação com elas, mas quando entrei na biblioteca para cumprir minha detenção, esqueci do assunto, pois fui trabalhar na seção dedicada à Animagia e comecei a folhear os livros dedicados ao sétimo ano e discretamente anotei os livros que deveria pegar emprestado na minha proxima visita, quando ouvi um barulho muito próximo e derrubei o livro assustada. Era Graham.
- Que é? Veio tentar me matar do coração a mando de sua amiga é?- acusei e ele respondeu:
- Não sou empregado da Brittany e se você não percebeu isso, não é tão inteligente quanto parece.
- Você está me fazendo um elogio McKay?
- Não, só estou aqui para pegar um livro e quero saber como vai o porco espinho.- eu sorri e ele automaticamente sorriu de volta:
- Ah, o Wolverine, está bem. Já engordou um pouquinho e todos no dormitorio gostam dele.- e ele ficou me encarando:
-Estou suja de tinta, ou alguma coisa? Você tá me encarando...
- Gostaria de ir ao baile comigo?- ele falou rapido e o encarei séria:
- É alguma pegadinha? Quem está filmando?- olhei para os lados e ele revirou os olhos:
- Não é uma pegadinha. Eu quero uma companhia para o baile, e você apesar do jeito que briga, é uma garota, e é bonita, mas se não quiser...
- Eu aceito! Onde nos encontramos e que horas?- respondi e ele me olhou desconfiado:
- Ok, qual a pegadinha aqui?- e eu sorri marota:
- Uma garota não pode aceitar um amável convite para um baile? Você vai se sentar na minha mesa com meus amigos ok? - e ele respondeu apontando para o próprio peito:
-Você tem noção que esta aceitando ir ao baile comigo? Sabe que seus amigos podem ficar zangados com você? - provocou e eu respondi:
- Meus amigos serão civilizados, não se preocupe, já não poderei dizer o mesmo dos seus, poderemos manter isso em segredo, e na hora aparecemos juntos no salão. Mas se você ficar com medo, poderemos desistir e ninguém nos cobrará nada.
- E se você quiser desistir?
- Não vou desistir de sair com você, Graham, você sabe que dou valor à palavra empenhada.
- E se eu quiser te beijar? Afinal todo mundo tem falado disso...- ele provocou mas eu não arredei o pé:
- Prometo que não vou quebrar a sua cara. Se me beijar, me comportarei como uma boa garota, quem sabe posso até retribuir.
- Sabe ao mesmo tempo que eu quero isso, tenho um certo medo...
- Porque?
- Porque foi fácil demais. Acho que você esta armando alguma...
- Graham, Graham...Você deveria ter um pouco mais de fé nas pessoas...- disse segurando seu rosto entre as minhas mãos e ficando na ponta dos pés, e vi que ele engoliu seco, quando encostei meu nariz no dele.
- Prepare-se McKay, porque nós vamos causar neste baile. - e o deixei sozinho. Após uma distancia segura comecei a sorrir sem querer, eu iria mostrar a Ashley que um ‘garoto decente’ estava muito, mas muito interessado em mim.

continua...

Friday, February 12, 2010


Por Hiro Menken.

Era quarta-feira da semana do dia dos namorados e a proximidade de sábado fazia com que meu estômago começasse a dar voltas desagradáveis quando me lembrava de que ainda não tinha um par para o baile (e nem fazia idéia de como iria conseguir um em tão pouco tempo!).

Cheguei para a aula de Transfiguração com Jamal, Clara e Haley, que, como eu, tinham demorado um pouco mais para terminarem de tomar o café da manhã. Nos acomodamos nos nossos mesmos lugares habituais e conversávamos em voz baixa enquanto esperávamos tio Ben dar início à aula. Thomas entrou na sala acompanhado de uma garota da Lufa-lufa que era do mesmo ano que o nosso, e a reconhecia das aulas que tínhamos em conjunto. Ambos sorriam discretamente e, assim que perceberam o restante da turma os observando com curiosidade, disfarçaram as expressões e se acenaram antes que cada um se juntasse ao restante de seus amigos. Tommy sentou-se ao lado de JJ e não foi preciso que ninguém perguntasse nada antes que ele começasse a dizer com empolgação:

- Acabei de convidar a Mary para ir ao baile comigo! E ela topou! Menos uma etapa... – ele comentou parecendo aliviado. Senti um nó rasgar minha garganta desagradavelmente. – E vocês? Conseguiram algum avanço no nosso... “esquema”? – perguntou aos sussurros depois de espiar uma vez para as meninas, que estavam distraídas conversando sobre a visita à Hogsmeade.
- Ainda não. Mas pretendo estar livre da primeira parte hoje, também. Estou cercando a Cate da Corvinal e, a não ser que eu esteja me enganando demais, ela também está me dando boas aberturas. Estou confiante! – JJ respondeu cheio de atitude e Thomas riu, incentivando-o.

Graças a Merlin eles não tiveram tempo de prosseguirem com o assunto, pois tio Ben se levantou soberano em frente à turma fazendo com que todas as conversas cessassem imediatamente. Durante o restante da aula fingi que prestava bastante atenção em cada palavra do que ele dizia ali na frente (sobre transformação de objetos em animais de maiores portes), mas na verdade meus pensamentos estavam distantes enquanto eu analisava sem muitas expectativas as minhas condições.

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Mais tarde, no Salão Comunal, JJ confirmou seu sucesso na tarefa de conseguir uma companhia. Depois que terminaram de comemorar com ele, é óbvio, todos voltaram-se para mim de uma maneira desconfortavelmente pressionadora.

- Hiro? Quem você está pretendendo convidar?
- E quando?
- Só faltam pouco mais de dois dias...

Era só o que conseguia distinguir no meio de todos aqueles olhares de reprovação pelo meu péssimo desempenho. Não conseguia responder nada e só balancei a cabeça desanimado.
Jamal virou os olhos como quem diz “porque eu já esperava por isso?” e se afastou ao mesmo tempo em que a porta se abria e Leslie entrava sozinha na sala, carregada de livros e parecendo distraída. Passei a acompanhá-la no trajeto, pois ela parecia estar tão distraída que não percebeu que caminhava em linha reta em direção a uma armadura no meio da sala. Estava a poucos passos de se chocar contra ela e ainda não notara...

- LESLIE! – Gritei alto para chamar sua atenção e ela se assustou lançando para o ar todos os livros que carregava e permanecendo imóvel e alarmada. Corri até ela, ainda ofegante com a rapidez com que tinha acontecido tudo aquilo.
- Desculpe por isso Les, mas você realmente ia se chocar contra essa armadura. – me abaixei com agilidade recolhendo todos os livros e empilhando-os novamente.
- Ah, ok, Hiro, não tem problema. Estava mesmo muito distraída... – ela respondeu abaixando os olhos e corando um pouco quando me levantei novamente, sorrindo.
- Algum motivo especial para a distração? – perguntei curioso quando vi que grande parte dos livros da pilha tratavam de Runas Antigas.
- Não. Não exatamente. Só um pergaminho antigo, de família, que encontrei lá em casa e está em runas... Estou tentando decifrá-lo sozinha, mas acho que são runas arcaicas ou sei lá. Não encontro algumas em nenhum dos livros tradicionais. – ela disse pensativa por uns segundos, mas logo sorriu tímida esticando os braços para poder abraçar os livros novamente. – Bem, não interessa. Obrigada por ter evitado o acidente mais humilhante da minha vida – caso tivesse acontecido -, Hiro! Fico te devendo uma. – ela respondeu ainda sorrindo e virou as costas para seguir um caminho livre de obstáculos até o dormitório das garotas.

E então, enquanto estava parado ali olhando ela se distanciar, tive o que chamariam de epifania: Leslie era a garota ideal para ser minha companhia para o baile.
Sem esforço algum, ela era uma das garotas que eu achava ser muito interessante. E com ela conseguia conversar sobre vários assuntos diferentes. Era uma de minhas melhores amigas e companhia durante as aulas - e fora delas. Mas Leslie tinha ainda outro ponto a seu favor: também não demonstrava ter melhores perspectivas para este baile.

Cheguei a essa conclusão em poucos segundos e então corri atrás dela, alcançando-a na porta do dormitório das garotas.

- Leslie, será que você poderia pagar este favor, que ficou “me devendo”, aceitando ir comigo ao baile do dia dos namorados? – perguntei em um rompante, pois tinha certeza de que se parasse para pensar um pouco mais, não teria coragem. Ela parou no mesmo lugar e girou os calcanhares para que ficasse de frente pra mim. Seus olhos estavam um pouco arregalados de surpresa.
- Você está me convidando para ir ao BAILE com você? – ela perguntou com a voz um tanto alta e esganiçada.
- Sim. Adoraria que você aceitasse. Seria um grande favor! Não vejo quem mais poderia convidar de modo que me sinta tão à vontade com toda essa situação... Você sabe: se formos sozinhos, logo não vão mais nos deixar em paz. E eu não sou o Sheldon para agüentar isso tranquilamente. – disse com firmeza e ela riu alto.
- De fato, você e Sheldon são bem diferentes. E fico feliz por isso, ou não conseguiria aceitar seu convite com tanta facilidade Hiro. É claro que te acompanho! – ela respondeu eufórica e sorrimos.
- Obrigado Les! Mesmo! Então... Depois combinamos horário e todo o restante, não é?! – perguntei sem jeito e ela confirmou com a cabeça em movimentos rápidos. – Ótimo! Boa noite!

Senti uma onda de alívio tomar conta de mim enquanto voltava ao Salão Comunal pensando repetidamente “menos um... menos um...”, mas sem me dar conta de que o pior ainda estava por vir.

~*~

Por Keiko Hakuna.

- PELAS BARBAS DE MERLIN! – Leslie gritou assim que entrou no dormitório e fechou a porta. Ela tinha um sorriso estampado no rosto quando correu até sua cama e jogou de qualquer jeito os livros que estivera carregando nos braços até então.
- O que aconteceu??? Quer nos matar do coração? – Haley perguntou assustada levando as mãos ao peito em um gesto dramático. Leslie não se importou.
- HIROACABOUDEMECHAMARPARAACOMPANHÁ-LOAOBAILE!!! – ela cuspiu as palavras rapidamente e troquei olhares com as garotas, que também não tinham entendido.
- Um pouco mais devagar e mais baixo desta vez, Leslie. Ou não vamos conseguir entender nada além de chiados no meio do grito. – Clara disse.
- Ok: Hiro-me-convidou-para-ser-sua-acompanhante-do-baile! – ela respondeu com um tom de voz ainda eufórico, porém claro. Arregalei os olhos e pensei que tivesse escutado coisas.
- Hiro te convidou para ir com ele ao baile? É isso mesmo? O Hiro... Hiro? Meu irmão gêmeo, careta e imaturo, Hiro?!
- Sim! É do seu irmão mesmo de quem estou falando. Ele acabou de me abordar aqui no corredor e perguntar. E ainda disse que não sabe quem mais poderia convidar de modo que fosse se sentir confortável... – Leslie dizia em um tom de voz meloso e completamente atípico do tom que usava cotidianamente conosco, e com o resto do mundo. (Menos com Hiro, aparentemente...)
- Legal Leslie. Mas porque afinal vocês estão tão animadas por este evento? O que de tão especial vai ter, além do que geralmente encontramos em bailes? – Clara perguntou um pouco impaciente e girei os olhos.
- “HELLO” Clara! Ainda não percebeu o que está acontecendo aqui? Todos os garotos, inclusive nossos amigos, estão se arrumando com companhias para este baile porque será a melhor oportunidade que teremos de deixarmos de ser BV. Quem ainda o é, é claro.
- Sim! E Hiro me convidou! Então isso quer dizer que talvez ele tente me beijar na boca! Mas... Eu não sei como fazer isso! O que eu faço? Me ajudem! – Leslie pediu desesperada e Penny riu.
- Relaxa Les. E não adianta nos pedir conselhos, não é? Estamos no mesmo barco que você... Quer dizer, mentira: você está um passo à nossa frente. Pelo menos você já tem um par.
- Minhas primas dizem que na hora você sempre sabe o que fazer... – Haley comentou pensativa e todas nós embarcamos junto por alguns segundos.
- Vocês tem razão! – Leslie exclamou um pouco mais calma. – Mesmo assim, acho que vou pedir alguns conselhos para a Lizzie. Ela é a única quintanista, experiente, com quem tenho contato. Acho que vai poder me ajudar. E também preciso de dicas para a roupa, o cabelo, os sapatos... – Leslie enumerou os dedos e novamente pareceu que ia entrar em crise, mas respirou fundo e se controlou antes. – Vou procurá-la agora mesmo! Obrigada meninas! Nos vemos mais tarde. - Com a mesma excitação, ela saiu do dormitório para ir percorrer o castelo atrás de Elisabeth Weasley.
- Acho que esse convite fez muito bem à Leslie. Ela nem reparou que deixou os livros da biblioteca jogados de qualquer maneira pelos chão e cama... – Haley comentou nos divertindo.

Mas não consegui rir por muito tempo, pois senti a boca ficar amarga. Penny tinha razão: Leslie agora estava a um passo na nossa frente e eu me via no meio de uma encruzilhada. Além de ainda não ter sido convidada por ninguém, ainda me sobrava a perspectiva quase certa de que teria de agüentar o fato de Hiro dar seu primeiro beijo em alguém antes que eu desse o meu. E isso, para mim, era inadmissível.

Era questão de honra: arrumaria um acompanhante para o baile nem que tivesse de contratar os serviços de um elfo gigolô!

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Quinta-feira passou em um piscar de olhos e, à medida que as horas avançavam maior ficava o meu desespero, e desânimo também. Não queria aceitar o fato de que teria de me render à vitória de Hiro sobre mim em uma das “disciplinas” onde eu, claramente, sempre fui melhor.
Depois do jantar decidi ir dar uma volta pelos jardins sozinha, pois não estava com ânimo algum para voltar à Sonserina e escutar sobre os planos para o dia dos namorados. Mas mal tinha alcançado o lago e ouvi alguém me chamar. Era Julian.

- Ei Keiko, estava te procurando. – Julian corria até mim em passos largos e parou sorrindo quando me alcançou. – Está tudo bem? – ele perguntou depois de perceber que não sorri de volta.
- Na verdade, não. Mas é coisa boba, não se preocupe Corvo. – respondi séria e ele balançou os ombros. Caminhamos em silêncio até a beira da água e paramos para observá-la ondular. – Porque estava me procurando?
- Hum... É que tinha uma pergunta para fazer, mas acho que já sei a resposta. Esquece ok? – ele falou meio aos tropeços e parecendo repentinamente desanimado e levantei a sobrancelha.
- Experimenta então. – disse incentivando-o, mas ele não se manifestou. Perdi a paciência. – Desembucha Corvo. Você não viria correndo atrás de mim se fosse para fazer uma pergunta sobre a qual já está completamente certo da resposta.
- É, você tem razão. Ok, então lá vai: quer me acompanhar ao baile do dia dos namorados? – ele perguntou depois de pegar uma boa quantidade de ar. Me encarou enquanto falava - o que foi bastante admirável.
- Uau! – eu respondi de imediato e bastante chocada com a pergunta. Não esperava.
- Ok, entendi. Você não quer ir ao baile com um amigo do mesmo ano que você, eu sei. Te disse que já sabia a resposta, não disse?
- Então você está completamente enganado sobre mim. – eu disse de imediato e sentindo que todo o desânimo ia embora, como se tivesse sido só uma enxaqueca. Julian estava ali na minha frente me convidando para ir ao baile com ele, justamente quando eu já estava prestes a estender a bandeira branca da rendição. – É claro que eu aceito ir ao baile com você Corvo! Aliás, podia ter perguntando antes. Não? Já estava achando que teria de passar sozinha... – comentei com um tom de voz sombrio e afastei esse pesadelo da cabeça. Julian me encarava incrédulo.
- Você aceitou? É sério? Mesmo? Nós vamos juntos ao baile??? – ele perguntou chocado e ri.
- Sim. Você me convidou e eu aceitei. Se eu soubesse que você ainda estava disponível, já teria te convidado. Agora tenho pouco tempo para decidir os outros detalhes... Mas ok, vou conseguir, é claro. – falei mais como pensamento alto e Julian continuava estático, me encarando.
- E depois ainda me perguntam o porquê de eu ter achado que você era a pessoa ideal para convidar...! – ele comentou como se estivesse falando consigo mesmo também e rimos em seguida.
- Viu? Já começamos a formar uma boa dupla. Então, Corvo, estamos combinados? Tenho que ir começar a tentar alguns penteados. – disse com urgência e ele concordou com a cabeça, sem pestanejar.
- Estamos. Combinadíssimos. – respondeu sorridente e parecendo bastante leve.

Retribuindo o sorriso e a sensação de leveza, voltei ao castelo com novo gás. Nem tudo estava perdido. Muito pelo contrário!