Friday, June 29, 2012


There is a universal truth we all have to face, whether we want to or not. Everything eventually ends. As much as I've looked forward to this day, I've always disliked endings. Last day of summer, the final chapter of a great book, parting ways with a close friend. But endings are inevitable. Leaves fall. You close the book. You say goodbye. Today is one of those days for us. Today we say goodbye to everything that was familiar, everything that was comfortable. We're moving on. But just because we're leaving, and that hurts, there's some people who are so much a part of us, they'll be with us no matter what. They are our solid ground. Our North Star. And the small clear voices in our hearts that will be with us … always.

Castle 4.23 - Always


Alguns dias antes...

Enfim, férias. Depois de quase duas semanas exaustivos de exames, os N.I.E.M.s eram passado e só nos restava aguardar pelas corujas que trariam nossas notas. Precisava de “O” em basicamente todas as matérias para conseguir seguir carreira como Curandeira, mas estava tranqüila. Havia estudado três vezes mais do que estava acostumada e achava que tinha me saído bem.

E para compensar a tensão dos exames, Arte venceu a 3ª tarefa e se sagrou campeã do Torneio Tribruxo. Ficaria feliz por qualquer uma que vencesse, mas era muito melhor ter a taça na mão da campeã de Hogwarts. A comemoração correu por toda a madrugada no salão comunal da Grifinória depois que a oficial, no salão principal, chegou ao fim.

Com exames e Torneio Tribruxo encerrados, agora estávamos apenas a cinco dias da nossa colação de grau, seis dias da festa de formatura e sete da despedida definitiva de Hogwarts. A comissão de formatura ainda tinha alguns trabalhos a fazer, mas nada desesperador. A única coisa desesperadora era que eu ainda não sabia o que escrever para o discurso de oradora.

A idéia de que eu teria que dizer algo inspirador era tão ridícula que sentia vontade de rir sempre que me pegava pensando nisso. Só sabia contar piadas, nisso iria arrebentar, mas Devon já pegara para si a tarefa de fazer um discurso leve e engraçado, então estava presa ao cargo de encerrar a falação com algo sério e bonito. Queria saber o que as pessoas que escolheram meu nome na urna tinham na cabeça no lugar do cérebro, mas era tarde demais para forçá-las a escolher outro bode expiatório. Pensei em ler alguns discursos de outros oradores de Hogwarts para ver se me inspiraram e estava esperando madame Edgecombe encontrar o livro com esses registros quando notei que não era a única pessoa na biblioteca depois do fim das aulas. Rupert estava isolado em uma mesa do fundo, encarando um rolo de pergaminho aberto.

- As aulas já terminaram. O que está fazendo aqui? – ele disse quando me sentei à mesa.
- Discurso de formatura. Não tenho idéia do que fazer e vim atrás de uma cola. Qual é a sua desculpa?
- É silencioso aqui, bom para pensar... – ele olhou outra vez para o pergaminho e bastou uma olhada rápida para reconhecer a letra de Gabriel.
- O que houve? Más notícias?
- Não, notícias ótimas, na verdade – ele empurrou o pergaminho para mim – Gabriel diz que a editora quer que eu assine um contrato para escrever mais seis livros, quer que eu complete a história.
- Então por que você está com essa cara desanimada?
- Não estou desanimado, estou pensativo – ele se defendeu – Isso é novo, não era o que tinha planejado. Meu sonho sempre foi ser Curandeiro, não escritor.
- Quando teve a idéia de escrever o livro não imaginou que fosse dar certo, não é?
- Honestamente, não pensei mesmo. Estou feliz que tenha feito sucesso e que queiram que eu continue, mas isso significaria que não vou poder ser um Curandeiro, não é mesmo?
- É, você não pode ter as duas coisas. O tempo que vai precisar dedicar aos estudos no St. Mungus não vai permitir que se dedique aos livros. Escritor ou Curandeiro, não os dois.
- Não estou acostumado a isso, sabe? Improviso, planos inesperados. Sempre tive minha vida toda planejada. Nem quando mamãe morreu fiquei sem saber o que fazer. Desde que me entendo por gente digo que quero seguir os passos da madrinha e agora minha vida pode tomar um rumo completamente diferente.
- Não gosto de mudanças também. Acho que é a primeira vez que digo isso em voz alta, mas a ideia de me tornar adulta me apavora. Lutei com vampiros, mas me assusta mais não saber como vai ser de agora em diante.
- Você devia falar sobre isso – ele riu quando fiz uma cara confusa – No discurso de oradora. Devia falar sobre seguirmos em frente sem saber o que vamos encontrar.
- Srta. Lupin, encontrei seu livro – a bibliotecária me chamou do balcão.
- Não preciso mais, obrigada! – e saltei para fora do banco.

Ela resmungou algo que não compreendi e dei um beijo na bochecha de Rupert, correndo de volta ao salão comunal. Sabia exatamente o que fazer.

ºººººººººº

Os jardins do castelo estavam decorados com as cores de Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Inúmeras fileiras de cadeiras haviam sido montadas para que os formandos e seus pais se acomodassem e as fileiras da frente eram um mar preto, azul e vermelho, conforme as becas dos alunos das três escolas se misturavam. Nunca me senti tão nervosa como estava me sentindo naquele momento, em pé no palco diante daquele monte de gente. Localizei meus pais e meu irmão no meio da multidão, com meus sobrinhos de pé no banco para enxergarem melhor.

Devon estava fazendo seu discurso e pelas risadas que ouvia devia estar bem engraçado, mas não conseguia prestar atenção. Estava concentrada no papel em minha mão, onde meu próprio discurso estava escrito, tentando me lembrar de todas as palavras para que não fosse preciso recorrer a ele. Quando as risadas pararam e ele me passou o microfone, achei que fosse vomitar. Ao invés disso, respirei fundo e ocupei o lugar onde ele estava.

“Há uma verdade universal que todos precisam aceitar, quer queiram ou não. Nada dura para sempre.
Aqui, há sete anos, conhecemos pessoas que se tornaram parte de nós. Que se tornaram parte de uma família. E famílias brigam, mas sempre se entendem no final. E como houve brigas e desentendimentos pelo caminho... – olhei para James, sentado atrás de Kaley, e ele sorriu – Como uma família, também apoiamos uns aos outros e defendemos causas que nem sempre nos diziam respeito, mas sabíamos que era nosso dever lutar por elas – Arte tinha uma expressão agradecida no rosto quando muitos olharam para ela – Porque isso é o que uma família faz. Brigamos, gritamos, fazemos as pazes, choramos, rimos, nos consolamos, nos protegemos... Nos apoiamos.
Hoje, deixamos parte dessa família para trás. Alguns caminhos continuarão sendo traçados juntos, mas muitos não se cruzarão novamente.
Mesmo tendo esperado muito por este dia, nunca gostei de finais. O último dia do verão. O último capítulo de um bom livro. Despedir-se de um amigo próximo. Mas finais são inevitáveis. As folhas caem. Você fecha o livro. Diz adeus. – não pude deixar de olhar para onde a turma da Grifinória estava sentada e vi Ashley, que sempre fora a melhor amiga de Brittany, apertar a mão de Graham com lágrimas nos olhos – Hoje é um desses dias para nós. Hoje dizemos adeus a tudo que era familiar, a tudo que era confortável. Estamos seguindo em frente.
Mas mesmo ao estarmos partindo, e isso dói, há pessoas que fazem tanta parte de nós, que estarão conosco haja o que houver. – vi todos os meus amigos trocarem olhares nesse momento. Julian e Lena, Justin e Haley, Rupert e Amber, Keiko e JJ, Arte e Tuor, Jamal e Penny, embora ainda não assumissem nada, e Gabriela e MJ sorrindo para Devon e Lenneth...  E quando meus olhos encontraram os de Hiro, ele sorriu orgulhoso – Elas são nosso chão, nossa Estrela Polar e as vozes em nossos corações que estarão conosco... Sempre.”

Todos ficaram de pé e começaram a aplaudir empolgados. Senti que meu rosto queria começar a corar, então devolvi o microfone a McGonagall depressa e desci do palco com Lenneth e Devon. Ocupamos nossos lugares ao lado de nossos amigos novamente e sentei entre Hiro e Jamal para a entrega dos diplomas. Primeiro os alunos de Durmstrang, que receberam seus diplomas das mãos de um entusiasmado Ivanovich, depois Beauxbatons com uma madame Maxime bastante emocionada e por último Hogwarts, onde uma McGonagall orgulhosa recebia seus alunos um por um e apertava suas mãos com um sorriso de satisfação estampado em seu rosto sempre tão rigoroso.

- Senhoras e senhoras, a classe de 2017 – McGonagall anunciou mal contendo o orgulho quando o último aluno desceu do palco.

Uma chuva de chapéus de feiticeiro preto, azul e vermelho tomou conta do céu quando os arrancamos de nossas cabeças e atiramos para o alto. Enfim, formados.


N.A.: Discurso de Alexis Castle com alguns acréscimos. Texto original no início da postagem, em inglês.

Sunday, June 24, 2012


Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir

- Atenção todas as Campeãs! Dentro de instantes daremos início à Terceira Tarefa do Torneio Tribruxo. – Ouvimos a voz magicamente ampliada de Minerva das arquibancadas. As torcidas começaram a gritar os nomes de suas Campeãs e eu gritava o nome de Artemis junto com meus amigos. Nós todos tínhamos dado boa sorte para ela, Gabriela e Lenneth juntos antes de irmos para as arquibancadas.
Ainda não sabíamos como seria a prova, mas os professores mandaram todos os alunos para as arquibancadas umas duas horas antes do início da prova e nos proibiram de sair. Eles nos avisaram que a tarefa estava sendo preparada e que a arquibancada inteira seria encantada para que nossas vozes não chegassem às Campeãs quando a tarefa começasse. Porém, enquanto Minerva não anunciasse o início da prova, toda a nossa algazarra seria ouvida por elas.
As arquibancadas formavam uma semicircunferência em torno do palanque onde estavam os juízes do Torneio e três bancadas onde Arte, Lenneth e Gabriela estavam de pé. Cada uma delas tinha trazido os amuletos pegos na Segunda Tarefa e os amuletos estavam em cima da bancada.
- A Terceira Tarefa terá como localização toda a extensão dos terrenos da Escola. – Minerva começou a falar e as torcidas gritaram enlouquecidas. Ela então pigarreou e todos começaram a ficar calados, rindo ao ver o olhar assassino dela. – Vocês terão o tempo que precisarem para localizar 5 baús espalhados pelo terreno. Dentro de cada baú estarão escondidas 5 peças de um quebra-cabeça. Ao recolherem as 25 peças, voltem para esse palanque e o montem. Mas apenas nesse palanque! Caso alguma de vocês tente montar o quebra-cabeça fora daqui, serão penalizadas.
As Campeãs assentiram, olhando sérias para Minerva. Dava para ver o misto de excitação e nervosismo no rosto das três, mas também havia confiança naqueles olhares. O Cálice havia escolhido muito bem suas três Campeãs.
- Haverão sempre 3 baús e vocês devem identificar o de vocês através dos brasões de cada escola. Guardem as peças recolhidas dentro dessas bolsas. – Minerva continuou e funcionários das escolas entregaram bolsas pequenas para cada uma das Campeãs. Arte prendeu a dela em sua cintura, já deixando-a um pouco aberta. Gabriela pendurou a sua no pescoço e Lenneth colocou a dela em um bolso de sua capa. – Agora para a localização de cada baú, toquem um dos amuletos da Segunda Tarefa e digam seus nomes e escolas. – As Campeãs fizeram como pedido e os amuletos brilharam em diversas cores.
- Muito bem. Em uma das faces dos amuletos está uma imagem que dá uma dica de onde poderá estar o baú, enquanto na outra face, em alguns casos, existem alguma dica ou mapa que dá a localização exata do baú. Vocês estão livres para coletar as peças em qualquer ordem, mas devem buscar todas antes de voltarem para esse palanque. Estão liberadas para usar qualquer meio para obter os baús. Ao pegarem todas as peças, voltem para esse ponto de partida. Aqui devem montar o quebra-cabeça e descobrir a localização exata do Cálice. A primeira a tocar o cálice será considerada a Campeã do Torneio Tribruxo! – As torcidas começaram a gritar e Minerva esperou que nos acalmássemos antes de voltar a falar. – Mas vocês só podem ir atrás do Cálice quando terminarem o quebra-cabeça. Quando fizeram isso, uma luz branca surgira acima do quebra-cabeça montado. – Ela falou e uma luz branca surgiu na bancada de cada uma delas. – O segundo e o terceiro lugar serão definidos pelo tempo que cada uma levar para montar o quebra-cabeça, caso o primeiro lugar já tenha sido escolhido. – Minerva explicou e as Campeãs assentiram. – Como a senhorita Aesir tem uma pontuação maior, poderá sair antes das demais. Após o início da prova, as senhoritas Chronos e Lafayette devem esperar 2 minutos antes de saírem. – Ela falou e as garotas assentiram, prontas para o começa da prova. – Boa sorte a todas. Preparem-se, pois dentro de dez minutos, declararei a tarefa iniciada. Usem esse tempo para estudar as informações dos amuletos.
 As Campeãs assentiram e olharam seus amuletos com atenção. Arte espalhou todos diante de si e começou a analisá-los. Vimos quando ela sorriu e começou a mudar a ordem dos amuletos e imaginei que os estava organizando na ordem que pretendia buscá-los. Então ela levantou a mão e Minerva olhou para ela.
- Somos obrigadas a levar os amuletos conosco ou podemos deixá-los aqui?
- Façam como desejar.
Arte agradeceu e pegou três dos amuletos, prendendo-os em sua cintura também. Para nossa surpresa, ela tirou a própria capa e a deixou no chão, ficando apenas com a blusa e a calça do uniforme.
- A prova será iniciada dentro de um minuto. – Minerva anunciou e as Campeãs assentiram, já prontas. Gabriela tinha prendido dois amuletos em cada pulso e segurava um deles na mão. Lenneth tinha deixado os cinco em cima da bancada e observava Minerva ansiosa.
Minerva esticou a varinha para o alto e faíscas douradas explodiram para o céu e Lenneth poderia começar a prova. Ela rapidamente se abaixou, desenhando um círculo de transmutação no chão e usou seus 2 minutos de vantagem para transmutar terra em uma tábua pequena e copiou as informações dos amuletos, correndo em seguida para a floresta. Quando os 2 minutos terminaram, Lenneth já estava saindo da área de partida e Gabi e Arte começaram a correr. Gabriela saiu correndo na direção das estufas, enquanto Arte corria na direção do Castelo.
Então todos da torcida ficaram surpresos quando quatro imagens surgiram no ar. Pareciam telas de TVs trouxas e cada uma mostrava uma imagem diferente. A maior, que estava acima das demais, mostrava um mapa esquemático dos terrenos da escola, indicando a localização de cada Campeã por cores diferentes. Preto representava Arte, Vermelho a Lenneth e Azul a Gabriela. A primeira das telas menores mostrava Lenneth enquanto corria na direção da floresta e as outras duas mostravam Arte e Gabriela.
- Atenção todos! – Minerva falou, dirigindo-se às torcidas. – Vocês não devem sair das arquibancadas, pois podem influenciar na tarefa. Aqueles que tentarem serão alertados e se saírem, serão devidamente punidos. – Ninguém duvidou disso e ela continuou, olhando-nos séria. – A partir de agora nenhum dos sons das arquibancadas chegarão às Campeãs, mas quando elas tocarem os baús corretos, poderão ouvir vocês. Então usem esse momento para dar a elas o apoio de vocês!
Todos assentiram e começamos a acompanhar a movimentação das Campeãs.
Eu acompanhava atentamente Arte, mas olhava de vez em quando para as demais Campeãs. Vi quando Gabriela chegou nas estufas e olhava atentamente para o seu amuleto, enquanto olhava para os números das estufas, como se procurasse algo. Lenneth estava usando o mesmo feitiço que usara na Segunda Tarefa e corria floresta adentro, seguindo um filete de luz branca.
Arte tinha acabado de chegar ao Castelo e abriu as portas com cuidado.
Vimos então que o castelo estava com todo um clima sombrio, com suas tochas apagas e tudo muito escuro. Mas havia algo se movendo nos corredores e eram as armaduras. Todas as armaduras do castelo, fossem as de metal ou as estátuas de pedra, pareciam enfeitiçadas e caminhavam em guarda pelo castelo. Arte andou lentamente até um local escuro e observou o salão de entrada. As armaduras vigiavam as escadas também e ao que parecia ela queria usá-las. Ela começou a se mover furtivamente, escondendo-se nas sombras e esperando as armaduras passarem. Uma hora ela jogou uma pedrinha longe e as armaduras foram imediatamente até lá, dando a chance dela subir as escadas, mas o segundo andar também estava cheio de armaduras sentinelas. Ela foi subindo os andares em um ritmo lento, escapando das armaduras e pelo rumo que ela tomava, achei que ela estava indo para a torre da Grifinória, mas então me lembrei que a de Astronomia ficava na mesma direção. Olhei rapidamente para as outras campeãs e vi quando Lenneth desenterrou o primeiro baú, após espantar alguns animais estranhos. Gabriela também corria na direção dos baús, lançando feitiços de fogo contra visgos que tentavam agarrá-la. Arte estava muito atrás...
Arte então ficou parada um tempo pensando, mas seria difícil passar despercebida por tantas armaduras. Ouvimos então ela sussurrando, após pegar a varinha e apontar para uma armadura próximo a ela: “Piortotum Dominato”. A armadura ficou parada imediatamente e Arte repetiu o feitiço em mais 9 estátuas, 5 de cada tipo de armadura. Então para nossa surpresa vimos que ela havia tomado o controle delas e elas começavam a obedecê-la. Arte apontou a varinha e fez com que 6 das armaduras começassem a atacar as demais. Ela pretendia usar essa distração para seguir em frente. Mas a ideia saiu um pouco do controle dela.
Todas as armaduras começaram a lutar entre si, as de pedra contra as de metal, e o corredor virou um campo de batalha. Vi que Arte ficou surpresa, mas ela não perdeu tempo e saiu correndo no meio do corredor do quarto andar, com 4 de suas armaduras junto a ela, enquanto o caos se espalhava pelas outras armaduras.
Com as armaduras lutando entre si, ela conseguiu chegar rapidamente no topo da torre de Astronomia e ficou parada olhando para os baús. Eles estavam no chão, aos pés de uma armadura de pedra com placas em metal. A armadura era enorme, com quase o dobro da altura das demais, segurando um martelo de pedra, e eu tenho certeza que nunca a vi. Arte hesitou, pois parecia fácil demais, mas começou a andar lentamente na direção dos baús. Ela estava atenta e olhava tudo ao redor, cercada pelas suas 4 armaduras.
Ela estava bem próxima dos baús quando saltou de lado, bem a tempo, pois o martelo da estátua gigante atingiu o local onde ela estava com um forte barulho. No local onde segundos antes Arte estivera havia um buraco e o piso do chão havia quebrado em vários pedaços de pedra. Então vimos que a estátua inteira ganhava vida e começou a atacar Artemis, que pulava de lado tentando escapar. Quando ela se afastou um pouco da estátua, ela ficou parada novamente e Arte ficou observando-a, respirando rapidamente. Arte então levitou um pedaço do chão e jogou contra os baús. A estátua respondeu imediatamente e destruiu o pedaço de pedra. Arte começou a lançar várias pedras contra a estátua e ela os esmagava com facilidade e não se importava de ser atingida por uma ou outra pedra. Em pouco tempo havia uma nuvem de pó ao redor deles e dificultava a visão. Então de repente, todas as 4 armaduras que Artemis controlava avançaram juntas e não víamos sinal de Arte. A estátua gigante começou a golpeá-las, enquanto as armaduras revezavam-se para abrir uma brecha. A estátua gigante esmagou uma armadura de metal com seu martelo e uma das outras armaduras de metal pulou por cima dela, usando o martelo como apoio. Só então percebi que a tal armadura era Arte! Ela havia usado a fumaça dos escombros e vestira uma das armaduras de metal, misturando-se as demais quando todas atacaram juntas. Ela saltou por cima da estátua gigante e atacou com uma espada. O golpe foi poderoso o suficiente para desequilibrar a estátua e Arte correu para o baú com o símbolo de Hogwarts. Assim que ela tocou no baú, a estátua gigante ficou parada e explodimos em comemoração. Arte se assustou com o barulho repentino, mas sorriu e pegou as peças dentro do baú, guardando na bolsa em sua cintura. Ela se afastou então, já indo na direção das escadas, quando foi obrigado a se proteger com um feitiço escudo, pois a estátua gigante voltara a atacar. A torcida de Hogwarts gritou assustada e eu me obriguei a me segurar no lugar, enquanto via Arte ser jogada longe, mas ficou de pé rapidamente e se afastou da estátua, de modo que ela voltou a ficar parada. Ela estava surpresa e ouvi quando ela praguejou. Sangue escorria de seu ombro e de sua testa, atingidos, mesmo que levemente, pelo golpe da estátua. Artemis tocou as feridas com a varinha, fechando-as. Então apontou a varinha para os baús e sua águia prateada pousou no baú de Hogwarts. Ela então virou as costas para os baús e correu na direção do parapeito da torre, enquanto as peças da armadura de metal desgrudavam de seu corpo. Todos na arquibancada gritaram quando ela pulou por cima dele, se jogando da mais alta torre de Hogwarts! Até mesmo os professores ficaram alarmados e vimos a movimentação de todos para tentar salvá-la. Mas ouvimos Artemis gritando “Aresto Momentum” e sua queda reduziu de velocidade, fazendo-a descer lentamente. Ela inclinou o corpo na direção do lago e enquanto caia apontou a varinha para a bolsa com as peças e conjurou um feitiço impermeável nelas, para logo em seguida cair diretamente na água. Eu sorri, pois a nossa antiga Artemis estava de volta, só mesmo aquela louca para fazer uma coisa dessas.
Sua manobra arriscada lhe dera uma excelente vantagem e ela mergulhou bem próximo de uma marcação no meio do lago. Ela nadou até a marcação e apontou a varinha para a própria cabeça, fazendo uma bolha de ar surgir ao seu redor, e mergulhou em seguida.
Arte nadava rapidamente, sem muito esforço, e notei como seu machucado sarou rapidamente, afinal ela estava em seu elemento. Ela nadou até o fundo do lago, e vimos a vila dos sereianos e seus habitantes estavam parados nas casas observando-a. Ela nadou até uma espécie de praça no centro da vila e vi que os baús estavam guardados em cima de um pedestal. Ela nadou até o baú de Hogwarts e lançou um feitiço de bolha ao redor, para só depois abri-lo e pegar as peças. Antes de guardá-las, ela lançou um feitiço impermeável nelas também e as guardou na bolsa, voltando a nadar na direção da superfície rapidamente, acenando para os sereianos.
Quando saiu da água do lago, ela rapidamente secou os próprios sapatos e tirou o feitiço bolha e o feitiço impermeabilizante e correu na direção do campo de Quadribol.
Enquanto ela corria, olhei para as demais campeãs e vi que Lenneth entrava nas estufas, enquanto Gabriela corria para a floresta. Gabi tinha dois baús já, e o da floresta seria o terceiro. Lenneth pegara o seu segundo nas estufas rapidamente e já corria para o lago.
No campo de Quadribol vimos que haviam oito balaços que voavam livremente pelo ar. Eles colidiam entre si loucamente e o barulho das batidas chegava até nós através das imagens de Artemis. Os baús voavam pelo campo, os três separadamente, e haviam vassouras na entrada do campo. Logo Arte já estava montada em uma delas e disparava para cima, sendo perseguida por dois balaços. Ela voou com graciosidade e habilidade desviando sempre que um balaço ameaçava atingi-la. Ela chegou a um dos baús, mas não o abriu e vimos que era o baú de Durmstrang. Ela então disparou para o baú mais próximo e dessa vez era o de Hogwarts. Gritamos incentivos para ela enquanto ela abria o baú, o que era uma tarefa difícil, pois o baú continuava a voar e os balaços continuavam a tentar atingi-la. Uma das peças escorregou de sua mão e Artemis mergulhou atrás dela, desviando dos balaços que chicoteavam ao seu redor, pegando-a próxima ao chão, em um movimento digno de um apanhador.
Faltavam apenas as estufas e a floresta para ela agora e percebi que ela deixaria a floresta por último, por ser bem próxima do ponto de partida.
Arte saltou da vassoura ainda em movimento e correu para as estufas, enquanto jogava fora um dos amuletos. Percebi então que Gabriela estava fazendo o mesmo e sempre que ela pegava um baú, ela jogava fora o amuleto correspondente. Era uma boa tática das duas, pois reduziam as coisas que precisavam carregar e não dificultavam os seus movimentos.
Gabriela já ia para seu terceiro baú no lago, enquanto Lenneth ia para o seu quarto, no campo de Quadribol.
Arte entrou na estufa de número 3 rapidamente, pois imagino que já devia ter lido a dica do amuleto. Lá dentro havia visgo do diabo para todos os lados e vi que haviam mandrágoras ao fundo. A primeira coisa que ela fez foi pegar um protetor de ouvidos, pendurados próximos da porta. Depois ela correu por entre o visgo, desviando com habilidade, ou lançando pequenas chamas sempre que o visgo se aproximava demais.
Arte chegou ao baú com facilidade e nos ouviu gritar seu nome novamente, enquanto abria o baú e guardava as cinco peças. Ela virou-se rápido demais e derrubou uma das mandrágoras e logo elas todas começaram a gritar. Arte ficou um pouco tonta, pois mesmo com os protetores o grito de uma mandrágora é perigoso. Ela se apoiou em uma pilastra para recuperar o equilíbrio e perdeu minutos preciosos ali.
Quando ela finalmente correu para a Floresta Proibida, Lenneth e Gabriela entravam juntas no castelo, para irem atrás do último baú. As três estavam bem empatadas e as etapas finais seriam cruciais.
A equipe de organização do Torneio havia retirado todos os indícios que Gabriela e Lenneth poderiam ter deixado quando entraram na floresta, de modo que Artemis não tinha nada para guiá-la. Ela consultou o amuleto mais uma vez antes de mergulhar entre os arbustos e árvores, correndo rapidamente. Ela tinha certa vantagem naquela floresta, pois a conhecia bem. Mas era óbvio que os organizadores não facilitariam.
Haviam teias de aranha por todos os lados e Arte era obrigada a parar para cortar uma ou outra e ficou presa em uma por algum tempo. Finalmente, ela conseguiu se soltar e chegou no meio de um clareira. Ela olhou o amuleto mais uma vez e olhou para o chão, procurando alguma indicação. Ela correu então para perto de um salgueiro antigo e começou a cavar com uma pequena pá que ela conjurou. Logo ela bateu no baú e o abriu, pegando as últimas cinco peças do quebra-cabeça e saindo correndo na direção do ponto de partida.
Enquanto Arte ficava na floresta, Gabriela e Lenneth tinham subido os andares do castelo juntas, uma ajudando a outra. Lenneth usava alquimia para derreter as armaduras de metal, enquanto Gabriela lançava poderosos feitiços contra as de pedra. As duas enfrentaram a estátua gigante juntas e a águia prateada de Artemis as avisou que ela continuaria atacar mesmo se tivessem pego os baús. Isso as impediu de serem pegas desprevenidas, mas as duas saíram com muitos roxos e arranhões do encontro com a estátua gigante.
Elas saíram correndo juntas do castelo, mas um machucado na perna de Gabriela estava dificultando sua movimentação e pelo seu semblante, era doloroso. Assim Lenneth conseguiu abrir uma vantagem pequena em relação à ela e chegou primeiro em sua bancada. Artemis chegou logo em seguida e Gabriela foi a última.
A tensão nas arquibancadas era tamanha que estávamos calados, enquanto as três espalhavam as peças na bancada e começavam a mexê-las. No início pareciam completamente perdidas, sem saber o que montar. Aos poucos elas começaram a juntar algumas peças e vimos que havia palavras escritas. Eu li “home” nas peças de Arte, vi “sweet” nas peças de Lenneth e Gabi e vi que Gabi tinha uma palavra a mais montada, “taste”. Quando essas palavras começaram a surgir, vi que as três continuavam confusas.
Arte então fechou os olhos e respirou fundo e eu sabia que ela estava tentando se acalmar e isso deu resultado. Quando abriu os olhos ela começou a mexer nas peças ferozmente, olhando-as com atenção e novas palavras começaram a surgir: deep, hearts, warm of ages.
Ao ler as últimas palavras deu para ver pelo semblante de Arte que ela tivera uma ideia e começou a organizar as palavras. Ela mal terminou de formar a frase “The sweet taste of victory lies deep in our hearts, where the warm of ages makes us feel home" a luz branca surgiu acima da frase e ela saiu correndo.
A torcida de Hogwarts começou a gritar muito. Eu não fazia ideia do que a frase significava, mas vi Hiro e Julian se abraçando, e gritaram o significado para todos nós.
E pelo visto Arte também sabia o significado daquela frase.
Ela correu diretamente para o castelo, sem hesitar.
No exato momento em que abria as portas do Salão de Entrada, Gabi completava o quebra-cabeça e menos de 2 segundos depois, Lenneth completava o dela. Elas suspiraram, mais não havia mais nada a fazer.
Arte abriu as portas do Grande Salão e todas as mesas das casas haviam sido retiradas, deixando um espaço completamente aberto até a mesa dos professores, onde o Cálice repousava. O Grande Salão brilhava em luz e o fogo de sua lareira era intenso, enchendo todo o ar com calor, enquanto o telhado encantado mostrava milhares de estrelas.
Arte correu até o Cálice e o ergueu com as duas mãos, e luzes explodiram com as cores de Hogwarts acima dela como se fossem fogos de artifício, fazendo toda Hogwarts gritar de orgulho e vitória!
Vi quando Minerva abraçou o professor O’Shea com alegria e a comemoração espalhava-se pelos professores e alunos, todos se abraçando e comemorando. Vi muitos de nossos amigos chorando e gritando, mesmo estando roucos e notei que eu também chorava de alegria. Os pais de Arte estavam na arquibancada também e gritavam tanto quanto os alunos.
Os professores não puderam segurar todos e nos deixaram sair correndo até o castelo. Eu era o primeiro deles. Quando chegamos ao Castelo, Arte estava saindo do Grande Salão com o Cálice nas mãos e abriu um enorme sorriso para todos nós.
Eu corri até ela e a beijei rapidamente, pois logo depois fomos esmagados por centenas de abraços e gritos de vitória.
Justin, Jamal, Julian e eu levantamos Artemis e todos os alunos começaram a levá-la de volta para o ponto de partida, gritando “Hogwarts! Hogwarts! Hogwarts!” 

Wednesday, June 20, 2012



Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir

A batalha tinha acabado, mas era difícil engolir o sentimento estranho que todos sentiam.
Por mais que eu nunca tivesse sido amigo da Brittany e do Timothy, era triste pensar que eles tinham morrido, de uma forma que ninguém ainda sabia o porquê. Eu sentia um aperto no coração sempre que pensava que poderia ter sido um dos meus amigos, ainda mais com a Clara tão mal no hospital. Rupert se culpava pela morte dos dois e tentávamos apoiá-lo, mas acho que ele precisava de tempo.
Outra que precisava de tempo era a Arte.
Ela não dizia e eu sabia que ela não falaria nada por um bom tempo, mas ela se sentia tão culpada ou mais que o Rupert. Fora ideia dela essa emboscada e ela deu tudo de si.
Depois do ataque, Arte passou os três dias seguintes inteiros sem dormir. Havia tanto para ser feito ainda e tudo exigia a atenção dela.
Assim que terminou a batalha, ela correu para a enfermaria e ajudou a tratar de Clara. Fizeram transfusões de sangue às pressas para ela, usando sangue de dragão e sangue de Artemis. O próprio Fidelus oferecia esse sangue, mas depois de um tempo Arte o proibiu, pois ele estava doando sangue para diversos ferimentos. Quando Clara foi levado para Londres, Arte foi junto e voltou no mesmo dia.
O clã organizou grupos de investigações nos esconderijos restantes de Cadarn, procurando ver se ainda havia algum perigo a solta. Siegfrid ficou responsável por julgar os vampiros ainda vivos. Eu o ouvi dizer que tentaria ajudá-los, pois eles não tinham culpa de Cadarn tê-los transformado em vampiros...
Arte também foi chamada à Londres diversas vezes para fazer relatórios à Academia ou ao Ministério. Ela também foi chamada para algumas das investigações aos esconderijos de Cadarn, com o objetivo de purificar os locais. Ela me contou que haviam esconderijos que pareciam ter sido habitados por demônios, tamanha a podridão do local.
Todos os membros da AD receberam prêmios de Minerva pelos serviços prestados à Escola e tínhamos placas de bronze com nossos nomes na sala de troféus. O próprio Ministro participou da cerimônia de entrega e deu prêmios de serviços prestados à Comunidade Bruxa para nós. Foi engraçado ver o rosto de todos meio sem jeitos, mas ainda assim orgulhosos.
Foi um trabalho difícil que se seguiu à batalha... Para todos nós. Os aurores queriam que não nos envolvêssemos mais, mas muitos alunos queriam ajudar a limpar os jardins, retirando os restos dos vampiros, ajudando a lidar com o fogovivo, tratando dos feridos e contando os mortos.
Foram poucos, totalizando apenas 20 mortos. Era um número pequeno se considerássemos o tamanho da batalha, mas ainda eram vidas importantes... O pai do Justin também morreu na batalha e isso foi um golpe forte para Arte. Fomos todos juntos no enterro dele e Arte ajudou o máximo que pode Justin. Ele estava tentando ser forte e, suspeito eu, principalmente na frente dela, mas eu sabia que quando a ficha caísse ele teria a Haley para apoiá-lo.
Assim como eu.
Tudo que aconteceu pesava nos ombros de Artemis,mas eu sabia que ela tinha escolhido isso. Ela precisava do meu apoio e tentei acompanhá-la o máximo possível. Diversas vezes ela me derrotou. Sem que eu percebesse eu cochilava e quando acordava ela tinha ido embora. Eu podia imaginar o sorriso travesso dela sempre que me via dormindo, quando saía sorrateira e me deixava deitado no sofá da sala comunal. Na verdade, eu suspeito que várias vezes foi ela que me enfeitiçou para dormir...

********************************************

Tínhamos acabado de voltar da visita à Clara no hospital e todos foram fazer alguma coisa diferente. Aos poucos estávamos voltando a nossa rotina, pois os N.I.E.M.s estavam às nossas portas e tínhamos muito que estudar.
Eu, Lenneth, Lena e Arte fomos para a biblioteca, para estudar algumas matérias e não ficarmos na atmosfera tensa do salão comunal. Estava conversando com Lena quando reparamos que Arte tinha sumido.
- Onde é que ela foi? – Lenneth perguntou preocupada e eu suspirei.
- Eu encontro vocês depois, vou procurá-la.
Eu me despedi e sai correndo. Haviam muitos lugares onde Arte poderia estar e se ela havia se transportado para Avalon, seria difícil eu conseguir segui-la, pois teria que procurar a Mirian ou a Gaia para isso...
Passava por uma das janelas quando vi Fidelus sobrevoando os jardins e soube que ele estaria com Arte e fui logo correndo naquela direção.
O castelo estava um pouco vazio hoje. A maioria dos alunos mais velhos estavam estudando para os N.I.E.M.s ou para os N.O.M.s e alguns alunos mais novos tinham recebido autorização para visitar os pais.
Cheguei rapidamente aos jardins e agora já sabia onde ir. Fidelus estava pousado no meio do círculo de pedras que Artemis usara para destruir Cadarn. As pedras eram enormes e ainda não haviam sido retiradas. Nem sabia se seriam... Vi que Fidelus estava deitado e Artemis estava sentada no chão, apoiada em sua barriga, olhando para o céu. Pude ver que Chronos estava ali e o ouvi falando quando cheguei.
- Você é como eu, pequena, busca a solidão quando está triste. Mas a minha existência sempre foi solitária, a sua não. – Ele terminou de falar e olhou para mim, sorrindo para desaparecer em seguida. Fidelus soltou um rugido feliz para mim e quase pude entender que ele queria que eu a ajudasse.
Artemis olhou para mim e sorriu. Seu sorriso sempre é lindo, mas este era forçado e vi que havia tensão em seus olhos. Sentei do seu lado e a abracei.
- Você é teimosa, hein... Porque foi embora?
- Queria ficar sozinha. – Ela falou aconchegando-se em meu abraço.
- Você nunca está sozinha, estou sempre com você, esqueceu? – Eu falei e ela começou a soluçar. A abracei mais forte e a deixei chorar, sem falar nada. Ela precisava desabafar e a deixaria fazer isso.
- Desculpa. – Ela falou depois de um tempo. – Manchei toda sua roupa.
- Não tem problema... Eu sou seu namorado e melhor amigo, esqueceu? Você sabe que precisa falar sobre o que aconteceu.
- Eu sei... Não posso ficar fugindo... É que ver a Clara acordada me deixou aliviada, mas também me deixou ainda mais culpada! Ela poderia ter morrido, Tuor, por minha causa!
- Não seria por sua causa. Você fez tudo ao seu alcance para ajudá-la, em todos os sentidos. A sua Dança deu certo.
- Não completamente... Vinte pessoas morreram, Tuor, como quer que eu aceite que a Dança deu certo?
- Você mesma me disse que a Dança não era 100%. Ela ajudaria todos a terem futuros melhores na batalha, mas se era a hora deles, não havia nada que você pudesse fazer.
- E ele está certo, minha jovem Artemis. – Ouvimos uma voz conhecida falando e cheguei a me assustar quando o pai de Justin surgiu diante de nós. Ele estava agachado próximo de nós e sorria.
- Tio Blade? – Arte perguntou surpresa. – Mas Justin fez o ritual da sua passagem.
- Sim, Arte, e eu fiz a passagem. Mas você precisa de mim uma última vez. Não apenas de mim.
Fidelus estava calado, entendo o que isso tudo significava, e quando Artemis começou a se levantar, ele a ajudou , empurrando-a levemente e ficamos em pé lado a lado. Enquanto isso o pai do Justin ficou de pé sorrindo e ao nosso redor começaram a surgir outros espíritos. Eram as 20 pessoas que morreram no ataque, inclusive Brittany e Timothy, mas haviam outros espíritos também.
- Você nos salvou, garota, e sou eternamente grato. – Um dos espíritos falou, sorrindo para Artemis. – Graças a você, fomos liberados da maldição que o vampiro nos prendeu. Teremos o descanso que merecemos, tudo graças a você.
- E era chega a nossa hora também. – Blade continuou. – Você tentou nos proteger e também somos gratos por isso, mas todos os homens morrem um dia. Você fez tudo que pôde e não deve se sentir culpada. Se às vezes sentir o peso de nossas em suas costas, lembre-se que você nos libertou e nos poupou de um futuro pior que a morte. A morte é apenas uma passagem, pela qual todos devem passar...
- Obrigada... – Arte falou, os olhos cheios de lágrimas e Blade sorriu mais uma vez.
- Cuide deles todos. Não precisa se preocupar tanto com meu filho, ele finalmente cresceu e aprendeu a confiar. Ele sabe que sempre terá vocês ao lado deles. Assim como você sempre terá todos ao seu lado.
Blade então desapareceu e junto dele todos os espíritos dissolveram-se no ar. Artemis ficou calada, contemplando o céu e eu segurava sua mão com força. Então Chronos ressurgiu ao nosso lado.
- Você escolheu se tornar a Rainha, Artemis, e isso é um peso enorme. Mas ninguém lhe falou que seria fácil. Pelo contrário, vai ser muito difícil, mas eu confio em você e sei que está pronta para isso. – Ele falou, passando a mão nos cabelos de Arte. – Por séculos que me senti culpado pela morte de minha esposa e de meu povo, e depois passei décadas me culpando pela morte de minha filha. Tinha medo dos fantasmas do passado e me isolei de todos. Mas então eu percebi que não eram fantasmas, mas sim lembranças, boas lembranças. Percebi que não deveria me culpar pelos meus erros, mas aprender com eles e saber dar valor ao que ainda está por vir. É a chave para você conseguir continuar com esse peso, essa responsabilidade. Você será a maior Rainha, e estarei sempre ao seu lado.
- E tem sempre a mim ao seu lado. – Eu falei beijando sua mão e ela sorriu entre lágrimas para nós dois. Fidelus rugiu alto e esfregou sua cabeça em Artemis, quase derrubando-a. – E seus amigos. E agora uma multidão de espíritos ao que parece.
- Obrigada. – Ela falou rindo e eu a beijei.
- Vamos voltar? Você ainda tem muito a que fazer! Temos N.I.E.M.s para estudar e você ainda tem uma Tarefa do Torneio!
- Tinha que lembrar? – Ela falou rindo, dando um tapa no meu ombro, mas me deu a mão e voltamos juntos para o castelo, acompanhados por Fidelus.

Tuesday, June 19, 2012


Estava deitado no sofá improvisado na sala que servia de consultório para o Dr. Pace e toda minha atenção estava voltada para o cubo mágico em minha mão. Trabalhava nele há horas, mas finalmente estava quase completo. Faltava apenas organizar uma fileira de cor quando ele foi arrancado das minhas mãos.

- Ei! Estava quase terminando – reclamei quando Dr. Pace o colocou no bolso.
- Chamei você cinco vezes, nada de cubo mágico nas sessões a partir de agora.
- E o que devo fazer nelas então?
- Que tal conversar? Eu pergunto as coisas e você não responde. A hora passaria mais rápido se cooperasse.
- Já contei o que aconteceu, o que mais quer que eu fale?
- Só estou tentando ajudar, Rupert. Se não quer minha ajuda, por que continua vindo?
- Ninguém vem me procurar aqui – disse dando de ombros.
- Aqui não é um esconderijo. Se tiver a pretensão continuar vindo, quero saber o que está pensando.
- Quer saber o que estou pensando? – fiz uma cara pensativa em deboche – Vamos ver... Que tal “eu matei duas pessoas”?
- Você não os matou.
- Sim, eu matei. Eram as minhas bombas. A idéia de minar os túneis foi minha, eu ajudei a criá-las! – minha voz começou a elevar – Eu matei eles!
- Mas você não sabia que eles correriam na direção do túnel. Não podia prever isso.
- Acha que não sei disso? – dei uma risada nervosa – Eu sei disso tudo, todos repetem isso pra mim o dia inteiro, mas não importa! Foi o meu dedo que apertou o botão que detonou as bombas. Sempre vou me sentir culpado – houve um momento de silêncio – Você conhece Scott Foutley, o chef que é casado com o professor O’Shea?
- Pessoalmente não, mas sei quem é. Por quê?
- Ele tinha uma irmã gêmea, Megan, mas ela morreu na batalha de Hogwarts contra Voldemort. Sabe como ela morreu?
- Não, como ela morreu?
- Ela morreu pra salvar a vida de Harry Potter. Um comensal da morte, não sei qual, lançou um avada kedavra na direção dele. Megan se atirou na frente e recebeu o impacto, morreu na hora. Ele não pretendia matá-la, sequer viu quando ela surgiu em sua frente, nunca poderia ter imaginado que ela se jogaria na frente de Harry e, no entanto, ela fez. Mesmo que essa não fosse sua intenção, ele sempre vai ser o homem que matou Megan Foutley. É assim que me sinto.

Dr. Pace me encarou sério por um tempo, e então assentiu. Ele finalmente tinha entendido.

°°°°°°°°°°

Depois da última sessão com Martin, ele havia sugerido que eu seguisse as regras de um programa de recuperação de viciados. Se eu não ia conseguir esquecer, então teria que aprender a conviver com a culpa. E para isso precisava dar um passo de cada vez. Meu primeiro passo de volta à rotina era cumprir uma promessa que havia feito a Oliver, o dono do The Old Haunt.

Meu livro já havia sido publicado nas livrarias trouxas e pedi a meu editor que mandasse duas cópias dele assim que ficasse pronto. Elas haviam chegado na manhã seguinte ao ataque e o pacote ainda estava lacrado em cima da cômoda. Abri a embalagem e contemplei a capa ilustrada por MJ, com o Expresso de Hogwarts soltando fumaça a caminho da escola. Uma pertencia a Amber e a outra a Oliver.

Peguei uma pena e meu tinteiro na gaveta e sentei na cama, escrevendo as dedicatórias na parte de dentro. Guardei a de Amber na gaveta quando terminei, lidaria com ela depois, e sai da torre da Corvinal com a cópia de Oliver debaixo do braço. A maioria das passagens secretas havia sido destruída, mas a do Salgueiro Lutador que levava direto à Casa dos Gritos ainda estava intacta. Estava em Hogsmeade em menos de cinco minutos e caminhei pelas ruas quase desertas até o pub. O cenário dentro dele não era dos melhores. O rastro que os vampiros que invadiram aquele túnel deixaram ainda era visível, embora a maior parte das coisas estivesse no lugar.

- Ei garoto! – Oliver me saudou quando me viu, deixando a cadeira que limpava de lado – Faz tempo que não lhe vejo, está tudo bem?
- É, tudo indo… - olhei em volta do pub – Eles deixaram uma bagunça e tanto.
- Sim, vampiros nojentos, destruíram quase tudo! – ele praguejou – Mas pelo menos minhas molduras ficaram intactas.
- Precisa de ajuda com alguma coisa?
- Não, tudo bem, meus funcionários dão conta. Mas o que o trouxe aqui? Estamos fechados, mas posso lhe servir alguma coisa.
- Não quero nada, obrigado. Na verdade só vim aqui lhe trazer isso – e estendi o livro a ele.
- Seu livro! Obrigada, Rupert – ele pegou o livro animado – Estava querendo comprar minha cópia, mas ainda não chegou a Hogsmeade e não tive tempo de ir até Londres.
- Disse que ia lhe dar uma cópia de presente, não ia faltar com a palavra.
- Vou começar a ler hoje mesmo, ouvi dizer que as vendas estão boas.
- É, meu editor disse que um critico importante leu e gostou. A crítica que ele escreveu pro The Times atraiu as atenções pra ele.
- Vai ficar famoso, garoto. Quero minha foto com você na parede antes que não se lembre mais dos velhos amigos, mas não hoje, você está muito pálido.
- Prometo voltar menos abatido antes da formatura – disse rindo pela primeira vez em dias – E sim, acho que vou ficar famoso. Ele disse que vai ter uma festa de lançamento oficial do livro depois que eu me formar e vou ter ficar lá dando autógrafos na capa dos livros. Isso é muito esquisito.
- Você se acostuma. Contanto que não deixe que isso o mude.
- Não vou mudar. Bom, só queria trazer o livro, preciso voltar para o castelo.
- Passe aqui antes de ir embora de vez, ok? – ele apertou minha mão e assenti – E obrigado outra vez.
- Sabe que não deveria estar aqui, não é? – ouvi a voz de Micah e me assustei. Ele estava sentado em uma mesa no fundo do pub lotada de papel.
- Desculpa, só vim trazer uma coisa ao Oliver, já estou voltando. Acha que pode esquecer de mencionar que me viu aqui a McGonagall ou ao meu pai?
- Sem problemas – ele riu – Sente aqui um instante, quero conversar com você.
- Não me leve a mal, mas não queria conversar – continuei parado no meio do pub, já sabendo o que ele ia dizer – Não quero falar disso.
- Não precisa falar nada, apenas escute – ele bateu na mesa e não vi alternativa senão sentar – Martin conversou comigo sobre o que disse na última conversa que teve com ele e acho que posso ajudar.
- Como? Desculpa, mas não acho que alguém possa ajudar a menos que entenda o que estou sentindo.
- Eu entendo, Rupert. Eu também carrego o peso de ter indiretamente causado a morte de um inocente.
- Do que está falando?
- Quando eu tinha a sua idade, uma brincadeira que deu errado resultou na morte de um garoto chamado Ryan Merric. Estávamos em um barco, Gabriel e Connor também estavam lá, houve uma discussão e Ryan e Josh começaram a brigar. O barco balançava muito, todos estavam agitados e numa tentativa de apartar os dois, empurrei Ryan pra trás. Ele tropeçou no banco do barco, perdeu o equilíbrio e caiu na água.
- O que aconteceu com ele?
- A correnteza o levou embora e descobrimos que ele não sabia nadar. Gabriel e eu pulamos imediatamente na água, mas com a correnteza atrapalhando quando conseguimos alcança-lo já era tarde demais. Arrastamos seu corpo para a beira do rio, fizemos de tudo que estava ao nosso alcance, mas ele já estava morto.
- Gabriel nunca me contou isso.
- Fizemos um pacto de nunca contar o que aconteceu naquele dia pra ninguém. Isso foi em julho de 1998. Desde então, não houve um único dia sequer que não tenha pensado em Ryan.
- Você nunca superou.
- Não, eu aprendi a viver com a culpa. Se a correnteza não o deixa cruzar o rio, construa uma ponte que o ajude a atravessá-lo.
- Como aprendeu a conviver com isso?
- Faço muitos trabalhos voluntários e sempre me mantenho ocupado – e apontou para a pilha de fichas do curso de auror na mesa – E também conheci uma garota que me fez ver que eu não podia deixar a culpa me consumir e jogar a minha vida fora por causa disso. Ela sabia o que tinha acontecido, entendia como eu me sentia e sempre esteve ao meu lado.
- E o que aconteceu com ela?
- Nos casamos – ele piscou e ri – Rupert, o que importa é você não deixar de viver sua vida por causa disso. Restam apenas duas semanas antes da formatura, não jogue fora o tempo que lhe resta com seus amigos aqui. Não deixe que isso o abale. Construa sua ponte e siga em frente.
- Obrigado. Realmente ajudou.
- Sempre que precisar conversar sobre isso, não hesite em me procurar. Agora volte logo para o castelo antes que me arrependa de fazer vista grossa.

Assenti levantando da mesa e refiz o caminho para o castelo me sentindo mais leve. Era a primeira vez que alguém não me dizia que eu não era culpado e que devia esquecer isso, mas sim me encorajava a aceitar que a culpa nunca desapareceria. Ainda me sentia péssimo, mas finalmente tinha a sensação de que as coisas iam melhorar. Faltava cumprir a segunda promessa e precisava ir até o dormitório pegar o outro livro, mas ainda estava no gramado em frente ao Salgueiro Lutador quando Amber veio ao meu encontro.

- Por onde andou? Procurei você por toda parte.
- Fui até o pub levar uma cópia do livro ao Oliver. A sua está no dormitório, estava indo agora mesmo buscar.
- Pediu uma cópia pra mim? – ela pareceu surpresa.
- Claro. Sem você o livro não teria saído, o mínimo que poderia fazer era garantir que não precisasse pagar para ter uma cópia em mãos.
- Obrigada – ela abriu o sorriso mais lindo do mundo – Estava te procurando porque queria dizer uma coisa.
- Vá em frente.
- Acho que não fui muito útil nos últimos dias, não o apoiei como devia. Eu estava lá também, deveria ser mais solidária, mas você me afastou porque não queria conversar e eu deixei. Não deveria ter feito isso. Gosto muito de você e quero que saiba que pode sempre contar comigo. E não importa o qual mal esteja, não vou mais permitir que-

Cortei o que ela dizia com um beijo. Sabia que com ela não funcionava dessa forma e que tudo precisava ser feito com cautela, mas o que Micah havia dito estava mais claro do que nunca na minha cabeça. Amber era quem eu queria que estivesse sempre do meu lado me apoiando e eu sabia que ela era essa pessoa. Ela podia brigar comigo por causa do beijo, e provavelmente o faria, mas eu não ia desistir.

Ela interrompeu o beijo e me afastou com as mãos, me encarando parecendo atordoada. Pensei que ela fosse me dar um soco, me azarar ou sair correndo, qualquer coisa, menos o que realmente fez. Amber me fitou por alguns segundos que pareceram uma eternidade e então agarrou meu pescoço, me puxando para outro beijo.

- O que isso significa?
- Você sabe o que significa.
- É, eu sei. Só queria ter certeza que você sabia.
- Pode ter certeza que eu sei.

Ela deu um sorriso atrevido e me puxou para outro beijo, dessa vez muito mais intenso. Micah tinha razão, eu não podia deixar que a culpa atrapalhasse minha vida e não tinha uma modo melhor de aproveitá-la que daquela forma.


Feeling, hands in the dark
You know I'm heeling, but it's only a start
Because the wind will blow and topple me over
And the undertow will wash me to nowhere

‘Cause when the day’s over
I've got your shoulder
To help me carry the weight pulling under
Didn't you wonder how everybody gets through the day

Lucy Schwartz – Those Days

Sunday, June 17, 2012


As aulas da quarta-feira ainda não haviam começado quando, através de uma chave de portal, cheguei à enfermaria de Hogwarts com minha mãe. Minha recuperação ainda não estava completa, mas já havia melhorado o suficiente voltar à rotina. E eu não podia passar mais nenhum segundo no hospital com os N.I.EM.s batendo à porta. Hiro estava esperando por mim quando aparecemos e corri para abraça-lo assim que o vi.

- Lembre-se que apenas concordei em deixa-la voltar se seguisse minhas ordens – mamãe disse entregando uma lista para a enfermeira – Não quero saber de você se transformando por pelo menos mais um mês!
- Eu sei, vou obedecer.
- Ótimo, então está entregue. Estou deixando ela em suas mãos, Hiro. Cuide bem da minha filha.
- Não se preocupe, tia – e olhou pra mim sorrindo – Ela está em boas mãos.
- Sei que está. Vou dar uma olhada no Rupert e já volto a Londres. Qualquer coisa basta chamar.

Ela beijou minha testa e saiu da enfermaria apressada. Ainda demoramos mais alguns minutos enquanto madame Bulstrode lia as instruções dela e me dizia o que fazer e quando procura-la para tomar as poções e finalmente estava liberada.

A primeira aula era Trato de Criaturas Mágicas e embora fosse ótimo estar cercada dos meus amigos outra vez, e ainda em uma aula sempre tão divertida quanto a do Hagrid, não pude deixar de notar que as coisas estavam diferentes. A turma, sempre tão falante e animada, estava mais séria e concentrada. Podia ser pela proximidade dos exames, mas algo no semblante deles dizia que muitos ainda estavam se curando da batalha. A mudança mais visível era na turma da Grifinória. Com exceção de Arte, Lena e Tuor, que nunca foram amigos de verdade de Brittany e Timothy, todos os outros estavam extremamente abatidos.

De todos eles, James era o pior. Ele encostou o corpo em uma árvore e anotava tudo que Hagrid dizia sem esboçar qualquer reação. Acho que sequer notou que eu havia voltado, ele não parecia perceber nada que acontecia ao seu redor. Quando a aula acabou, foi o primeiro a recolher o material e subir de volta ao castelo. Foi a mesma coisa na aula seguinte, de DCAT. Tio George deu uma aula inteiramente teórica com revisão para o exame e ele passou 45 minutos com os olhos fixados na frente da sala e duvidava que tivesse ouvindo qualquer coisa. O próximo tempo era História da Magia e graças a Merlin eu não fazia aquela matéria, mas Hiro sim. Estávamos nos despedindo quando vi James debruçado na janela do corredor de cabeça baixa.

- Vá em frente, fale com ele – Hiro disse – Ele precisa do apoio dos amigos.
- Vejo você no almoço – dei um beijo nele agradecida por não termos problemas com isso e nos separamos.

James continuou imóvel quando parei atrás dele, sem notar que não estava mais sozinho. Ele estava mesmo em outro mundo. Debrucei na janela ao lado dele e só então ele notou minha presença. Abriu seu melhor sorriso, que mesmo sem muita animação ainda era contagiante, e me abraçou.

- Não sabia que estava de volta. Estou muito feliz que esteja bem, fiquei preocupado.
- Cheguei hoje. Como você está? Soube o que aconteceu.
- Não muito bem. Ainda não consigo aceitar que eles tenham morrido.
- Brittany e eu nunca nos demos bem, mas eu realmente sinto muito.
- Eu sei. É que eu não entendo como isso aconteceu. O que eles estavam fazendo naquele túnel?
- Não sei, também não entendi isso. Nem sabia que eles conheciam aquela passagem.
- Nem eu. Treinamos tantas vezes, eles deviam usar o túnel dos professores para evacuar, não aquele!
- Rupert se sente culpado por isso.
- Kevin o culpa também, mas ninguém mais acha que foi culpa dele. Não tinha como ele prever que eles apareceriam na hora da explosão.
- Lugar errado na hora errada.
- É... – ele abaixou a cabeça outra vez e apertei sua mão.
- Você vai ficar bem. Vai levar um tempo, mas vai ficar tudo bem. O que precisa é ocupar a cabeça.
- Sugestões? Uma que Hiro não vá ficar brabo – ele acrescentou, o sarcasmo de sempre voltando a aparecer.
- Rupert saiu da comissão de formatura e precisamos de alguém pra ocupar seu lugar.
- Conte comigo – ele apertou minha mão mais animado e descemos de volta ao primeiro andar juntos.

Perder alguém que você ame é sempre difícil e a dor nunca passa, mas com o tempo você aprende a conviver com ela. E tempo era tudo que James precisava.

°°°°°°°°°°

- Pessoal, por favor, um de cada vez!

Bati na mesa para tentar ser ouvida, mas foi em vão. Era a primeira vez que a comissão de formatura, formada por Hiro, Keiko, JJ, Jamal, Haley, Justin, Julian, Lena, MJ, Artemis, Tuor, Lenneth, Devon, eu e agora James, se reunia desde que Arte recuperou suas memórias e começou com o treinamento intenso da AD. Com a perspectiva da batalha e a ansiedade de lutar, esquecemos por completo das nossas obrigações como responsáveis por fazer a formatura de três escolas sair e agora estávamos atolados. E eu, na condição de presidente da comissão (cargo do qual me arrependi de assumir depois da primeira reunião, ainda em novembro), precisava colocar todos de volta aos eixos.

- CALEM A BOCA! – Hiro berrou e o bate papo morreu – De nada – disse olhando pra mim.
- Obrigada. Galera, temos um milhão de coisas pra fazer e só duas semanas de prazo. O que já temos confirmado?
- Falei com o Nick quando fomos visitar você em Londres e ele confirmou que o show vai ficar por conta dos Orcs – Jamal me estendeu o contrato assinado pelos meninos da banda.
- O que é ótimo, porque nada mais adequado para uma festa que se chama “Era uma vez...” que uma banda chamada Orcs – Tuor comentou e rimos – Sem querer acertamos em cheio.
- E sem querer também escolhemos o tema certo ainda em novembro – Arte completou – Com tudo que aconteceu, é bom ter um tema que não permite que nada relacionado a vampiro seja sequer mencionado.
- Como estamos com os convites? – perguntei para MJ
- Consegui adiantar um bocado deles essa semana, Lena está me ajudando – e Lena assentiu do outro lado da mesa – Vamos enviar todos antes da 3ª tarefa.
- A decoração do Salão Principal já está fechada – disse consultando tudo que já tínhamos anotado – Alguém teve mais alguma ideia pra decoração do jardim?
- Com a quantidade de pedras soltas depois da batalha, acham que conseguimos construir um poço dos desejos no pátio? – Julian sugeriu e todo mundo se animou.
- Excelente ideia, corvo! – Keiko deu um tapão na mesa empolgada e JJ se assustou ao seu lado – Desculpa, é que esse tema é realmente demais. E não é um conto de fadas sem um poço dos desejos.
- Podemos colocar um sapo em cima dele e outros espalhados pelo jardim, todos com uma coroa de rei na cabeça. Sapo de plástico, é claro! – ela acrescentou depressa quando Keiko fez uma careta de nojo.
- Ótimo, sapos espalhados pelo jardim – acrescentei na lista de objetos para a decoração – Vão ter muita menina beijando eles.
- Madame Maxime concordou em emprestar dois dos nossos cavalos alados para guardarem a entrada do hall – Devon falou – Ela disse que temos que cuidar bem deles, mas que não tem problema em deixar alguém os montando à noite inteira.
- Certo, então os guardas que vão receber os convidados estão confirmados – risquei mais um item da lista de tarefas.
- E minha névoa para cobrir todo o jardim também está confirmada, pode riscar ai – Lenneth acrescentou e risquei o pergaminho – Já estou quase terminando, Sheldon tem sido de grande ajuda.
- A única coisa que tivemos que mudar foi a questão da porta do Salão Principal – Haley falou e vi MJ concordar desanimado– McGonagall avisou que não quer saber de ninguém pintando a porta dela, não importa o quão importante seja para a ambientação.
- Pois é, então vou pintar um painel gigante de um a capa de livro e penduramos na porta – MJ completou – Não vai ser a mesma coisa, mas ainda vai passar a mesma ideia de que estão entrando na história quando atravessarem a porta.
- Os memorandos sobre os trajes da festa já foram distribuídos para todos os formandos ontem pela manhã – Hiro informou e risquei mais um item – Agora só precisamos monitorar para não ter nenhuma fantasia que vá causar uma taquicardia em McGonagall.
- Vou deixar isso por sua conta, ok? – e ele assentiu – E os oradores, já foram escolhidos? Ia ter uma votação segunda, não era isso?
- Sim, a votação ocorreu – JJ começou a falar tentando não rir – Devon e Lenneth foram os escolhidos para representar Beauxbatons e Durmstrang.
- E Hogwarts? Quem ficou com o abacaxi?
- Você – ele agora não segurava mais a risada e todos começaram a rir também.
- Ah não, qual é – resmunguei, mas até Hiro estava rindo – Eu não estava nem concorrendo, como isso foi acontecer?
- Você quase morreu, estava internada se recuperando, acho que os alunos se sensibilizaram – James deu de ombros, mas também tinha um sorriso debochado no rosto – As pessoas gostam de você, Clara.
- Sim, você se dá bem com todo mundo – Hiro completou, beijando meu rosto – Entenda isso como uma honra.
- É, vou tentar manter esse pensamento positivo, por que não faço ideia de como escrever um discurso – e bati a cabeça na mesa querendo chorar .

O assunto dos oradores se estendeu por mais tempo do que devia com Lenneth e Devon dizendo que me ajudariam a escrever alguma coisa e Haley informando que Zach havia ficado com o posto de juramentinsta de todas as escolas, e então voltamos a falar da organização da festa. Já passava das 22h quando saímos da sala de reunião e cada um voltou pro seu salão comunal. Ainda tínhamos uma tonelada de coisas pra fazer e muito pouco tempo, sem contar que não poderíamos contar muito com Arte que precisava se preparar para a 3ª tarefa, mas ia dar tudo certo. No que dependesse da minha comissão, a formatura da turma de 2017 ia entrar para a história. 

Saturday, June 16, 2012


"What are you really scared of? That he won't wait for you or that he will?"

Castle 4.05 - “Eye of the Beholder

Voltar à rotina depois de participar ativamente de uma batalha como a que ocorreu nos terrenos de Hogwarts alguns dias atrás não era uma tarefa fácil, mas precisava ser feita. Faltando apenas uma semana para os N.I.E.M.s e duas para a nossa formatura, o castelo inteiro havia sido tomado pelo pânico. E com tudo que estava acontecendo, eu, que nunca deixo uma tarefa pela metade, descobri que ainda não havia deixado meu requerimento para a vaga da Academia de Auror de Londres com o professor Wade.

- Droga! – atirei um fichário em cima da mesa da biblioteca e Kaley se assustou – Acabei esquecendo de entregar o requerimento ao professor Wade semana passada, será que ele vai aceitar ainda?
- Espero que sim... – ela respondeu sacudindo o formulário preenchido pela metade.
- Se não tiver mais vagas pra academia de Londres não vou me perdoar – sentei ao lado dela e molhei a pena no tinteiro, começando a preencher o papel.
- Bom, me inscrevi para uma vaga em Boston mesmo, então acho que não vou ter problema – ela deu de ombros, desanimada.
- BOSTON? – disse alto demais e madame Edgecombe pediu silêncio – Você não vai ficar em Londres?
- Zach já se decidiu e não quer ficar na Inglaterra, até já se inscreveu na academia de lá.
- Você não nasceu colada no Zach. Não tem que ir pra onde ele for!
- Ele é meu irmão, somos gêmeos! Não tenho motivo pra ficar.
- Nada prende você aqui?
- Conversei com ele sobre isso e tudo que disse foi que eu devia fazer o que quisesse. Eu quero as duas. Quero voltar para casa com ele e quero ficar em Londres com você. Não consigo decidi, então se você quiser que eu fique, tudo que tem que fazer é pedir.

Fiquei encarando Kaley em silêncio por alguns segundos. Quando cheguei a Hogwarts e todos me achavam insuportável, ela foi a única que se aproximou e tentou me conhecer de verdade, a única que quis ser minha amiga. Desde o 1º ano, Kaley é a pessoa que sei que posso contar para qualquer coisa. A primeira amiga de verdade que tive, depois de Kevin. E a ideia da pessoa em quem eu mais confiava no mundo ir embora para outro continente era algo que eu não conseguiria suportar.

- Fica. Por favor. Não quero perder minha melhor amiga.
- Você nunca vai me perder, sua boba – ela me abraçou sorrindo – Mesmo que eu vá pro Alasca, você vai ser sempre a minha pessoa.
- Você também é a minha pessoa – respondi me soltando do abraço e peguei o requerimento dela, marcando a opção Londres na lista de academias – Mas vamos nos manter no mesmo continente, ok?
- E se não tiver mais vagas em Londres?
- Então nós vamos juntas para o Alasca.

Ela assentiu sorrindo e pegou o requerimento de volta para terminar de preencher. Independente do que o futuro nos reservava, sabia que estaríamos juntas.

°°°°°°°°°°

- Por que olha tanto para o relógio, Elena? – Dr. Pace perguntou quando, pela 5ª vez, Lena consultou o relógio no pulso.
- Faltam apenas duas semanas pra formatura e ainda temos muita coisa pra fazer, eu deveria estar ajudando MJ com os convites – ela respondeu impaciente.
- Falando em formatura, já entregaram os requerimentos ao Micah? – ele ignorou a impaciência dela, já bastante acostumado a minha.
- Entreguei ontem, espero que ainda tenha vaga em Londres.
- Escolheu Londres, então? – Lena me perguntou mudando de assunto e assenti – Também optei por ficar aqui, mas coloquei Romênia como segunda opção. Se não puder ficar aqui, pelo menos fico perto do meu pai.
- Eu optei por Los Angeles como segunda opção, por causa do meu irmão.
- Por que demorou tanto a entregar a ele? Os requerimentos foram distribuídos há três semanas.
- Com tudo que vinha acontecendo acabei esquecendo. Foi tudo intenso demais.
- O que vocês todos fizeram foi muito corajoso. Foi uma experiência com o que vocês podem encontrar numa vida como auror, então como se sentiram?
- Um pouco assustada, confesso – Lena admitiu e assenti – Estava preparada para lutar, mas foi deu um pouco de medo estar lá no meio. Feitiços pra todo lado, fogovivo, vampiros atacando.
- Isso é bom, sentir medo não é sinal de fraqueza, significa que vocês são humanas. Sentir medo faz de vocês pessoas inteligentes, porque estão cientes de que correm perigo e que precisam se defender. Qual foi o momento que sentiram mais medo?
- Acho que quando Cadarn apareceu. Sabíamos que ele viria, mas ele surgiu muito rápido e cercou Artemis. Por um instante achei que ela não conseguiria e se isso acontecesse, nós iriamos perder nossas famílias recém-unidas. Pensei muito na minha mãe Mary, ela acabou de descobrir que está grávida.
- É um bom motivo para ter medo. Você pensa primeiro em sua família.
- Depois que a última bomba explodiu e Rupert começou a vomitar sangue e caiu desacordado. Pensei que ele havia morrido.
- Então o momento que mais a assustou foi quando achou que o tinha perdido?

Alguém bateu na porta interrompendo o assunto. Dr. Pace pediu que entrassem e quando a porta abriu o rosto de Rupert apareceu na fresta. Estava mais abatido do que a última vez que conversamos e com olheiras fundas. Quando me viu deu um sorriso desanimado, mas logo desviou o olhar. Queria correr até ele e o abraçar, mas congelei no sofá assim que o pensamento me ocorreu.

- Desculpa, não sabia que estava ocupado.
- Tudo bem, não tem problema. Já estamos quase terminando, pode esperar cinco minutos? – ele assentiu e saiu outra vez.
- Sei que não pode discutir outros pacientes, mas o quão mal ele está? – Lena perguntou.
- Com o tempo ele vai ficar bem – ele respondeu vago e me encarou – Amber, está tudo bem?
- Não – admiti – Me mata vê-lo assim e não poder fazer nada. Eu estava lá também, sei como foi, mas não sei o que fazer.
- Rupert precisa aprender a conviver com um sentimento de culpa que não vai desaparecer de uma hora pra outra e tudo que vocês, seus amigos, podem fazer é garantir que ele não esqueça o quanto é querido.
- Nós já estamos fazendo nossa parte, mas e quanto a você? – Lena me encarou.
- Ele sabe que gosto dele.
- Sabe mesmo? – Dr. Pace me encarou sério – Você contou que na viagem de formatura vocês saíram uma vez, mas que por opção sua não teve continuidade.
-Sim, porque ele é meu melhor amigo e não quero estragar isso! –me defendi – Estou sendo acusada de alguma coisa?
- Sim, de mentir! – Lena me atacou outra vez – Você gosta dele! E não do jeito que diz, não faça essa cara!
- Não vou discutir isso, minha vida particular não diz respeito a vocês.
- Ok, se acalme, só estamos conversando – ele olhou sério para Lena – Por que é tão difícil pra você aceitar que pode ser feliz com alguém?
- Não é difícil, é só que... – mas pela primeira vez eu não sabia o que dizer.
- Quando eu brinquei em outra sessão dizendo que ele estava sumido porque devia ter arrumado uma namorada você ficou toda estressada – Lena falou com um tom de voz menos exaltado dessa vez – Você ficou com ciúme porque achou que ele não tinha esperado você estar pronta.
- Esperar o que? Eu não pedi pra ele esperar por nada.
- Mas você se sentiu incomodada, não? – ela insistiu e hesitei, mas acabei assentindo.
- Do que você realmente tem medo, Amber? Que ele não espere por você, ou que espere? – Dr. Pace perguntou e não consegui responder – Ninguém está lhe pressionando, tudo tem seu tempo. Se você realmente se importa com ele e quer ajuda-lo, fique ao seu lado. Deixe-o saber que sempre pode contar com você e tudo vai se acertar.

Assenti sem dizer nada e ele encerrou a sessão. Quando saímos da sala Rupert ainda estava parado no corredor e forçou outro sorriso quando passamos por ele. Queria dizer tantas coisas, mas sabia que aquela não era a hora certa. No entanto, eu estava cansada de colocar a razão antes do coração. De agora em diante, minha prioridade era ser feliz.


If only if only I coulda been yours
Been your rapport and yours to adore
If only if only I would've said yes
Forgotten the rest oh I could've said yes
If only if only you'd ask me again
I'd give you my hand
Let you take me
across the sand

Into the blue – Sara Jackson-Holman 

Thursday, June 14, 2012



Algumas anotações de Haley Warrick

Quando a batalha terminou, Justin me puxou para um abraço, e me perguntava se eu estava bem e eu fazia o mesmo, porém meus olhos ficaram turvos de lágrimas quando  vi o quanto ele estava machucado, e algumas feridas eram fundas, por causa da luta com Trevor e suas transformações em lobo.
- Shhhii, não chora, eu vou me curar logo.Você precisa enviar seu exército para casa. - ele disse e ainda com sua mão na minha, virei-me para o campo de batalha , levantei a mão direita e disse solene:
- Agradeço a sua ajuda, Exército das Sombras...Sua missão foi cumprida, encontrem a luz, meus amigos! – Justin soltou-se da minha mão, virando-se  para onde estava o corpo de seu pai. Começou a andar até ele, e eu o segui. Ouvi um lamento atrás de mim e sabia que Julian e Lena estariam nos seguindo.  
Quando nos aproximamos, minha mãe já estava ajoelhada junto do senhor Silverhorn, e a cabeça dele descansava no colo dela, meu pai estava ao lado em guarda e seu rosto, mesmo sujo pela batalha, era puro pesar. Justin se abaixou e segurou a mão do pai, ficamos ali um momento, e minha mãe disse triste, porém com um olhar de alívio ao nos ver sem ferimentos graves:
 - Vou cuidar para que Blade seja levado ao castelo, meu filho. Agora vocês deveriam ir para a enfermaria e cuidar destes machucados...-  Justin sacudiu a cabeça em negativa e ela disse de forma suave:
- Louise está com as mãos cheias na enfermaria , você poderia ajudar?-  ele parou e a olhou por um momento, assentiu devagar, se levantou e pegou a minha  mão de forma automática e começou a me levar de volta ao castelo. Sentia meus olhos queimando de vontade de chorar, mas não podia fraquejar na frente dele, que exibia um semblante rígido, olhei para trás  e vi que Julian estava segurando a mão de Blade Silverhorn de cabeça abaixada.

In my hands
A legacy of memories
I can hear you say my name
I can almost see your smile
Feel the warmth of your embrace
There is nothing but silence now
Around the one I loved
Is this our farewell?  
                      
Fomos para o castelo calados, e quando chegamos ficamos sabendo das notícias. Rupert havia se machucado feio nas explosões dos túneis e tinha sido operado de emergência na enfermaria mesmo, Clara havia sido mordida por um vampiro na floresta, e tia Louise teve que leva-la para o hospital trouxa junto com tia Mirian.
Justin, cujos machucados já estavam se curando, começou a ajudar na enfermaria, eu e os outros fomos ajudar com o que quer que fosse preciso, como forma de passar o tempo e esperar por mais notícias, não consegui evitar que a tristeza aumentasse quando vi todos os túneis destruídos. Quando ficamos sabendo das mortes de Timothy e Brittany,a primeira coisa que fiz foi olhar ao redor e esperar receber algum contato deles, mas não havia nada de Timothy, sentia que ele havia seguido em frente, porém não conseguia sentir o mesmo da Britany. Algumas vezes, este dom, é pesado demais para mim, e vendo a destruição ao meu redor, sinto que é um destes momentos.
Após mais de dois dias de muita tensão, Rupert havia saído da enfermaria, e Justin e Julian estavam ao lado dele, para dar apoio, pois sabíamos que Kevin o culpava pela morte de Timmy e Britt e o hostilizaria, nós  sabíamos que era uma afirmativa gerada pela dor, afinal como que Rup poderia adivinhar que aqueles dois não seguiriam os planos de não haver ninguém nos túneis durante a batalha? Droga!
Fomos liberados para ir a Londres, para visitar Clara, e Justin estava mais sério do que nunca,  porém era evidente seu alívio, quando vimos que ela, apesar de tudo, estava bem. Ao sair do hospital, enquanto os outros voltariam para a escola, vimos meu irmão Ty nos esperando. Ele iria levar Justin para sua casa, para os ritos funerários do seu pai. Eu havia pedido à diretora McGonnagal que me deixasse ir junto com ele e ela havia me liberado, pois também estava preocupada com ele, que não estava reagindo da maneira normal, não havia sequer chorado ou mesmo não falava sobre a morte do pai.
Quando chegamos na tribo, sua avó nos esperava. Ela parecia haver envelhecido da noite para o dia, porém sua voz estava firme e clara, quando nos recebeu, a irmã dele, Lana  estava junto e desabou em lágrimas quando o abraçou.Não pude evitar, que minhas lágrimas caissem também, mas respirei fundo e me controlei, pois comecei a ver vários espíritos ancestrais vagando pelo campo onde seria realizada a cerimônia. Justin, depois que consolou sua irmã, se aproximou e disse:
- Vou ter que ficar isolado, por um tempo, faz parte do ritual...
- Vá e não se preocupe comigo, estou aqui para o que for preciso, eu amo você.- disse e ele passou a mão por meu rosto, e não disse mais nada.
No dia seguinte, quando o horário da cerimônia chegou, não foi surpresa encontrar meus pais, meus irmãos, os Chronos entre as pessoas que iriam homenagear o pai de Justin, não pude evitar o sorriso agradecido quando nossos amigos chegaram de última hora, junto com tio Ben. Só Clara e Rupert não puderam estar presentes, mas era por estarem se recuperando dos ferimentos. Após a cerimônia, que foi conduzida pelo Justin,  eu o busquei entre as pessoas convidadas e não o vi. Comecei a procura-lo e o encontrei sentado embaixo de um carvalho, olhando para o rio que cortava a reserva, na parte mais afastada da tribo.  Sentei-me ao lado dele e segurei a sua mão, após alguns segundos ele disse:
- Só agora entendo muitas coisas que papai me disse em nosso último encontro. - não o interrompi, pois sabia que ele precisava falar:
- Pediu que eu continuasse a ser o bom irmão para Lana, que ela estava crescendo rápido e rpecisaria de muito apoio. Que  tomasse muito cuidado com você durante a luta, que a protegesse, pois o vampiro iria atrás de você e que eu não permitisse que meu amor fosse embora...- suspirou. - Que nossa tribo estaria enviando energias para nos fortalecer e que eu devo tomar cuidado com meus poderes, ainda preciso ter cautela, ou poder demais poderia me consumir. Respondi que ele iria me treinar após a formatura, que estaria mais perto de casa... Ele sorriu e disse que não precisaria, pois eu estava pronto... Ele se enganou...Eu não estou pronto, Haley...O que faço agora?- e começou a chorar, tudo o que pude fazer foi abraça-lo e chorar junto com ele, enquanto seu corpo era sacudido pelo desespero. Após algum tempo, Justin começou a relaxar, parecia mais calmo. Agradeci aos céus, por isso, quando senti uma brisa suave em meu rosto. Levantei o rosto, e vi um brilho forte, sorri e o virei para a luz, e seus olhos se arregalaram:
- Pai..Mãe...Eu não podia vê-los mais...Como? – Justin dizia abismado, pois podia ver os espiritos de seus pais. Estavam de mãos dadas e sorriam amorosos para nós. A mãe de Justin soprou um beijo para ele, e o pai colocou a mão sobre o coração e o esticou na direção de Justin, que repetiu o gesto. Ouvi a voz da mãe dele na minha cabeça:
- O seu amor por meu filho, permitiu que nos víssemos mais uma vez, obrigado por tudo minha filha, até um dia!- acenaram mais uma vez e de mãos dadas, caminharam para a parte mais funda da floresta.

Never thought
This day would come so soon
We had no time to say goodbye
How can the world just carry on?
I feel so lost when you are not by my side
There's nothing but silence now
Around the one I loved
Is this our farewell?
So sorry your world is tumbling down
I will watch you through these nights
Rest your head and go to sleep

Because my child, this is not our farewell.

Nota da autora: trechos da música ‘Our farewell’, Within Temptation