Friday, June 29, 2012 There is a universal truth we all have to face, whether we want to or not. Everything eventually ends. As much as I've looked forward to this day, I've always disliked endings. Last day of summer, the final chapter of a great book, parting ways with a close friend. But endings are inevitable. Leaves fall. You close the book. You say goodbye. Today is one of those days for us. Today we say goodbye to everything that was familiar, everything that was comfortable. We're moving on. But just because we're leaving, and that hurts, there's some people who are so much a part of us, they'll be with us no matter what. They are our solid ground. Our North Star. And the small clear voices in our hearts that will be with us … always.
Castle
4.23 - Always
Alguns
dias antes...
Enfim,
férias. Depois de quase duas semanas exaustivos de exames, os N.I.E.M.s eram
passado e só nos restava aguardar pelas corujas que trariam nossas notas. Precisava
de “O” em basicamente todas as matérias para conseguir seguir carreira como Curandeira,
mas estava tranqüila. Havia estudado três vezes mais do que estava acostumada e
achava que tinha me saído bem.
E
para compensar a tensão dos exames, Arte venceu a 3ª tarefa e se sagrou campeã
do Torneio Tribruxo. Ficaria feliz por qualquer uma que vencesse, mas era muito
melhor ter a taça na mão da campeã de Hogwarts. A comemoração correu por toda a
madrugada no salão comunal da Grifinória depois que a oficial, no salão
principal, chegou ao fim.
Com
exames e Torneio Tribruxo encerrados, agora estávamos apenas a cinco dias da
nossa colação de grau, seis dias da festa de formatura e sete da despedida
definitiva de Hogwarts. A comissão de formatura ainda tinha alguns trabalhos a
fazer, mas nada desesperador. A única coisa desesperadora era que eu ainda não sabia
o que escrever para o discurso de oradora.
A
idéia de que eu teria que dizer algo inspirador era tão ridícula que sentia
vontade de rir sempre que me pegava pensando nisso. Só sabia contar piadas,
nisso iria arrebentar, mas Devon já pegara para si a tarefa de fazer um
discurso leve e engraçado, então estava presa ao cargo de encerrar a falação
com algo sério e bonito. Queria saber o que as pessoas que escolheram meu nome
na urna tinham na cabeça no lugar do cérebro, mas era tarde demais para
forçá-las a escolher outro bode expiatório. Pensei em ler alguns discursos de
outros oradores de Hogwarts para ver se me inspiraram e estava esperando madame
Edgecombe encontrar o livro com esses registros quando notei que não era a
única pessoa na biblioteca depois do fim das aulas. Rupert estava isolado em
uma mesa do fundo, encarando um rolo de pergaminho aberto.
-
As aulas já terminaram. O que está fazendo aqui? – ele disse quando me sentei à
mesa.
-
Discurso de formatura. Não tenho idéia do que fazer e vim atrás de uma cola. Qual
é a sua desculpa?
-
É silencioso aqui, bom para pensar... – ele olhou outra vez para o pergaminho e
bastou uma olhada rápida para reconhecer a letra de Gabriel.
-
O que houve? Más notícias?
-
Não, notícias ótimas, na verdade – ele empurrou o pergaminho para mim – Gabriel
diz que a editora quer que eu assine um contrato para escrever mais seis
livros, quer que eu complete a história.
-
Então por que você está com essa cara desanimada?
-
Não estou desanimado, estou pensativo – ele se defendeu – Isso é novo, não era
o que tinha planejado. Meu sonho sempre foi ser Curandeiro, não escritor.
-
Quando teve a idéia de escrever o livro não imaginou que fosse dar certo, não
é?
-
Honestamente, não pensei mesmo. Estou feliz que tenha feito sucesso e que
queiram que eu continue, mas isso significaria que não vou poder ser um
Curandeiro, não é mesmo?
-
É, você não pode ter as duas coisas. O tempo que vai precisar dedicar aos
estudos no St. Mungus não vai permitir que se dedique aos livros. Escritor ou
Curandeiro, não os dois.
-
Não estou acostumado a isso, sabe? Improviso, planos inesperados. Sempre tive
minha vida toda planejada. Nem quando mamãe morreu fiquei sem saber o que
fazer. Desde que me entendo por gente digo que quero seguir os passos da
madrinha e agora minha vida pode tomar um rumo completamente diferente.
-
Não gosto de mudanças também. Acho que é a primeira vez que digo isso em voz
alta, mas a ideia de me tornar adulta me apavora. Lutei com vampiros, mas me
assusta mais não saber como vai ser de agora em diante.
-
Você devia falar sobre isso – ele riu quando fiz uma cara confusa – No discurso
de oradora. Devia falar sobre seguirmos em frente sem saber o que vamos
encontrar.
-
Srta. Lupin, encontrei seu livro – a bibliotecária me chamou do balcão.
-
Não preciso mais, obrigada! – e saltei para fora do banco.
Ela
resmungou algo que não compreendi e dei um beijo na bochecha de Rupert,
correndo de volta ao salão comunal. Sabia exatamente o que fazer.
ºººººººººº
Os
jardins do castelo estavam decorados com as cores de Hogwarts, Beauxbatons e
Durmstrang. Inúmeras fileiras de cadeiras haviam sido montadas para que os
formandos e seus pais se acomodassem e as fileiras da frente eram um mar preto,
azul e vermelho, conforme as becas dos alunos das três escolas se misturavam.
Nunca me senti tão nervosa como estava me sentindo naquele momento, em pé no
palco diante daquele monte de gente. Localizei meus pais e meu irmão no meio da
multidão, com meus sobrinhos de pé no banco para enxergarem melhor.
Devon
estava fazendo seu discurso e pelas risadas que ouvia devia estar bem engraçado,
mas não conseguia prestar atenção. Estava concentrada no papel em minha mão,
onde meu próprio discurso estava escrito, tentando me lembrar de todas as
palavras para que não fosse preciso recorrer a ele. Quando as risadas pararam e
ele me passou o microfone, achei que fosse vomitar. Ao invés disso, respirei
fundo e ocupei o lugar onde ele estava.
“Há uma verdade
universal que todos precisam aceitar, quer queiram ou não. Nada dura para
sempre.
Aqui, há sete anos,
conhecemos pessoas que se tornaram parte de nós. Que se tornaram parte de uma
família. E famílias brigam, mas sempre se entendem no final. E como houve
brigas e desentendimentos pelo caminho... – olhei para James, sentado atrás de
Kaley, e ele sorriu – Como uma família, também apoiamos uns aos outros e defendemos
causas que nem sempre nos diziam respeito, mas sabíamos que era nosso dever lutar
por elas – Arte tinha uma expressão agradecida no rosto quando muitos olharam
para ela – Porque isso é o que uma família faz. Brigamos, gritamos, fazemos as
pazes, choramos, rimos, nos consolamos, nos protegemos... Nos apoiamos.
Hoje, deixamos
parte dessa família para trás. Alguns caminhos continuarão sendo traçados juntos,
mas muitos não se cruzarão novamente.
Mesmo tendo esperado
muito por este dia, nunca gostei de finais. O último dia do verão. O último
capítulo de um bom livro. Despedir-se de um amigo próximo. Mas finais são
inevitáveis. As folhas caem. Você fecha o livro. Diz adeus. – não pude deixar
de olhar para onde a turma da Grifinória estava sentada e vi Ashley, que sempre
fora a melhor amiga de Brittany, apertar a mão de Graham com lágrimas nos olhos
– Hoje é um desses dias para nós. Hoje dizemos adeus a tudo que era familiar, a
tudo que era confortável. Estamos seguindo em frente.
Mas mesmo ao
estarmos partindo, e isso dói, há pessoas que fazem tanta parte de nós, que
estarão conosco haja o que houver. – vi todos os meus amigos trocarem olhares
nesse momento. Julian e Lena, Justin e Haley, Rupert e Amber, Keiko e JJ, Arte
e Tuor, Jamal e Penny, embora ainda não assumissem nada, e Gabriela e MJ sorrindo para Devon e Lenneth... E quando meus olhos encontraram os de Hiro,
ele sorriu orgulhoso – Elas são nosso chão, nossa Estrela Polar e as vozes em
nossos corações que estarão conosco... Sempre.”
Todos
ficaram de pé e começaram a aplaudir empolgados. Senti que meu rosto queria
começar a corar, então devolvi o microfone a McGonagall depressa e desci do
palco com Lenneth e Devon. Ocupamos nossos lugares ao lado de nossos amigos
novamente e sentei entre Hiro e Jamal para a entrega dos diplomas. Primeiro os
alunos de Durmstrang, que receberam seus diplomas das mãos de um entusiasmado
Ivanovich, depois Beauxbatons com uma madame Maxime bastante emocionada e por
último Hogwarts, onde uma McGonagall orgulhosa recebia seus alunos um por um e
apertava suas mãos com um sorriso de satisfação estampado em seu rosto sempre
tão rigoroso.
-
Senhoras e senhoras, a classe de 2017 – McGonagall anunciou mal contendo o
orgulho quando o último aluno desceu do palco.
Uma
chuva de chapéus de feiticeiro preto, azul e vermelho tomou conta do céu quando
os arrancamos de nossas cabeças e atiramos para o alto. Enfim, formados.
N.A.: Discurso de
Alexis Castle com alguns acréscimos. Texto original no início da postagem, em inglês.
Sunday, June 24, 2012 Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir
-
Atenção todas as Campeãs! Dentro de instantes daremos início à Terceira Tarefa
do Torneio Tribruxo. – Ouvimos a voz magicamente ampliada de Minerva das
arquibancadas. As torcidas começaram a gritar os nomes de suas Campeãs e eu
gritava o nome de Artemis junto com meus amigos. Nós todos tínhamos dado boa
sorte para ela, Gabriela e Lenneth juntos antes de irmos para as arquibancadas.
Ainda
não sabíamos como seria a prova, mas os professores mandaram todos os alunos
para as arquibancadas umas duas horas antes do início da prova e nos proibiram
de sair. Eles nos avisaram que a tarefa estava sendo preparada e que a
arquibancada inteira seria encantada para que nossas vozes não chegassem às
Campeãs quando a tarefa começasse. Porém, enquanto Minerva não anunciasse o
início da prova, toda a nossa algazarra seria ouvida por elas.
As
arquibancadas formavam uma semicircunferência em torno do palanque onde estavam
os juízes do Torneio e três bancadas onde Arte, Lenneth e Gabriela estavam de
pé. Cada uma delas tinha trazido os amuletos pegos na Segunda Tarefa e os
amuletos estavam em cima da bancada.
-
A Terceira Tarefa terá como localização toda a extensão dos terrenos da Escola.
– Minerva começou a falar e as torcidas gritaram enlouquecidas. Ela então
pigarreou e todos começaram a ficar calados, rindo ao ver o olhar assassino
dela. – Vocês terão o tempo que precisarem para localizar 5 baús espalhados
pelo terreno. Dentro de cada baú estarão escondidas 5 peças de um
quebra-cabeça. Ao recolherem as 25 peças, voltem para esse palanque e o montem.
Mas apenas nesse palanque! Caso alguma de vocês tente montar o quebra-cabeça
fora daqui, serão penalizadas.
As
Campeãs assentiram, olhando sérias para Minerva. Dava para ver o misto de
excitação e nervosismo no rosto das três, mas também havia confiança naqueles
olhares. O Cálice havia escolhido muito bem suas três Campeãs.
-
Haverão sempre 3 baús e vocês devem identificar o de vocês através dos brasões
de cada escola. Guardem as peças recolhidas dentro dessas bolsas. – Minerva
continuou e funcionários das escolas entregaram bolsas pequenas para cada uma
das Campeãs. Arte prendeu a dela em sua cintura, já deixando-a um pouco aberta.
Gabriela pendurou a sua no pescoço e Lenneth colocou a dela em um bolso de sua
capa. – Agora para a localização de cada baú, toquem um dos amuletos da Segunda
Tarefa e digam seus nomes e escolas. – As Campeãs fizeram como pedido e os
amuletos brilharam em diversas cores.
-
Muito bem. Em uma das faces dos amuletos está uma imagem que dá uma dica de
onde poderá estar o baú, enquanto na outra face, em alguns casos, existem
alguma dica ou mapa que dá a localização exata do baú. Vocês estão livres para
coletar as peças em qualquer ordem, mas devem buscar todas antes de voltarem
para esse palanque. Estão liberadas para usar qualquer meio para obter os baús.
Ao pegarem todas as peças, voltem para esse ponto de partida. Aqui devem montar
o quebra-cabeça e descobrir a localização exata do Cálice. A primeira a tocar o
cálice será considerada a Campeã do Torneio Tribruxo! – As torcidas começaram a
gritar e Minerva esperou que nos acalmássemos antes de voltar a falar. – Mas
vocês só podem ir atrás do Cálice quando terminarem o quebra-cabeça. Quando
fizeram isso, uma luz branca surgira acima do quebra-cabeça montado. – Ela
falou e uma luz branca surgiu na bancada de cada uma delas. – O segundo e o
terceiro lugar serão definidos pelo tempo que cada uma levar para montar o
quebra-cabeça, caso o primeiro lugar já tenha sido escolhido. – Minerva
explicou e as Campeãs assentiram. – Como a senhorita Aesir tem uma pontuação
maior, poderá sair antes das demais. Após o início da prova, as senhoritas
Chronos e Lafayette devem esperar 2 minutos antes de saírem. – Ela falou e as
garotas assentiram, prontas para o começa da prova. – Boa sorte a todas. Preparem-se,
pois dentro de dez minutos, declararei a tarefa iniciada. Usem esse tempo para
estudar as informações dos amuletos.
As Campeãs assentiram e olharam seus amuletos
com atenção. Arte espalhou todos diante de si e começou a analisá-los. Vimos
quando ela sorriu e começou a mudar a ordem dos amuletos e imaginei que os
estava organizando na ordem que pretendia buscá-los. Então ela levantou a mão e
Minerva olhou para ela.
-
Somos obrigadas a levar os amuletos conosco ou podemos deixá-los aqui?
-
Façam como desejar.
Arte
agradeceu e pegou três dos amuletos, prendendo-os em sua cintura também. Para
nossa surpresa, ela tirou a própria capa e a deixou no chão, ficando apenas com
a blusa e a calça do uniforme.
-
A prova será iniciada dentro de um minuto. – Minerva anunciou e as Campeãs
assentiram, já prontas. Gabriela tinha prendido dois amuletos em cada pulso e
segurava um deles na mão. Lenneth tinha deixado os cinco em cima da bancada e
observava Minerva ansiosa.
Minerva
esticou a varinha para o alto e faíscas douradas explodiram para o céu e
Lenneth poderia começar a prova. Ela rapidamente se abaixou, desenhando um
círculo de transmutação no chão e usou seus 2 minutos de vantagem para
transmutar terra em uma tábua pequena e copiou as informações dos amuletos,
correndo em seguida para a floresta. Quando os 2 minutos terminaram, Lenneth já
estava saindo da área de partida e Gabi e Arte começaram a correr. Gabriela
saiu correndo na direção das estufas, enquanto Arte corria na direção do
Castelo.
Então
todos da torcida ficaram surpresos quando quatro imagens surgiram no ar.
Pareciam telas de TVs trouxas e cada uma mostrava uma imagem diferente. A
maior, que estava acima das demais, mostrava um mapa esquemático dos terrenos
da escola, indicando a localização de cada Campeã por cores diferentes. Preto
representava Arte, Vermelho a Lenneth e Azul a Gabriela. A primeira das telas
menores mostrava Lenneth enquanto corria na direção da floresta e as outras
duas mostravam Arte e Gabriela.
-
Atenção todos! – Minerva falou, dirigindo-se às torcidas. – Vocês não devem
sair das arquibancadas, pois podem influenciar na tarefa. Aqueles que tentarem
serão alertados e se saírem, serão devidamente punidos. – Ninguém duvidou disso
e ela continuou, olhando-nos séria. – A partir de agora nenhum dos sons das
arquibancadas chegarão às Campeãs, mas quando elas tocarem os baús corretos,
poderão ouvir vocês. Então usem esse momento para dar a elas o apoio de vocês!
Todos
assentiram e começamos a acompanhar a movimentação das Campeãs.
Eu
acompanhava atentamente Arte, mas olhava de vez em quando para as demais
Campeãs. Vi quando Gabriela chegou nas estufas e olhava atentamente para o seu
amuleto, enquanto olhava para os números das estufas, como se procurasse algo.
Lenneth estava usando o mesmo feitiço que usara na Segunda Tarefa e corria
floresta adentro, seguindo um filete de luz branca.
Arte
tinha acabado de chegar ao Castelo e abriu as portas com cuidado.
Vimos
então que o castelo estava com todo um clima sombrio, com suas tochas apagas e
tudo muito escuro. Mas havia algo se movendo nos corredores e eram as
armaduras. Todas as armaduras do castelo, fossem as de metal ou as estátuas de
pedra, pareciam enfeitiçadas e caminhavam em guarda pelo castelo. Arte andou
lentamente até um local escuro e observou o salão de entrada. As armaduras
vigiavam as escadas também e ao que parecia ela queria usá-las. Ela começou a
se mover furtivamente, escondendo-se nas sombras e esperando as armaduras
passarem. Uma hora ela jogou uma pedrinha longe e as armaduras foram
imediatamente até lá, dando a chance dela subir as escadas, mas o segundo andar
também estava cheio de armaduras sentinelas. Ela foi subindo os andares em um
ritmo lento, escapando das armaduras e pelo rumo que ela tomava, achei que ela
estava indo para a torre da Grifinória, mas então me lembrei que a de
Astronomia ficava na mesma direção. Olhei rapidamente para as outras campeãs e
vi quando Lenneth desenterrou o primeiro baú, após espantar alguns animais
estranhos. Gabriela também corria na direção dos baús, lançando feitiços de
fogo contra visgos que tentavam agarrá-la. Arte estava muito atrás...
Arte
então ficou parada um tempo pensando, mas seria difícil passar despercebida por
tantas armaduras. Ouvimos então ela sussurrando, após pegar a varinha e apontar
para uma armadura próximo a ela: “Piortotum Dominato”. A armadura ficou parada
imediatamente e Arte repetiu o feitiço em mais 9 estátuas, 5 de cada tipo de
armadura. Então para nossa surpresa vimos que ela havia tomado o controle delas
e elas começavam a obedecê-la. Arte apontou a varinha e fez com que 6 das
armaduras começassem a atacar as demais. Ela pretendia usar essa distração para
seguir em frente. Mas a ideia saiu um pouco do controle dela.
Todas
as armaduras começaram a lutar entre si, as de pedra contra as de metal, e o
corredor virou um campo de batalha. Vi que Arte ficou surpresa, mas ela não
perdeu tempo e saiu correndo no meio do corredor do quarto andar, com 4 de suas
armaduras junto a ela, enquanto o caos se espalhava pelas outras armaduras.
Com
as armaduras lutando entre si, ela conseguiu chegar rapidamente no topo da
torre de Astronomia e ficou parada olhando para os baús. Eles estavam no chão,
aos pés de uma armadura de pedra com placas em metal. A armadura era enorme,
com quase o dobro da altura das demais, segurando um martelo de pedra, e eu
tenho certeza que nunca a vi. Arte hesitou, pois parecia fácil demais, mas
começou a andar lentamente na direção dos baús. Ela estava atenta e olhava tudo
ao redor, cercada pelas suas 4 armaduras.
Ela
estava bem próxima dos baús quando saltou de lado, bem a tempo, pois o martelo
da estátua gigante atingiu o local onde ela estava com um forte barulho. No
local onde segundos antes Arte estivera havia um buraco e o piso do chão havia
quebrado em vários pedaços de pedra. Então vimos que a estátua
inteira ganhava vida e começou a atacar Artemis, que pulava de lado
tentando escapar. Quando ela se afastou um pouco da estátua, ela ficou
parada novamente e Arte ficou observando-a, respirando rapidamente. Arte
então levitou um pedaço do chão e jogou contra os baús. A estátua
respondeu imediatamente e destruiu o pedaço de pedra. Arte começou a
lançar várias pedras contra a estátua e ela os esmagava com facilidade e
não se importava de ser atingida por uma ou outra pedra. Em pouco tempo
havia uma nuvem de pó ao redor deles e dificultava a visão.
Então de repente, todas as 4 armaduras que Artemis controlava avançaram juntas e não
víamos sinal de Arte. A estátua gigante começou a golpeá-las, enquanto as
armaduras revezavam-se para abrir uma brecha. A estátua gigante esmagou uma
armadura de metal com seu martelo e uma das outras armaduras de metal pulou por
cima dela, usando o martelo como apoio. Só então percebi que a tal armadura era
Arte!
Ela havia usado a fumaça dos escombros e vestira uma das armaduras de metal,
misturando-se as demais quando todas atacaram juntas.
Ela saltou por cima da estátua gigante e atacou com uma espada. O golpe foi
poderoso o suficiente para desequilibrar a estátua e Arte correu para o baú com
o símbolo de Hogwarts.
Assim que ela tocou no baú, a estátua gigante ficou parada e explodimos em
comemoração.
Arte se assustou com o barulho repentino, mas sorriu e pegou as peças dentro do baú,
guardando na bolsa em sua cintura. Ela se afastou então, já indo na direção das
escadas, quando foi obrigado a se proteger com um feitiço escudo, pois a
estátua gigante voltara a atacar. A torcida de Hogwarts gritou assustada e eu
me obriguei a me segurar no lugar, enquanto via Arte ser jogada longe, mas
ficou de pé rapidamente e se afastou da estátua, de modo que ela voltou a ficar
parada. Ela estava surpresa e ouvi quando ela praguejou. Sangue escorria de seu
ombro e de sua testa, atingidos, mesmo que levemente, pelo golpe da
estátua. Artemis tocou as feridas com a varinha, fechando-as. Então apontou a
varinha para os baús e sua águia prateada pousou no baú de Hogwarts.
Ela então virou as costas para os baús e correu na direção do parapeito da torre,
enquanto as peças da armadura de metal desgrudavam de seu corpo. Todos
na arquibancada gritaram quando ela pulou por cima dele, se jogando da
mais alta torre de Hogwarts! Até mesmo os professores ficaram alarmados e
vimos a movimentação de todos para tentar salvá-la. Mas ouvimos Artemis
gritando “Aresto Momentum” e sua queda reduziu de velocidade, fazendo-a
descer lentamente. Ela inclinou o corpo na direção do lago e enquanto caia
apontou a varinha para a bolsa com as peças e conjurou um feitiço impermeável
nelas, para logo em seguida cair diretamente na água. Eu sorri, pois a
nossa antiga Artemis estava de volta, só mesmo aquela louca para fazer uma
coisa dessas.
Sua
manobra arriscada lhe dera uma excelente vantagem e ela mergulhou bem próximo
de uma marcação no meio do lago. Ela nadou até a marcação e apontou a varinha
para a própria cabeça, fazendo uma bolha de ar surgir ao seu redor, e mergulhou
em seguida.
Arte
nadava rapidamente, sem muito esforço, e notei como seu machucado sarou rapidamente,
afinal ela estava em seu elemento. Ela nadou até o fundo do lago, e vimos a
vila dos sereianos e seus habitantes estavam parados nas casas observando-a.
Ela nadou até uma espécie de praça no centro da vila e vi que os baús estavam
guardados em cima de um pedestal. Ela nadou até o baú de Hogwarts e lançou um
feitiço de bolha ao redor, para só depois abri-lo e pegar as peças. Antes de
guardá-las, ela lançou um feitiço impermeável nelas também e as guardou na
bolsa, voltando a nadar na direção da superfície rapidamente, acenando para os
sereianos.
Quando
saiu da água do lago, ela rapidamente secou os próprios sapatos e tirou o
feitiço bolha e o feitiço impermeabilizante e correu na direção do campo de
Quadribol.
Enquanto
ela corria, olhei para as demais campeãs e vi que Lenneth entrava nas estufas,
enquanto Gabriela corria para a floresta. Gabi tinha dois baús já, e o da
floresta seria o terceiro. Lenneth pegara o seu segundo nas estufas rapidamente
e já corria para o lago.
No
campo de Quadribol vimos que haviam oito balaços que voavam livremente pelo ar.
Eles colidiam entre si loucamente e o barulho das batidas chegava até nós
através das imagens de Artemis. Os baús voavam pelo campo, os três
separadamente, e haviam vassouras na entrada do campo. Logo Arte já estava
montada em uma delas e disparava para cima, sendo perseguida por dois balaços.
Ela voou com graciosidade e habilidade desviando sempre que um balaço ameaçava
atingi-la. Ela chegou a um dos baús, mas não o abriu e vimos que era o baú de Durmstrang.
Ela então disparou para o baú mais próximo e dessa vez era o de Hogwarts.
Gritamos incentivos para ela enquanto ela abria o baú, o que era uma tarefa
difícil, pois o baú continuava a voar e os balaços continuavam a tentar
atingi-la. Uma das peças escorregou de sua mão e Artemis mergulhou atrás dela,
desviando dos balaços que chicoteavam ao seu redor, pegando-a próxima ao chão,
em um movimento digno de um apanhador.
Faltavam
apenas as estufas e a floresta para ela agora e percebi que ela deixaria a floresta
por último, por ser bem próxima do ponto de partida.
Arte
saltou da vassoura ainda em movimento e correu para as estufas, enquanto jogava
fora um dos amuletos. Percebi então que Gabriela estava fazendo o mesmo e
sempre que ela pegava um baú, ela jogava fora o amuleto correspondente. Era uma
boa tática das duas, pois reduziam as coisas que precisavam carregar e não
dificultavam os seus movimentos.
Gabriela
já ia para seu terceiro baú no lago, enquanto Lenneth ia para o seu quarto, no
campo de Quadribol.
Arte
entrou na estufa de número 3 rapidamente, pois imagino que já devia ter lido a
dica do amuleto. Lá dentro havia visgo do diabo para todos os lados e vi que
haviam mandrágoras ao fundo. A primeira coisa que ela fez foi pegar um protetor
de ouvidos, pendurados próximos da porta. Depois ela correu por entre o visgo,
desviando com habilidade, ou lançando pequenas chamas sempre que o visgo se
aproximava demais.
Arte
chegou ao baú com facilidade e nos ouviu gritar seu nome novamente, enquanto
abria o baú e guardava as cinco peças. Ela virou-se rápido demais e derrubou
uma das mandrágoras e logo elas todas começaram a gritar. Arte ficou um pouco
tonta, pois mesmo com os protetores o grito de uma mandrágora é perigoso. Ela
se apoiou em uma pilastra para recuperar o equilíbrio e perdeu minutos
preciosos ali.
Quando
ela finalmente correu para a Floresta Proibida, Lenneth e Gabriela entravam
juntas no castelo, para irem atrás do último baú. As três estavam bem empatadas
e as etapas finais seriam cruciais.
A
equipe de organização do Torneio havia retirado todos os indícios que Gabriela
e Lenneth poderiam ter deixado quando entraram na floresta, de modo que Artemis
não tinha nada para guiá-la. Ela consultou o amuleto mais uma vez antes de
mergulhar entre os arbustos e árvores, correndo rapidamente. Ela tinha certa
vantagem naquela floresta, pois a conhecia bem. Mas era óbvio que os
organizadores não facilitariam.
Haviam
teias de aranha por todos os lados e Arte era obrigada a parar para cortar uma
ou outra e ficou presa em uma por algum tempo. Finalmente, ela conseguiu se
soltar e chegou no meio de um clareira. Ela olhou o amuleto mais uma vez e
olhou para o chão, procurando alguma indicação. Ela correu então para perto de
um salgueiro antigo e começou a cavar com uma pequena pá que ela conjurou. Logo
ela bateu no baú e o abriu, pegando as últimas cinco peças do quebra-cabeça e
saindo correndo na direção do ponto de partida.
Enquanto
Arte ficava na floresta, Gabriela e Lenneth tinham subido os andares do castelo
juntas, uma ajudando a outra. Lenneth usava alquimia para derreter as armaduras
de metal, enquanto Gabriela lançava poderosos feitiços contra as de pedra. As
duas enfrentaram a estátua gigante juntas e a águia prateada de Artemis as
avisou que ela continuaria atacar mesmo se tivessem pego os baús. Isso as
impediu de serem pegas desprevenidas, mas as duas saíram com muitos roxos e
arranhões do encontro com a estátua gigante.
Elas
saíram correndo juntas do castelo, mas um machucado na perna de Gabriela estava
dificultando sua movimentação e pelo seu semblante, era doloroso. Assim Lenneth
conseguiu abrir uma vantagem pequena em relação à ela e chegou primeiro em sua
bancada. Artemis chegou logo em seguida e Gabriela foi a última.
A
tensão nas arquibancadas era tamanha que estávamos calados, enquanto as três
espalhavam as peças na bancada e começavam a mexê-las. No início pareciam
completamente perdidas, sem saber o que montar. Aos poucos elas começaram a
juntar algumas peças e vimos que havia palavras escritas. Eu li “home” nas peças de Arte, vi “sweet” nas peças de Lenneth e Gabi e vi
que Gabi tinha uma palavra a mais montada, “taste”.
Quando essas palavras começaram a surgir, vi que as três continuavam confusas.
Arte
então fechou os olhos e respirou fundo e eu sabia que ela estava tentando se
acalmar e isso deu resultado. Quando abriu os olhos ela começou a mexer nas
peças ferozmente, olhando-as com atenção e novas palavras começaram a surgir: deep, hearts, warm of ages.
Ao
ler as últimas palavras deu para ver pelo semblante de Arte que ela tivera uma
ideia e começou a organizar as palavras. Ela mal terminou de formar a frase “The
sweet taste of victory lies deep in our hearts, where the warm of ages makes us
feel home" a luz branca surgiu acima da frase e ela saiu correndo.
A
torcida de Hogwarts começou a gritar muito. Eu não fazia ideia do que a frase
significava, mas vi Hiro e Julian se abraçando, e gritaram o significado para
todos nós.
E
pelo visto Arte também sabia o significado daquela frase.
Ela
correu diretamente para o castelo, sem hesitar.
No
exato momento em que abria as portas do Salão de Entrada, Gabi completava o
quebra-cabeça e menos de 2 segundos depois, Lenneth completava o dela. Elas
suspiraram, mais não havia mais nada a fazer.
Arte
abriu as portas do Grande Salão e todas as mesas das casas haviam sido
retiradas, deixando um espaço completamente aberto até a mesa dos professores,
onde o Cálice repousava. O Grande Salão brilhava em luz e o fogo de sua lareira
era intenso, enchendo todo o ar com calor, enquanto o telhado encantado
mostrava milhares de estrelas.
Arte
correu até o Cálice e o ergueu com as duas mãos, e luzes explodiram com as
cores de Hogwarts acima dela como se fossem fogos de artifício, fazendo toda
Hogwarts gritar de orgulho e vitória!
Vi
quando Minerva abraçou o professor O’Shea com alegria e a comemoração
espalhava-se pelos professores e alunos, todos se abraçando e comemorando. Vi
muitos de nossos amigos chorando e gritando, mesmo estando roucos e notei que
eu também chorava de alegria. Os pais de Arte estavam na arquibancada também e
gritavam tanto quanto os alunos.
Os
professores não puderam segurar todos e nos deixaram sair correndo até o
castelo. Eu era o primeiro deles. Quando chegamos ao Castelo, Arte estava
saindo do Grande Salão com o Cálice nas mãos e abriu um enorme sorriso para
todos nós.
Eu
corri até ela e a beijei rapidamente, pois logo depois fomos esmagados por
centenas de abraços e gritos de vitória.
Justin,
Jamal, Julian e eu levantamos Artemis e todos os alunos começaram a levá-la de
volta para o ponto de partida, gritando “Hogwarts!
Hogwarts! Hogwarts!”
Wednesday, June 20, 2012
Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir
A batalha tinha acabado, mas era difícil engolir o
sentimento estranho que todos sentiam.
Por mais que eu nunca tivesse sido amigo da Brittany e do
Timothy, era triste pensar que eles tinham morrido, de uma forma que ninguém
ainda sabia o porquê. Eu sentia um aperto no coração sempre que pensava que
poderia ter sido um dos meus amigos, ainda mais com a Clara tão mal no
hospital. Rupert se culpava pela morte dos dois e tentávamos apoiá-lo, mas acho
que ele precisava de tempo.
Outra que precisava de tempo era a Arte.
Ela não dizia e eu sabia que ela não falaria nada por um bom
tempo, mas ela se sentia tão culpada ou mais que o Rupert. Fora ideia dela essa
emboscada e ela deu tudo de si.
Depois do ataque, Arte passou os três dias seguintes
inteiros sem dormir. Havia tanto para ser feito ainda e tudo exigia a atenção
dela.
Assim que terminou a batalha, ela correu para a enfermaria e
ajudou a tratar de Clara. Fizeram transfusões de sangue às pressas para ela,
usando sangue de dragão e sangue de Artemis. O próprio Fidelus oferecia esse
sangue, mas depois de um tempo Arte o proibiu, pois ele estava doando sangue
para diversos ferimentos. Quando Clara foi levado para Londres, Arte foi junto
e voltou no mesmo dia.
O clã organizou grupos de investigações nos esconderijos
restantes de Cadarn, procurando ver se ainda havia algum perigo a solta.
Siegfrid ficou responsável por julgar os vampiros ainda vivos. Eu o ouvi dizer
que tentaria ajudá-los, pois eles não tinham culpa de Cadarn tê-los
transformado em vampiros...
Arte também foi chamada à Londres diversas vezes para fazer
relatórios à Academia ou ao Ministério. Ela também foi chamada para algumas das
investigações aos esconderijos de Cadarn, com o objetivo de purificar os
locais. Ela me contou que haviam esconderijos que pareciam ter sido habitados
por demônios, tamanha a podridão do local.
Todos os membros da AD receberam prêmios de Minerva pelos
serviços prestados à Escola e tínhamos placas de bronze com nossos nomes na
sala de troféus. O próprio Ministro participou da cerimônia de entrega e deu
prêmios de serviços prestados à Comunidade Bruxa para nós. Foi engraçado ver o
rosto de todos meio sem jeitos, mas ainda assim orgulhosos.
Foi um trabalho difícil que se seguiu à batalha... Para
todos nós. Os aurores queriam que não nos envolvêssemos mais, mas muitos alunos
queriam ajudar a limpar os jardins, retirando os restos dos vampiros, ajudando
a lidar com o fogovivo, tratando dos feridos e contando os mortos.
Foram poucos, totalizando apenas 20 mortos. Era um número
pequeno se considerássemos o tamanho da batalha, mas ainda eram vidas
importantes... O pai do Justin também morreu na batalha e isso foi um golpe forte
para Arte. Fomos todos juntos no enterro dele e Arte ajudou o máximo que pode
Justin. Ele estava tentando ser forte e, suspeito eu, principalmente na frente
dela, mas eu sabia que quando a ficha caísse ele teria a Haley para apoiá-lo.
Assim como eu.
Tudo que aconteceu pesava nos ombros de Artemis,mas eu sabia
que ela tinha escolhido isso. Ela precisava do meu apoio e tentei acompanhá-la
o máximo possível. Diversas vezes ela me derrotou. Sem que eu percebesse eu
cochilava e quando acordava ela tinha ido embora. Eu podia imaginar o sorriso
travesso dela sempre que me via dormindo, quando saía sorrateira e me deixava
deitado no sofá da sala comunal. Na verdade, eu suspeito que várias vezes foi
ela que me enfeitiçou para dormir...
********************************************
Tínhamos acabado de voltar da visita à Clara no hospital e
todos foram fazer alguma coisa diferente. Aos poucos estávamos voltando a nossa
rotina, pois os N.I.E.M.s estavam às nossas portas e tínhamos muito que
estudar.
Eu, Lenneth, Lena e Arte fomos para a biblioteca, para
estudar algumas matérias e não ficarmos na atmosfera tensa do salão comunal.
Estava conversando com Lena quando reparamos que Arte tinha sumido.
- Onde é que ela foi? – Lenneth perguntou preocupada e eu
suspirei.
- Eu encontro vocês depois, vou procurá-la.
Eu me despedi e sai correndo. Haviam muitos lugares onde
Arte poderia estar e se ela havia se transportado para Avalon, seria difícil eu
conseguir segui-la, pois teria que procurar a Mirian ou a Gaia para isso...
Passava por uma das janelas quando vi Fidelus sobrevoando os
jardins e soube que ele estaria com Arte e fui logo correndo naquela direção.
O castelo estava um pouco vazio hoje. A maioria dos alunos
mais velhos estavam estudando para os N.I.E.M.s ou para os N.O.M.s e alguns
alunos mais novos tinham recebido autorização para visitar os pais.
Cheguei rapidamente aos jardins e agora já sabia onde ir.
Fidelus estava pousado no meio do círculo de pedras que Artemis usara para
destruir Cadarn. As pedras eram enormes e ainda não haviam sido retiradas. Nem
sabia se seriam... Vi que Fidelus estava deitado e Artemis estava sentada no
chão, apoiada em sua barriga, olhando para o céu. Pude ver que Chronos estava
ali e o ouvi falando quando cheguei.
- Você é como eu, pequena, busca a solidão quando está
triste. Mas a minha existência sempre foi solitária, a sua não. – Ele terminou
de falar e olhou para mim, sorrindo para desaparecer em seguida. Fidelus soltou
um rugido feliz para mim e quase pude entender que ele queria que eu a
ajudasse.
Artemis olhou para mim e sorriu. Seu sorriso sempre é lindo,
mas este era forçado e vi que havia tensão em seus olhos. Sentei do seu lado e
a abracei.
- Você é teimosa, hein... Porque foi embora?
- Queria ficar sozinha. – Ela falou aconchegando-se em meu
abraço.
- Você nunca está sozinha, estou sempre com você, esqueceu?
– Eu falei e ela começou a soluçar. A abracei mais forte e a deixei chorar, sem
falar nada. Ela precisava desabafar e a deixaria fazer isso.
- Desculpa. – Ela falou depois de um tempo. – Manchei toda
sua roupa.
- Não tem problema... Eu sou seu namorado e melhor amigo,
esqueceu? Você sabe que precisa falar sobre o que aconteceu.
- Eu sei... Não posso ficar fugindo... É que ver a Clara
acordada me deixou aliviada, mas também me deixou ainda mais culpada! Ela
poderia ter morrido, Tuor, por minha causa!
- Não seria por sua causa. Você fez tudo ao seu alcance para
ajudá-la, em todos os sentidos. A sua Dança deu certo.
- Não completamente... Vinte pessoas morreram, Tuor, como
quer que eu aceite que a Dança deu certo?
- Você mesma me disse que a Dança não era 100%. Ela ajudaria
todos a terem futuros melhores na batalha, mas se era a hora deles, não havia
nada que você pudesse fazer.
- E ele está certo, minha jovem Artemis. – Ouvimos uma voz
conhecida falando e cheguei a me assustar quando o pai de Justin surgiu diante
de nós. Ele estava agachado próximo de nós e sorria.
- Tio Blade? – Arte perguntou surpresa. – Mas Justin fez o
ritual da sua passagem.
- Sim, Arte, e eu fiz a passagem. Mas você precisa de mim
uma última vez. Não apenas de mim.
Fidelus estava calado, entendo o que isso tudo significava,
e quando Artemis começou a se levantar, ele a ajudou , empurrando-a levemente e
ficamos em pé lado a lado. Enquanto isso o pai do Justin ficou de pé sorrindo e
ao nosso redor começaram a surgir outros espíritos. Eram as 20 pessoas que
morreram no ataque, inclusive Brittany e Timothy, mas haviam outros espíritos
também.
- Você nos salvou, garota, e sou eternamente grato. – Um dos
espíritos falou, sorrindo para Artemis. – Graças a você, fomos liberados da
maldição que o vampiro nos prendeu. Teremos o descanso que merecemos, tudo
graças a você.
- E era chega a nossa hora também. – Blade continuou. – Você
tentou nos proteger e também somos gratos por isso, mas todos os homens morrem
um dia. Você fez tudo que pôde e não deve se sentir culpada. Se às vezes sentir
o peso de nossas em suas costas, lembre-se que você nos libertou e nos poupou
de um futuro pior que a morte. A morte é apenas uma passagem, pela qual todos
devem passar...
- Obrigada... – Arte falou, os olhos cheios de lágrimas e
Blade sorriu mais uma vez.
- Cuide deles todos. Não precisa se preocupar tanto com meu
filho, ele finalmente cresceu e aprendeu a confiar. Ele sabe que sempre terá
vocês ao lado deles. Assim como você sempre terá todos ao seu lado.
Blade então desapareceu e junto dele todos os espíritos
dissolveram-se no ar. Artemis ficou calada, contemplando o céu e eu segurava
sua mão com força. Então Chronos ressurgiu ao nosso lado.
- Você escolheu se tornar a Rainha, Artemis, e isso é um
peso enorme. Mas ninguém lhe falou que seria fácil. Pelo contrário, vai ser
muito difícil, mas eu confio em você e sei que está pronta para isso. – Ele
falou, passando a mão nos cabelos de Arte. – Por séculos que me senti culpado
pela morte de minha esposa e de meu povo, e depois passei décadas me culpando
pela morte de minha filha. Tinha medo dos fantasmas do passado e me isolei de
todos. Mas então eu percebi que não eram fantasmas, mas sim lembranças, boas
lembranças. Percebi que não deveria me culpar pelos meus erros, mas aprender
com eles e saber dar valor ao que ainda está por vir. É a chave para você
conseguir continuar com esse peso, essa responsabilidade. Você será a maior
Rainha, e estarei sempre ao seu lado.
- E tem sempre a mim ao seu lado. – Eu falei beijando sua
mão e ela sorriu entre lágrimas para nós dois. Fidelus rugiu alto e esfregou
sua cabeça em Artemis, quase derrubando-a. – E seus amigos. E agora uma
multidão de espíritos ao que parece.
- Obrigada. – Ela falou rindo e eu a beijei.
- Vamos voltar? Você ainda tem muito a que fazer! Temos
N.I.E.M.s para estudar e você ainda tem uma Tarefa do Torneio!
- Tinha que lembrar? – Ela falou rindo, dando um tapa no meu
ombro, mas me deu a mão e voltamos juntos para o castelo, acompanhados por
Fidelus.
Tuesday, June 19, 2012 Estava deitado no sofá improvisado na sala que servia de consultório para o Dr. Pace e toda minha atenção estava voltada para o cubo mágico em minha mão. Trabalhava nele há horas, mas finalmente estava quase completo. Faltava apenas organizar uma fileira de cor quando ele foi arrancado das minhas mãos.
- Ei! Estava quase terminando – reclamei quando Dr. Pace o colocou
no bolso.
- Chamei você cinco vezes, nada de cubo mágico nas sessões a
partir de agora.
- E o que devo fazer nelas então?
- Que tal conversar? Eu
pergunto as coisas e você não responde. A hora passaria mais rápido se cooperasse.
- Já contei o que aconteceu, o que mais quer que eu fale?
- Só estou tentando ajudar, Rupert. Se não quer minha ajuda, por
que continua vindo?
- Ninguém vem me procurar aqui – disse dando de ombros.
- Aqui não é um esconderijo. Se tiver a pretensão continuar vindo,
quero saber o que está pensando.
- Quer saber o que estou pensando? – fiz uma cara pensativa em
deboche – Vamos ver... Que tal “eu matei duas pessoas”?
- Você não os matou.
- Sim, eu matei. Eram
as minhas bombas. A idéia de minar os túneis foi minha, eu ajudei a criá-las! –
minha voz começou a elevar – Eu matei eles!
- Mas você não sabia que eles correriam na direção do túnel. Não podia prever isso.
- Acha que não sei disso? – dei uma risada nervosa – Eu sei disso
tudo, todos repetem isso pra mim o dia inteiro, mas não importa! Foi o meu dedo
que apertou o botão que detonou as bombas. Sempre vou me sentir culpado – houve
um momento de silêncio – Você conhece Scott Foutley, o chef que é casado com o
professor O’Shea?
- Pessoalmente não, mas sei quem é. Por quê?
- Ele tinha uma irmã gêmea, Megan, mas ela morreu na batalha de
Hogwarts contra Voldemort. Sabe como ela morreu?
- Não, como ela morreu?
- Ela morreu pra salvar a vida de Harry Potter. Um comensal da
morte, não sei qual, lançou um avada kedavra na direção dele. Megan se atirou
na frente e recebeu o impacto, morreu na hora. Ele não pretendia matá-la,
sequer viu quando ela surgiu em sua frente, nunca poderia ter imaginado que ela
se jogaria na frente de Harry e, no entanto, ela fez. Mesmo que essa não fosse
sua intenção, ele sempre vai ser o homem que matou Megan Foutley. É assim que
me sinto.
Dr. Pace me encarou sério por um tempo, e então assentiu. Ele
finalmente tinha entendido.
°°°°°°°°°°
Depois da última sessão com Martin, ele havia sugerido que eu
seguisse as regras de um programa de recuperação de viciados. Se eu não ia
conseguir esquecer, então teria que aprender a conviver com a culpa. E para
isso precisava dar um passo de cada vez. Meu primeiro passo de volta à rotina
era cumprir uma promessa que havia feito a Oliver, o dono do The Old Haunt.
Meu livro já havia sido publicado nas livrarias trouxas e pedi a
meu editor que mandasse duas cópias dele assim que ficasse pronto. Elas haviam
chegado na manhã seguinte ao ataque e o pacote ainda estava lacrado em cima da
cômoda. Abri a embalagem e contemplei a capa ilustrada por MJ, com o Expresso
de Hogwarts soltando fumaça a caminho da escola. Uma pertencia a Amber e a
outra a Oliver.
Peguei uma pena e meu tinteiro na gaveta e sentei na cama,
escrevendo as dedicatórias na parte de dentro. Guardei a de Amber na gaveta
quando terminei, lidaria com ela depois, e sai da torre da Corvinal com a cópia
de Oliver debaixo do braço. A maioria das passagens secretas havia sido
destruída, mas a do Salgueiro Lutador que levava direto à Casa dos Gritos ainda
estava intacta. Estava em Hogsmeade em menos de cinco minutos e caminhei pelas
ruas quase desertas até o pub. O cenário dentro dele não era dos melhores. O
rastro que os vampiros que invadiram aquele túnel deixaram ainda era visível,
embora a maior parte das coisas estivesse no lugar.
- Ei garoto! – Oliver me saudou quando me viu, deixando a cadeira
que limpava de lado – Faz tempo que não lhe vejo, está tudo bem?
- É, tudo indo… - olhei em volta do pub –
Eles deixaram uma bagunça e tanto.
- Sim, vampiros nojentos, destruíram quase tudo! – ele praguejou –
Mas pelo menos minhas molduras ficaram intactas.
- Precisa de ajuda com alguma coisa?
- Não, tudo bem, meus funcionários dão conta. Mas o que o trouxe
aqui? Estamos fechados, mas posso lhe servir
alguma coisa.
- Não quero nada, obrigado. Na verdade só vim aqui lhe trazer isso
– e estendi o livro a ele.
- Seu livro! Obrigada, Rupert – ele pegou o livro animado – Estava
querendo comprar minha cópia, mas ainda não chegou a Hogsmeade e não tive tempo
de ir até Londres.
- Disse que ia lhe dar uma cópia de presente, não ia faltar com a
palavra.
- Vou começar a ler hoje mesmo, ouvi dizer que as vendas estão
boas.
- É, meu editor disse que um critico importante leu e gostou. A
crítica que ele escreveu pro The Times atraiu as atenções pra ele.
- Vai ficar famoso, garoto. Quero minha foto com você na parede
antes que não se lembre mais dos velhos amigos, mas não hoje, você está muito
pálido.
- Prometo voltar menos abatido antes da formatura – disse rindo
pela primeira vez em dias – E sim, acho que vou ficar famoso. Ele disse que vai
ter uma festa de lançamento oficial do livro depois que eu me formar e vou ter
ficar lá dando autógrafos na capa dos livros. Isso é muito esquisito.
- Você se acostuma. Contanto que não deixe que isso o mude.
- Não vou mudar. Bom, só queria trazer o livro, preciso voltar para
o castelo.
- Passe aqui antes de ir embora de vez, ok? – ele apertou minha
mão e assenti – E obrigado outra vez.
- Sabe que não deveria estar aqui, não é? – ouvi a voz de Micah e
me assustei. Ele estava sentado em uma mesa no fundo do pub lotada de papel.
- Desculpa, só vim trazer uma coisa ao Oliver, já estou voltando.
Acha que pode esquecer de mencionar que me viu aqui a McGonagall ou ao meu pai?
- Sem problemas – ele riu – Sente aqui um instante, quero
conversar com você.
- Não me leve a mal, mas não queria conversar – continuei parado
no meio do pub, já sabendo o que ele ia dizer – Não quero falar disso.
- Não precisa falar nada, apenas escute – ele bateu na mesa e não
vi alternativa senão sentar – Martin conversou comigo sobre o que disse na
última conversa que teve com ele e acho que posso ajudar.
- Como? Desculpa, mas não acho que alguém possa ajudar a menos que
entenda o que estou sentindo.
- Eu entendo, Rupert. Eu também carrego o peso de ter
indiretamente causado a morte de um inocente.
- Do que está falando?
- Quando eu tinha a sua idade, uma brincadeira que deu errado
resultou na morte de um garoto chamado Ryan Merric. Estávamos em um barco,
Gabriel e Connor também estavam lá, houve uma discussão e Ryan e Josh começaram
a brigar. O barco balançava muito, todos estavam agitados e numa tentativa de
apartar os dois, empurrei Ryan pra trás. Ele tropeçou no banco do barco, perdeu
o equilíbrio e caiu na água.
- O que aconteceu com ele?
- A correnteza o levou embora e descobrimos que ele não sabia
nadar. Gabriel e eu pulamos imediatamente na água, mas com a correnteza
atrapalhando quando conseguimos alcança-lo já era tarde demais. Arrastamos seu
corpo para a beira do rio, fizemos de tudo que estava ao nosso alcance, mas ele
já estava morto.
- Gabriel nunca me contou isso.
- Fizemos um pacto de nunca contar o que aconteceu naquele dia pra
ninguém. Isso foi em julho de 1998. Desde então, não houve um único dia sequer
que não tenha pensado em Ryan.
- Você nunca superou.
- Não, eu aprendi a viver com a culpa. Se a correnteza não o deixa
cruzar o rio, construa uma ponte que o ajude a atravessá-lo.
- Como aprendeu a conviver com isso?
- Faço muitos trabalhos voluntários e sempre me mantenho ocupado –
e apontou para a pilha de fichas do curso de auror na mesa – E também conheci
uma garota que me fez ver que eu não podia deixar a culpa me consumir e jogar a
minha vida fora por causa disso. Ela sabia o que tinha acontecido, entendia
como eu me sentia e sempre esteve ao meu lado.
- E o que aconteceu com ela?
- Nos casamos – ele piscou e ri – Rupert, o que importa é você não
deixar de viver sua vida por causa disso. Restam apenas duas semanas antes da
formatura, não jogue fora o tempo que lhe resta com seus amigos aqui. Não deixe
que isso o abale. Construa sua ponte e siga em frente.
- Obrigado. Realmente ajudou.
- Sempre que precisar conversar sobre isso, não hesite em me
procurar. Agora volte logo para o castelo antes que me arrependa de fazer vista
grossa.
Assenti levantando da mesa e refiz o caminho para o castelo me
sentindo mais leve. Era a primeira vez que alguém não me dizia que eu não era
culpado e que devia esquecer isso, mas sim me encorajava a aceitar que a culpa
nunca desapareceria. Ainda me sentia péssimo, mas finalmente tinha a sensação de
que as coisas iam melhorar. Faltava cumprir a segunda promessa e precisava ir
até o dormitório pegar o outro livro, mas ainda estava no gramado em frente ao
Salgueiro Lutador quando Amber veio ao meu encontro.
- Por onde andou? Procurei você por toda parte.
- Fui até o pub levar uma cópia do livro ao Oliver. A sua está no
dormitório, estava indo agora mesmo buscar.
- Pediu uma cópia pra mim? – ela pareceu surpresa.
- Claro. Sem você o livro não teria saído, o mínimo que poderia
fazer era garantir que não precisasse pagar para ter uma cópia em mãos.
- Obrigada – ela abriu o sorriso mais lindo do mundo – Estava te
procurando porque queria dizer uma coisa.
- Vá em frente.
- Acho que não fui muito útil nos últimos dias, não o apoiei como
devia. Eu estava lá também, deveria ser mais solidária, mas você me afastou
porque não queria conversar e eu deixei. Não deveria ter feito isso. Gosto
muito de você e quero que saiba que pode sempre contar comigo. E não importa o
qual mal esteja, não vou mais permitir que-
Cortei o que ela dizia com um beijo. Sabia que com ela não funcionava
dessa forma e que tudo precisava ser feito com cautela, mas o que Micah havia
dito estava mais claro do que nunca na minha cabeça. Amber era quem eu queria
que estivesse sempre do meu lado me apoiando e eu sabia que ela era essa pessoa.
Ela podia brigar comigo por causa do beijo, e provavelmente o faria, mas eu não
ia desistir.
Ela interrompeu o beijo e me afastou com as mãos, me encarando parecendo
atordoada. Pensei que ela fosse me dar um soco, me azarar ou sair correndo,
qualquer coisa, menos o que realmente fez. Amber me fitou por alguns segundos
que pareceram uma eternidade e então agarrou meu pescoço, me puxando para outro
beijo.
- O que isso significa?
- Você sabe o que significa.
- É, eu sei. Só queria ter certeza que você sabia.
- Pode ter certeza que eu sei.
Ela deu um sorriso atrevido e me puxou para outro beijo, dessa vez
muito mais intenso. Micah tinha razão, eu não podia deixar que a culpa atrapalhasse
minha vida e não tinha uma modo melhor de aproveitá-la que daquela forma.
Feeling, hands
in the dark
You know I'm heeling, but it's only a start Because the wind will blow and topple me over And the undertow will wash me to nowhere
‘Cause when the day’s over
I've got your shoulder To help me carry the weight pulling under Didn't you wonder how everybody gets through the day
Lucy Schwartz – Those Days
Sunday, June 17, 2012 As aulas da quarta-feira ainda não haviam começado quando, através de uma chave de portal, cheguei à enfermaria de Hogwarts com minha mãe. Minha recuperação ainda não estava completa, mas já havia melhorado o suficiente voltar à rotina. E eu não podia passar mais nenhum segundo no hospital com os N.I.EM.s batendo à porta. Hiro estava esperando por mim quando aparecemos e corri para abraça-lo assim que o vi.
- Lembre-se que apenas concordei em deixa-la voltar se
seguisse minhas ordens – mamãe disse entregando uma lista para a enfermeira – Não
quero saber de você se transformando por pelo menos mais um mês!
- Eu sei, vou obedecer.
- Ótimo, então está entregue. Estou deixando ela em suas
mãos, Hiro. Cuide bem da minha filha.
- Não se preocupe, tia – e olhou pra mim sorrindo – Ela está
em boas mãos.
- Sei que está. Vou dar uma olhada no Rupert e já volto a
Londres. Qualquer coisa basta chamar.
Ela beijou minha testa e saiu da enfermaria apressada. Ainda
demoramos mais alguns minutos enquanto madame Bulstrode lia as instruções dela
e me dizia o que fazer e quando procura-la para tomar as poções e finalmente
estava liberada.
A primeira aula era Trato de Criaturas Mágicas e embora
fosse ótimo estar cercada dos meus amigos outra vez, e ainda em uma aula sempre
tão divertida quanto a do Hagrid, não pude deixar de notar que as coisas
estavam diferentes. A turma, sempre tão falante e animada, estava mais séria e
concentrada. Podia ser pela proximidade dos exames, mas algo no semblante deles
dizia que muitos ainda estavam se curando da batalha. A mudança mais visível era
na turma da Grifinória. Com exceção de Arte, Lena e Tuor, que nunca foram amigos
de verdade de Brittany e Timothy, todos os outros estavam extremamente abatidos.
De todos eles, James era o pior. Ele encostou o corpo em uma
árvore e anotava tudo que Hagrid dizia sem esboçar qualquer reação. Acho que
sequer notou que eu havia voltado, ele não parecia perceber nada que acontecia
ao seu redor. Quando a aula acabou, foi o primeiro a recolher o material e
subir de volta ao castelo. Foi a mesma coisa na aula seguinte, de DCAT. Tio George
deu uma aula inteiramente teórica com revisão para o exame e ele passou 45
minutos com os olhos fixados na frente da sala e duvidava que tivesse ouvindo
qualquer coisa. O próximo tempo era História da Magia e graças a Merlin eu não fazia
aquela matéria, mas Hiro sim. Estávamos nos despedindo quando vi James
debruçado na janela do corredor de cabeça baixa.
- Vá em frente, fale com ele – Hiro disse – Ele precisa do apoio
dos amigos.
- Vejo você no almoço – dei um beijo nele agradecida por não
termos problemas com isso e nos separamos.
James continuou imóvel quando parei atrás dele, sem notar
que não estava mais sozinho. Ele estava mesmo em outro mundo. Debrucei na
janela ao lado dele e só então ele notou minha presença. Abriu seu melhor
sorriso, que mesmo sem muita animação ainda era contagiante, e me abraçou.
- Não sabia que estava de volta. Estou muito feliz que
esteja bem, fiquei preocupado.
- Cheguei hoje. Como você está? Soube o que aconteceu.
- Não muito bem. Ainda não consigo aceitar que eles tenham
morrido.
- Brittany e eu nunca nos demos bem, mas eu realmente sinto
muito.
- Eu sei. É que eu não entendo como isso aconteceu. O que
eles estavam fazendo naquele túnel?
- Não sei, também não entendi isso. Nem sabia que eles
conheciam aquela passagem.
- Nem eu. Treinamos tantas vezes, eles deviam usar o túnel dos
professores para evacuar, não aquele!
- Rupert se sente culpado por isso.
- Kevin o culpa também, mas ninguém mais acha que foi culpa
dele. Não tinha como ele prever que eles apareceriam na hora da explosão.
- Lugar errado na hora errada.
- É... – ele abaixou a cabeça outra vez e apertei sua mão.
- Você vai ficar bem. Vai levar um tempo, mas vai ficar tudo
bem. O que precisa é ocupar a cabeça.
- Sugestões? Uma que Hiro não vá ficar brabo – ele acrescentou,
o sarcasmo de sempre voltando a aparecer.
- Rupert saiu da comissão de formatura e precisamos de alguém
pra ocupar seu lugar.
- Conte comigo – ele apertou minha mão mais animado e
descemos de volta ao primeiro andar juntos.
Perder alguém que você ame é sempre difícil e a dor nunca
passa, mas com o tempo você aprende a conviver com ela. E tempo era tudo que
James precisava.
°°°°°°°°°°
- Pessoal, por favor, um de cada vez!
Bati na mesa para tentar ser ouvida, mas foi em vão. Era a
primeira vez que a comissão de formatura, formada por Hiro, Keiko, JJ, Jamal, Haley,
Justin, Julian, Lena, MJ, Artemis, Tuor, Lenneth, Devon, eu e agora James, se
reunia desde que Arte recuperou suas memórias e começou com o treinamento
intenso da AD. Com a perspectiva da batalha e a ansiedade de lutar, esquecemos
por completo das nossas obrigações como responsáveis por fazer a formatura de três
escolas sair e agora estávamos atolados. E eu, na condição de presidente da comissão
(cargo do qual me arrependi de assumir depois da primeira reunião, ainda em
novembro), precisava colocar todos de volta aos eixos.
- CALEM A BOCA! – Hiro berrou e o bate papo morreu – De nada
– disse olhando pra mim.
- Obrigada. Galera, temos um milhão de coisas pra fazer e só
duas semanas de prazo. O que já temos confirmado?
- Falei com o Nick quando fomos visitar você em Londres e
ele confirmou que o show vai ficar por conta dos Orcs – Jamal me estendeu o
contrato assinado pelos meninos da banda.
- O que é ótimo, porque nada mais adequado para uma festa
que se chama “Era uma vez...” que uma banda chamada Orcs – Tuor comentou e
rimos – Sem querer acertamos em cheio.
- E sem querer também escolhemos o tema certo ainda em
novembro – Arte completou – Com tudo que aconteceu, é bom ter um tema que não permite
que nada relacionado a vampiro seja sequer mencionado.
- Como estamos com os convites? – perguntei para MJ
- Consegui adiantar um bocado deles essa semana, Lena está
me ajudando – e Lena assentiu do outro lado da mesa – Vamos enviar todos antes
da 3ª tarefa.
- A decoração do Salão Principal já está fechada – disse consultando
tudo que já tínhamos anotado – Alguém teve mais alguma ideia pra decoração do
jardim?
- Com a quantidade de pedras soltas depois da batalha, acham
que conseguimos construir um poço dos desejos no pátio? – Julian sugeriu e todo
mundo se animou.
- Excelente ideia, corvo! – Keiko deu um tapão na mesa
empolgada e JJ se assustou ao seu lado – Desculpa, é que esse tema é realmente
demais. E não é um conto de fadas sem um poço dos desejos.
- Podemos colocar um sapo em cima dele e outros espalhados
pelo jardim, todos com uma coroa de rei na cabeça. Sapo de plástico, é claro! –
ela acrescentou depressa quando Keiko fez uma careta de nojo.
- Ótimo, sapos espalhados pelo jardim – acrescentei na lista
de objetos para a decoração – Vão ter muita menina beijando eles.
- Madame Maxime concordou em emprestar dois dos nossos
cavalos alados para guardarem a entrada do hall – Devon falou – Ela disse que
temos que cuidar bem deles, mas que não tem problema em deixar alguém os montando
à noite inteira.
- Certo, então os guardas que vão receber os convidados estão
confirmados – risquei mais um item da lista de tarefas.
- E minha névoa para cobrir todo o jardim também está
confirmada, pode riscar ai – Lenneth acrescentou e risquei o pergaminho – Já estou
quase terminando, Sheldon tem sido de grande ajuda.
- A única coisa que tivemos que mudar foi a questão da porta
do Salão Principal – Haley falou e vi MJ concordar desanimado– McGonagall avisou
que não quer saber de ninguém pintando a porta dela, não importa o quão importante
seja para a ambientação.
- Pois é, então vou pintar um painel gigante de um a capa de
livro e penduramos na porta – MJ completou – Não vai ser a mesma coisa, mas
ainda vai passar a mesma ideia de que estão entrando na história quando
atravessarem a porta.
- Os memorandos sobre os trajes da festa já foram distribuídos
para todos os formandos ontem pela manhã – Hiro informou e risquei mais um item
– Agora só precisamos monitorar para não ter nenhuma fantasia que vá causar uma
taquicardia em McGonagall.
- Vou deixar isso por sua conta, ok? – e ele assentiu – E os
oradores, já foram escolhidos? Ia ter uma votação segunda, não era isso?
- Sim, a votação ocorreu – JJ começou a falar tentando não rir
– Devon e Lenneth foram os escolhidos para representar Beauxbatons e
Durmstrang.
- E Hogwarts? Quem ficou com o abacaxi?
- Você – ele agora não segurava mais a risada e todos
começaram a rir também.
- Ah não, qual é – resmunguei, mas até Hiro estava rindo –
Eu não estava nem concorrendo, como isso foi acontecer?
- Você quase morreu, estava internada se recuperando, acho
que os alunos se sensibilizaram – James deu de ombros, mas também tinha um
sorriso debochado no rosto – As pessoas gostam de você, Clara.
- Sim, você se dá bem com todo mundo – Hiro completou,
beijando meu rosto – Entenda isso como uma honra.
- É, vou tentar manter esse pensamento positivo, por que não
faço ideia de como escrever um discurso – e bati a cabeça na mesa querendo
chorar .
O assunto dos oradores se estendeu por mais tempo do que
devia com Lenneth e Devon dizendo que me ajudariam a escrever alguma coisa e Haley
informando que Zach havia ficado com o posto de juramentinsta de todas as
escolas, e então voltamos a falar da organização da festa. Já passava das 22h
quando saímos da sala de reunião e cada um voltou pro seu salão comunal. Ainda tínhamos
uma tonelada de coisas pra fazer e muito pouco tempo, sem contar que não poderíamos
contar muito com Arte que precisava se preparar para a 3ª tarefa, mas ia dar
tudo certo. No que dependesse da minha comissão, a formatura da turma de 2017
ia entrar para a história.
Saturday, June 16, 2012 "What are you really scared of? That he won't wait for you or that he will?"
Castle 4.05 - “Eye of the Beholder
Voltar à rotina depois de participar ativamente de uma
batalha como a que ocorreu nos terrenos de Hogwarts alguns dias atrás não era
uma tarefa fácil, mas precisava ser feita. Faltando apenas uma semana para os
N.I.E.M.s e duas para a nossa formatura, o castelo inteiro havia sido tomado
pelo pânico. E com tudo que estava acontecendo, eu, que nunca deixo uma tarefa
pela metade, descobri que ainda não havia deixado meu requerimento para a vaga
da Academia de Auror de Londres com o professor Wade.
- Droga! – atirei um fichário em cima da mesa da biblioteca
e Kaley se assustou – Acabei esquecendo de entregar o requerimento ao professor
Wade semana passada, será que ele vai aceitar ainda?
- Espero que sim... – ela respondeu sacudindo o formulário
preenchido pela metade.
- Se não tiver mais vagas pra academia de Londres não vou me
perdoar – sentei ao lado dela e molhei a pena no tinteiro, começando a preencher
o papel.
- Bom, me inscrevi para uma vaga em Boston mesmo, então acho
que não vou ter problema – ela deu de ombros, desanimada.
- BOSTON? – disse alto demais e madame Edgecombe pediu
silêncio – Você não vai ficar em Londres?
- Zach já se decidiu e não quer ficar na Inglaterra, até já
se inscreveu na academia de lá.
- Você não nasceu colada no Zach. Não tem que ir pra onde
ele for!
- Ele é meu irmão, somos gêmeos! Não tenho motivo pra ficar.
- Nada prende você aqui?
- Conversei com ele sobre isso e tudo que disse foi que eu
devia fazer o que quisesse. Eu quero as duas. Quero voltar para casa com ele e
quero ficar em Londres com você. Não consigo decidi, então se você quiser que
eu fique, tudo que tem que fazer é pedir.
Fiquei encarando Kaley em silêncio por alguns segundos.
Quando cheguei a Hogwarts e todos me achavam insuportável, ela foi a única que
se aproximou e tentou me conhecer de verdade, a única que quis ser minha amiga.
Desde o 1º ano, Kaley é a pessoa que sei que posso contar para qualquer coisa.
A primeira amiga de verdade que tive, depois de Kevin. E a ideia da pessoa em
quem eu mais confiava no mundo ir embora para outro continente era algo que eu
não conseguiria suportar.
- Fica. Por favor. Não quero perder minha melhor amiga.
- Você nunca vai me perder, sua boba – ela me abraçou
sorrindo – Mesmo que eu vá pro Alasca, você vai ser sempre a minha pessoa.
- Você também é a minha pessoa – respondi me soltando do
abraço e peguei o requerimento dela, marcando a opção Londres na lista de academias
– Mas vamos nos manter no mesmo continente, ok?
- E se não tiver mais vagas em Londres?
- Então nós vamos juntas para o Alasca.
Ela assentiu sorrindo e pegou o requerimento de volta para
terminar de preencher. Independente do que o futuro nos reservava, sabia que
estaríamos juntas.
°°°°°°°°°°
- Por que olha tanto para o relógio, Elena? – Dr. Pace
perguntou quando, pela 5ª vez, Lena consultou o relógio no pulso.
- Faltam apenas duas semanas pra formatura e ainda temos
muita coisa pra fazer, eu deveria estar ajudando MJ com os convites – ela
respondeu impaciente.
- Falando em formatura, já entregaram os requerimentos ao
Micah? – ele ignorou a impaciência dela, já bastante acostumado a minha.
- Entreguei ontem, espero que ainda tenha vaga em Londres.
- Escolheu Londres, então? – Lena me perguntou mudando de
assunto e assenti – Também optei por ficar aqui, mas coloquei Romênia como
segunda opção. Se não puder ficar aqui, pelo menos fico perto do meu pai.
- Eu optei por Los Angeles como segunda opção, por causa do
meu irmão.
- Por que demorou tanto a entregar a ele? Os requerimentos
foram distribuídos há três semanas.
- Com tudo que vinha acontecendo acabei esquecendo. Foi tudo
intenso demais.
- O que vocês todos fizeram foi muito corajoso. Foi uma experiência
com o que vocês podem encontrar numa vida como auror, então como se sentiram?
- Um pouco assustada, confesso – Lena admitiu e assenti –
Estava preparada para lutar, mas foi deu um pouco de medo estar lá no meio.
Feitiços pra todo lado, fogovivo, vampiros atacando.
- Isso é bom, sentir medo não é sinal de fraqueza, significa
que vocês são humanas. Sentir medo faz de vocês pessoas inteligentes, porque
estão cientes de que correm perigo e que precisam se defender. Qual foi o
momento que sentiram mais medo?
- Acho que quando Cadarn apareceu. Sabíamos que ele viria,
mas ele surgiu muito rápido e cercou Artemis. Por um instante achei que ela não
conseguiria e se isso acontecesse, nós iriamos perder nossas famílias recém-unidas.
Pensei muito na minha mãe Mary, ela acabou de descobrir que está grávida.
- É um bom motivo para ter medo. Você pensa primeiro em sua família.
- Depois que a última bomba explodiu e Rupert começou a
vomitar sangue e caiu desacordado. Pensei que ele havia morrido.
- Então o momento que mais a assustou foi quando achou que o
tinha perdido?
Alguém bateu na porta interrompendo o assunto. Dr. Pace
pediu que entrassem e quando a porta abriu o rosto de Rupert apareceu na
fresta. Estava mais abatido do que a última vez que conversamos e com olheiras
fundas. Quando me viu deu um sorriso desanimado, mas logo desviou o olhar. Queria
correr até ele e o abraçar, mas congelei no sofá assim que o pensamento me
ocorreu.
- Desculpa, não sabia que estava ocupado.
- Tudo bem, não tem problema. Já estamos quase terminando,
pode esperar cinco minutos? – ele assentiu e saiu outra vez.
- Sei que não pode discutir outros pacientes, mas o quão mal
ele está? – Lena perguntou.
- Com o tempo ele vai ficar bem – ele respondeu vago e me
encarou – Amber, está tudo bem?
- Não – admiti – Me mata vê-lo assim e não poder fazer nada.
Eu estava lá também, sei como foi, mas não sei o que fazer.
- Rupert precisa aprender a conviver com um sentimento de
culpa que não vai desaparecer de uma hora pra outra e tudo que vocês, seus
amigos, podem fazer é garantir que ele não esqueça o quanto é querido.
- Nós já estamos fazendo nossa parte, mas e quanto a você? –
Lena me encarou.
- Ele sabe que gosto dele.
- Sabe mesmo? – Dr. Pace me encarou sério – Você contou que
na viagem de formatura vocês saíram uma vez, mas que por opção sua não teve
continuidade.
-Sim, porque ele é meu melhor amigo e não quero estragar
isso! –me defendi – Estou sendo acusada de alguma coisa?
- Sim, de mentir! – Lena me atacou outra vez – Você gosta
dele! E não do jeito que diz, não faça essa cara!
- Não vou discutir isso, minha vida particular não diz
respeito a vocês.
- Ok, se acalme, só estamos conversando – ele olhou sério
para Lena – Por que é tão difícil pra você aceitar que pode ser feliz com
alguém?
- Não é difícil, é só que... – mas pela primeira vez eu não
sabia o que dizer.
- Quando eu brinquei em outra sessão dizendo que ele estava
sumido porque devia ter arrumado uma namorada você ficou toda estressada – Lena
falou com um tom de voz menos exaltado dessa vez – Você ficou com ciúme porque
achou que ele não tinha esperado você estar pronta.
- Esperar o que? Eu não pedi pra ele esperar por nada.
- Mas você se sentiu incomodada, não? – ela insistiu e
hesitei, mas acabei assentindo.
- Do que você realmente tem medo, Amber? Que ele não espere
por você, ou que espere? – Dr. Pace perguntou e não consegui responder – Ninguém
está lhe pressionando, tudo tem seu tempo. Se você realmente se importa com ele
e quer ajuda-lo, fique ao seu lado. Deixe-o saber que sempre pode contar com
você e tudo vai se acertar.
Assenti sem dizer nada e ele encerrou a sessão. Quando
saímos da sala Rupert ainda estava parado no corredor e forçou outro sorriso
quando passamos por ele. Queria dizer tantas coisas, mas sabia que aquela não
era a hora certa. No entanto, eu estava cansada de colocar a razão antes do
coração. De agora em diante, minha prioridade era ser feliz.
If only if only I coulda
been yours
Been your rapport and yours to adore If only if only I would've said yes Forgotten the rest oh I could've said yes If only if only you'd ask me again I'd give you my hand Let you take me across the sand
Into the blue – Sara Jackson-Holman
Thursday, June 14, 2012
Algumas anotações de Haley Warrick
Quando a batalha terminou, Justin me puxou para um abraço, e
me perguntava se eu estava bem e eu fazia o mesmo, porém meus olhos ficaram
turvos de lágrimas quando vi o quanto
ele estava machucado, e algumas feridas eram fundas, por causa da luta com
Trevor e suas transformações em lobo.
- Shhhii, não chora, eu vou me curar logo.Você precisa
enviar seu exército para casa. - ele disse e ainda com sua mão na minha,
virei-me para o campo de batalha , levantei a mão direita e disse solene:
- Agradeço a sua ajuda, Exército das Sombras...Sua missão
foi cumprida, encontrem a luz, meus amigos! – Justin soltou-se da minha mão, virando-se para onde estava o corpo de seu pai. Começou
a andar até ele, e eu o segui. Ouvi um lamento atrás de mim e sabia que Julian
e Lena estariam nos seguindo.
Quando nos aproximamos, minha mãe já estava ajoelhada junto do
senhor Silverhorn, e a cabeça dele descansava no colo dela, meu pai estava ao
lado em guarda e seu rosto, mesmo sujo pela batalha, era puro pesar. Justin se
abaixou e segurou a mão do pai, ficamos ali um momento, e minha mãe disse
triste, porém com um olhar de alívio ao nos ver sem ferimentos graves:
- Vou cuidar para que
Blade seja levado ao castelo, meu filho. Agora vocês deveriam ir para a
enfermaria e cuidar destes machucados...- Justin sacudiu a cabeça em negativa e ela
disse de forma suave:
- Louise está com as mãos cheias na enfermaria , você
poderia ajudar?- ele parou e a olhou por
um momento, assentiu devagar, se levantou e pegou a minha mão de forma automática e começou a me levar
de volta ao castelo. Sentia meus olhos queimando de vontade de chorar, mas não
podia fraquejar na frente dele, que exibia um semblante rígido, olhei para
trás e vi que Julian estava segurando a
mão de Blade Silverhorn de cabeça abaixada.
In my hands
A legacy of memories I can hear you say my name I can almost see your smile Feel the warmth of your embrace There is nothing but silence now Around the one I loved
Is
this our farewell?
Fomos para o castelo calados, e quando chegamos ficamos
sabendo das notícias. Rupert havia se machucado feio nas explosões dos túneis e
tinha sido operado de emergência na enfermaria mesmo, Clara havia sido mordida
por um vampiro na floresta, e tia Louise teve que leva-la para o hospital
trouxa junto com tia Mirian.
Justin, cujos machucados já estavam se curando, começou a ajudar
na enfermaria, eu e os outros fomos ajudar com o que quer que fosse preciso,
como forma de passar o tempo e esperar por mais notícias, não consegui evitar
que a tristeza aumentasse quando vi todos os túneis destruídos. Quando ficamos
sabendo das mortes de Timothy e Brittany,a primeira coisa que fiz foi olhar ao
redor e esperar receber algum contato deles, mas não havia nada de Timothy,
sentia que ele havia seguido em frente, porém não conseguia sentir o mesmo da
Britany. Algumas vezes, este dom, é pesado demais para mim, e vendo a
destruição ao meu redor, sinto que é um destes momentos.
Após mais de dois dias de muita tensão, Rupert havia saído
da enfermaria, e Justin e Julian estavam ao lado dele, para dar apoio, pois sabíamos
que Kevin o culpava pela morte de Timmy e Britt e o hostilizaria, nós sabíamos que era uma afirmativa gerada pela
dor, afinal como que Rup poderia adivinhar que aqueles dois não seguiriam os
planos de não haver ninguém nos túneis durante a batalha? Droga!
Fomos liberados para ir a Londres, para visitar Clara, e
Justin estava mais sério do que nunca,
porém era evidente seu alívio, quando vimos que ela, apesar de tudo,
estava bem. Ao sair do hospital, enquanto os outros voltariam para a escola,
vimos meu irmão Ty nos esperando. Ele iria levar Justin para sua casa, para os
ritos funerários do seu pai. Eu havia pedido à diretora McGonnagal que me
deixasse ir junto com ele e ela havia me liberado, pois também estava
preocupada com ele, que não estava reagindo da maneira normal, não havia sequer
chorado ou mesmo não falava sobre a morte do pai.
Quando chegamos na tribo, sua avó nos esperava. Ela parecia
haver envelhecido da noite para o dia, porém sua voz estava firme e clara,
quando nos recebeu, a irmã dele, Lana
estava junto e desabou em lágrimas quando o abraçou.Não pude evitar, que
minhas lágrimas caissem também, mas respirei fundo e me controlei, pois comecei
a ver vários espíritos ancestrais vagando pelo campo onde seria realizada a
cerimônia. Justin, depois que consolou sua irmã, se aproximou e disse:
- Vou ter que ficar isolado, por um tempo, faz parte do
ritual...
- Vá e não se preocupe comigo, estou aqui para o que for
preciso, eu amo você.- disse e ele passou a mão por meu rosto, e não disse mais
nada.
No dia seguinte, quando o horário da cerimônia chegou, não
foi surpresa encontrar meus pais, meus irmãos, os Chronos entre as pessoas que
iriam homenagear o pai de Justin, não pude evitar o sorriso agradecido quando
nossos amigos chegaram de última hora, junto com tio Ben. Só Clara e Rupert não
puderam estar presentes, mas era por estarem se recuperando dos ferimentos. Após
a cerimônia, que foi conduzida pelo Justin,
eu o busquei entre as pessoas convidadas e não o vi. Comecei a
procura-lo e o encontrei sentado embaixo de um carvalho, olhando para o rio que
cortava a reserva, na parte mais afastada da tribo. Sentei-me ao lado dele e segurei a sua mão,
após alguns segundos ele disse:
- Só agora entendo muitas coisas que papai me disse em nosso
último encontro. - não o interrompi, pois sabia que ele precisava falar:
- Pediu que eu continuasse a ser o bom irmão para Lana, que
ela estava crescendo rápido e rpecisaria de muito apoio. Que tomasse muito cuidado com você durante a luta,
que a protegesse, pois o vampiro iria atrás de você e que eu não permitisse que
meu amor fosse embora...- suspirou. - Que nossa tribo estaria enviando energias
para nos fortalecer e que eu devo tomar cuidado com meus poderes, ainda preciso
ter cautela, ou poder demais poderia me consumir. Respondi que ele iria me
treinar após a formatura, que estaria mais perto de casa... Ele sorriu e disse
que não precisaria, pois eu estava pronto... Ele se enganou...Eu não estou
pronto, Haley...O que faço agora?- e começou a chorar, tudo o que pude fazer
foi abraça-lo e chorar junto com ele, enquanto seu corpo era sacudido pelo
desespero. Após algum tempo, Justin começou a relaxar, parecia mais calmo.
Agradeci aos céus, por isso, quando senti uma brisa suave em meu rosto. Levantei
o rosto, e vi um brilho forte, sorri e o virei para a luz, e seus olhos se
arregalaram:
- Pai..Mãe...Eu não podia vê-los mais...Como? – Justin dizia
abismado, pois podia ver os espiritos de seus pais. Estavam de mãos dadas e sorriam
amorosos para nós. A mãe de Justin soprou um beijo para ele, e o pai colocou a
mão sobre o coração e o esticou na direção de Justin, que repetiu o gesto. Ouvi
a voz da mãe dele na minha cabeça:
- O seu amor por meu filho, permitiu que nos víssemos mais
uma vez, obrigado por tudo minha filha, até um dia!- acenaram mais uma vez e de
mãos dadas, caminharam para a parte mais funda da floresta.
Never
thought
This day would come so soon We had no time to say goodbye How can the world just carry on? I feel so lost when you are not by my side There's nothing but silence now Around the one I loved Is this our farewell? So sorry your world is tumbling down I will watch you through these nights Rest your head and go to sleep Because my child, this is not our farewell.
Nota da
autora: trechos da música ‘Our farewell’, Within Temptation
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