Tuesday, January 25, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

- Tio, como é ser um Inominável? – Eu perguntei a Tio Ty, enquanto tomávamos sorvete em um parque de Londres. Ele tinha me chamado para um passeio só nós dois, já que havia muito tempo que não passávamos tanto tempo juntos. Nesse dia tínhamos ido visitar o Museu da História Natural de Londres. Ele demorou um pouco para responder, observando-me atentamente.

- Hummm... Bom não posso te revelar muito, pois é parte da natureza dos Inomináveis trabalharem secretamente. Você se torna uma espécie de fantasma, pois poucos saberão de seu trabalho. Na verdade, nem mesmo o Ministro conhece todos os trabalhos dos Inomináveis.

- É sério?

- Sim, e isso ocorre para manter o departamento um Mistério. Cada pessoa conhece pouco ou nada dos diferentes setores do Departamento e o Ministro conhece um pouco de cada, mas não tudo. Apenas o Diretor do Departamento conhece todos os projetos.

- Isso é tão necessário?

- Eles acreditam que sim. Há muitas coisas perigosas ali e também há algumas coisas ruins, infelizmente. E eles evitam a troca de informações para diminuir a chance de perda de informações ou até roubo. Mas por que a pergunta, Arte?

- E como eu me torno uma Inominável? – Eu fiz a pergunta que eu queria fazer e ele me olhou surpreso. Ele respondeu baixinho.

- Você quer ser uma Inominável?

- Quero, tio. – Eu falei decidida e ele assentiu. Meus olhos estavam decididos e ele viu isso neles.

- Muito bem... Eu posso te ajudar nisso. Primeiro, é óbvio terá que se formar em Hogwarts, depois você deve se tornar especialista em sua área e por último você precisa da indicação de um membro do auto escalão do Ministério ou de outro Inominável. Isso é simples pra você, eu e vários podemos fazer isto, além é claro do próprio Quim. Que lindo, minha afilhada seguirá meus passos! – Ele falou orgulhoso, beijando meu rosto com barulho. Eu ri, enquanto limpava o rosto e joguei sorvete em seu rosto. Ele gargalhou e empurrou o sorvete na minha testa.

***********

Fevereiro de 2015

- É com prazer e imensa honra que eu anuncio a turma de 2014 da Academia de Aurores. – Tio Quim falou no palanque, enquanto todos batiam palmas. Eu bati palmas junto de todos e sentia um frio na barriga, mas estava feliz. – É com prazer que chamo para falar-lhes um grande auror e amigo, Seth Kamui Capter Chronos, professor da Academia e Patrono da turma de 2014.

Meu irmão levantou-se da mesa onde os professores estavam sentados e foi aplaudido por todos, principalmente pelos formandos, que o haviam escolhido como o Patrono da turma, aquele professor que admiravam e gostavam. Todos os formandos usavam vestes de gala compostas por uma camisa branca, uma capa negra e uma gravata de cor roxa. Eles não levavam nenhum emblema ou insígnia no peito, pois receberiam a insígnia do Ministério. Seth vestia uma veste idêntica, porém em seu peito direito havia o brasão do Ministério e em seu peito esquerdo o brasão dos Chronos.

- Obrigado, senhor Ministro. Gostaria de agradecer também a todos que estão aqui para assistir à condecoração de nossa nova turma de aurores. – Ele falou e novas palmas foram ouvidas, enquanto a turma de 20 alunos parecia brilhar de orgulho. Meu irmão olhou para eles alegre, mostrando orgulho nos olhos. – Eu me sinto mais do que honrado em ser o professor escolhido como Patrono deles, uma turma que sempre mostrou interesse e habilidade em todas as aulas. Mas acima de tudo, mostraram a maturidade que um auror deve possuir. Parabéns a todos.

Ele bateu palmas e logo toda a sala batia. Tio Quim levantou-se e ficou no centro do palanque, ladeado por Seth e pelo Diretor da Academia. Um dos alunos levantou-se então e proclamou o Juramento dos Aurores que foi repetido por todos, também de pé. Na platéia, todos os aurores presentes também ficaram de pé repetindo o Juramento. Minha família inteira estava de pé, e ao lado deles meus amigos permaneciam sentados, assim como eu, porém eu repetia o Juramento mentalmente.

Seth, Tio Quim e o Diretor começaram a chamar cada um dos 20 alunos. Cada um deles recebia o emblema do Ministério no peito e saldavam a platéia levantando a varinha para o alto com faíscas roxas, em seguida, recebiam uma espécie de benção com a varinha dada por Quim. O nervosismo aumentava cada vez mais e quando finalmente o último recebeu sua insígnia, eu não conseguia segurar o nervosismo. Todos bateram palmas, e então Quim sorriu e ergueu a mão e fez-se silêncio no salão. Estava chegando a parte que eu esperava.

- Agora, deixei essa última condecoração por ser especial. A anos eles vem lutando por nós, sempre imbatíveis e sempre poderosos. São aliados importantes para mim e eu mais do que nunca me sinto alegre por ter nosso acordo. Gostaria que todos aplaudissem essa última condecoração e parabenizem-na como o auror mais novo da história da Magia mundial. Ela passou pelo exame de Auror com maestria e mostrou ter a fibra e a coragem necessária para o cargo. – Tio Quim fez uma pausa rápida e sorriu para mim. – É com orgulho e prazer que chamo uma filha dos Chronos. Artemis Arashi Capter Chronos receba a condecoração de auror do Ministério.

Eu senti meu estômago afundar de alegria e me levantei. Eu vestia uma roupa ligeiramente diferente dos demais alunos, pois minha roupa era toda negra e já possuía o emblema dos Chronos em meu peito direito. Ouvi todos baterem palmas e ouvi os gritos dos meus amigos e parentes, mas evitei olhar, com medo de não segurar a emoção. Ouvi quando Tio Ty assobiou e o ouvi comentando para todos ouvirem “É a minha afilhada! Eu que ensinei tudo a ela!”. Eu ri enquanto caminhava até Tio Quim que segurava a insígnia do Ministério e sorria para mim. Seth também sorria ao seu lado.

- Parabéns, minha cara. – Tio Quim falou para apenas eu ouvir, enquanto prendia a insígnia em meu peito. – Sei que será de extrema ajuda para todos nós.

- Obrigada, senhor. – Eu respondi e ele apertou minha mão. Depois, apertei a mão de Seth e do Diretor e meu irmão piscou pra mim. Me posicionei diante do palanque e levantei a varinha pro alto, disparando faíscas brancas. A platéia explodiu em palmas e vi que tinha lágrimas nos olhos, enquanto sorria para meus amigos. Mamãe e as garotas acenavam alegres, com lágrimas também, enquanto os garotos batiam palmas alegres e assobiavam.

Eu estava dando meu primeiro passo para o futuro. Era um auror.

**********

- Chronos, o que era aquilo? – Eu perguntei assustada, recuperando o fôlego. Hiro me olhou preocupado, em ajudando a me acalmar.

Estávamos em Camelot e eu meditava sentada diante do templo de Chronos. Hiro estava meditando comigo ao meu lado. Enquanto meditava eu deixei minha alma percorrer os caminhos que ligavam-me aos outros mundo e decidi visitar o mundo de Chronos novamente. Em geral, eu via apenas o mundo, sem jamais ver seus habitantes, apenas um grupo de pessoas, que eu sabia serem a família de Chronos, de sangue ou não. Eu via muito um vale envolto em luz onde haviam três templos. Mas dessa vez, eu vi outra coisa. Eu vi a guerra. E nela haviam seres que eu jamais vi e sequer imaginei. Eles pareciam saídos de um pesadelo tamanho era o medo que senti ao vê-los.

- Arte, o que aconteceu, você está pálida! – Hiro comentou alarmado. Ele apertou minha mão e aos poucos comecei a me acalmar.

- Eu vi uns seres horríveis, Hiro! Eram piores do que Inferi ou Dementadores!! Eu senti pavor ao vê-los! – Eu falei e Hiro engoliu em seco.

- Você os viu então. Agora que os viu, posso finalmente voltar a treiná-la.

- O que eles eram? E o que quer dizer?

- Eu quero dizer que você precisava lapidar os seus poderes e seu estilo de luta. Nos últimos meses deixei-a treinar sozinha e com a ajuda de Justin você desenvolveu seu próprio estilo de luta, o estilo que você denominou “Queen of Blades”. Enquanto isso, eu impedia-a de visitar os cantos mais obscuros de meu mundo, mantendo-a pressa apenas nas regiões que não lhe surtiam perigo, como os Templos. Agora, você adquiriu tanto poder e tanto controle que foi capaz de ultrapassar minhas barreiras, meus parabéns.

- Mas o que ela viu, Chronos? Ela está aterrorizada. – Hiro falou, preocupado. Ele sabia que eu não me assustava fácil, mas agora estava apavorada.

- Ela viu os grandes males de meu mundo, os Demônios.

- Como dos escritos trouxas? – Hiro perguntou, enquanto eu apenas escutava.

- Não. Você conhece o termo Akuma, Hiro?

- Claro que conheço, é japonês e significa justamente demônio.

- Mas é com uma conotação diferente do termo religioso “demônio” dos trouxas, não?

- Sim, é isso mesmo. – Hiro falou.

- Então, Akuma é o termo de seu mundo que mais se adapta ao teor que dávamos à palavra Demônio. Eles são espíritos, Youkais seguindo a linha japonesa. Eles eram a força militar de uma das entidades que viviam no meu mundo e eram extremamente malignos. Eles são a encarnação de pensamentos malignos e podres, como vingança, dor, angústia, luxúria, assassinato, dentre outros.

- E por que eles existiam? – Eu finalmente perguntei.

- Meu mundo viveu por centenas de anos em guerra, nela as duas entidades guerreavam entre si. Uma delas possuía os Celetes, uma ordem organizada militarmente, cujos maiores membros eram os Generais. Enquanto a outra tinha a Horda, uma ordem de Demônios organizados em nobreza. Os maiores Demônios eram os Abissais, seres ainda piores que os Demônios comuns. Você deve ter visto um deles. Agora, preciso que decida.

- O que? – Eu perguntei.

- Para continuar seu treinamento, preciso que você enfrente os Demônios de meu mundo e até mesmo um Abissal. É importante para você aumentar seus poderes e também para treinar a sua alma. Além disso, gostaria que seus amigos estivessem presentes, é uma lição que todos devem aprender. Dentro de cada um de nós há poder para mudar o mundo, alguns maiores do que os outros, alguns de forma escondida. E há também em cada um a possibilidade de viajar e ligar-se a outros mundos, principalmente em Justin, Haley e Julian. Porém, todos serviriam de porta de entrada para os Demônios a esse mundo. Artemis, você tem um dom: você é ainda mais ligada ao mundo do que os outros, não apenas aos espíritos, mas à essência do mundo, dos mundos na verdade. Por isso ela é capaz de viajar entre os infinitos mundos.

- E você acha que eu seria capaz de enfrentar um ser daqueles?! – Eu perguntei um pouco assustada, mas para minha surpresa, quem respondeu foi Hiro.

- Claro que tem, Arte! Se tem alguém que seria capaz é você! – Ele falou, me animando. Sua energia me contagiou. – Você não tem força física e mágica apenas, mas também interior e é uma das melhores pessoas que eu conheço. Isso é o que seria necessário para derrotar seres assim, a pureza de coração!

- Belíssimas palavras, Hiro, você realmente é sábio. E está correto, é por isso que você é tão poderosa Artemis. Seu poder não está em sua magia ou armas, mas sim na sua bondade. É ela que a torna tão poderosa.

Eu assenti, ainda com um pouco de dúvidas, mas começava a relaxar. E eu sentia que precisava passar por isso para poder enfrentar os vampiros e Cadarn.

**********

- Maldição, não temos todos os arquivos dos Chronos! – Cadarn praguejou, batendo com o punho em uma mesa, que afundou com o soco.

- Esses eram todos os arquivos que encontramos. – Um vampiro respondeu, enquanto Gustav o interrogava. – A maioria dos arquivos foram retirados por Alderan e Rigel Chronos.

- Cadarn, esses arquivos ainda possuem informações importantes. Veja, tem uma palavra que aparece uma única vez, mas sinto que é importante. – Gustav falou, indicando uma palavra nos arquivos. – “Rainha”, o que isso significa?

- Os Chronos nunca foram parte da nobreza ou mesmo líderes do Ministério, sempre gostaram de ficar atrás da política. – Maxmilliam comentou, confuso. – Esse termo deve estar errado.

- Não, Gustav está certo, ele significa algo. Precisamos encontrar alguém que saiba. – Cadarn falou e tomou uma decisão. Ele chamou outro vampiro e ordenou. – Quero que encontre um vampiro antigo aqui da Inglaterra, qualquer um deles, mas o encontre. Ao menos tente descobrir sobre essa palavra.

- Sim, meu mestre. – O vampiro respondeu e desapareceu no ar. Todos ficaram em silêncio até que o líder dos vampiros que trouxera os arquivos falou.

- Mestre, encontramos alguns dados que podem ser úteis. Roubamos os arquivos de aurores e também de procurados do Ministério.

- Em que isso pode ser útil? – Maxmilliam perguntou com sarcasmo.

- Isso pode ser muito útil... – Gustav respondeu, pensando. – Estamos atraindo atenção demais. Os Chronos e os Ministérios estão fechando os cercos contra nós, devemos diminuir os ataques à cidades.

- O que tem em mente, Gustav? – Cadarn perguntou, interessado.

- Devemos procurar alguns dos fugitivos do Ministério e usá-los em nosso plano. Os aurores e os vampiros possuem muitas pessoas nos investigando, Cadarn. Nós dois não podemos participar ativamente de nenhuma ação, pois eles nos detectariam... Mas se usarmos um dos fugitivos... Eles não perceberão.

- Gostei de seu plano... E deveríamos usar algum inimigo dos Chronos. – Cadarn falou sorrindo ao achar a pessoa certa. Ele lia os dados de Alexandra Mcgregor, grande aliada dos Chronos e seus olhos bateram na lista de inimigos abatidos por ela. Um nome chamou sua atenção “Lestrange”. Ele sorriu e pegou a lista de fugitivos, encontrando o mesmo nome entre elas.

- Ache essa mulher e todos os Comensais fugitivos dessa lista. Traga-os aqui e diga-lhes que eu tenho uma proposta a fazer. Diga a essa mulher que eu posso fazer os anos de exílio e sofrimento voltarem atrás. – Ele sorriu malignamente, trocando um olhar com Gustav, que também sorrira.

O nome Lestrange era a chave para o sucesso de seus planos, ainda mais com o histórico de sangue e ódio que havia entre Chronos, Mcgregors e Lestrange.


OFF: Com exceção do trecho indicado, todos os textos são "atemporais", sem ligação com nenhum evento dos demais posts. Apenas o trecho final possui ligação com um texto postado no Cafofo do Texugo.


Sunday, January 23, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

- Ué, Rupert, a Clara não vinha com você? – Eu fui a primeira a perguntar, enquanto Rupert se juntava a nós no nosso vagão. – Ainda não a vi hoje!

- Ele teve um problema, gente. Ela não conseguiu embarcar. – Ele respondeu, meio preocupado.

- E o que houve? – Hiro perguntou, também preocupado.

- Tio Quim apareceu e autorizou o uso de uma chave de portal, ai o Jamal foi com ela. – Rupert explicou. Ficamos todos preocupados com ela, mas como eu, Rupert e Hiro tínhamos que participar da reunião dos monitores deixamos nossos amigos conversando sobre isso. Prometemos que assim que chegássemos iríamos procurá-la.

No caminho até o vagão dos monitores, passei por Stefan e nossos olhares se cruzaram. Eu mantive o olhar, mas ele o afastou e notei que estava envergonhado. Não encontrei com Damon. Ainda não sabia o que sentir nem o que pensar dos dois. E a conversa com minha mãe me fizera pensar melhor nisso tudo. Além disso, o perigo que passei nesse recesso me fez pensar que eu deveria aproveitar o máximo e para isso deveria ser alguém que eu realmente amasse... Mas ainda não sabia, nem entendia o que era o amor que minha mãe falou.

**********

- Atenção alunos da Grifinória, sigam-nos por favor! – Eu falei no salão principal.

- As senhas do Salão Comunal foram trocados, por favor esperem. – James falou ao meu lado e começamos a levar os alunos até a torre. Eu ia cumprimentando todos, depois de me despedir de meus amigos que iam para suas casas.

- Artemis. – Alguém me chamou e me virei achando que era um aluno, mas era Damon. Ele parou do meu lado e do James e olhou meio sem jeito para mim. Nunca o tinha visto assim.

- O que foi, Salvatore? – Eu perguntei.

- Eu poderia falar com você? Não precisa ser agora, pode ser amanhã, ou quando preferir. – Ele falou, suspirando. Definitivamente não parecia o Damon e ergui uma sobrancelha. Eu olhei rapidamente para o James, que sorriu e continuou andando. Eu suspirei antes de responder.

- Tudo bem, amanhã conversamos. Boa noite, Salvatore. – Eu respondi e me virei. James me esperava perto da porta e riu quando cheguei perto, tentei ignorá-lo, mas acabei rindo também.

Naquela noite eu tive dificuldade de dormir e desci tarde da noite para o Salão Comunal, que estava vazio. Me sentei em um dos sofás diante da lareira e peguei meu pingente de lótus, presente dos meus pais, e fiquei brincando com ele em meus dedos olhando para as chamas e perdi a noção da hora. Cada vez mais eu me senti mais perdida e confusa e já não sabia mais o que sentia por Damon ou Stefan. Odiei admitir isso, mas era de Damon que eu gostava mais. Engoli isso, enquanto pensava que as garotas iriam adorar saber disso.

- Sem sono? – Eu me assustei com a voz e pulei no sofá, olhando em volta assustada. Tuor desceu as escadas dos dormitórios rindo.

- Você me assustou!

- Se assustando fácil assim? Deve ter peso na consciência! – Ele falou, sentando-se do meu lado. Eu dei um tapa em seu braço sorrindo e ele reclamou. – Ai, que recepção hein!

- Eu já te dei um abraço no trem, essa é toda a recepção calorosa que vai receber de mim! A partir de agora é na base do tapa se me perturbar! – Eu falei rindo e ele riu também. Mas, recostei minha cabeça em seu ombro. O Tuor era tão diferente de todos os garotos. Com Hiro, Justin e Julian eu também me sentia bem e procurava o colo ou o ombro deles quando precisava também. Mas com Tuor era diferente, eu me sentia melhor e mais acolhida perto dele.

- E então, princesa, o que tem na cabeça? – Ele perguntou e eu suspirei.

- Muitas coisas e nada ao mesmo tempo... Não fiz o menor sentido, não é?

- Nenhum! Está andando demais com o Chronos. – Ele falou rindo e ri com ele, já me sentindo mais leve. – Você gosta mesmo de flores, né? Nunca tinha percebido esse seu colar.

- É um pingente que meus pais me deram. – Eu falei, me sentando e tirando o cordão do pescoço, mostrando a ele, animada. – É um fragmento da Pedra de Isís que minha mãe ganhou do próprio Dumbledore! – Eu falei animada e vi ele arregalando os olhos.

- Sua mãe conheceu Dumbledore?!

- Não tem jornais na Noruega?! – Eu perguntei rindo. – Mamãe foi aluna particular dele e ela participou da Ordem. Ele deu isso de presente a ela quando ela se formou. Desde então, ela e papai fizeram pingentes para mim e meus irmãos dessa pedra. Ela nos protege e nos mantém ligados a mamãe.

- Ser de uma família de aurores e guerreiros deve ser difícil. – Ele comentou admirado.

- Um pouco. – Eu falei. Nessa hora as lembranças da caçada me vieram a mente e senti aquele medo novamente.

- O que houve? – Ele perguntou preocupado. Eu senti lágrimas nos olhos ao lembrar de tudo e contei para ele tudo que aconteceu no Natal. Contei dos ataques à minha prima e contei da caçada. Ele me ouviu calmamente, mas vi que seus olhos transmitiam preocupação e medo. – Por Odin!! Isso é muito para você, tem certeza?

- Tenho... Quero seguir os passos de meus pais e ajudá-los a enfrentar esses seres malditos! – Eu falei determinada. Ainda haviam lágrimas nos meus olhos, mas estava mais calma. Ele enxugou minhas lágrimas com um lenço e me deu o lenço.

- É admirável... Mas sei que vai se sair bem. Eu apoio você! – Ele falou alegre e sua alegria passou para mim, que sorri. – Mas não é só por isso que está acordada. É o Damon, não é? Vi ele falando com você.

- Você me conhece muito bem, hein. – Eu falei, sorrindo.

- Estou do seu lado há 2 anos!

- É ele sim... Odeio admitir mas é dele que gosto mais... – Eu falei baixinho e vi quando ele amarrou a cara.

- Logo dele? Aff.. Tudo bem, eu disse que ia te apoiar em tudo e vou, apesar de ser contra. Por que não investe nele então? Sei que você seria capaz de dar um jeito nele fácil. E sei também que se ele gosta mesmo de você, no momento em que você der uma chance a ele, ele jamais chegará perto de outra garota. – Eu fiquei vermelha enquanto ele falava.

- A questão é que já não sei mais... Tuor, eu quero um relacionamento de verdade. Quero que seja algo bonito, quero que seja amor de verdade.

- Você não precisa achar isso agora. Dá uma chance ao Damon então. Conversa com ele.

- Eu vou pensar... Mas também não sei se quero ter um relacionamento com o Damon. Gosto dele, mas não é de verdade... E tem o Stefan... Não queria magoá-lo.

- O Stefan tem que aprender a perder. Ele que fez besteira em não confiar em você, mesmo que as suspeitas dele estivessem certas. – Ele falou acusador, mas o jeito como ele falou não me magoou e sim me fez rir e ele riu junto. – Vamos dormir? Amanhã você conversa com o Damon e vê o que você quer.

- Obrigada. O que seria de mim sem você hein? – Eu falei e ele riu antes de responder.

- Seria uma princesa mimada e perdida. – Ele falou e eu dei outro tapa em seu braço. Ainda o ouvi rindo subindo a escadas. Só quando deitei na cama para dormir percebi que estava com seu lenço. Acabei dormindo com o lenço na mão e lembrei de algo que meu pai havia me dito quando era pequena, ao contar-me uma história: “às vezes o amor está bem a sua frente, você que não consegue ver”. Não sei porque pensei nisso, mas acabei dormindo sem muito mais pensar.

*************

- Podemos falar aqui. – Eu falei, virando-me para ele. Estávamos nos jardins, perto das estufas. Dois dias depois da volta as aulas, eu procurei Damon no café da manhã e disse que poderíamos conversar. Antes pedi aos garotos que não deixassem Stefan ver. Teria como conversar com Stefan depois. Eu ainda estava confusa, mas começava a pensar em não ter nada com nenhum dos dois e me deixar sozinha mesmo. Eu precisava me encontrar antes de procurar alguém. Mas sei que muito dependeria dessa conversa com o Damon.

- Obrigado por aceitar falar comigo. Sei que tenho sido um completo idiota e que não merecia sua atenção. – Ele falou, sendo direto. Ele parecia diferente, parecia até mais maduro.

- Então não me faça me arrepender. – Eu falei baixinho, mas ele ouviu e me olhou com gratidão nos olhos.

- Arte, deixe-me chamá-la assim ao menos hoje, eu queria muito conversar com você e por favor me deixe terminar de falar antes de brigar ou até me bater. – Ele falou e eu assenti. Ele suspirou, pegando fôlego para começar a falar. – Olha, eu sei que sou um egoísta, arrogante e metido, sei de meus defeitos. Mas também sei que estou completamente apaixonado por você. Nunca uma garota mexeu tanto comigo quanto você e nunca uma garota me fez sentir o que senti quando te beijei. Mas justamente por causa do que sinto por você, sei que devo me afastar. Eu estou apaixonado por você, mas não sou bom o bastante para você. Meu irmão é. Ele ama você tanto como eu, mas ele lhe será mais carinhoso e educado... E por mais que eu implique com ele, jamais quis fazê-lo sofrer como tenho feito. Nunca quis que nenhum de vocês sofresse... Me desculpa. – Ele terminou de falar com uma voz fraca, mas decidida. Senti que haviam lágrimas em meus olhos e um nó na garganta, mas engoli em seco e fiz a primeira coisa que me veio a mente: o abracei. Naquele abraço vi o quanto ele havia mudado e amadurecido em tão pouco tempo. O Damon de antes teria visto isso como um sinal e tentaria me beijar, mas esse novo Damon não tentou nada disso. Ele me abraçou de volta e mergulhou seu rosto em meu cabelo. Senti que havia angústia e remorso em seu coração, mas senti que ele estava se sentindo mais leve. O abracei até ter certeza que isso tudo tinha sumido e me afastei.

- Damon, você está errado ao dizer que não seria bom o bastante para mim, você me provou isso agora. Eu é que acho que não seria bom o bastante para você, ou seu irmão. Eu conheci sua amiga Leonora e agora eu posso ver o que ela vê ao estar com você. Você é um grande homem, que se esconde por trás dessa fachada de arrogante. Vou ser sincera com você: eu percebi que gosto de você, mais do que de seu irmão. – Vi quando seus olhos se arregalaram, mas levantei a mão. Mesmo assim ele nada tentou. – Mas não me sinto boa o bastante para você... Ainda não consigo me decidir entre vocês dois, na verdade, eu acho que posso estar gostando de outra pessoa. E não é justo com nenhum de você dois enquanto eu estiver confusa assim...

- Essa pessoa será alguém de sorte. Tenho minhas suspeitas, viu? – Damon sorriu e isso abalou meu coração. – Arte, eu jamais esquecerei você. Mas se você diz que não quer nada comigo agora, eu aceito. Aceitarei também se decidir ficar com meu irmão ou mesmo com outra pessoa. Mas jamais te esquecerei. Você me fez ver muitas coisas e sentir muitas coisas que nunca senti ou vi.

- Você também me fez isso. – Eu admite e nos abraçamos novamente. Eu beijei seu rosto de leve e ele beijou meu rosto também.

- Amigos, ao menos? – Ele perguntou e eu disse que sim. Ele sorriu, um pouco cansado até, mas aliviado.

- Me diz, como o Stefan está? - Eu perguntei e nos sentamos em um banco. – Não queria magoar vocês dois.

- Ele está magoado mais com ele mesmo do que com você... Está certo que eu errei ao me passar por ele, mas ele não admite ter acusado você... O Natal foi estranho. Nós nos afastamos e pela primeira vez passei o Natal fora de casa. Senti falta deles.

- Olha Damon, não quero que vocês fiquem assim, vocês são irmãos e dou muito valor a família. Hoje eu vi o quanto se importa com seu irmão, então quero que se ajudem e você ajude ele, pois acho que você é mais forte do que ele.

- Vou tentar. Depois dessa conversa com você, apesar do imenso fora que eu levei, estou me sentindo bem... – Ele falou rindo e se levantou. Ele esticou a mão para mim e me ajudou a me levantar. – Já pensou em trabalhar como psicóloga? O St. Mungus está precisando, tem muito maluco precisando de ajuda lá.

- Não fale besteira! – Eu falei e dei um tapa em seu braço. Ele riu.

- Tinha esquecido como você é forte. Aquele soco no seu 3º ano doeu muito, sabia? – Ele falou, massageando o rosto e riu.

Eu me sentia leve. Jamais esqueceria o Damon também, pois acho que foi o primeiro garoto que gostei de verdade, mesmo que tenha demorado a admitir. Cresci muito por causa dele e do irmão. Mas acho que era uma etapa da minha vida que eu precisava ultrapassar. Eu ainda precisava falar com Stefan, mas eu ainda estava ressentida com ele e não sei quando falaríamos. Acho que eu seria capaz de dar outra chance a ele, mas começava a pensar que não... E ainda havia aquilo que eu sentia em meu peito, que eu podia estar gostando de outra pessoa... Ai droga...Tenho que me encontrar antes de mais nada.

**************

Conversa de Tuor e Keiko ao mesmo tempo em que Arte e Damon conversam

- Ai Keiko, a Arte está muito confusa! Ontem a noite ela ficou acordada até tarde pensando nessas coisas. – Eu falei preocupado, enquanto conversava com Keiko.

- É difícil saber qual das duas está mais confusa: Clara ou Arte. Elas geralmente são os nossos assuntos nas reuniões das garotas, junto é claro da cabeça-dura da Haley. Francamente, como essas garotas conseguem ser tão complicadas? – Keiko respondeu indignada, sentada ao meu lado e eu ri alegre. Nós estávamos sentados nos jardins, apenas conversando. Desde que ficamos, nós nos aproximamos muito e muitas vezes ficássemos assim sem fazer nada, apenas conversando. Já tinha um certo tempo que não nos beijávamos. - Tuor, conta a verdade pra mim, você gosta da Arte, não gosta? – Keiko perguntou do nada, me fazendo engasgar.

- Do que você está falando?! – Eu perguntei chocado.

- Você sabe muito bem do que! – Ela falou, rindo. – Você gosta da Arte e não como amiga.

- Você também! Andou conversando demais com a Tricia. – Eu falei desviando do assunto. Na verdade, eu odiava admitir, mas eu mesmo não sabia mais.

- Tuor, nós já ficamos e somos amigos. Eu te conheço bem e sei que tem algo ai. – Ela falou me olhando com algo nos olhos. Não era curiosidade, parecia até preocupação e carinho. Eu suspirei.

- Eu sei disso, e eu confio em você, Kika. A questão não é essa.

- Viking, eu pergunto isso porque me importo com você, e com ela também. Vocês fariam um par lindo. Já fazem. – Ela falou e eu acabei ficando vermelho. Ela sorriu vitoriosa.

- Ta bem, Kika eu falo. A verdade é que eu não sei... Comecei realmente a sentir algo por ela nas Olimpíadas. Acho que de tanto enfiarem isso na nossa cabeça, Tricia, Turin, Milena, você, Clara e Justin, algo nasceu em mim. Justamente por isso estou confuso. E ela namora um amigo meu. E eles estão passando por um momento delicado.

- Stefan é o menor dos problemas. – Ela falou balançando a mão como um leque. – Quero dizer, se for mesmo para vocês dois ficarem juntos, vocês vão ficar. E é normal você ficar em dúvida. Mas quero que pense nisso com carinho.

- Eu vou pensar...

- Tuor. – Ela perguntou, agora com a voz mais profunda, quase triste. – E sobre o ano que vem? O que vocês falaram disso?

Eu não consegui responder e fiquei calado, encarando o céu.

- Como imaginei... – Ela suspirou e segurou minha mão, passando a olhar o céu junto de mim.




Por Clara Storm Lupin

Logo depois que voltamos das Olimpíadas, Justin e eu lideramos uma excursão para levar a turma até o abrigo que encontramos no centro da floresta. Foi preciso levá-los lá à noite, mas já havia voltado lá na forma de lobo algumas outras vezes e não foi difícil encontrar o caminho. As folhas que usamos para cobrir a entrada estavam do jeito que havíamos deixado e Justin abriu a passagem para que pudéssemos entrar.

O lugar estava do jeito que me lembrava. Cheia de teias de aranhas, alguns móveis velhos e quebrados, os potes de cerâmicas lacrados com cera em umas estantes, muitos panos velhos comidos por traças e o cheiro forte de mofo. Todo mundo ficou parado olhando aquele espaço apertado, sem dizer nada por um tempo. Foi JJ quem quebrou o silêncio.

- Meio velho, não?
- Acho que precisa de uma reforma – Julian ergueu a sobrancelha.
- Reforma? – Keiko riu meio nervosa – Precisa ser jogado no chão e construído outra vez!
- Isso vai ser moleza – Jamal caminhou até o outro lado do abrigo – Algumas madeiras mais resistentes, umas cortinas com menos buracos, uma boa varrida nesse chão empoeirado, um pouco mais de iluminação e até consigo nos ver passando uma noite por aqui.
- Esse é o espírito, Jam! – falei animada, me juntando a ele do outro lado – Se dividirmos as tarefas, terminamos em algumas semanas.
- Gostei da idéia de fazer desse abrigo nosso Quartel General – Haley sorriu empolgada – Tem potencial pra render.
- Então mãos à obra, gente! – Justin disse animado.

ºººººº

Depois das férias de Natal

A reforma no abrigo, agora chamado de Quartel General Maroto, estava indo muito bem. Já havíamos tirado praticamente toda a poeira dos moveis, varrido o chão e jogado as cortinas roídas por traças no lixo. Vasculhando os móveis encontramos alguns mapas e um diário muito velho, ficamos até com medo de tocá-lo achando que poderia se desmanchar.

Um dos mapas pareciam ser de Hogwarts, mas era uma Hogwarts completamente diferente da que conhecíamos, e haviam outros que não conseguimos identificar. O diário foi impossível de abrir. Na capa tinha algumas inscrições em uma língua que ninguém conseguia entender. Arte copiou as palavras para pesquisar na biblioteca da família, mas não encontrou nenhum livro que decifrasse aquela língua. Tentamos todos os feitiços que conhecíamos para abrir, Justin fez algumas coisas esquisitas com as mãos, mas ele nem se abalou. Por fim, decidimos deixá-lo guardado para se preocupar depois.

- JJ, cuidado com isso – Tuor advertiu, vendo JJ martelar a parede feito um louco – É pra arrancar a madeira, não destruir o abrigo.
- JJ! – Julian gritou, mas não conseguiu ser rápido.

Vimos quase que em câmera lenta JJ puxar um prego com força da madeira e quando o prego soltou, ele se desequilibrou e tropeçou pra trás. Ele caiu por cima de um sofá corroído e o martelo, ainda preso em sua mão direita, acertou uma parede no fundo. O buraco que se formou nela foi inevitável, mas ficamos surpresos em ver que a parede era oca. JJ levantou cheio de poeira do chão e nos aproximamos.

- Lumus – Hiro murmurou, apontando a varinha para o buraco recém-criado.
- Isso é uma... – Keiko começou a falar.
- Passagem secreta! – completei.
- Alguém tem idéia de onde ela sai? – Rupert perguntou.
- Só tem um jeito de descobrir – Jamal já se adiantou, sacando a varinha – Lumus.

Ele quebrou com o martelo mais alguns pedaços da parede e entrou no túnel, iluminado pela luz fraca da varinha. Não vimos alternativa senão segui-lo, e ninguém pensava em fazer outra coisa que não fosse descobrir onde aquele túnel ia sair. Todos iluminamos o caminho com as varinhas e seguimos em frente.

Era um túnel muito velho. Não precisou muito para deduzirmos que ninguém usava aquela passagem por muitos anos. Talvez séculos. Ele tinha as paredes todas cobertas com palavras na mesma língua do diário, pareciam encantamentos, embora não entendêssemos o que significavam. Em alguns pontos tinham o que pareciam estações, com um lampião enferrujado, destruído pelo tempo.

Ninguém marcou o tempo, mas tive a sensação de que andamos por quase uma hora. Quase o tempo que gastamos para chegar até o abrigo caminhando pela floresta. Encontramos outro diário caído no chão perto de uma das “estações”, e Arte o guardou na bolsa. Perto dele tinha outro mapa, de um lugar que também não reconhecemos, e Hiro ficou com ele. O dia seguinte seria de visita à biblioteca.

- Não tem saída – Tuor falou parando de repente e quase trombamos com ele.
- Tem que ter uma saída, não acredito que seja uma caverna! – Haley protestou.
- Procurem uma parede oca, essa deve ser a saída – Julian sugeriu – Se a entrada estava lacrada, a saída também deve estar.

Nos espalhamos pelo final do túnel tateando as paredes. Passávamos as mãos pela terra meio úmida pelo lugar ser fechado, mas nada parecia ser uma passagem. Alguns pedaços caiam quando batíamos, mas nenhum parecia oco.

- Achei! – Rupert gritou do outro lado – Escutem! – ele bateu na parede e ouvimos um barulho diferente.
- É oco, definitivamente – Hiro confirmou, ao lado dele
– Alguma idéia de como vamos abrir isso? – JJ perguntou – Deixei o martelo lá atrás.
- Deixe-me tentar uma coisa.

Justin se aproximou do lugar e pôs as duas mãos sobre a parede. Ouvimos ele falar alguma coisa em voz baixa, mas só Arte parecia compreender o que ele estava fazendo. Achei que nada ia acontecer, mas de repente uma luz escura saiu de suas mãos e a lama da parede começou a deslizar, como se estivesse derretendo. Recuamos alguns passos, incertos, mas depois de alguns segundos no lugar onde antes estava coberto de lama agora tinha uma porta. Ela era toda entalhada com os brasões das casas de Hogwarts.

- Como fez isso? – Keiko perguntou surpresa.
- Isso é história pra outra hora – ele sorriu e apontou a varinha para a porta – Alorromora.

A porta rangeu ao abrir, e quando conseguimos espiar dentro, outra surpresa. Era um lugar lindo. Entramos cheios de cautela, ninguém fazia a menor idéia de onde estávamos, mas não podíamos estar fora de Hogwarts. E alguma coisa não estava certa. Dentro da sala, tudo era gramado, tinha uma miniatura do lago do castelo ao fundo, uma mesa de pedra com quatro cadeiras também de pedra e o céu era... Azul. Estávamos no meio da noite, talvez já na madrugada, e estávamos debaixo de um céu tão azul que chegava a doer os olhos.

- Mas que diabos... – Julian olhava pro céu com a mesma cara de todos nós.
- Que raio de lugar é esse? – perguntei tão chocada quanto ele.
- Estamos fora de Hogwarts? – Haley já se alarmou – Ai Merlin, será que estamos longe? Se não acordarmos nos dormitórios, vão nos expulsar de vez!
- Se acalmem, não tem como estarmos longe, não andamos nem uma hora – Hiro tentou tranqüilizá-la – Estamos dentro do castelo.
- Como tem certeza disso? – Rupert perguntou – Sei que o céu do salão principal é encantado e tudo mais, mas isso não é a mesma coisa.
- Por que além de ter o símbolo das casas na porta, essa mesa tem as iniciais dos fundadores – Hiro passou a mãos pela mesa de pedra – GG, RR, HH e SS. Godric Gryffindor, Rowena Ravenclaw, Helga Hufflepuff e Salazar Slytherin.
- Estamos numa sala que os fundadores de Hogwarts pisaram? – JJ correu até a mesa e sentou em uma das cadeiras – Eles sentaram aqui?

No mesmo instante todo mundo correu para sentar nas cadeiras de pedra, e nos divertimos tanto nos empurrando para ocupar os quatro lugares que esquecemos o tempo. A reforma no abrigo já parecia algo muito distância, que tinha acontecido há dias, quando o relógio no pulso de Jamal começou a apitar. Aquele era o aviso de que já estávamos no limite para estar fora do dormitório.

- Temos que voltar agora – a voz dele era séria – Já passou de duas da manhã, se alguém acordar e não nos ver no dormitório, McGonagall não vai deixar passar.
- Uma hora de caminhada de volta, mais uma hora para sair da floresta – Julian calculou – Estamos fritos.
- Talvez não... – falei caminhando até uma árvore na beira do lago – Isso é uma porta?
- Merlin, isso aqui é o universo de Alice no País das Maravilhas! – Keiko exclamou e todo mundo riu – Portas, portas, portas!
- Cuidado, essa porta deve sair numa parte que conhecemos do castelo – Justin advertiu e assenti.
- Alorromora.

A porta rangeu como a outra e olhamos para o lado de fora com certo medo. Não sabíamos onde realmente estávamos e nem onde aquilo ia dar, mas para nosso alivio, reconhecemos o cômodo que estava do outro lado. Estávamos na única sala da masmorra que não era usada, que costumávamos brincar dizendo que era a câmara de tortura do Filch. Era uma sala vazia, com alguns armários velhos com frascos de poções que já deviam ter virado veneno. A sala ficava no corredor mais afastado das masmorras, onde só tinha ela e o escritório do professor Yoshi.

Concordamos em silêncio que a aventura havia terminado por aquela noite e cada um voltou o mais silenciosamente que pode ao seu dormitório. Não chegamos a lacrar a entrada do abrigo, mas amanhã poderia ir lá rapidinho como lobo e fazer isso. Agora tudo que tínhamos que fazer era absorver tudo que vimos naquela noite e começar a bolar um jeito de descobrir que língua era aquela, e como se abrir aquele diário. Se ele era dos fundadores, já estava me corroendo de curiosidade para saber o que estava escrito.

Saturday, January 22, 2011


Das memórias de Johny Weasley
Dezembro de 2014

Após o ataque ao trem, Edward não saiu mais do lado de minha irmã. Me despedi rapidamente de Blair, o irmão dela Garret havia vindo busca-la. Ele trocou olhares irritados com Edward, mas foi ignorado, tanto por Lizzie quanto por Eddie. Saimos da estação e fomos até uma parte mais sossegada e meu pai tirou uma luva gasta do bolso.Ele olhou no relógio e disse:
- Coloquem as mãos crianças, partiremos a qualquer momento.
Quando aterrissamos, Edward segurava Lizzie e eu e papai caimos de pé, no gramado da beira da estrada que levava até a nossa casa. Quando chegamos, vi meu irmão Spencer, um garotinho de vivos cabelos vermelhos fazendo barulhos com o seu carrinhos e Zoe, abraçando a gata da familia, Elvira, e a coitada miava alto, mas não machucava a minha irmãzinha.
-Zoe, mamãe já disse para não apertar o pescoço da gata, ela pode morder.- e minha irmã pequena jogou a gata no chão de qualqur jeito e correu para nós e logo foi imitada por Spencer.
- Olá amores, tudo bem? Vocês demoraram...- quis saber mamãe enquanto nos abraçavamos.
- O trem foi atacado por alguns partidários de Cadarn.As crianças tiveram que dar informações aos aurores...- e minha mãe entrou em modo ‘sala de emergência’. Virou-se para nós toda concentrada, e ao mesmo tempo que nos abraçava nos examinava, e pedia detalhes sobre o ataque, se nossos amigos estavam bem, se precisariam dela em alguma parte...Fez isso inclusive com Edward, mesmo ele não estando no trem.
- Eles queriam a nossa filha, Morgan.- disse meu pai e minha mãe se virou séria:
- Lizzie? Porque?
- Porque segundo eles, seria uma forma de atingir aos Langston e isso diminuiria os partidários dos Chronos.Ty mandou quatro aurores da equipe dele, ficarem por aqui uns tempos.- disse meu pai e nesta hora Eddie segurou a mão de minha irmã e disse:
- Eles sabem que eu e Lizzie estamos juntos e queriam me atingir, tia.
- Que história é esta de ‘estamos juntos’? – quis saber minha mãe franzindo os olhos.
- É verdade mãe, estamos namorando e...
- De onde saiu uma loucura destas?- disse minha mãe irritada e nos assustamos.
- Morgan...- começou meu pai e ela o calou com um olhar irado:
- Edward você é um vampiro adulto, não pode estar namorando a Lizzie, ela é uma menina...
- Já sou maior de idade, e já posso fazer o que quiser da minha vida...- respondeu minha irmã de queixo erguido:
- Elizabeth, por favor mantenha a calma e não fale assim com a sua mãe...- disse Eddie tenso e minha irmã ficou com as orelhas cor de rosa, enquanto meus pais o olhavam espantado.
- Ainda é um a criança se não entende as implicações que o namoro com um vampiro, pode trazer. – disse mamãe e Lizzie respondeu:
- Estamos apenas namorando, isso não é uma proposta de casamento.Porque o drama, mãe?- continuou Lizzie e minha mãe se virou para Eddie:
- Você não falou sobre o que um ‘simples namoro’ pode acarretar a ela, e a você Eddie? Esqueceu o ‘julgamento’ que os vampiros fizeram aos seus pais? E já disse a ela o que acontece a uma mulher quando...Ah céus, foi assim que o vampiro encontrou a Lizzie.Você a marcou... - minha mãe ficou calada e Eddie respondeu.
- Eu não esqueci...Lembro-e de tudo, tia Morgan, inclusive que se não fosse por você, minha mãe e eu estaríamos mortos. E eu não marquei a Elizabeth, juro que nós não fizemos nada demais, eu jamais colocaria a vida de Lizzie em risco. - disse Eddie e ele se sentia triste, e minha mãe passou a mão pelos cabelos cansada e subiu em direção ao quarto. Lizzie quis ir atrás dela, mas meu pai a impediu. Spencer e Zoe olhavam a tudo apreensivos e Porshy, o elfo da familia que devia ser mais velho que Dumbledore em seus dias de glória, estava perto deles pronto para qualquer coisa.

Naquele dia, Edward foi dormir no alojamento dos tratadores junto com tio Nick, e eu fiquei até tarde ouvindo Lizzie andando de um lado a outro no quarto preocupada.Fui até lá e após bater na porta, entrei e ela me recebeu tensa:
- Veio me dizer também que eu não devia me envolver com o Edward?
- Não! Só vim te dizer que seja o que for que vocês decidam fazer,conta comigo ok?- ela soltou os ombros e peguntou:
- Acha que mamãe vai aceitar?
- Vai sim, ela ama vocês dois, e acho que o maior medo dela é acontecer alguma coisa ruim com vocês. Dá um tempo a ela.Então vamos jogar um pouco de video game ou prefere cavar um buraco no chão, enquanto anda de um lado a outro?- minha irmã sorriu e ficamos até tarde jogando GoW.Claro, ela não me venceu, afinal sou o campeão, mas quer saber? Só para vê-la descontraída, eu quase a deixei vencer algumas vezes rsrs.

- Morgan, você precisa se acalmar, amor. – Carlinhos a abraçou enquanto ela estava olhando pela janela. Ela se virou para ele e enterrou a cabeça em seu peito. No mesmo instante ele sentiu seu peito úmido. Ela estava chorando.
- Como posso me acalmar, se nossa filha caminha para a morte certa?E o Eddie? Adoro aquele menino como um filho, e sei que se ele se unir à nossa filha, os vampiros vão mata-lo...Lizzie é ainda uma menina e não tem noção do quão sério é isso...
- Amor...Nossa filha é uma mulher adulta. Shhh, me escuta e depois se você continuar zangada, dormirei de bom grado no sofá, você não vai precisar mandar.- ele disse e a mulher, o escutou:
- Nossa filha, é adulta, sabe o que quer e pelo que eu pude notar, é amor de verdade e não uma simples ‘ficada’, e acho que nós devemos apoiá-los.
-Você dizendo que Lizzie é adulta? Quem é você e onde está o meu marido?- ambos sorriram e o homem continuou:
- Quando ouvi que os vampiros haviam atacado ao trem para matar nossa filha, eu quis sair á caça de todos os chupa sangues que houvesse por ai, mas quando vi a forma que Edward cuidou de nossa filha na estação, e o jeito que ela olhou para ele...Eu já vi aquele olhar antes e sei que não tem volta.- e Morgan o olhou curiosa:
- Foi o mesmo olhar que você me deu, quando nos beijamos a primeira vez e é o mesmo que vejo todas as manhãs, quando acordo ao seu lado, e me faz ter certeza de que posso enfrentar qualquer coisa.
- Mas se eles forem ter filhos...Até hoje ainda sonho com o parto do Eddie, ainda vejo Lu tendo que rasgar a barriga de Megan, enquanto Cal a transformava...
- Eu também sinto medo por ela, mas ela está decidida Morgan. Com nosso apoio ou não, ela vai ficar com o Eddie, e eu prefiro que estajamos ao lado dela, quando e se todas estas coisas acontecerem.E eles podem decidir pela não transformação já pensou nisso? – ela sacudiu a cabeça e ele continou falando. – E se eles tiverem filhos....Luna sobreviveu, tenho certeza de que conseguiremos ajudar a nossa filha, quando a hora dela chegar, e temos muitos amigos que estarão ao nosso lado. – o casal se abraçou e Morgan suspirou e enxugou as lágrimas e disse:
- O que eu faria sem você?Você é tão sábio.Whoa, Isso é sexy!- riram e se beijaram por um tempo. Depois se afastaram e Carlinhos disse:
- Vou até o alojamento com Johny, e vamos jogar com os rapazes. Se Edward quer ser da familia, precisa saber beber como um irlandês, pena que ele canta melhor do que eu.Terei que bater nele se ele se empolgar demais.- e o casal riu, enquanto se dirigia ao corredor.
A mãe foi até o quarto da filha e ao chegar na porta, bastou um olhar para as duas irem uma ao encontro da outra para se abraçarem, conversarem e logo estavam rindo. Tudo ficaria bem, eles dariam um jeito, pois estavam juntos nos bons e maus momentos. E era isso o que os tornava fortes.
por um dos O'Hara Weasley às 11:57 PM

Saturday, January 08, 2011


- Clara.

Papai levantou do sofá e apontou para a cozinha, e levantei também o acompanhando. Desde que mamãe havia aplicado esse castigo ridículo, os dois passaram a fazer coisas que há muito tempo haviam abolido, como mudar o canal direto na TV para não usar o controle, pegar coisas na geladeira sem usar magia ou de repente pararem na janela para observar a rua. Tudo para me obrigarem a segui-los como uma sombra.

Isso já durava duas semanas e eu estava querendo morrer, pra acabar aquele tormento. Foi torturante ver meus primos aproveitando a festa de Reveillon na casa dos meus tios e não poder me juntar a eles, porque meus pais fizeram questão de passar 80% da festa batendo papo com os parentes ao invés de dançar. Becky era a mais solidaria e passou a maior parte do tempo me seguindo para todo lado, mas nem ela agüentou a noite inteira. Foi ainda mais torturante encontrar meus amigos no memorial do fantasma da Haley e não poder ficar sozinha com eles. Tinham 2 príncipes lá, e tive que ficar colada com papai. Jamal e Julian conseguiram o telefone das duas irmãs deles e depois ficaram contando vantagem que iam sair com princesas de verdade.

Ainda restava pouco menos de uma semana para o retorno a Hogwarts, portanto, mais dias de humilhação. Mamãe havia saído com a tia Sam e eu estava sozinha com papai na casa da minha tia. Depois de demorar quase cinco minutos para escolher uma cerveja que ele já sabia que ia pegar, voltamos para o sofá para continuar assistindo a um jogo de futebol. O time dele, Chelsea, estava perdendo, então estava calada ao lado dele no sofá acompanhando a partida e ouvindo os xingamentos.

- Devia me importar só com o quadribol, não sei por que ainda insisto com esportes trouxas – ouvi-o resmungar.
- Porque o Chudley Cannons é tão ruim quanto essa porcaria de time da Premier League pra quem você torce – pensei comigo, quieta no meu canto.

Papai me olhou imediatamente, com uma cara estranha. Não estava zangado, tampouco surpreso. Era como se tivesse acontecido alguma coisa pela qual ele já esperava. Eu só não sabia o que.

- Por que está me olhando assim? Estou dentro do limite! – já me defendi logo, apontando a distancia que estava dele no sofá.
- Você me ouviu dizer alguma coisa?
- Sim, você reclamou por se importar com futebol, mas eu não disse nada! – respondi sem entender nada.
- Eu não disse isso – ele sacudiu a cabeça e achei que ele estava louco – Eu pensei isso. E você respondeu sim, mas em pensamento.
- Do que está falando? – agora sim eu não estava entendendo nada – Está dizendo que eu li seu pensamento? Mas eu nem sei legilimência!
- Você não precisa disso para ler a mente de outro lobisomem. Estava me perguntando quanto tempo demoraria até que você pudesse ler minha mente da mesma forma que posso ler a sua.
- Espera, você pode ler minha mente? – recuei no sofá sem perceber – Desde quando? Isso é invasão de privacidade!
- Há dois anos, desde que você se transformou – ele riu, mas eu não estava achando a menor graça – Não se preocupe, não escuto o que você está pensando quando troca aqueles olhares esquisitos com sua mãe, sei que não vou gostar do que vou ouvir.
- Então isso é uma coisa entre lobisomens? – estava um pouco mais calma, mas só um pouco – Posso me comunicar com todos eles por telepatia?
- Não só lobisomens, mas lobos comuns, raposas, coiotes e até cachorros.
- Que demais! – agora já estava empolgada com a novidade – Sempre quis saber o que se passa na cabeça do cachorro do tio Hagrid.
- Clara, por favor, um pouco mais de seriedade, isso não é tão divertido assim – papai assumiu um tom sério – Agora que você já consegue usar esse dom, vai precisar aprender a administrá-lo.
- Ih, começou de novo o papo de treinamento? – resmunguei – Passei dois anos sofrendo nas mãos do tio Seth, já não basta?
- Embora tudo seja uma grande piada pra você, ainda existem muitos lobisomens que lutaram ao lado de Voldemort espalhados pelo mundo e em dois anos de treinamento com o Seth você já deveria saber que cautela nunca é demais.
- Ok, e o que você sugere?
- Peça ao Ben que lhe ensine legilimência e oclumência. Você precisa aprender a controlar a telepatia, e principalmente, manter sua mente protegida contra invasões.

Concordei com a idéia e ele pareceu mais aliviado, e começamos a conversar sobre essa coisa de ler mentes. Aulas com o tio Ben não iam nem chegar perto do nível de exaustão que era as aulas do tio Seth, então estava tudo bem. Se eu podia me comunicar com papai na forma humana sem dúvida podia fazer o mesmo com Devon, mas será que também podia fazer isso com Justin? Eu definitivamente precisava aprender oclumência.

ºººººº

- Clara, Rupert, vamos logo! – mamãe berrou do 1º andar da casa – Se não sairmos agora vocês vão perder o trem!

Rupert fechou o zíper da mochila apressado e prendeu o distintivo de monitor na roupa, me seguindo escada abaixo. As férias haviam acabado e era hora de voltar à rotina de Hogwarts. Despedi-me de papai, tio Scott e Nick e sai apenas com Rupert e mamãe para King’s Cross, já que tio George e tio Ben haviam voltado no dia anterior. O caminho até a estação foi ótimo, nem ao menos lembrava que havia travado na viagem para casa, mas foi só colocar os pés na plataforma do lado trouxa que empaquei. Meu corpo congelou a meio caminho da barreira mágica.

- Clara, está tudo bem? – mamãe voltou para o meu lado e seu tom de voz era preocupado.
- Não posso embarcar nesse trem – respondi ainda congelada no meio da plataforma.
- Filha, está tudo bem, já conversamos sobre isso. Não vai acontecer nada.
- Não, por favor, eu não consigo ainda – agarrei sua mão e devia estar muito desesperada, porque ela me abraçou na mesma hora.
- Ok, tudo bem, não vou obrigá-la a entrar no trem, vamos dar outro jeito de você chegar à escola.

Rupert já havia voltado para onde estávamos e antes que mamãe pudesse pensar em alguma coisa, tio Quim apareceu na estação com Jamal. Eles andavam rápido, já eram quase 11h, mas pararam quando nos viram. Mamãe explicou o que havia acontecido e tio Quim prontamente autorizou uma chave de portal até Hogsmeade.

- Eu preciso ir no trem – Rupert apontou o distintivo de monitor – Pode deixar que cubro sua parte.
- Pai, tem problema se eu for com a Clara? – Jamal perguntou – Já que Rupert precisa ir de trem, não quero deixá-la sozinha.
- Claro que não, ia mesmo sugerir isso.
- Obrigada, tio Quim – agradeci pela chave e sorri para Jamal, que parou ao meu lado como um soldado.
- Qualquer coisa me chame imediatamente, entendeu? – mamãe me abraçou e assenti – Agora vão, já está na hora.

Tocamos a pena que tio Quim havia transformado em chave de portal e no instante seguinte fomos sugados por ela, caindo logo depois em frente à estação de Hogsmeade. Estávamos há cerca de cinco horas à frente do trem, então decidimos seguir para o vilarejo ao invés de entrar na escola. Passamos o dia inteiro sentados em uma mesa do Três Vassouras conversando. Jamal era a prova viva de que garotos são tão, ou mais, fofoqueiros quanto garotas e quase ninguém da escola escapou de virar assunto.

Quando faltava meia hora para o trem chegar arrastamos nossas malas pela neve até o castelo. A turma chegou querendo saber como eu estava, já que Rupert já havia avisado do ocorrido, e depois de verem que estava tudo certo começamos a planejar a excursão pela floresta, onde Justin e eu os levaríamos para conhecer o abrigo que havíamos descoberto. Ir para casa era ótimo, mas era sempre muito bom estar de volta.



Das anotações de Haley McGregor Warrick

- Tristan tem familia...Ele precisa voltar para casa.

Depois destas palavras, a familia se mobilizou para tentar descobrir um jeito de cumprir os desejos de tia Millie. Faltando apenas uma semana, para o final das férias de final de ano,as coisas tinham que ser resolvidas de forma rápida, pois nossa tia parecia estar ficando doente a cada dia que passava e eu não conseguia deixar de pensar que isso era minha culpa.
Minha mãe chamou tio Lu e contou a ele sobre Tristan e não demorou, ele junto com tia Mirian e Arte vieram até Escócia com os albuns antigos de Alderan Chronos, o avô dele.Tia Millie, embora fragilizada buscou no sótão, uma caixa e de lá de dentro saíram fotografias antigas, jornais velhos onde ela nos mostrava os artigos que ela escrevia para o jornal da escola, e assim descobrimos que o fantasma de Tristan também já havia aparecido ao meu irmão Ethan, quando ele era garoto. Perguntei a Chronos o porque disso e ele me disse que talvez o espirito de Tristan, era atraído para ajudar aos membros da familia que se sentissem perdidos, já que ele também de alguma forma buscava um caminho.
Ty, junto com John e tio Lu, viajaram até Paris, e através dos anos de amizade com o tio Samuel, meu irmão conseguiu que o corpo de Tristan, enterrado próximo da escola francesa, fosse devolvido a nós. Meu tio avô Liam, disse que deveria ser feito o memorial a Tristan, então minha mãe e vovó Virna avisaram aos amigos da familia sobre as homenagens e tia Millie enviou também algumas cartas para os antigos amigos da escola. Eu, Arte e Julian ficamos esperando que o fantasma de Tristan aparecesse para nós, mas isso não aconteceu e eu comecei a ficar preocupada, pois eu tinha a impressão que passar pelo ritual das homenagens, não significaria que Tristan encontrasse a luz.

O dia do memorial amanheceu claro e com um pouco de sol, apesar de estarmos em pleno inverno. Meus pais e tios cuidaram pessoalmente de toda a segurança, e eu e meus primos até estranhamos a quantidade de segurança envolvida, havia até uma equipe completa de seguranças trouxas, que circulava pela propriedade com seus ternos pretos, óculos escuros e fones de ouvido. Não demorou muito e meus amigos da escola começaram a chegar com seus pais, e logo estavamos eu, Keiko, Julian, Jamal, JJ, MJ, Hiro, Rupert, Arte e Justin sentados bem próximos das cadeiras da frente. Os amigos do tempo de juventude de tia Millie iam chegando e após conversas, eles iam sendo acomodados, e estávamos pasmos com os convidados: havia jogadores de quadribol e músicos das antigas, que faziam com que tivessemos que nos controlar para não sair pedindo autógrafos, o melhor fabricante de varinhas da França, e o mais chocante: o rei de Mônaco, e sua familia. E todos eram muito simpáticos com tia Millie, e eles agiam como se o tempo que não mantiveram contato não tivesse existido, eram todos caloroso uns com os outros.
Quando Clara chegou, nós já haviamos sido prevenidos do castigo pelas nossas mães, mas mesmo assim duvidávamos da seriedade da situação. Só nos convencemos quando tivemos que começar a seguir tio Remo e tia Louise enquanto eles iam falando com as pessoas e Clara estava grudada neles, nos olhando desesperada.
- Você tem que andar grudada com a tia Lou ou o tio Remo até o final das férias como castigo? Quem foi que você matou?- perguntei chocada e enquanto ela fazia que sim com a cabeça, Julian começou a rir dizendo:
- Eles vão com você ao banheiro também? E o banho?- Julian perguntou e recebeu um soco no braço e tio Remo, fez um barulho com a garganta e Clara se conteve. – ela se aproximou mais de nós:
- Achei que aqui, eles iriam relaxar com o castigo, mas nada. Ainda bem que logo estaremos voltando para a escola.- e olhamos apreensivos para tio Remo que estava a um metro e meio de distância e ouvia tudo o que falávamos.
- Uau! Se aquele loirinho ou o moreno de olhos azuis sorrirem pra mim novamente, ninguém me segura. Afinal não é todo dia que temos um monte de príncipes em exposição...Sabia que ter um nome tão comprido teria suas vantagens. Imaginem só: Sua Alteza Real Keiko Vanderheid Hakuna Kinoshita Menken Grimaldi.- e Keiko suspirou enquanto olhávamos para a comitiva real.
- E as princesas? Droga, porque não aprendi francês como a minha mãe mandou? - resmungou JJ e Jamal disse convencido:
- Isso não é problema JJ, também não falo francês, mas já consegui o telefone de uma delas...- enquanto exibia um cartão com um brasão real. Começamos a rir e provocar Jam, mas tio Remo fez um barulho com a garganta e ele saiu andando para ir conversar com meu pai e tio Lu, e vimos Clara o seguir desolada. Acabamos indo conversar com os convidados que iam chegando, e após algum tempo, Justin me puxou um pouco para o lado e quis saber:
- Porque você está tão preocupada com a cerimônia Haley?- e na hora olhei para Julian que estava distraído conversando em francês com duas das princesas e ele certamente falava de JJ que estava ao lado, sorrindo feito bobo.
Nos velhos tempos, eu diria a ele que não era de sua conta, mas eu havia desistido de ficar brigando, principalmente quando ele me olhava daquele jeito tão interessado e sem o sorriso convencido.
- Achei que quando os restos mortais dele estivessem aqui, ele apareceria sabe? Tia Millie queria conversar com ele.
-Julian conversou comigo e achou que eu poderia ter alguma idéia do porque o fantasma de Tristan ainda não estar aqui.
- Você tem?
- Acho que o espírito dele precisa sentir que a familia o chama.Foi a idéia que passou em minha mente...Por exemplo quando vocês descobriram quem ele era, uma McGregor o ‘chamou’, talvez seja isso que o espirito queira: um convite.
- E acha que podemos fazer isso?
- Suponho que na hora, da cerimônia ele consiga ver que é aqui o lugar dele, e apareça.Mas caso, ele não venha, não se sinta culpada, o mais importante você fez, que foi dar atenção a ele.E as homenagens serão bonitas, a familia está empenhada.- ele disse olhando para a beira do lago onde havia um pequeno pulpito onde uma urna com os restos mortais de Tristan estava, esperando a cerimônia começar.
Após alguns pequenos discursos dos amigos de tia Millie,o barco com a urna flutuou até o meio do lago e meu irmão lançou uma bola de fogo com a varinha e logo ele estava em chamas. Meu tio avô Liam que ia subir para falar algumas palavras começou a se sentir mal, e pediu ao meu irmão que discursasse em seu lugar. Eu olhava para todos os lados esperando ver aquele jovem de cabelo engomado aparecer e rir da situação, mas isso não ocorria.Tia Millie me olhava esperançosa e eu tentava disfarçar. Notei que Arte e Justin se afastaram um pouco e começaram a conversar concentrados. Me virei para a frente quando ouvi a voz de meu irmão.
- Estamos aqui reunidos, para homenagear alguém que embora tenha tido uma vida curta, deixou um legado de amizade e amor que nunca foi esquecido. Hoje damos as boas vindas ao filho de Bryce McGregor e Suzanne Thorn: Tristan Napoleon Thorn McGregor, nosso lar é o seu lar, nós o recebemos de braços abertos.- quando Ty disse isso, senti uma vibração estranha vindo do lago e também pelas minhas costas.
Olhei para trás e vi que Tristan vinha levitando em nossa direção, notei que os gorilas de preto se agitaram e o Rei os mandou ficar quietos, eu me levantei. Por alguns segundos o fantasma de Tristan se tornou quase sólido e ninguém conteve a surpresa por poder vê-lo como era em seu tempo. Era um jovem loiro de olhos verdes, no auge de seus 18 anos, usando jeans e jaqueta de couro, e um topete estilo Elvis Presley. O tom dos olhos dele, era o mesmo que o de minha mãe e de minhas sobrinhas Olívia e Bela.
Ele seguiu até onde estava tia Millie, que só não caiu desmaiada, porque ela sabia que precisava ser forte e sorriu para ele. Ele parecia meio confuso mas ao ver o medalhão aberto na mão de tia Millie, ele disse:
- Eu conheço este lugar...Eles são a minha familia?- e tia Millie fez que sim e então ele me procurou com os olhos e nos encaramos:
- Sim, NÓS somos a sua familia. Você é um McGregor. - eu disse e ele olhou ao redor vendo a todos, e voltou os olhos de forma amorosa para tia Millie e sorriu:
- Millie, você continuou linda...- ele disse e tia Millie corou:
- Você também meu amor, você também...- e ele sorriu para os seus amigos que não continham a surpresa e fez uma reverência com um brilho zombeteiro.
- E ele se tornou Rei... Deve ter ficado muito mais convencido... - e o rei e seus amigos riram, apesar de suas expressões de pesar. Tristan se virou para mim:
- Eu disse que o medalhão era meu, broto.- piscou e eu senti meus olhos úmidos, enquanto assentia.
Ouvimos murmúrios espantados, e me virei para o lago e vi um barco a vela bem antigo, e dentro dele haviam vários McGregors que já haviam partido a tempos. Olhei ao redor e vi Justin e Arte com as mãos esticadas para a frente, como se enviassem energias para o barco e Chronos estava atrás deles com suas asas abertas, ele se virou para mim e sorriu bondoso. Dentro do veleiro havia um casal com roupas dos anos 40, que se pareciam com Tristan, estavam na proa, e o barco emanava uma energia boa, que contagiava a todos.
- São os meus pais?- Tristan quis saber.
- Sim, são eles.- respondeu tia Millie e ele virou-se para ela com dúvidas.
- Millie, eu queria tanto poder ficar mais com você...Tantas coisas para falar...
- Nós sempre estivemos juntos aqui, Tristan...(ela disse pondo a mão no coração). - Mas agora você precisa estar com eles..., sua familia o encontrou.
Ele sorriu mais uma vez, e logo estava dentro do barco, onde era abraçado por seus pais e os outros. Não contive minhas lágrimas, quando ele se virou para mim e gritou:
-Obrigado Haley, nunca vou esquecer você.
E nesta hora o barco se afastou e quando chegou ao meio do lago, uma onda se levantou e o cobriu. Logo a superfície do lago estava calma, como se nada houvesse ocorrido.
Justin olhou para mim e não pude evitar de sorrir agradecida, levantei a mão para chama-lo mas senti meu sorriso congelar quando o vi trocar um olhar cúmplice com a Artemis e ambos se afastarem, para um local mais reservado.

Sunday, January 02, 2011


Depois do Natal

Eu estava deitada em minha cama, no quarto que dividia com as minhas primas Maya, Samantha e Suzanah, quando ouvi batidas e vi a cabeça de tia Millie aparecer pela porta:
- Notei que você não almoçou direito, então resolvi trazer um lanche, tudo bem?- ela disse mostrando o bule com chocolate quente e biscoitos de canela que levitava na frente dela.
- Pode entrar tia, eu ia procurar algo para comer. - disse me servindo de uma xícara e bebendo. Perguntei a ela sobre seu último livro de histórias infantis e depois de me contar como estavam as suas coisas, ela me olhou séria e disse:
- Você gostaria de me dizer o porque de estar tão pensativa? Você sempre foi super animada na época das festas. Não é por causa do menino de colant é?- ela disse e me lembrei que meu irmão Ty se referia a Graham desta forma e sorri:
- Não, Graham e eu terminamos, nas olimpíadas. E não tia, não foi por causa do colant.- eu disse e ela riu:
- Então se não é ele, é algum outro garoto? Digo isso, porque você estava olhando sonhadora para aquele poster com lobos na neve, mas vi que também franziu os olhos como se lembrasse de algo desagradavel, então deduzi que só pode ser um garoto, só eles podem nos deixar confusas assim, afinal nunca sabem o que querem.- e eu ri.
- Já gostou de alguém que é teimoso, conquistador, arrogante, mas que consegue mexer com você por ser solidário com o sofrimento de um cavalo?
- Claro meu bem, eu já gostei alguém assim. Mas o que o jovem Silverhorn te fez?- e eu a olhei curiosa:
- Eu não disse que era o Justin. Alguém andou olhando a minha mente?- perguntei azeda.
- Ninguém fez isso. Eu deduzi que era ele, por causa das discussões de vocês ao longo destes anos. Vocês dois mudam quando estão perto um do outro, parecem...flutuar ao redor um do outro, mas procuram disfarçar, mas basta um olhar mais atento para perceber que há alguma coisa. Acertei?- acenei com a cabeça, e me sentei para escovar meus cabelos e ela ficou atras de mim, para me pentear, enquanto eu contava sobre ter ficado com Justin nas Olimpíadas, e depois sobre a nossa briga, e o jeito que ele ajudou tio Ben e tio George a matar o vampiro no trem. Ele era tão forte quanto a Arte e quando eles se deram as mãos e conjuraram a barreira de proteção eu fui capaz de sentir o poder que emanava dos dois. E o jeito que eles seguraram as mãos, pareciam feitos um para o outro. – parei de falar e ela disse:
- Seus olhos franziram novamente, você sentiu ciúmes dele com a Artemis, querida?
- Eu com ciúmes dele com a Arte? Nem pensar... – disse rápido demais e tia Millie ergueu uma de sua sombrancelhas, me encarando pelo espelho.
- Acho que se você gosta do Justin, deve falar com ele...
- Não dá, ele tem sempre alguém pendurada no pescoço... ¬¬ e ela continuou:
- E desde quando você tem medo de concorrência? O garoto do colant te deixou molenga é?-
- Pára de falar assim tia, o Graham é um cara legal.- o defendi mas dei risada e acabei comentando algo que me veio à mente:
- Tristan, também nunca gostou do Graham, o achava pegajoso demais.- e tia Millie ficou curiosa:
- Tristan? Huumm...Quem é este que eu ainda não tinha ouvido falar? Ele é mais bonito que o seu índio?
- Ah ele é um fantasma lá de Hogwarts, e acho queno tempo dele ele devia ser um gato. No começo apenas eu o via acompanhando Julian, mas depois que descobrimos o seu nome, ele passou a ser fantasma do castelo. Acredita que nós brigamos porque ele disse que eu estava usando algo que era dele? Depois nos tornamos amigos, e Justin não é o ‘meu índio’- disse fazendo aspas.
-Sério? Sabe que este seu dom com os fantasmas sempre me fascinou? Um dia vou escrever alguma coisa sobre isso...Mas vá em frente.
- Ele cismou que eu estava usando um medalhão dele, mas eu disse que ele estava enganado porque era um medalhão de familia, dado pelo avô Kyle, para minha mãe quando bebê. Olha, é este. Eu o coloquei hoje porque combinava com esta roupa.- e mostrei o medalhão a ela. Vi que ela arregalou os olhos e se aproximou mais:
- Haley, preciso ver este medalhão de perto.- tirei e o dei a ela, e ela após o virar de todos os lados, me perguntou com a voz tremida:
- Qual o nome do seu amigo fantasma?
- Tristan, tia Millie. Tristan Napoleón Thorne.- e para meu horror tia Millie caiu no chão desmaiada.

-o-o-o-o-o-

- Ela está acordando...
- Logan, tira esta poção da frente do rosto dela, eu desmaiaria novamente com o cheiro.
- Haley, você não matou a tia Millie, pode párar de chorar.


Quando tia Millie voltou a si, ela me procurou com os olhos e assim que me viu segurou as minhas mãos aflita:
- Haley, você consegue chamar o Tristan, por favor, eu preciso falar com ele.
-Quem é este Tristan? – perguntou Ty e Julian respondeu:
- Ah é o fantasma que me seguia, Haley descobriu quem ele era, vendo uns álbuns de fotos velhas dos Chronos, agora ele é um fantasma de Hogwarts.
- Ah meu Deus!É o Tristan Virna, ele ficou vagando...Nós precisamos ajuda-lo. - e tia Millie se pôs a chorar, enquanto vovó Virna a abraçava, tentando acalma-la.
As crianças menores estavam assustadas, e Rory as levou para a cozinha para distraí-las, junto com tia Mary.
Ethan deu a ela uma poção calmante dizendo:
- Tia, a senhora deveria descansar...Podemos resolver este assunto do fantasma amanhã...
- Não, eu quero que Haley me diga tudo o que sabe sobre o Tristan, chame-o aqui, por favor.
- Eu só sei o que ja disse, tia, e nunca consegui chamar nenhum fantasma, eles é que me procuram. Descobrimos o nome dele quando visitamos os Chronos num treinamento, ele não se lembra de muita coisa, aliás Julian e os outros só passaram a vê-lo quando soubemos o seu nome, mas a senhora sabe quem ele é?
- Sim, eu sei.- e ela chorou mais um pouco e vovó Virna explicou:
- Tristan Thorne era o nome do noivo da Millie, quando ela estudou em Beauxbatons. Ele morreu um mês antes de eles se formarem....Ele foi atacado por um vampiro.- arfei surpresa.
- E o que o medalhão tem a ver com isso? Porque tia Millie desmaiou depois de vê-lo? – Ty me esticou a mão e eu o entreguei a ele e minha mãe disse:
- Este medalhão, foi presente do seu avô Kyle, ele era meu padrinho. Há uma serpente ou dragão marinho, representando a Nessie e o dever da nossa familia em protege-la, pelo menos é o que as runas dizem não é?
- Sim, e esta frase aqui atrás é a língua dos celtas e diz que somente quem buscar a verdade, poderá ver o que se enconde na fente dos seus olhos....- então Ty, após pensar um pouco, colocou o medalhão em cima da mesa e disse sério:
- Eu Tyrone McGregor busco ver aquilo que meus olhos não enxergam, que a verdade se revele.- e repetiu a frase em céltico, e o medalhão se abriu magicamente e de dentro dele saiu uma fumaça perolada que reconhecemos como uma memória, e a fumaça foi se mexendo até formar o rosto de um homem, que era tal e qual os homens da familia McGregor e ele começou a falar:
- Pai, este menino que leva este medalhão, é meu filho. Eu o entrego aos cuidados deste trouxa e sua mulher, pois eu não vou conseguir voltar vivo para casa, estou muito ferido e eu não tenho mais a minha varinha para me curar (tosse). A minha mulher era membro da Resistência Francesa.... Olhamos para nosso tio avô Liam, e ele chorava dizendo:
- Vejam, é o meu primo Bryce...Ele realmente morreu na guerra...Meu tio e meu pai nunca conseguiram respostas para o desaparecimento dele.- e a imagem continuou a falar:
- Peço que cuide do meu filho e o crie para ser um homem de honra e princípios...Oh, minha Suzanne não aguentou as privações e o parto foi doloroso.Ela queria que o seu nome fosse Tristan, como o de seu pai morto pelos nazistas, ela era uma Thorne de Nantes e vocês iriam gostar muito dela...E esta familia trouxa que nos acolhe, peço que cuide deles, pois eles dividiram o pouco que tinham comigo e cuidarão do meu filho. Eles vão cuidar de um McGregor e nós cuidamos dos nossos.- a imagem se desvaneceu e tia Millie disse enquanto suas lágrimas caíam novamente:
- Tristan tem familia, Virna...Ele precisa voltar para casa.

Continua....



Algumas memórias de um McGregor

Visita a Hogsmeade, antes do Natal

Na véspera de nossa partida para casa, para as féstas de final de ano, tivemos a nossa visita a Hogsmeade, eu e meus amigos depois da verificação de Filch, pegamos a estradinha para o vilarejo, junto com Arte que havia combinado de se encontrar com Stefan no vilarejo e foi junto conosco. Como Haley estava fugindo de Graham, ela segurava forte no braço de JJ, e fingia estar em um encontro com ele. Chegamos ao povoado e depois andarmos por algumas lojas e comprar alguns doces, e à medida que o tempo ia passando nosso grupo ia se separando, Arte foi esperar Stefan e nós continuamos a passear, mesmo com o tempo frio que fazia. Haley e Keiko entravam em algumas lojas e compravam presentes de Natal enquanto nós conversavamos. Haley e Justin se tratavam polidamente, o que era mais esquisito que antes, mas eu havia decidido não me preocupar com isso.Odiava quando os dois discutiam, pois parecia que eu tinha obrigação de tomar partido.Eu e Justin resolvemos ir até a loja de quadribol e deixamos Haley com JJ. Ao chegarmos vimos Elena e Kaley lá dentro, e Justin me cutucou sorrindo:
- Acho que elas precisam de ajuda. Vamos?- sorri e entramos na loja, depois de alguma conversa, Kaley saiu com Justin e eu convidei Lena para tomar um chocolate quente e ela aceitou. Vimos Haley e JJ do outro lado da rua e acenei, JJ retribuiu mas Haley parecia distraída, virei-me para onde ela olhava e vi Justin e Kaley se beijando, ouvi Elena suspirar irritada, e achei estranho. Caminhamos até o café do outro lado, que estava mais vazio, depois de fazermos nossos pedidos, eu olhei para ela e disse a primeira coisa que veio à minha mente:
- Esta época está mais fria que o ano passado, não?
- Você não me convidou para falar sobre o tempo não é? Os corvinais são mais inteligentes do que isso.- ela observou e eu senti meu rosto esquentar, mas como ela ainda me encarasse eu continuei:
- Desculpa, eu devia ter começado com a frase ‘você está linda como um floco de neve’, mas você poderia achar que era uma cantada idiota, e aí saiu aquilo. - ela me pareceu frustrada e disse:
- Eu sou uma garota bonita?- ela perguntou e nesta hora nossos pedidos chegaram e eu a encarei:
- Claro que você é bonita...
- Você acha isso porque eu fiz esta transformação não é?- ela quis saber, e passou a mão pelos cabelos e eu disse:
- Não, você já era bonita antes disso, agora só ficou melhor.- eu respondi sincero e ela me olhou surpresa:
- Então porque você nunca me chamou para sair, Julian?
- Porque você estava sempre com Justin, e depois eu soube que saiu com o Jamal, achei que você estava com ele.
- Jamal é uma brisa que nos deixa felizes mas vai embora, sem deixar rastros. - ela riu, mas eu insisti:
- E o Justin? Tive a impressão de que você não gostou de vê-lo com a Kaley.
- Justin é o meu melhor amigo, e às vezes eu o vejo perder tempo com as garotas erradas, mas ele não me ouve, é orgulhoso. Nem sempre é fácil dar o primeiro passo, mas alguém tem que ceder e...- e nesta hora eu me aproximei e segurei o seu rosto entre as minhas mãos.
- O que você está fazendo?- ela perguntou de olhos bem abertos e eu respondi:
- Dando o primeiro passo.- ela sorriu e veio em minha direção o resto do caminho.

-o-o-o-o-o-o-o

Dia seguinte

Depois que a situação no trem foi resolvida, nos despedimos de nossos amigos, e eu e Haley fomos direto para a Escócia, pois já era tradição festejar o Natal na casa de minha bisavó Virna. Minha avó ligava direto para tia Lou e tio Scott para saber como iam as coisas com a Clara, e após saber que ela havia conseguido sair da crise de pânico e já estava saindo de casa, isso nos tranquilizou, então começamos a relaxar.
A casa estava com a decoração perfeita como sempre, vovó Virna e tia Millie cuidaram de tudo, e a lareira da casa, que era enorme estava decorada com muitas pinhas e com as meias com os nossos nomes, e era muito bom encontrar todos os primos e tios que iam chegando, todos empolgados e fazendo brincadeiras. E os cheiros de canela e maçã eram constantes naquela casa, sempre havia uma bandeja de bolos ou biscoitos saindo do forno esperando por nós, quando voltávamos dos passeios de trenó ou depois de patinar no lago.
Minha irmã Selene que era a caçula da familia, estava encantada com todo aquele clima de natal de filme da sessão da tarde, e fazia muitas perguntas. Ela estava super empolgada ter que esperar Papai Noel, e mesmo ela tendo apenas dois aninhos, fez questão de ‘escrever’ a sua carta.Claro que eram só rabiscos, mas ela dizia os presentes que queria em voz alta,então todos sabíamos o que ela queria ganhar. E depois ela pediu ao nosso pai que a ajudasse a colocar a carta na meia, igual a ele fez com Olivia.Não preciso dizer que ela seria a pessoa com o maior número de presentes na árvore.
Na véspera de Natal, na parte da tarde minha mãe a ajudou a escolher os biscoitos e o copo mais bonito para colocar o leite para alimentar o bom velhinho e como havia começado a never, estávamos todos espalhados pela casa, jogando e ouvindo contos de Natal. Haley, Maya, Daniel e eu jogávmos Snap explosivo, quando vi meu pai, descer as escadas em trajes de viagem e atrás dele vinha a minha mãe e minha avó estava junto com eles, e parecia tensa. Levantei rápido e vi que Haley fez o mesmo. Papai acenou para nós e o seguimos até o hall de entrada.
- Você tirou o palito menor?- perguntei me referindo ao sorteio que os homens da familia faziam, para decidir quem se vestiria de papai noel e desceria pela lareira, ele negou e disse baixo:
- Os Chronos foram atacados! Volto assim que puder. Cuidem-se. - beijou a minha mãe rápido nos lábios e saiu . Haley virou-se para minha avó e quis saber:
-Como estão Arte e as crianças?Precisam de reforços?
- Foi um ataque de vampiros, apesar do susto todos estão bem. Rory e eu vamos verificar algumas defesas, seu pai, Cody e Riven já foram para o norte da propriedade.Não quero ninguém fora da casa sem necessidade.- vi que tia Desireé e tia Mary mãe de Daniel, se reuniram com minha avó e minha mãe, e vi que os outros membros da familia começaram a sair de seus quartos e pareciam prontos para qualquer coisa, e nem mesmo a chegada de tia Annia e tio John, com Daryl, Oliver, Violet e Valerie, amenizou o clima. Nunca uma véspera de Natal demorou tanto a passar.
Julian Thomas Montpellier às 11:14 AM